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História Punk Blues - "... sobretudo, ame."


Escrita por: Psycho_Diva

Notas do Autor


Olá!!! Demorou mas cheguei com o último capítulo! Sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 3 - "... sobretudo, ame."


Fanfic / Fanfiction Punk Blues - "... sobretudo, ame."

 

Exatos três dias depois Tsuzuku chegou com a sua moto para buscar Koichi. O tempo estava limpo mas o azul do céu anunciava que o final da tarde estava próximo. Impaciente e com calor por todas as camadas de roupa de couro que usava, o moreno buzinou inúmeras vezes até que viu o rosado finalmente deixar a porta da frente da casa grande de madeira.

Ele estava... lindo. Realmente lindo, Tsuzuku pensou. Nos cabelos uma faixa azul com inúmeros detalhes, assim com os fios rosados que haviam várias extensões para deixar o cabelo maior. A roupa era um conjunto que era de maior parte azul, mas as cores vermelho e amarelo também tinham o seu destaque. O moreno mordeu o lábio percebendo que ele até mesmo estava maquiado, e apesar de lindo, ele não pode resistir em fazer o comentário:

— Que porra é essa que você está vestindo, Koichi? — ele aproveitou que o rosado estava em sua frente para dar mais uma olhada de perto e céus, era realmente muito bonito.

— Nós não estamos indo em um festival? Geralmente é assim que me visto para festivais. Não gostou?

 

Tsuzuku riu baixo, balançando a cabeça negativamente. Ele não era do tipo que estaria elogiando quem quer que fosse, mas o rosto de Koichi estava um pouco decepcionado em achar que ele não tinha gostado da roupa e de toda a produção que com certeza tinha rendido a tarde toda, mas a ideia e a visão amoleceram somente um pouquinho o coração do punk.

— Não é isso... É um festival punk. Você vai ser a atração e a chacota do lugar, está pronto para isso? — ele suspirou. — Mas eu gostei... Você sabe, essas coisas ficam lindas em você. — Tsuzuku resmungou a última frase, fazendo com que o sorriso do rosado voltasse a ser grande e feliz como o habitual.

— Está tudo bem, eu não me importo que todos descubram que eu erradio a luz do Universo e da paz. Talvez eu até possa mostrar um pouco desse mundo aos seus amigos doidos. — ele brincou, não demorando para subir na moto e agarrar-se contra as costas do moreno. — Aliás, você está lindo também. Parece aquele céu de dia de tempestade, completamente preto, mas bonito ainda assim. — Koichi disse em um tom divertido enquanto, por alguns segundos, acariciou os fios de cabelo negros um tanto compridos que se estendiam pelas costas de Tsuzuku.

 

O mais velho não se deu o trabalho em responder o que Koichi dizia, ele apenas deu partida na moto e acelerou os dois quilômetros que faltavam para chegar na estrada. Lá, quatro motos esperavam na entrada, o que causou um pequeno susto momentâneo no rosado. Várias coisas ruins passaram em sua mente e ele estava se odiando por isso, mas as palavras de Tsuzuku que vieram a seguir lhe acalmaram infinitamente.

— São meus amigos. — ele falou alto para que o outro escutasse. — Pedi para eles esperarem aqui se não a galera lá ia surtar com esse bando de moto chegando! — Tsuzuku riu de suas próprias palavras, sabendo que até mesmo Koichi iria concordar com elas. — Hey, seus putos. Esse é o Koichi. — quando a moto parou ele disse e todos aqueles olhares se voltaram para o dono das roupas extravagantes.

 

O rosado sorriu fazendo questão de descer da moto e fazer uma breve reverência a todos com aqueles rostos de poucos amigos. Apesar de tudo, agora ele não tinha medo, honestamente. Eram amigos de Tsuzuku e então também eram seus amigos.

— É um grande prazer ter essa oportunidade divina de conhecer cada um de vocês. Como Tsuzuku já disse, eu me chamo Koichi, com os caracteres de paz e amor. Espero poder aproveitar esse festival cheio de luz com todos vocês e que assim possamos nos tornar bons amigos!

 

Os olhares que estavam atentos a cada palavra que Koichi dizia foram transferidos para Tsuzuku com descrença. Okay, todos sabiam que o moreno estava tendo uma espécie de relacionamento com um hippie, mas ninguém imaginou que seria o tipo mais enraizado de hippie que poderia existir nos dias de hoje.

Sentindo o peso daqueles olhares, Tsuzuku apenas sorriu e fez um movimento com a cabeça, sinalizando para Koichi. Ele esperava que pelo menos seus amigos fossem entender que ele era o hippie mais gostoso do lugar e que Tsuzuku tinha todos os porquês para ficar com ele. Mas os rostos julgadores não pareciam entender isso.

— Certo... Koichi. — Aryu foi o primeiro a se pronunciar, jogando os cabelos platinados para trás. — Legal conhecer... você. Então, esses são Ryoga, Jey, Nao, Luvia e ViVi.

 

Os ditos em questão acenaram ainda achando a situação cômica e ao mesmo tempo estranha e para quebrar aquele clima tenso, Tsuzuku puxou Koichi para perto da moto mais uma vez, evitando que ele começasse mais um daqueles discursos bizarros. O capacete foi dado ao rosado que o colocou de prontidão e então o grupo iniciou a sua rota para a cidade vizinha.

Não precisaria ser nenhum ser poderoso para saber que Koichi estava chamando a atenção de todos enquanto passava com o grupo no meio das pessoas no festival lotado. Tsuzuku se atrevia a pensar que era impressionante o modo como a paz interior do rosado simplesmente não ia embora, nem com todas as risadas e olhares reprovadores que ele recebia. Por sua vez Koichi não ligava para esses olhares. Depois de estar tantos meses junto com Tsuzuku ele poderia dizer que se acostumou com a ideia do mundo punk e de tudo que ele havia lhe contado. No fim, ambas as tribos estavam ali por um mesmo motivo: apoiando a liberdade de expressão, abusando das críticas sociais e erguendo a bandeira da liberdade para amar quem quer que seja. Cada tribo tinha sua própria maneira de demonstrar suas ideologias e seus ideais, mas no fundo, eram do mesmo pulsar de um coração e sabendo disso, aquecia o peito de Koichi.

Claro que nem todos os punks eram pacíficos, isso ele poderia esperar. Alguns apenas olhavam e cochichavam do estilo louco do hippie, outros falavam sobre a coragem dele de estar em um festival como esse, e claro que havia também aqueles que provocavam e sentiam o prazer em ver algo ruim acontecer. Koichi até poderia dizer que esse era o tipo de Tsuzuku, o de que gostava de ver o caos como ele mesmo havia dito, mas depois disso ele apenas percebeu que o moreno era um doce de pessoa. Bem na sua frente, da maneira mais proposital possível, iniciou-se uma roda punk. Na verdade o rosado não sabia o que era isso e nem o porquê deles fazerem isso, mas foi inevitável que ele não fosse arrastado junto para o meio dessas pessoas.

Para ser honesto ele estava um tanto desesperado enquanto sentia alguns chutes e socos atingirem seus braços e pernas, e ele pode apenas fechar os olhos com força quando sentiu seu braço ser puxado. O céu azul, que nunca parecia sentir medo, sentiu hoje. Perdeu o equilíbrio das pernas mas não pôde pensar em muita coisa nesses poucos segundos que tudo aconteceu. Felizmente a voz que ele tanto conhecia soou com uma gargalhada, seguindo de várias outras vozes que riam. E ele estava andando, mas nem havia percebido.

— Puta que pariu né Koichi, não sai andando por aí achando que aqui é aqueles festivais de paz e amor não! Quase que te perco ali no meio da roda! — Tsuzuku riu apertando os ombros do rosado em uma forma de acalmá-lo pelo susto.  — Fica perto de mim, tá? Ou perto do meu pessoal se eu cansar.

— Teria sido bastante engraçado ver ele tentando participar da roda... — ViVi, o mais novo entre eles disse com um pequeno olhar malicioso, assim como o sorriso nos lábios carnudos e bem pintados de vermelho sangue.

— Ei, para com isso. — Aryu riu enquanto dava um pequeno empurrão no garoto que não demorou em revidar. — Você devia ter explicado antes como funciona um festival punk, Tsuzuku. Você também...

— Foda-se! Eu não vou explicar, qual vai ser a graça? Aliás, aprender assim é bem melhor, né Koi? Agora você já sabe que não pode ficar longe da gente. — debochado como sempre, Tsuzuku soltou o rosado dos braços que ainda tinha o coração batendo rápido, mas felizmente agora estava tudo bem.

 

Koichi apenas acenou com a cabeça, ainda fora de si para dizer alguma coisa. Apenas alguns segundos mais tarde uma garrafa foi dada em sua mão e então incentivado a tomar. Era forte, talvez um whisky ou vodka, ele não tinha certeza já que não era acostumado a tomar esse tipo de bebidas. Mas, como a sua grande vontade ali era se enturmar e fazer dos amigos de Tsuzuku seus amigos, ele aceitou.


 

Seria uma grande mentira se Koichi dissesse que não estava se divertindo. Os amigos de Tsuzuku eram realmente legais, tirando ViVi que insistia em mostrar que não gostava dele. Claro que isso chatearia Koichi aos extremos e em seu estado sóbrio ele iria conversar com o garoto para esclarecer as coisas e então assim a energia positiva do universo poderia perdoar qualquer mal entendido ou pré-conceito que havia se instalado entre eles, e assim, poderiam ser agraciados com os poderes mágicos que um sentimento positivo poderia fazer entre duas pessoas. Teria sido assim se o rosado não estivesse praticamente bêbado.

Era óbvio que Koichi era fraco para bebidas, mas ninguém ali pareceu se importar ou se preocupar com o fato. O rosado estava dançando, pulando, gritando e até abraçando todos enquanto tentava cantar as músicas que ele nem conhecia. A energia da atmosfera também pode mudar as pessoas.

Não era diferente com o grupo de amigos em volta dele, todos pareciam se divertir agora que seus cérebros estavam alterados devido ao grande volume de álcool ingerido. Num piscar de olhos, enquanto Koichi dançava com todo o seu coração naquele festival de uma tribo completamente diferente da sua, em outro instante ele foi capaz de flagrar o momento que um homem mais alto que ele assediava Tsuzuku. Ah, nessa hora seu sangue ferveu, e ele pôde sentir isso devido ao fato de não ser uma emoção que ele sinta com frequência. Talvez, como qualquer outra pessoa veria, era apenas aquele homem que estava beijando Tsuzuku. Nos olhos e no coração bêbado de Koichi, não era Tsuzuku que estava aproveitando aquele beijo (e de fato o moreno estava), mas, honestamente, era muito para que o rosado ficasse parado sem fazer nada.

— HEY! — o grito desajeitado soou alto o suficiente para que ambos escutassem, o que causou o olhar espantado de Tsuzuku por ter ouvido o tom de voz de Koichi tão alto. — Pare... Pare de beijar o meu homem agora! — mal conseguindo ficar em pé, ele apontou o dedo indicador para o homem alto de moicano e olhos negros, o que o fez rir e segurar o queixo de Koichi também.

— Uma ovelha no meio de lobos? — o homem disse com tom de surpresa e deboche na voz. — Cuidado ovelhinha, nós podemos fazer um gangbang aqui, bem gostoso. Te foder todinho. Você e esse moreno gostoso. — ao final da frase, um tapa estrondoso foi ouvido, mas Koichi não conseguiu associar que havia sido na bunda de Tsuzuku.

 

Antes de qualquer coisa, o punk tarado saiu da visão deles e Tsuzuku apenas sabia rir enquanto oferecia um cigarro para Koichi, e antes mesmo de recusar ele teve que sorrir ao vê-lo entre os dedos do moreno.

— Espero que seja da natural... — ele disse com um pouco de dificuldade enquanto tragava, mas logo o semblante sério tomou conta de seu rosto. — Não beije mais homens na minha frente...!

— Ah, fala sério né Koichi? Até parece que você não vive beijando aquele ninfomaníaco da barraca! — Irritado, o moreno arrancou o cigarro da mão de Koichi, dando as costas para ele enquanto tragava mais um pouco.

— É diferente! Eu não engulo a cabeça do Ryo! Já você... ‘Tava engolindo aquele cara!!! — embriagado, o rosado puxou Tsuzuku pelo ombro para que ele voltasse a olhar para si. — Escuta... — o dedo indicador de unhas bem feitas foi colocado no peito do moreno que olhava com curiosidade para Koichi. Seria agora que o hippie iria evaporar? Ele estava ansioso para isso!

 

Enquanto isso na volta, Aryu e Ryoga já estavam prontos para parar qualquer briga que pudesse acontecer entre os dois. Tsuzuku era famoso por brigar com qualquer pessoa, não interessava se era seu amigo ou até mesmo a pessoa que ele estava ficando, se lhe desagradasse ele iria atingir um soco, não importando o quê. O curioso seria se Koichi aceitasse uma briga. Todos sabiam o quanto os hippies eram pacíficos e odiavam todo e qualquer tipo de conflito que envolvesse a violência, mas talvez um hippie com álcool e ciúmes correndo pelas veias pudesse ser diferente. Realmente, isso seria um bom espetáculo.

— Escuta... — Koichi repetiu mais uma vez enquanto inclinava seu corpo para cima de Tsuzuku, e sendo mais alto que ele, mostrava um ar de superioridade gritante. — Eu amo você, Tsuzuku... Eu amo você e não quero que... fique beijando pessoas. Qualquer pessoa... Apenas eu.

 

Para a surpresa, ou não tanto, não foi uma briga que aconteceu. Vindo de um hippie, uma declaração de amor parecia algo completamente natural para não se dizer banal e comum, mas nas palavras embriagadas de Koichi havia todas as verdades do mundo que viviam em seu coração.

Tsuzuku estava um tanto sem reação pelas palavras, ele esperava qualquer coisa, menos uma declaração dessas enquanto estava bêbado e chapado no meio de um festival, provavelmente sendo quatro horas da manhã. Na sua frente um Koichi imponente jogando todos os sentimentos em cima dele, o fazendo se sentir ainda menor, do outro lado seus amigos. Uns riam, outros estavam chocados e ele pode ver muito bem que ViVi se encolhia nos braços de Luvia. O moreno sabia muito bem que o baixinho gostava dele, mas era uma regra que eles não deviam se apegar. Inocente daquele que achava que o moreno não beijou e não transou com todos do seu grupo de amigos, e isso ele tinha orgulho de falar para quem quisesse ouvir, e claro, os que não queriam também. O orgulhoso punk que fodia todo mundo (e as vezes era fodido) nunca tinha seu coração capturado por ninguém, mas agora as coisas pareciam um pouco diferentes. Tão diferente que ele sentiu seu coração falhar uma ou duas batidas com as palavras que ouviu vindo de Koichi. Tão sério e tão sincero mesmo que estivesse bêbado e chapado como ele.

— Você tá’ chapado, Koichi!

 

O rosado concordou com um riso um tanto alto para seus padrões, e numa atitude rápida ele capturou os lábios do moreno em um beijo lento com todas as misturas de sentimentos possíveis. Dessa forma ele queria levar o que seu coração sentia para dentro de Tsuzuku, mesmo sabendo que se ele estivesse sóbrio, jamais chegariam. Por sua vez, Tsuzuku aceitou aquele beijo que parecia tão necessitado, com várias gotas de luxúria, mas estranhamente com algumas gotas de calor e confiança também. As cabeças não estavam funcionando como deveriam devido as coisas lícitas e as nem tão lícitas assim, por assim dizer, mas era um tanto óbvia a conexão especial que ligava-os. E no meio de toda aquela música alta, o rock pesado que fazia Koichi ficar ainda mais tonto, todas as pessoas na sua volta pulando e gritando feito uns loucos, mas a única coisa que o rosado via, a única pessoa que poderia importar para si estava na sua frente agora, agarrando a sua cintura de maneira possessiva, sussurrando aquelas palavras que ele nem pode ouvir, apenas ler os lábios que se moviam de forma linda, formando aquela frase de três palavras.

Hoje Koichi sabia que tinha de verdade a missão de cuidar daquele punk encrenqueiro, e também amá-lo incondicionalmente, assim como ele sabia que seria amado de volta. Talvez não tenha sido tão ruim ‘esquecer’ de desfazer a conexão entre as almas...





— Tu tá’ maluco Tsuzuku?! — alterado pela bebida e também pelo emocional desestabilizado, Koichi perguntou incrédulo enquanto via o moreno subir na moto, colocando o capacete. — Como que você vai dirigir isso se nem consegue ficar em pé direito?!

Os amigos do moreno já haviam ido embora, mesmo bêbados, em suas motos. Koichi tinha medo disso, medo de algum acidente. Mesmo que ele fosse todo positivo como sempre se mostrava, imprudente ele não era e nem queria morrer mais cedo, ele ainda tinha várias flores para plantar, aulas de yoga para dar e livros para ler. Sem contar nos inúmeros pores do sol que ele iria perder... Impossível!


— Ah Koi, qual é... Você quer que eu faça o quê? A gente não pode ficar aqui.

 

Com certeza eles não podiam. Koichi estava de costas para o local onde aconteceu o festival, pois se ele olhasse mais uma vez, certamente ele iria chorar. O lamaçal misturado com copos e garrafas de bebida faziam o coração do hippie apertar e esse era um dos motivos que o fez lembrar o porquê algumas tribos não se misturam. O desrespeito para com a natureza que aconteceu ali foram simplesmente abomináveis para o rosado que ainda continuava um pouco choroso pelo acontecido.


— Eu sei, mas... Só se você me prometer que vai ir bem devagar. E se você começar a ir rápido eu vou... eu vou pular e vou me machucar e você vai ficar com a sua consciência punk pesada!

 

Como esperado, o moreno revirou os olhos e concordou, fazendo sinal com a cabeça para que o hippie decepcionado subisse na sua moto. Só de lembrar que ele teve que ficar mais de vinte minutos consolando-o pela pobre natureza que deveria estar chorando ao ver tanta sujeira e má consciência e blá, blá, blá... Nessas horas ele pedia muita paciência para aguentar o rosado com suas razões malucas.

Apesar desses momentos que Tsuzuku sentia vontade de apertar algum botão para desligar Koichi e suas conversas sobre salvar a natureza e ter amor ao próximo, o pensamento de não ouvir mais isso se sentia um pouco solitário para o punk. Passava das duas da tarde e o sol junto com toda a luminosidade preenchiam o quarto de janelas gigantes, tornando impossível a tarefa de dormir para Tsuzuku. Ele já estava acordado a cerca de uma hora, um pouco tímido pela bandeja de café da manhã que ele havia feito para Koichi. Ele bufava inquieto toda vez que pensava no que estava fazendo, o cenho franzido fazia parecer que ele estava fazendo isso apenas por obrigação, mas o que o deixava assim, irritado, era justamente por estar fazendo algo tão... romântico e nojento por pura, livre e espontânea vontade. A cozinha toda bagunçada denunciava que ele havia passado por ali mais tempo do que devia, mas o cheiro de café forte, como Koichi gostava, parecia imitar o clima de uma manhã fresca.

Não acostumado a sentir esse cheiro de café se não fosse ele mesmo fazendo, Koichi acordou e esticou o corpo na cama bagunçada. Não era de seu feitio acordar tarde, mas na noite anterior um certo moreno não o deixou dormir. Não, não foi do modo que talvez parecesse, mas sim jogando PUBG, um jogo online em que você precisa... matar pessoas. Foi um pouco difícil para Koichi, mas não iria negar que foi muito divertido fazer isso com Tsuzuku. A lembrança fez com que um riso quieto deixasse os lábios finos do hippie, logo sendo surpreendido pelo seu amante com uma bandeja de café da manhã, coçando os olhos mais de uma vez para mostrar a descrença que ele estava tendo naquela imagem bem na sua frente, ao lado da cama.

— Não quero saber o que você tá' pensando, okay? Só toma esse café e fica quieto. — com o rosto quase ameaçador o moreno colocou a bandeja em cima da cama, quase sorrindo com o riso bem humorado que escapou de Koichi.

— Tudo bem... Bom dia. — Koichi sorriu, sabendo que provavelmente não era mais hora de acordar, mas isso não tinha nenhuma importância. — Hnm... O cheiro do café está maravilhoso, Tsu. Obrigado. Eu só não entendi... — ele apontou para as inúmeras folhas verdes em seu prato, acompanhando uma fatia de pão com o mínimo de manteiga.  

— Você que tem essas frescuras de vegetariano, vegano, sei lá... Aí coloquei umas folhas aí. Tá bom? — o rosto ainda emburrado falava como se não se importasse com nada daquilo, e claro que Koichi sabia que isso era totalmente o contrário.

 

Ele não era muito interessado em alface mas ele estava tão feliz e surpreso com o seu café da manhã na cama que nem pensou muito antes de colocar uma fatia do pão integral com a folha na boca. Tsuzuku por sua vez ficou observando o rosto ainda sonolento do outro enquanto comia, as olheiras que não eram comuns no rosto de pele macia eram engraçadinhas na visão do punk que sempre tinha essas companheiras pelas noites mal dormidas.

Talvez esse café da manhã poderia ser interpretado como um pedido de desculpas antecipado, mas Koichi ainda não sabia disso. Depois que ele terminou com a refeição e foi para a cozinha, o pequeno susto pela bagunça veio, mas não foi tão notado quanto aquela pequena bandeja de plástico contendo um pedaço médio de carne vermelha nela. Um suspiro relativamente alto deixou os lábios dele, os olhos procuravam por Tsuzuku que estava na outra ponta da cozinha com um sorriso sapeca nos lábios e um tom manhoso na voz.

— Koi... Frita para mim?

 

Mais uma das inúmeras diferenças que já apareceram e continuariam aparecendo a cada dia que ambos passassem juntos. A ideia de duas pessoas tão diferentes estarem juntas pode ser um pouco estranho para muitos, e honestamente, nem eles sabiam o porquê, ainda. E claro, era provável que jamais soubessem mas isso estava bem da forma que estava. Koichi podia deixar lágrimas rolarem da sua face enquanto o bife fritava na pequena frigideira, era inevitável que ele não pensasse nos animaizinhos que já morreram para saciar a fome aterrorizante dos humanos, mas ele poderia sentir seu coração menos dolorido com os pequenos beijos que eram espalhados em sua face molhada pelas lágrimas, os braços que o seguravam enquanto ele fazia uma tarefa um tanto difícil para ele mesmo. O mesmo para Tsuzuku que sabia que teria uma pessoa para confiar, para curar seus machucados exteriormente e interiormente também, xingá-lo da forma mais culta que ele já ouviu. Era assim que foi até agora e era assim que seria no futuro. Aceitar que há diferenças, conviver com elas e com muito, muito amor curar um ao outro, até que tivessem certeza que se tornaria um elo sem fim para que ambos pudessem amar eternamente essas mesmas diferenças. 

 

 


Notas Finais


Obrigada para quem chegou até aqui! Espero os comentários de vocês dizendo o que acharam dessa história!

Provavelmente eu estarei de volta com alguma Tsukoi/Genkoi nova em breve pq eu não me canso de amar esses bichinhos!!! ❤ Um beijão e até mais!


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