Quarentena. Uma palavra que parece ter saído de algum filme distópico de Hollywood, estava acontecendo em todo mundo. A causa: um vírus. Os cientistas o chamavam, por vezes, de letal. Alguns idiotas, resfriadinho. Mas o fato é que a orientação era de ficar em casa.
Na família Ackerman - que não era boba nem nada - seguiam as orientações a risca, separaram o grupo de risco dos saudáveis, deixando apenas um adulto saudável junto para fazer compras quando os mantimentos acabassem.
Levi abriu a porta da casa de Mikasa sem cerimônias como sempre, usava máscara, carregava uma mala e algumas sacolas. A garota estava deitada no sofá vendo uma série e parecia bem.
-Você não deveria estar na casa dos idosos?
Levi deixou as compras no chão, retirou a mascara com cuidado para não contaminar e guardou em um saquinho.
-Gostaria. Porém não tem creche aberta pra você, pirralha.
Devolveu a provocação sem alterar o tom de voz, recebendo apenas uma careta da prima.
-Não olhe pra cá. - Dizia enquanto tirava a roupa, nem dando chance pra que a morena entendesse a situação.
-Mas o que você...?! - Olhou, é claro que olhou. O instinto de curiosidade do ser humano é tão aguçado que dizer pra alguém não olhar algo é o mesmo que dizer "eu tenho algo aqui e você não sabe o que é".
Desviou o olhar do primo, surpreendendo a si mesma por ter olhado dois segundos a mais do que o necessário para perceber o que ele estava fazendo e desviar. Devia ser a influência de sua amiga Annie que assim que conheceu Levi, duvidou que a morena nunca tenha dado uns pegas no primo. Diz ainda que se realmente não deu, deveria. E realmente, Mikasa tinha que admitir, sentia certas curiosidades.
Depois de tirar toda roupa e colocar em uma sacola bem amarrada, inclusive os sapatos, subiu as escadas sem tocar em nada e foi direto para o banho. Se as orientações da OMS eram aquelas, pode ter certeza de Levi as seguiria a risca!
A morena tirou a mão dos olhos quando o ouviu subir a escadas e dizer que ela já poderia olhar. Vermelha e com o coração acelerado, sabia que aquela quarentena seria longa.
Seu pai foi cuidar de Kenny, o irmão velho já em grupo de risco e da irmã Kuchel que tinha a saúde frágil. Sua mãe foi cuidar da irmã, Kyomi, também já com certa idade. Sobrando apenas ela, universitária na faixa dos vinte anos, e o primo, recém formado, na faixa dos trinta. Ambos saudáveis.
E põe saúde nisso.
Aquele abdômen trincado que Mikasa viu era resultado de muito treinamento como educador físico. Houve o tempo em que conseguia acompanhar, aí veio a faculdade e desandou tudo. Atualmente a morena dedicava seu tempo livre a ver séries e eventualmente fazer exercícios em casa.
Quarentena seria moleza.
~Dois mil anos depois~
Se passaram cinco semanas e os jovens estavam surtando. Ver TV, de longe, se tornou o mais entediante, não aguentavam mais olhar para uma tela, seus olhos doiam só de ver o celular. Levi que nos primeiros quinze dias lambia a casa toda, seguindo as orientações da sua tão prezada OMS, arejava a casa toda, colocava os travesseiros e cobertores no sol, limpava o chão, os móveis, o gato, o teto, Mikasa as vezes o pegava olhando para ela com cara de quem iria esfregar a bucha com desinfetante e álcool gel, porém, sua animação e disposição trancado dentro de casa foi diminuindo, até que agora só fazia o básico.
A briga para quem iria ao mercado era acirrada, comprar suprimentos virou sinônimo de liberdade, mesmo que com roupas compridas e máscara PFF2 que sufocavam até a alma.
-Você é um animal!
-Animal é você, filhote de jacaré!
-Não, Levi. Isso é um jogo. É tipo "Perfil", que a gente jogava lembra? Só que ao contrário. Eu escolho algo pra você ser e você tem que advinhar. Quem vencer primeiro, vai ao mercado.
Esse não era o tipo de coisa que Mikasa propuseria em situações normais, e não era o tipo de coisa que Levi aceitaria em situações normais.
-Topo.
-Beleza, escolhe algo pra mim.
-Já escolhi, você é uma pessoa.
-Que rápido.
Mikasa estava mirabolante, com um risinho maquiavélico - Levi podia jurar que viu um dos olhos tremer - tinha certeza que o primo nunca acertaria. A quarentena não estava fazendo bem.
-Ok, eu começo. Eu sou alguém que nós conhecemos?
-Sim. Eu sou um animal grande?
-Não. Eu sou homem?
-Não. Eu sou um animal microscópico?
-Sim. - Fechou a cara, não estava gostando de onde aquela conversa estava levando. - Eu sou alguém que você admira?
-Sim. Eu sobrevivo no vácuo?
A morena fez uma cara de raiva e respondeu entre os dentes "Sim".
-Eu sou um Tardigrado.
Ela como bióloga havia escolhido o animal mais improvável de alguém chutar, e ele acertou, o maldito acertou.
-Isso não é justo.
-Claro que é justo. - O moreno foi em direção ao quarto se arrumar, tirando a camisa pelo caminho, o que fez Mikasa ficar vermelha, e não só de raiva.
-Você não deveria saber o que é um Tardigrado.
-Eu sei. Aliás, obrigada pela recomendação daquele canal no YouTube.
-Nerdologia?
-Esse mesmo.
A morena bateu com a mão no próprio rosto, foi a culpada pela própria derrota. Quando recomendou nem achou que ele a estava ouvindo de verdade, muito menos que iria seguir o canal. Se sentiu até importante na vida de Levi por um momento.
Mas as esperanças não esta am perdidas.
-Espera!
-Você perdeu Mikasaaa, aceite. - O moreno disse com a voz entediada, até alongou a vogal de seu nome.
-Eu não perdi. A regra era que quem acertasse iria ao mercado, se eu acertar vou junto!
-As recomendações são pra que apenas um membro da família vá. - Tirou a calça de algodão e colocou a jeans.
A morena - que olhava pro teto, tentando não ver a cueca box e a bunda durinha de Levi - fingiu não ouvir e continuou falando normalmente.
-Eu sou a Hange?!
-Não. - Respondeu revirando os olhos depois de vestir a camiseta comprida.
-Já sei! Eu sou a Ronda Rousey!
O moreno suspirou fechando o guarda roupa. Foi sério em direção a morena que por um momento sentiu um frio na barriga, ele chegou bem perto, o suficiente pra que ela se encolhesse na parede e tocou o indicador na testa dela.
-Você é... Você.
Mikasa sentiu que os segundos viraram minutos, e quando ele saiu de perto dela, passando pela porta do quarto, pode soltar o ar que estava preso em seus pulmões, enquanto seu coração batia rápido.
Ele chegou muito perto, muito mais perto do que jamais chegou antes.
-Vamos. Se arrume, você vem comigo.
Ouviu a voz do primo do corredor e foi até lá. Ainda estava um pouco nervosa pelo que aconteceu a segundos atrás, demorou pra entender o que ele estava falando.
-Mas, a recomendação é....
-Eu sei. Mas essa quarentena está afetando demais nossa saúde mental. Precisamos sair um pouco.
O moreno desviou o olhar enquanto falava, e ele estava certo, se ficasse mais tempo sem ver a rua, gente, pegar sol ou sentir o vento soprar na cara, enlouqueceria. Iriam comprar suprimento, não estavam fazendo algo de errado, e tomavam todos os cuidados. Sem falar que não era horário de movimento.
Levi fechou a porta do banheiro e Mikasa foi trocar de roupa. Se perguntou se a expressão de tristeza de Levi em falar da reclusão tinha a ver com a proximidade dos dois no outro quarto, ou será que foi coisa só da cabeça dela? Mas espere, então ele a admirava?
O ar faltou mais um vez com esse pensamento, nos últimos dez minutos lhe faltou tanto o ar que por um momento achou estar contaminada com CoronaVairus, mas chegou a conclusão que era só efeito do primo sobre ela.
Prefiriu que fosse CoronaVairus.
Levi saiu do banheiro anunciando que estava pronto e esperaria na sala. Então foi até o banheiro terminar de se arrumar.
~*~
A ida ao mercado foi tranquila, colocaram as máscaras de proteção antes de sair de casa e foram de moto até o local. Tocaram o menos possível nas coisas e pegaram apenas o necessário pra sobreviver mais uma semana. Colocaram as compras no baú da moto e foram embora. A rua estava quase deserta, podia-se ver poucos carros e algumas pessoas com sacolas de compras, sinal que estavam cumprindo a quarentena.
Quando o sinal abriu, Mikasa usou a camiseta de Levi como rédias e ordenou que andasse, tendo em resposta uma arrancada bruta que a fez bater com as costas no baú e rapidamente segurar a cintura do mais velho com força.
O moreno olhou pra trás rapidamente, apenas para que ela visse o seu meio sorriso da vitória. Ela, por sua vez, estava constrangida demais por estar abraçada tão forte a sua cintura, que não teve como retrucar.
Levi fez um caminho mais longo para chegarem em casa. Aproveitaram um pouco a rua deserta, viram as paisagens naturais pelo caminho, isso ajuda muito.
Ao chegar em casa, tiraram a roupa na entrada, ficando apenas de roupas íntimas e foram cada um para um banheiro se banhar. Dessa vez Mikasa nem ousou olhar para Levi, seus hormônios e sua cabeça já estavam bem confusos. Com que cara ficaria caso olhasse e não conseguisse parar de olhar? Ou pior, se ele minimamente olhasse pra ela, ficaria tão vermelha que denunciaria que algo de errado não está certo.
Durante o banho tentou se concentrar na relação que eles tinham antes da quarentena. Uma relação normal de primos! Antes desses malditos trinta e sete dias, ele poderia ve-la nua que isso nem a iria abalar. Afinal, por que justo agora ela estava se sentindo diferente em relação a ele? Culpa do isolamento? Da Annie? Falta de sexo? Falta de contato físico? Tédio? Distúrbios causados por uma nova mutação do vírus? Não sabia, mas tinha que tirar aquilo da cabeça.
~*~
No dia seguinte fizeram comida e congelaram uma parte para a semana. A noite decidiram ver um filme na sala, o que não acabou bem para o psicológico já afetado de nossa heroína, pois a mesma acabou dormindo no ombro do primo e acordou no meio da noite com a televisão apagada e ele dormindo de conchinha com ela, ambos deitados no sofá.
Apesar do coração acelerado e o frio na barriga, ficou com preguiça de levantar e dormiu novamente.
~*~
Acordou de manhã com a televisão tocando música no Spotify, bem baixinho. Levi estava na cozinha preparando algo, quando viu a prima se levantando foi até a sala.
-Finalmente acordou, pirralha. Se arrume e coma. Nós vamos nos exercitar!
Aquilo não foi uma pergunta. E a cara amassada de Mikasa com os olhos meio abertos era a perfeita definição de "que?" que poderia existir.
Não via Levi animado assim há dias. Na verdade, talvez nunca tenha o visto tão disposto. Sabia que ele queria tirar a quarentena do corpo, mas precisava ser as oito da manhã de um domingo?
Fez o que o primo pediu, o médico disse para não contrariar.
Alimentados, vestidos e prontos, ficaram de frente um para o outro enquanto Levi ditava os exercícios de alongamento. Tudo estava indo bem, estava se animando com os exercícios - é sempre bom sentir endorfina não é mesmo? - até que um dos exercícios que exigia equilíbrio dar errado. O gato se enroscou na perna de Mikasa, que se segurou em Levi, que se desequilibrou e caiu por cima dela - o gato passa bem.
Sentir o corpo do primo sobre o seu - que estava apenas de top -, sentir o cheiro dele, exalando feromônios, em uma quarentena, na seca, já transtornada mentalmente pela mutação imaginaria do vírus, foi o suficiente para Mikasa ficar sem reação, pois se reagisse faria a maior besteira de sua vida.
O problema maior, nem foi isso. De longe a proximidade e o que sentia não era o pior. A coisa mais drástica que podia acontecer, é que Levi estava reagindo a mesma forma. Ou melhor, não reagindo. Os dois ficaram se olhando fixamente por segundos, que pareceram minutos, no chão, ofegantes. A música que tocava dificultava mais ainda o raciocínio dos dois.
Levi desviou o olhar para os lábios da prima, o que não passou nem um pouco despercebido. Institivamente Mikasa mordeu os lábios inferiores, o que também não passou despercebido.
O moreno se aproximou lentamente, esperando um sinal de repúdio, que não veio.
Sentiam a respiração acelerada um do outro, Mikasa podia sentir os cabelos curtos da franja de Levi roçando em seu rosto, até que os lábios se tocaram, levemente, apenas selando um ao outro.
Fecharam os olhos para aprofundar o beijo, quando a campainha tocou.
Levi levantou o rosto e eles se olharam, mantendo uma distância maior que antes, o clima tinha desaparecido e agora eles voltaram a ser o que eram, primo e prima, Levi e Mikasa, dois Ackermans que cresceram juntos.
Com a consciência caindo como uma bigorna na cabeça dos dois, eles levantaram rapidamente e Mikasa correu pra porta, sem nem se lembrar de Coronga mais.
Ao abrir a porta, o seu amigo indesejado numero um a abraçou logo de cara. Estava bêbado as nove horas da manhã e parecia ter voltado de uma festa da casa de alguém, que durou a noite toda.
-Eren, não! Me solta! - a morena o empurrou com força, o que fez com que o rapaz desse uns passos pra trás.
-Coé Mikasa, faz isso não.
-Coronavírus seu idiota!
-Queeeeee coringavirus o que - riu - isso é conspiração da oposição pra derrubar o governo!
A morena estava prestes a quebrar o garoto no soco, mas Levi e seu pé foram mais rápido. Chutou o garoto para fora e fechou a porta, trancando.
-Vai tomar banho, agora!
Subiu correndo para o banheiro sem tocar em nada. Tirou a roupa o mais rápido que pôde e entrou no banho. O banho mais demorado de sua vida.
Quando saiu, deu de cara com o primo, que também se assustou, talvez tivesse se esquecido que ela sairia de toalha, ou reagiria assim da mesma forma, depois do que aconteceu na sala.
-Coloca sua roupa aqui dentro. - entregou um saco plástico de longe.
A morena fez o que ele disse. Provavelmente o moreno isolaria aquele banheiro por no mínimo três horas antes de abrir de novo.
Lavou as mãos e foi para o quarto.
-Fique aí. - Ouviu a voz do primo do outro lado da porta.
-Vou ficar. - Respondeu um pouco assustada ainda. Certeza que aquele mandito gado do governo passou o vírus pra ela.
-Não saia.
-Não vou sair.
-Por quatorze dias.
-Quê?! - Exclamou alto, mas sabia que eram as recomendações. - Meu deus, eu vou enlouquecer. - Murmurou para si mesma.
Mas não foi preciso tudo isso, cinco dias após o contato, já começou a sentir os sintomas.
Tosse seca, febre e cansaço já era sentido pela morena. O primo passou a usar o banheiro dos pais de Mikasa, enquanto ela usava o social. Ele levava comida pra ela e deixava na porta, dando duas batidas para avisar.
Estavam se falando apenas por mensagem, ela avisava sempre que ia sair e ele fechava a porta do próprio quarto.
No sétimo dia após o contágio, a morena levantou, avisou que sairia do quarto, foi ao banheiro, fez sua higiene, e quando colocou o pé pra fora, sentiu falta de ar. Começou a respirar com dificuldade a ponto de ter que sentar no corredor por um tempo.
Levi ouviu a respiração dificultosa da prima e saiu do quarto indo ao seu encontro.
-Mikasa! Você está bem? - Ele tocou em seu ombro, o que preocupou a prima.
-Não, Levi, você vai se contaminar!
Tirou a mão do moreno de seu ombro, que protestou.
-Tsc! - Ignorou o distanciamento da morena e a pegou no colo, a levando a pra cama. - Você sentiu falta de ar?
Dada por vencida, depois de tanto contato, respondeu.
-Sim, mas foi só um pouco.
Levi suspirou e tirou o celular do bolso. Ligou pra central de ajuda do SUS e relatou o ocorrido. Foi orientado a observa-la, caso piore deve leva-la a um hospital.
Quando desligou, notou que a prima estava tremendo de frio, provavelmente estava com febre.
Deu um antitérmico para que ela tomasse, em seguida ela deitou na cama.
Continuava tremendo.
Levi deitou, a abraçando por trás, até que o remédio fizesse efeito.
Se o corpo da morena não estava aquecido, agora estava pegando fogo. Mas não negava que aquilo era muito bom.
-Levi, você vai pegar. - Alertou.
-Eu já ia pegar de qualquer jeito.
Ficaram em silêncio por alguns segundos, o clima entre eles ainda estava tenso por causa do beijo que deram na sala, não conversaram direito depois disso.
-Ao menos agora, até lá você já vai estar bem pra cuidar de mim.
A morena riu e ele também em seguida, quebrando o clima pesado.
-Foi tudo friamente planejado!
-Foi.
-Mas eu só vou cuidar de você depois do segundo dia.
Levi riu.
-Você é mesmo uma pessoa horrível.
Mikasa sorriu sincera e se virou para o primo.
-Obrigada.
Os dois se encararam de fato pela primeira vez depois do que aconteceu. Levi forçou um micro sorriso de lado, enquanto levava a mão até a franja de Mikasa, onde ficou brincando ali.
-De nada.
Ficaram em silêncio por mais um tempo, mas não era mais um silêncio desconfortável, ambos estavam sendo bastante carinhosos um com o outro, o suficiente pra se sentirem próximos.
Mikasa o abraçou, colocando a cabeça em seu peito. O frio estava começando a passar, mas aproveitaria até o fim pra ficar proxima de Levi.
Sim, não negava mais o que estava sentindo pelo primo, e tão pouco queria reprimir seus sentimentos. Se era efeito da febre, ela não sabia.
O moreno afagou seus cabelos, e Mikasa pode ouvir seu coração batendo rápido.
-Levi? - Chamou ainda sem o encarar.
-Hm?
-Sobre o que aconteceu na sala, antes do Eren chegar...
Pausou, não sabia bem o que queria perguntar.
-O que que tem?
-Como assim 'o que que tem'? Nós devemos falar sobre isso, não? - o encarou.
-Podemos falar se você quiser.
Ficaram em silêncio novamente, a morena estava pensativa enquanto seu primo a observava.
-Você não acha que foi errado? Porque nós somos primos...
-Acho que isso não me incomoda mais.
"Mais"
Isso quer dizer que ele andou pensando sobre o assunto, e se não incomoda, talvez esses pensamentos tenham sido favoráveis a ela.
-E tem alguma outra coisa que te incomoda sobre isso?
A intimação foi dada e recebida com sucesso. Eles se olhavam fixamente, a morena esperava a resposta que mudaria tudo entre eles dali em diante. Levi estava incógnito até que finalmente respondeu.
-Não.
Mikasa sorriu um pouco, estava tentando se conter, por dentro estava rindo, gargalhando, passeando pelo jardim de flores. Por fora se manteve calma sentindo seu coração sair pela boca.
Se aproximou devagar dos lábios de Levi, se ela entendeu tudo errado e ele não queria mais nada com ela, essa seria a chance de se afastar. Mas não o fez. Levi havia entendido perfeitamente o que a prima quis perguntar, e se a pergunta era, se ele a queria, a resposta era que sim, ele a queria.
Os lábios se encostaram calmamente como da última vez, só que dessa vez não houve interrupções. Aprofundaram o beijo com intensidade e necessidade. Os dois queriam aquilo há dias, ou talvez até mais, só não havia tido uma quarentena para aproxima-los antes.
Mikasa estava pegando fogo, por Levi e pelo antitérmico que tomou. Jogou longe as cobertas e logo suas mãos trilhavam pelo corpo do primo, por todas as partes que teve que ver em todos esses dias de confinamento, e não pode tocar. E tocou, apertou, arranhou, com tanta intensidade que teve que se conter para não morder forte os lábios de Levi.
Esse, por sua vez, chegou a tremer quando a sentiu puxar seu lábio inferior com os dentes.
Estava tomado pelo desejo, e assim como as mãos de Mikasa, não se conteve.
Tirou a camisa dela e logo depois a sua. Subiu por cima da prima indo para seus seios. A morena gemia, tentando se controlar, o quanto não seria tão constrangedor gemer pelos toques de seu primo? Mas estava difícil, a pegada dele era firme e estava ela levando ao delírio.
Em questão de segundos tiraram as roupas de baixo e Levi se encaixou entre as pernas abertas da prima, ambos desejavam aquilo, naquele momento, mais do que qualquer outra coisa.
Quando a penetrou, os olhos viraram e ambos gemeram. Agora, depois desse contato tão íntimo, não tinha mais volta, tudo que sentiam um pelo outro não teria mais como esquecer, não depois de sentirem um ao outro em seus centros.
A morena já não continha mais seus gemidos, Levi gemia junto com ela. Entrelaçou suas mãos as dela e a beijou novamente quando sentiu que ela estava vindo.
Mikasa teve o orgasmo mais gostoso que já teve em toda sua vida, ele durou pelo menos trinta segundos até acabarem os micro orgasmos. Nisso Levi já havia se derramado dentro dela também, ele veio logo depois dela, estava se segurando fazia tempo, e em toda sua vida, ele nunca precisou se segurar com ninguém.
Mikasa respirava com dificuldade, mais do que o normal, por conta do vírus. O moreno se deixou ao seu lado um pouco preocupado com a respiração da prima, mas que logo se acalmou.
Recuperaram as cobertas agora que seus corpos estavam frios e se aconchegaram um no outro.
-Definitivamente, sem arrependimentos.
Levi declarou, acabando com qualquer duvida que ela - ou até mesmo ele - poderia ter antes sobre a pergunta da morena.
Mikasa riu e tossiu um pouco. Precisava descansar, apesar de muito feliz, também estava doente.
Pensou em tomar banho, ou ao menos fazer xixi - corocavirus e infecção urinária junto não ia rolar! - mas estava tão sonolenta que só pode torcer pro universo conspirar a seu favor.
Não durou muito, seu primo minutos depois a acordou dizendo que iria enlouquecer se eles não fossem tomar banho. E la foram eles.
Levi foi realmente muito atencioso nos dias que se proceguiram, levava comida pra ela na cama, fazia companhia, sexo, cafuné, dava remédios, essas coisas que todo primo-namorado deve fazer.
Mikasa não piorou, e logo melhorou. Por sorte, seu primo foi assintomático, provavelmente pelo seu histórico de atleta. Espera, não foi um atleta esses tempos que pegou e morreu? De qualquer forma, a verdade é que ele deu sorte.
Já Eren, estava no hospital. Que por sorte tinha respiradores mecânicos pra salvar a vida dele. Ele também deu sorte, deu sorte que todos ficaram em casa de quarentena pra que pessoas frágeis e outras pessoas irresponsável pudessem se infectar gradualmente e assim ter hospitais para todos.
Levi e Mikasa começaram a namorar, pra surpresa da família. Menos para Kenny, que chamou isso de "o milagre da quarentena", o velho sempre torceu pelos dois.
O moreno admitiu a prima, meses depois, que já sentia atração por ela antes mesmo da quarentena, mas que o que sentia se desenvolveu de uma forma fora do controle quando houve a reclusão. Tentou lutar contra aquilo mas perdeu miseravelmente. Ele que era muito competitivo, principalmente nos esportes, nunca ficou tão grato por perder. E que perderia de novo, se pudesse.
Esse foi o seu pedido de casamento a sua amada prima.
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