O vento se encontrava completamente agressivo naquela noite, a neblina cobrira todo o céu e escondia todas as estrelas as impedindo de brilhar, os braços da morena se encontravam completamente cobertos por seu moletom cor-de-rosa, ela abraçava a si mesma enquanto estava em frente a sua casa na tentativa de espairecer. Até que os gritos, mais uma noite da casa ao lado de seu vizinho no qual acabara de se mudar começam a soar pela rua deserta, era inevitável não prestar atenção nos barulhos dos objetos de vidro se chocando ao chão e quando menos ela esperou o louro saiu de dentro da casa, fazendo com que a porta se chocasse agressivamente contra a parede.
Ele sai da frente de sua casa e lentamente caminha até a pequena árvore com as duas cadeiras de balanços que eram grudadas uma a outra e em seguida, ele senta-se. Ele estava melancólico, Claire sabia disso, ela sabia como ninguém como era se sentir desta maneira. Lentamente ela se aproxima enquanto vê o garoto tirar uma pequena carteira de cigarro junto com um isqueiro e em seguida o levou aos lábios dando o seu primeiro trago.
— Isto não é a bomba granada que demora bastante a disparar? — A garota mencionou-se e se encostou na árvore a frente das duas cadeiras, não se permitindo ficar muito perto e nem muito distante.
— Gostaria de menos um dia de vida? — O garoto esticou o braço oferecendo-lhe o cigarro, ela pensou um pouco e com cuidado, para não obter contato físico pegou o cigarro e mesmo sem saber o que estava fazendo, Claire colocou entre os lábios e puxou, se engasgando com o mesmo em seguida, o garoto no qual ela não sabera o nome ainda gargalhou, fazendo com que ela percebesse o quão bonitos e alinhados eram os seus dentes.
— Nem para praticar o meu suicídio eu sirvo. — Menciona-se Claire devolvendo o cigarro para o louro. — Como você consegue fumar isto? Tem um gosto…
— Exótico? — Completou. — Eu não fumo, quer dizer… — Ele riu. — Eu estou fumando, mas não é com tanta frequência, é que me ajuda a acalmar, e às vezes dá uma leveza que leva ao sono, já que ando com problemas sérios para dormir. — Ele aponta com a cabeça para a sua casa que após bons minutos de gritaria havia cessado.
— Poderia me dar um?
— Você nem sabe fumar. — Ele riu para ela, que a fez automaticamente sorrir junto com o mesmo.
— Você pode me ensinar, cá entre nós… Também tenho problemas para dormir, não querendo me abrir com um estranho, mas os meus são psicológicos.
Ele a encara sem uma expressão específica, apenas muda de assunto e começa a dizer como é que fuma um cigarro, enquanto Claire se pergunta por que estava querendo fumar, talvez por que o menino gentil na sua frente lhe disse que a ajudaria a dormir ou apenas por saber que ingerir boa parte da fumaça a proporciona menos tempo respirando.
— Então você quer dizer que o segredo está no jeito que você inspira? — A garota perguntou e ele assentiu positivamente, então ela novamente se encontra com o cigarro no meio de seus dedos, ela novamente o coloca nos lábios, puxa, inspira e em seguida solta a fumaça, o garoto aplaudiu satisfeito por ter a ensinado a fumar, mesmo sabendo o quão prejudicial a saúde aquilo era.
— Você aprende rápido a fazer as coisas. — Ele sorriu novamente, fazendo com que a garota abrisse os seus dentes também, e pela primeira vez os mostrasse num sorriso sincero depois de tantos falsos nos quais ela forjava a própria felicidade.
— Talvez eu seja especialista em aprender a fazer as coisas ‘’ruins’’. — Ela fez aspas com os dedos e abaixou a cabeça.
Ele a encarou e tudo o que ele desejava era abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem mesmo que nada daquilo fosse previsto, mesmo que não melhorasse, ele não a conhecia e ela não o conhecia, mas ambos sentiram como se fossem bons amigos que passaram bons tempos longe um do outro e que estavam desabafando naquele momento.
Antes que o louro pudesse lhe lançar palavras reconfortantes, a porta da casa dele se abre, seu pai um homem grande, com seu peitoral exposto sem nenhum pano e repleto por tatuagens aparece, aparentemente alcoolizado, o menino suspira melancólico, tira um cigarro da pequena carteira e dá para Claire.
— Até mais, estranha. — Ele lançou-lhe sua última palavra e quando se aproximou para depositar um beijo molhado em sua testa, ela recuou, ele ficara sem entender tal ato, porém sorriu mesmo assim, deu-lhe as costas e entrou em sua casa.
— Até mais… Estranho. — Ela sussurrou para o nada e em seguida foi para sua casa também.
Ela entra, sua mãe a encara e o homem no qual ela nem considera sua figura paterna mais faz o mesmo, porém, ela não liga, apenas caminha até a cozinha, pega o isqueiro e sobe as escadas em direção a seu quarto, ela senta-se na janela, acende o cigarro e dá o primeiro trago enquanto pensava no garoto no qual ela nem sequer sabia seu nome. Ela encara o pequeno bloquinho em cima de sua mesa, aquele no qual ela anotava boa parte das coisas que a afligiam e pensou perfeitamente no que anotaria no exato momento;
❝Talvez, a bomba granada não seja o cigarro que fumamos,
talvez a bomba granada que nos levará a óbito seja a nossa
incapacidade de soltar os sentimentos antes que exploda,
ou talvez por não ter ninguém para os soltar.❞
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