1. Spirit Fanfics >
  2. Roxanne >
  3. A Queda do Solar de Usher

História Roxanne - A Queda do Solar de Usher


Escrita por: Balthamos

Notas do Autor


Quero começar pedindo desculpas pela demora sem postar, mas também quero que encarem como um mini castigo rs
SEI que tem gente que acompanha a história mas não deixa comentário. Teve gente que NUNCA comentou, mas comentou agora, cobrando a atualização da fic. Doeu fazer um comentário? Seus dedos caíram? Pois bem! Se for pra escrever pra mim mesmo, eu não tiro a história do papel, simplesmente deixo guardada e leio quando quiser. Se posto aqui, é porque quero compartilhar a história com as pessoas e se você lê, o que custa dizer se achou a fic boa, ou até mesmo se achou uma droga? Qualquer coisa é melhor que nada. Não estou mendigando comentários; estou pedindo algo em troca, apenas isso. A história está aqui, vocês acompanham, nada mais justo do que deixar um comentário. Sim, estou realmente decepcionado e confesso que isso acaba contribuindo, e muito, na frequência das atualizações. Peço desculpas a quem não precisa ler isso. Podem ter certeza que sei quem acompanha e comenta e É POR E PARA VOCÊS QUE EU CONTINUO, que fique bem claro. Chega de enrolação, boa leitura a todos!

Capítulo 15 - A Queda do Solar de Usher


Fanfic / Fanfiction Roxanne - A Queda do Solar de Usher

Havia sangue em suas vestes brancas, e evidência da amarga luta em cada parte de seu corpo emaciado

Edgar Allan Poe – A Queda do Solar de Usher

-:-

Último Interlúdio - parte III  - A Queda do Solar de Usher

- Me deixa fazer um curativo. Vem cá.

Sam já estava há um mês na odiosa Casa do Sol Nascente, no entanto, suas mãos delicadas ainda não haviam se acostumado aos esforços diários para quebrar pedras.  A parte de trabalhar na horta era um alívio, mas geralmente todos estavam tão cansados depois de passar o dia quebrando pedras, que, mesmo as tarefas fáceis no cuidado com as verduras, tornavam-se um suplício.

Como Victor previra, Sam ficou no mesmo quarto que ele, o que era um alívio. O laço que os unia – uma combinação de desespero e ódio àquele lugar deplorável, além de uma afeição mútua inegável – se estreitava cada vez mais, assim como o companheirismo, e Victor finalmente tinha certeza de ter agido bem quando contara sua intenção de fugir dali. Sabia agora que Sam, mais do que ninguém, seria capaz de ajudá-lo.

A parte ruim disso tudo, além de passar o dia todo trabalhando pesado, era Tom. Ele lhe fazia visitas de vez em quando, durante a madrugada, pouco se importando com a presença de Victor. Sam sabia que ele viria novamente aquela noite e só de pensar nos toques de Tom sentia-se enojado.

Sentou-se na cama de Victor e olhou com gratidão o ruivo preparar curativos para suas mãos machucadas.

- Você não precisa aguentar esse bosta do Tom. Não suporto o que ele faz com você quase todas as noites. Podemos arranjar outra maneira, Sam.

- Não tem outro jeito, Vic, e você sabe disso. Se eu me negar ele não me deixa ir para a CE. Essa é a única chance que a gente tem. Preciso descobrir como as coisas funcionam. Arrumar um jeito de tirar a gente desse inferno.

- Na verdade, ontem, quando fiquei de castigo pela enésima vez, lavando os banheiros, eu andei pensando em alguma outra forma de escaparmos daqui.

Sam cerrou os punhos, aumentando a dor, mas nem percebeu. Seus olhos estavam fixos nos olhos verdes do outro.

- E então? Pensou em algo?

- Sim, quero dizer... Talvez. O negócio é o seguinte: aquela bosta velha do Smith sai todos os dias daqui à noite, naquela caminhonete de merda dele.

- Mas o portão é automático, não teria como fugirmos correndo, ele nos veria.

- Mas não foi isso que pensei. Nós poderíamos dar um jeito de nos escondermos na parte de trás da caminhonete.

- Não sei, não. Seria muito arriscado, Vic. Como chegaríamos na garagem sem ninguém nos ver? A casa está cheia à noite.

- Mas eu pretendo que tudo seja feita no comecinho da noite, quando todos estiverem na horta. Na verdade eu preciso que todos estejam fora da casa, e não é somente para que não nos vejam. Por sorte a garagem fica bem afastada da casa.

- Por que então você precisa que a casa esteja vazia?

- Porque ela vai pelos ares.

Sam olhou com espanto para o amigo, segurando sua mão com força quando ele ia colocar o esparadrapo no curativo de suas mãos.

- Como assim?

- Isso fica pra depois. O caso é que precisamos que todos estejam fora da casa, inclusive, sinto dizer, o bosta do Smith, afinal, precisamos que ele dirija a porra da caminhonete pra bem longe. Aí então atacamos ele.

- Atacamos? Você quer dizer...

- Quero dizer que ele é um velho filho da puta que fodeu com a vida de todos aqui. A maioria desses merdas merece muita coisa de ruim, mas isso é demais pra qualquer um. Isso é desumano. Esse cara tem que pagar por todas as vidas que ele estragou. Merda, se não for por isso, que seja pelo pirralho que morreu limpando o incinerador! Que seja pra nos livrarmos do Tom.

Sam passou um longo momento em silêncio, até que suspirou e encarou Victor com uma firmeza e uma seriedade que seria sua característica mais marcante, a qual ficaria passando pela mente de Dean, anos depois, após salvá-lo na Rua das Princesas.

- Você está certo. Só me diga o que precisa que eu faça.

Victor sorriu de lado e bateu as mãos nos ombros de Sam.

- É de pessoas assim que o mundo precisa! Bom, vamos ver. Preciso que você crie algum tipo de distração na horta. Algo grande, que exija a presença do velhote por lá. Consegue pensar em algo?

Sam pensou por vários minutos. Já estava quase desistindo quando finalmente lembrou de algo.

- Sim! É isso! Tem aquele buraco, bem fundo, quase no fim da horta, onde a gente joga as verduras podres ou estragadas, que não servem pra comer. Seria uma pena se o Tom caísse lá e as crianças começassem a correr de um lado para o outro, sem ter ninguém para fiscalizar, não é?

Victor ampliou o sorriso e continuou encarando o mais novo, esperando que ele terminasse.

- É claro que eu viria correndo pra cá, avisar o Sr. Smith que o Tom havia caído no buraco e as crianças estavam descontroladas. Voltaríamos rapidamente à horta e enquanto ele pensava em um jeito de tirar o idiota do Tom de lá, eu já estaria longe, vindo de volta pra cá.

- Pra cá não, pelo amor de Deus! A casa vai pelos ares, Sam! Preste bem atenção – dessa vez Victor segurou os antebraços de Sam e o encarou com firmeza -. Depois de levar o velhote até lá, você precisa correr direto pra garagem, entendeu? Pra garagem, Sam. É aí que vamos nos esconder na parte de trás da caminhonete. Com certeza, depois que a casa toda explodir, o velhote vai querer se mandar daqui e buscar ajuda.

- Certo, me desculpe. Pode deixar que vou fazer tudo certo. Mas como, afinal, você vai explodir isso aqui?

- Deixe isso comigo. Você já tem coisas demais pra se preocupar. Seu curativo tá pronto. Você só vai ter que aguentar o Tom por hoje, isso eu prometo.

-:-

O dia seguinte passou com uma lentidão impressionante, provavelmente devido à expectativa que Sam e Victor estavam, ansiando sair daquele lugar. A lentidão, por outro lado, foi um fator favorável, pois eles puderam repassar cada parte daquele plano, do começo ao fim. Parecia um bom plano. Não o melhor, mas realmente muito bom. Victor, enquanto isso, estava de castigo novamente por ter dormido (ou simulado um cochilo, dessa vez), durante a leitura da bíblia naquela manhã, antes de irem para o campo de pedras, e teve de limpar os banheiros novamente. Ele aproveitou muito bem essa chance de ficar dentro da casa.

Logo que chegaram à horta o sol já estava bem baixo no horizonte, nada além de uma lasquinha de luz avermelhada. Sam foi logo aos seus afazeres e se certificou de ficar ligeiramente próximo ao buraco onde os legumes podres eram jogados. Tom fiscalizava todos os pirralhos, como ele gostava de chamar, mas passava o maior tempo próximo a Sam.

Quando o mais novo percebia que algum dos legumes estava danificado, jogava-o ao seu lado para jogar no buraco mais tarde, mas Tom pegava-o e atirava no buraco com um movimento ligeiro. Sam começou a fraquejar, pensando que talvez Tom não fosse uma pessoa tão desprezível. Lembrou das noites em que Tom o visitava e percebeu que ele nunca fora realmente obrigado a fazer nada. Tom nunca fora violento com ele e seus toques só o incomodavam porque Sam não os desejava. Estava quase voltando atrás de sua decisão quando lembrou do menino no incinerador. O menino que Tom havia trancado lá, para morrer queimado. Esse pensamento contaminou tudo e quaisquer outras impressões que Sam tivera sobre Tom haviam sido dissipadas. Ele era um psicopata.

Sam, que estava agachado, adubando algumas plantas, se levantou de súbito e sentiu uma tontura repentina. Quase caiu, mas Tom o amparou com os braços.

- Tudo bem, pirralho?

Sam sabia que era a forma como Tom se referia a qualquer pessoa, exceto o Sr. Smith, além do mais ele havia falado de uma forma preocupada, quase carinhosa, mas, ainda assim, aquilo o irritara ainda mais. Sam usou esse momento de confusão a seu favor.

- S-Sim, eu acho... Eu acho que ouvi algo. Algo no buraco dos legumes.

- Como? Alguém? Era só o que me faltava um desses pirralhos ter caído lá!

Tom foi até o buraco, mas como a noite já havia caído, não conseguia enxergar seu fundo. Se ajoelhou, inclinando-se perigosamente na borda.

- Tem certeza, Sam?

- Tenho, foi baixinho, mas eu ouvi.

Sam se aproximou, mas tinha que ser cuidadoso. Tom não podia perceber que havia sido um empurrão proposital.

Se agachou ao lado de Tom, apoiando uma mão em sua coxa.

- Foi naquela direção, tá vendo?

- Não consigo ouvir nada. Você tem cert...

Enquanto Tom se inclinava ainda mais, Sam foi esfacelando a terra onde os joelhos do outro estavam apoiados. Não teve de esperar muito, logo a borda cedeu e Tom caiu, soltando um grito. O que Sam não previra era que a parte da terra que caiu estava também diante dele. Ele sentiu o solo ir cedendo sob seus pés e se agarrou à borda firme com todas as forças. Quando parecia que tudo ia acabar mal, encontrou uma raiz e pôde, enfim, se agarrar com força e içar seu corpo até a terra firme.

Sam se inclinou para o buraco, tomando muito cuidado, dessa vez.

- Tom! Você está bem?

Nada.

- Tom? Fala alguma coisa!

Sam ouviu baixinho um resmungo de dor.

- Fique calmo, vou buscar ajuda e já volto!

As crianças estavam bem afastadas e não viram o que havia acontecido. Sam foi até elas.

- O Tom... Caiu no buraco dos legumes. Vou chamar alguém. Não ousem fazer bagunça, seus merdas! – ele sabia que pedir para que não aproveitassem uma chance dessa era pedir o impossível. Foi só começa a andar em direção à casa que pôde ouvir as risadas e o estardalhaço dos garotos, correndo pela horta e jogando, com entusiasmo, mais legumes, podres e sadios, no buraco.

Sam correu até a casa e bateu timidamente na porta do escritório do Sr. Smith.

- Entre, se for mesmo necessário. – veio a voz odiosa do velho, do outro lado.

Sam entrou timidamente e encarou o outro.

- Me desculpe, Sr. Smith, mas é que é urgente. O Tom caiu no buraco dos legumes e parece estar machucado. Agora aqueles pirralhos de merda estão correndo e rindo de um lado para o outro, ao invés de trabalhar.

O velho franziu o cenho e saiu de sua mesa.

- Quando foi isso?

- Foi agora, senhor. Vim correndo avisar.

- Fez bem, Sam. Este lugar está te fazendo muito bem. Pode ficar aqui, eu vou até lá ver o que pode ser feito.

- Obrigado, senhor!

Sam ficou olhando pelas janelas do andar de cima até ver que o velhote ia em direção à horta. Foi correndo ao seu quarto e pegou a única coisa que importava para ele, o anel que ganhara de Joe.

Desceu as escadas e se deparou com Victor, que estava saindo do escritório do Sr. Smith e colocando uma pistola no cós do jeans.

- Tudo certo. Ele já está indo.

- Não podemos perder tempo, Sam. Vá para a garagem correndo e se esconda na parte de trás da caminhonete.

Sam obedeceu sem questionar. Enquanto isso, Victor foi até a cozinha e ligou todas as bocas do fogão, porém, sem acendê-las.

Logo o cheiro de gás tomou conta do aposento. Victor havia fechado todas as janelas da casa. Foi bom Sam não ter visto essa parte, pois Victor pegou uma garrafa de whisky que encontrou no escritório do velho, amarrou um trapo ao redor do gargalo, pois não tinha como colocar o trapo dentro da garrafa, uma vez que havia aquele maldito bico dosador, virou a garrafa de ponta cabeça, ensopando o pano e saiu porta afora daquela casa odiosa. Quando estava relativamente longe, mas suficientemente perto pra mirar bem, acendeu o trapo com o isqueiro que carregava no bolso e jogou porta adentro.

No início pareceu que nada ia acontecer, mas então, subitamente, a cozinha toda explodiu, propagando o incêndio para os demais cômodos da casa. Victor, que já havia corrido bastante depois de ter atirado a garrafa, foi atingido por uma onda de calor escaldante.

Aquele barulho ensurdecedor foi música para os ouvidos de Victor e Sam. Vidro se estilhaçando, paredes ruindo e uma nuvem gigantesca de pó e escombros. Finalmente, após décadas de sofrimentos inimagináveis, vidas corrompidas e ceifadas, o pôr-do-sol se abateu sobre A Casa do Sol Nascente.

Victor chegou correndo na garagem, entrando por uma porta lateral, e chamou por Sam.

- Estou aqui!

O ruivo deu um pulo; Sam havia se escondido sob a lona esticada da caminhonete.

- Não achei que a lona estaria esticada. O que será que ele tá levando pra cidade?

- São aquelas plantas que tem na outra parte da horta. Tem também uns sacos que devem ser de farinha, mas tem uma aparência esquisita.

- Bom, dane-se. Como você conseguiu entrar aí embaixo?

- Tem uma parte que dá pra passar, aí do lado, mas tem que tomar cuidado pra não desprender a lona.

Victor logo achou a parte da lona que Sam havia comentado e se esgueirou pela abertura. Estava muito quente ali e eles tinham que ficar praticamente deitados para que não levantassem a lona e fossem percebidos ali embaixo, mas era o melhor que podiam fazer. Era mais do que eles haviam julgado conseguir, alguns dias antes. Sam abraçou o amigo como pôde.

- Obrigado! Eu... – mas não terminou. Eles ouviram passos apressados em direção à garagem.

- Moleques. Filhos da puta. Eu não acredito... Anos cuidando dessa maldita casa e agora... Tudo perdido. Tudo.,, Nem tudo. Essa carga ainda vale algum dinheiro.

Ouviram o Sr. Smith abrir as portas da garagem, entrar no carro e dar a partida.

Depois que já haviam percorrido um longo caminho, decidiram que era hora de fugir dali. Fugir das garras daquele velhote, de uma vez por todas.

Sam, dessa vez, teve uma ideia. Soltou os pinos que seguravam a parte traseira da caçamba e toda aquela carga começou a cair no chão. Quando o velho percebeu, deu uma freada brusca que quase fez os garotos saírem rolando da caminhonete. Ouviram-no sair do veículo praguejando como nunca, algo como ter certeza que havia fechado a porra da trava e sobre ninguém querer comprar o pó depois daquilo. Deu a volta e quando chegou na parte de trás Victor acertou sua perna com um tiro. Ele não estava preparado e o coice da arma quase o fez acertar o próprio nariz.

O velho gritou como um garotinho enquanto eles saíam da caminhonete. Sam pegou a arma do ruivo e apontou para o velho.

- Seu desgraçado. Dessa vez você morre! Você não sabe o quanto eu esperei... – Mas Sam não chegou a terminar a frase, pois o velho tirara uma arma do bolso do paletó e acertou Victor no peito. Sam agiu por reflexo e acertou vários tiros no velho, até ouvir o clique da arma vazia. Não adiantaria. Mais um tiro não faria diferença. Não faria Victor melhorar.

Sam correu até ele. Sentou no chão, abraçando-o, gritando a plenos pulmões e chorando.

- Não é justo... Esse filho da puta... Justo agora que a gente fugiu. Victor, ah, Vic, não me deixa. Fica comigo, vou chamar um médico. Meu Deus do céu, socorro, alguém! Victor, por favor!

Ele percebeu que o garoto estava falando baixinho e aproximou o ouvido da boca ensanguentada dele.

- Sam... Nós conseguimos. Isso que importa. Você...

- Shhh não se esforce, Vic, você vai ficar bem, poupe seu fôlego, por favor!

Victor ainda usava a camiseta branca que vestia para limpar os banheiros. O sangue encharcara o tecido e o escarlate dera lugar ao negro sob a luz do luar. Não era justo que seu amigo morresse ali, como um cachorro velho, cheirando a desinfetante, depois de tudo pelo que eles passaram.

- Sam. – o ruivo encontrou forças pra agarrar o braço do mais novo com firmeza. Era difícil, mas ele concentrava seu olhar no de Sam, desviando-o quando a dor aumentava.

- Sam, me escute. Você... Você tem que fugir. Vá o mais... Ah merda, como dói... Vá o mais longe que puder. Esconda isso tudo. Você tem que ir. Tem que viver por nós dois agora. Faça... Faça valer à pena. Faça... – a voz do ruivo foi sumindo e ele se calou. Sua respiração durou pouco e por fim cessou.

Sam olhou para o céu com raiva, berrando e agarrando o corpo inerte do amigo. Odiando tudo e todos naquele momento. Odiando cada estrela do céu, odiando a si mesmo por ter trazido Victor para a morte. Foi até o velhote e o chutou com força, várias vezes. Amassou a cara dele, desfigurando-o com seus chutes, tomado por um ódio cego, gritando a cada chute.

Por fim sentiu-se completamente esgotado, mas precisava fazer o que Victor dissera. Encontrou no carro uma mangueira fina e comprida, a qual usou para colocar no tanque de gasolina e sugar, fazendo o líquido jorrar sobre o velho e sobre seu amigo, tendo o cuidado de tirar o isqueiro de seu bolso antes. Depois de ensopá-los com o líquido pungente, molhou também o veículo, o máximo que pôde. Sentia por ter de fazer isso, mas além de esconder o que acontecera, não deixaria seu amigo apodrecendo e sendo comido por animais. O velho é que merecia isso, mas não podia se dar ao luxo de fazê-lo e correr o risco de trazer mais problemas.

Acendeu o isqueiro e levou a pequena chama até as roupas do amigo, que começaram a arder no mesmo instante.  Chorou ainda mais, mas precisava ver aquilo. Era o mínimo que podia fazer por Victor. O cheiro era uma mistura de carne queimada e gasolina. Sam não se controlou e vomitou alguns metros dali enquanto o corpo de Victor se reduzia a um punhado de ossos e carne torrada.  Apesar da sua idade ele sabia muito bem que os policiais certamente analisariam as arcadas dentárias, mas não estava ligando, só não queria o corpo do seu amigo ali, largado, apodrecendo.

Depois de um tempo fez o mesmo com o velhote e acendeu a gasolina dentro daquela maldita caminhonete. Dessa vez não esperou. Deu as costas pra todo aquilo e seguiu em direção à cidade.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...