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História Sasuke x Sasuke: O Jutsu Perdido - 1 Transformação: Sasuke-kun, é você mesmo?


Escrita por: Mschinder

Notas do Autor


Olá, meus amores!
EU VOLTEI! MUAHAHAHA
...
Deixando a loucura de lado, é tão bom estar de volta ao reino do SasuHina rsrs. Fazia muito tempo que eu não escrevia uma fic Sasuke x Hinata. E fazia mais tempo ainda que eu não escrevi uma fic no universo original. Estou tão feliz, mas tão feliz com o resultado dessa shortfic (porque sim, vai ser uma) que não me aguentei e vim postar!
Bem, já deixei claro o casal, mas quero deixar outra coisa bem esclarecida: essa fic é inspirada no meu anime favorito, Ranma 1/2. Então, qualquer semelhança não é mera coincidência, ok?

Enfim, espero que aproveitem essa leitura. E se dirvirtam muito!

Capítulo 1 - 1 Transformação: Sasuke-kun, é você mesmo?


Aquilo só poderia ser seu mais horrível pesadelo, porque ele não se lembrava de nada pior do que o que estava acontecendo. Ao olhar para a própria mão pela sétima vez naquela noite, Sasuke apenas conseguiu se perguntar como isso poderia ter acontecido. Ele era sempre tão cuidadoso em suas missões...

Uma veia surgiu em sua testa ao se lembrar de que não estaria onde estava se não fosse por Naruto. A raiva apenas começou a aumentar, subindo de seu peito por sua garganta até sair em uma enxurrada de xingamentos e ofensas em direção ao loiro amalucado que chamava de melhor amigo. Como podia ter aceitado aquilo? Depois de cinco anos fora, era assim que iria pagar por seus crimes?

Sasuke parou de xingar o vento e mergulhou na banheira de água quente, antes de novamente olhar para a própria mão. Elas tinham voltado ao normal. Isso só podia ser seu pior pesadelo. E ele mataria Naruto por isso – ou morreria tentando, no mínimo.

***

Uchiha Sasuke era um novo homem. Ou, pelo menos, era o que seus amigos mais próximos – Sakura e Naruto – gostavam de dizer para que as pessoas o odiassem menos. Depois da grande guerra ninja – assim que derrotaram Kaguya e acertaram as contas que tinham para acertar naquela batalha final –, o ninja resolveu que era hora de pagar por seus crimes. Pensar na naquela época era estranho. Fugira quando tinha apenas doze anos para se juntar a um maluco homicida. Passara anos querendo vingança contra seu irmão mais velho para, no fim, descobrir que Itachi apenas tinha seguido ordens e, de certa forma, fora enganado por outro velho maluco e homicida. Aos dezessete anos, finalmente, resolvera que queria se tornar Hokage e se juntou a guerra para salvar a vila pela qual o irmão tinha matado do o clã deles.

Contudo, foi nesse momento que Sasuke descobriu o quão errado estava.

Assim que ele e Naruto foram encontrados no Vale do Fim, e apesar dos gritos irritantes do amigo, os ninjas da vila da folha o levaram para a prisão. Todas as vilas teriam que ser reconstruídas e o máximo de ajuda seria necessário, mas ele era um assassino, um criminoso, precisava estar preso. As pessoas o temiam mais do que jamais temeram alguém em vida – pelo menos, que elas tivessem conhecido, porque se fosse pela opinião de Sasuke, o fato de Obito estar vivo por todos aqueles anos, assim como Madara, e Kaguya ter aparecido do nada eram coisas bem mais assustadoras do que ele, mas enfim.

Ele quem acabou preso e julgado, porque tanto Obito quanto Kagyua estavam mortos.

Durante seu julgamento, Sasuke foi condenado a passar quatro anos fora da vila. Uma sentença suave, levando em consideração o peso do ódio que os habitantes sentiam por ele, que o jovem ninja não entendeu a princípio, mas as intenções de Kakashi logo ficaram claras. Seu antigo mentor, a pessoa que fora a figura paternal a quem Sasuke devia muito, estava lhe dando uma chance para melhorar a própria imagem. Uma chance para reconquistar a confiança de todos os outros ninjas da aldeia.

Antes de partir, Sasuke lançou um último olhar para todos que haviam ido se despedir dele – ou apenas garantir que estava mesmo indo embora. Para sua surpresa, tinha muito mais gente do que qualquer um esperaria. E todos faziam parte daquela turma que tinha começado junta na academia. Seus olhos negros, contudo, pararam sobre os perolados de uma garota Hyuuga Hinata. Ela o encarava com um misto de gentileza e receio, mas ele a entendia. Ele sabia. O amor da garota por Naruto era tamanho que ela podia aceitar o maluco homicida que era o melhor amigo dele e tudo bem.

Surpreso, quando se virou para partir, o Uchiha se pegou perguntando se Naruto sabia que era uma pessoa extremamente sortuda.

 

— Teme! — A voz estridente ainda era tão irritante quanto no momento em que ele partira. — É tão bom te ter de volta!

— Dobe... — Suspirou.

— Sasuke-kun! — A voz de Sakura não ficava para trás no quesito irritante. — Eu pensei que não voltaria mais!

Ele suspirou longamente. Depois de passar cinco longos anos longe da vila, sozinho, não estava mais acostumado a interagir com outros seres humanos. Para ser completamente sincero, Uchiha Sasuke realmente tinha feito o possível para limpar a própria barra. Ele tinha ajudado vilas pequenas a se reerguerem e a lidarem com bandidos – esse momento específico trouxe lembranças curiosas sobre certa missão que tinha feito com o Time Sete, mas ele simplesmente não conseguia se lembrar do nome dos ninjas que enfrentaram, por isso Sasuke apenas deixou isso de lado. Além de socorrer vilas menores, ele tentou, mesmo que a distância, ajudar os locais por onde tinha passado. Muitos dos “experimentos” de Orochimaru continuavam a solta e causando problemas e isso era culpa dele. O ninja fez questão de se livrar de todos antes de voltar para Konoha.

Sozinho, ele adicionou um ano a sua sentença.

Distraído com pensamentos, coisa que acontecia regularmente por passar muito tempo sozinho, Sasuke não conseguiu evitar que Sakura grudasse em seu pescoço com um enorme e pesado abraço de urso. Ou a ninja não tinha noção da própria força ou ela achava que estava sendo delicada, porque Sasuke não sabia que podia ficar sem ar tão facilmente. Ele se contorceu por alguns segundos até finalmente conseguir se soltar.

— Sakura... — Suspirou cansado. — Será que pode ficar longe de mim? — Pediu direto, com a mesma expressão irritada de sempre.

Sakura se afastou, mas a felicidade dela em vê-lo foi maior do que sua decepção pela forma fria com que estava sendo tratada, porque o sorriso não sumiu de seu rosto. Assim como ela, Naruto tentou pular em cima dele, mas, dessa vez, o ninja já estava esperando e conseguiu desviar, deixando que Naruto quase caísse no chão.

— Teme!

— Ano baka. — Sasuke rosnou para Naruto. Será que os dois não viam que ele estava cansado? — Será que vocês não podem me dar um tempo?

Aos seus vinte e dois anos, Sasuke tinha se perguntado se seria uma boa ideia voltar para a vila. Tinha a chance de viver longe de pessoas barulhentas e irritantes, que apenas queriam ficar andando atrás dele o dia inteiro, incomodando-o. Ele não tinha um real motivo para voltar para a vila, nem sabia se queria. No entanto, foi uma pequena coisa que o fez decidir voltar. O olhar gentil da primogênita Hyuuga. Se ela podia, por que as outras pessoas não poderiam conviver com ele em Konoha? Sem contar que Itachi tinha dado tudo que era mais importante para que a vila continuasse bem. Ele não podia ignorar o sacrifício do próprio irmão.

Por isso decidiu voltar. Só não esperava ser recebido por Naruto e Sakura no exato momento em que estava chegando. Tendo garantido que os dois estavam a uma distância de um braço, Sasuke usou o único que tinha lhe sobrado, após a luta contra Naruto, para colocar a bolsa em seu ombro. Ele pretendia sair sem dizer mais nada, mas não teve essa oportunidade.

— Ora, ora. Vejo que está de volta.

Kakashi continuava com a mesma expressão de sempre. Um idiota de bom coração se Sasuke fosse ser muito sincero, mas ele não iria. Não iria porque, se fosse ser sincero de verdade, teria que admitir que sentira falta do seu sensei, assim como dos dois idiotas que chamava de família. Eles nunca irão saber disso, prometeu a si mesmo, porque os resultados seriam catastróficos para ele.

— Kakashi. — Disse de maneira fria, erguendo o nariz. Afinal, aquele era o homem que o tinha condenado ao exílio.

— Fico feliz, Sasuke, de ver que está bem. — Comentou o Hokage, com um novo sorriso. — E você voltou na hora certa. Estava procurando por vocês. — Explicou suavemente, conseguindo conquistar a atenção de seus três antigos aprendizes. — Tenho um convite, mas vocês não são obrigados a aceitar.

— O que é, Kakashi-sensei? — Perguntou Naruto, curioso.

— Leiam e venham conversar comigo depois. — Sugeriu o Hokage, entregando um envelope para cada um deles.

 

Era realmente um convite, como Sasuke pôde confirmar assim que se livrou dos amigos e foi para sua casa empoeirada e abandonada. Um convite para participar do próximo exame para a ANBU. O ex-nukenin não sabia se era realmente permitido que um traidor ingressasse na organização que cuidava da inteligência da vila, mas o nome dele estava no envelope mesmo assim. Além disso, Kakashi tinha colocado um bilhetinho bem direto e curto no envelope, provando que, se não fosse para a ANBU, Sasuke dificilmente deixaria de ser um genin àquela altura.

“Eu confio em você e ninguém vai saber”. Dizia o bilhete.

Contudo, Sasuke não confiava em si mesmo. E não queria viver uma vida sendo controlado por um Kage, qualquer que ele fosse, por isso preparou sua negativa para Kakashi. Foi Naruto que o impediu. O maldito. Quando estava para entregar a negação ao Hokage, o loiro estava saindo da sala do mesmo. Uzumaki Naruto havia recusado o convite também, mas não porque ele não se qualificava para ser ANBU. Ele era mais do que qualificado. Entretanto, ele queria focar em seu treinamento para ser o próximo líder e não ligava nem um pouco de continuar como genin até a hora certa.

— Você devia fazer, Sasuke —, foi o que o loiro disse com a voz anormalmente baixa e uma seriedade que não pertencia a ele. — Todos merecem ter um lugar no funcionamento da vila, afinal, somos todos parte de uma grande família, não é?

Lá estava aquela visão otimista da vida que incomodava tanto Sasuke quando eles eram mais novos, dez anos antes. E foi essa mesma visão otimista que convenceu o Uchiha a participar do bendito exame para se tornar ANBU. Ele não queria realmente, mas se desejava fazer parte da vila, era um bom jeito de contribuir. Aliás, essa também era a desculpa perfeita para ele se manter ocupado e ficar longe dos escandalosos dois melhores amigos que possuía.

A partir desse momento, a vida dele mudou completamente.

Durante várias tardes, ele se sentava para estudar na biblioteca. Durante as noite e manhãs, ele treinava o corpo e a mente como bem entendia. Algumas vezes, ele estava acompanhado dos amigos – assim como Naruto, Sakura recusara o convite para continuar se dedicando ao hospital, mas estava sempre disposta a ajudá-lo porque, obviamente, ambos queriam algum motivo para manter Sasuke na vila. Outras vezes – raras, mas existentes – algumas pessoas improváveis apareciam para ajudá-lo. Uma vez foi Rock Lee, querendo lutar; outra foi Shikamaru, com seu conhecimento imenso; uma única vez, a jovem Hyuuga apareceu com lanches para ele e seu sorriso gentil, desejando boa sorte. Ela não ficou muito, mas foi o suficiente para Sasuke sentir que, mesmo que fossem poucos, as pessoas talvez pudessem aceitá-lo na vila.

Ele só precisava se esforçar por isso.

***

E como ele se esforçou, pensou Sasuke, amargurado, afundando na água do ofurô até apenas estarem seu nariz e olhos para fora. Claro que ele passou na prova para se tornar ANBU. Claro que ele conseguiu uma das melhores classificações. Ele foi tão bem que os chefes da organização não puderam recusar seu ingresso e, contra as suas vontades, deram o uniforme, a tatuagem e a máscara para ele. A máscara de um corvo. O ninja rira da ironia, porque o corvo era o animal de seu irmão.

Pensar em Itachi ainda o deixava deprimido, por isso Sasuke se voltou para o problema do momento: suas mãos. Não eram só suas mãos, mas ele não queria mesmo ter que pensar no resto do corpo, porque corria o risco de ter um ataque cardíaco. Se não tivesse ouvido Naruto, se realmente tivesse seguido sua intuição e recusado o convite para ser ANBU, ele não estaria nessa situação. Não, não estaria mesmo.

Irritado, Sasuke saiu da banheira de madeira, derrubando água para todo o chão e por todos os lados. Mesmo podendo ver todo seu corpo normalmente, ele sabia que isso poderia mudar. Mais rápido do que gostaria e – a pior parte – sem que ele pudesse prever quando ou como. Sem contar na humilhação que a mudança causaria. Sim, ele sabia que estava sendo injusto, mas não conseguia pensar de outra maneira. Seu estômago embrulhava dentro do corpo só de pensar em como ririam dele.

Precisava de uma cura, mas como encontrar uma? Dessa vez, Sasuke não podia simplesmente fugir para caçar a pessoa que fizera aquilo com ele. Ele tinha obrigações com a ANBU, obrigações essas que ele não tinha cumprido ao falhar com a missão daquela vez. Quando fosse explicar para o próprio comandante, sabia que não ouviria o fim do sermão.

Ao parar em frente ao espelho, Sasuke viu a marca que o jutsu deixara em seu corpo. Um triângulo concêntrico irritantemente próximo à marca de sua maldição, como um lembrete do quão idiota e desatento ele era quando se tratava de coisas que iriam mudar o corpo dele completamente. Uma carranca de desgosto estava começando a se formar em seu rosto quando um leve “puf” ecoou pelo banheiro. Sasuke não tinha se dado ao trabalho de se cobrir com a toalha, mas o fez quando viu o cachorro encarando-o sem a menor vergonha.

— Mensagem. — Disse o bicho, estendendo o pergaminho para ele.

O ex-nukenin caminhou com passos lentos até o animal. Apesar de tudo, ele ainda tentava manter a postura distante e séria que tinha com todos, fazendo o que queria no próprio tempo. Quando abriu o pergaminho, o cachorro sumiu como se nunca estivesse estado ali. Como já esperava, era a ordem para que voltasse depois do relatório da missão que mandara. Não tinha mais tempo. Teria que retornar para a vila. Com um grunhido, ele saiu do banheiro, afastando levemente o pensamento de seu maior pesadelo para tentar focar no problema atual: como iria conseguir uma desculpa boa o suficiente para encontrar uma cura?

~~//~~

Uchiha Sasuke era um homem sem sorte, como ele pôde comprovar assim que colocou seus pés em Konoha. Após três dias de viagem, quase sem parar, com um sol escaldante e muito quente sobre a cabeça dele, tinha que chover. Ele estava com sua capa, claro, e todo protegido, mas só a ideia de que a água poderia acertá-lo lhe deixava com arrepios de puro medo.

Sasuke nunca sentira medo algum em sua vida. Nenhum.

Pelo visto, aquele velho ditado estava certo. Para tudo sempre tinha uma primeira vez.

O ninja cogitou ir direto para casa, mas precisava passar as novas informações para o Hokage. Era parte de suas obrigações. No entanto, ao olhar para a chuva – Sasuke havia se escondido embaixo de um toldo qualquer – ele desistiu. Bem, quase se convenceu a desistir. Ele não podia deixar que ninguém descobrisse que havia algo de errado com ele. Se provocasse suspeitas, os outros iriam importuná-lo até que tivessem respostas. O jovem com certeza não queria nada disso para si.

Por essa razão, mesmo achando arriscado demais, ele fez um gesto rápido com a única mão que tinha e sumiu sem deixar rastros, aparecendo imediatamente bem no centro da sala de Kakashi. Era, exatamente, meia-noite. Ele sabia porque, apesar de ainda estar vestido com o famoso manto de Hokage branco e vermelho, o homem em questão lia um de seus muito queridos e pornográficos livrinhos.

— Hokage. — Disse se ajoelhando, a voz soando mais neutra e controlada agora.

Por dentro, Sasuke não se sentia sobre controle, mas conseguir externar apenas o que queria era uma habilidade que tinha cultivado desde que fugira da vila. Se as pessoas soubessem o que ele sentia, podiam se aproveitar dele. Tendo certeza disso, manteve a cabeça abaixada, em forma de respeito, apesar de ainda estar com a máscara. Ele ouviu quando Kakashi largou o livro sobre a mesa e empurrou a cadeira, para se levantar.

— Corvo. — Disse o Hokage, a voz leve como sempre. — Imagino que tenha informações novas para mim.

— Na verdade, não muitas. — Respondeu, estendendo o pergaminho para o líder, que o aceitou de bom grado. — Desde que deixei aquela vila, o grupo que a atacava sumiu do mapa, como se nunca tivesse estado lá. — Ele tinha certeza disso, porque fora o mesmo grupo que o colocara na situação precária e perigosa que se encontrava. — Ninguém os viu ou ouviu. Além disso, as poucas pessoas que entraram em contato estavam tão apavoradas que não quiseram me fornecer informação nenhuma.

— Nada, então. — Repetiu Kakashi, lendo o que fora escrito no pergaminho. Praticamente a mesma coisa que Sasuke estava lhe dizendo.

— Nada. — Confirmou o ANBU.

Sem demonstrar nada, e oferecendo um sorriso compreensivo para o jovem ninja, Kakashi voltou para sua cadeira, retirando o chapéu e descansando os pés sobre o tampo da mesa de madeira.

— Tudo bem. — Disse tranquilo. — Uma hora eles vão aparecer de novo. Pode ir para casa descansar. — Afirmou, acenando com a mão para que ele fosse embora. — Bom trabalho, corvo.

Com um leve maneio de cabeça, Sasuke sumiu da sala como se nunca tivesse estado lá.

 

As noites passaram devagar, mais devagar do que o ninja estava esperando.

Apesar de ter retornado a vila há mais de seis meses, Sasuke não se sentia disposto o suficiente para voltar a morar no complexo Uchiha. O lugar estava destruído e abandonado. Precisava de uma reforma urgente e de uma limpeza profunda, duas coisas às quais o último sobrevivente do clã não tinha vontade de se dedicar desde que colocar os pés na vila. Por isso, ele decidiu alugar um apartamentinho pequeno e escondido em um dos subúrbios de Konoha. Afastado de todos, ele podia ter sua paz. Além disso, por ter se mudado, ele conseguia manter seu endereço em segredo dos amigos.

Todo cuidado para manter sua paz era pouco.

O ninja tentou, de todas as formas, dormir durante a semana seguinte ao seu retorno. Contudo, sempre que fechava os olhos, seu pesadelo voltava e ele caia em uma espiral de imagens aterrorizantes e fora de lugar. Ele via o homem que o atacara com aquele jutsu rindo e tentando, como o velho pervertido que Sasuke descobrira que ele era, pegar em seu peitoral. Só que não era um peitoral. O Uchiha acordou sem ar, apavorado, com os olhos arregalados e as mãos fechadas em punhos. E esses mesmos episódios continuaram acontecendo e acontecendo até que, na décima noite, ele desistiu e empurrou as cobertas para o lado.

Sasuke vinha evitando, de todas as formas, a água. Contudo, não era como se ele pudesse ficar sem tomar banho, por essa razão acabava preferindo ficar trancado em casa. Evitando o mundo no geral e tentando, mesmo que com restrições, encontrar alguma coisa que o ajudasse com seu problema. Estaria tudo bem e muito perfeito se não fosse pelo fato de que seus amigos não o deixavam em paz. E, para seu desgosto, tinham descoberto seu novo endereço.

— Teme! — Era a quinta vez só naquela semana que Naruto ia até sua casa, bater em sua porta e insistir para ser recebido. — Eu sei que você está em casa, abra a porta!

— Naruto-kun —, falou Sakura, a voz saindo abafada por causa da distância em que estavam —, acho que Sasuke-kun não está em casa...

— Ele está, Sakura-chan. — Gritou Naruto, parecendo ainda mais agitado do que antes. — Não é possível que ele ainda esteja em missão pela ANBU —, reclamou ainda mais alto. O idiota sabia que não devia falar sobre a organização, mas não adiantava, Naruto parecia ter muitos parafusos a menos dentro daquela cabeça oca. — Além do mais, Kakashi-sensei falou que ele voltou há semanas!

— Mas, Naruto-kun...

— Teme! — O ninja hiperativo voltou a gritar. — Abra logo! Eu sei que está em casa!

Apesar de não estar dizendo, Naruto podia sentir o chakra do amigo dentro do apartamento. Mesmo que estivesse muito fraco e pudesse ser apenas uma sombra que comprovava que ele estivera ali antes, o que parecia ser para Sakura, o loiro tinha certeza que o outro homem estava lá. Não tinha como um ninja como Sasuke, tão poderoso, esconder todos os traços de seu chakra. E Naruto era poderoso o suficiente para saber quando alguém estava tentando se esconder.

Sasuke não sabia se dava parabéns pelo amigo ter evoluído de um idiota sem talento para um idiota talentoso ou se ficava completamente irritado porque, além de idiota, Naruto era um intrometido de primeira.

— Dobe. — Resmungou para si mesmo, ignorando todos os chamados do amigo.

Depois de quase uma hora, Sakura acabou se irritando com a insistência de Naruto e o levou embora na base do medo. Sasuke suspirou longamente. Deveria confiar nos amigos, talvez eles pudessem ajudá-lo, mas não era fácil e ele não queria que ninguém soubesse. Só precisava que aquele grupo de maltrapilhos aparecesse de novo e tudo seria resolvido. Até lá... bem, ficar trancado em casa parecia uma boa ideia.

E teria sido, caso ele não fosse um ninja e não tivesse um trabalho.

Um pouco depois que os dois foram embora, um novo cachorro surgiu no meio da sala de Sasuke. O animal o encarou por alguns segundos antes de tirar um pergaminho de dentro do colete que usava (Sasuke nunca conseguiria entender o motivo dos cachorros de Kakashi usarem roupinhas, mas, levando em consideração o mundo em que viviam, isso não deveria ser uma questão importante) e entregar para ele.

— Missão. — Avisou o cachorro como se isso fosse necessário antes de desaparecer.

O ninja suspirou longamente, abrindo o pergaminho tão devagar que quase desistiu no meio do movimento. A mensagem era curta, mas direta e bem autoexplicativa. Possuía apenas um endereço, o nome de cinco pessoas e a ordem simples: capture-os. Era uma gangue que estava aterrorizando os arredores da vila há semanas e que precisava ser detida. O Uchiha saiu da sala escura com passos rápidos e decididos, quanto mais rápido terminasse essa missão, mais rápido teria tempo para voltar a focar em seu problema.

***

Missões para ninjas da ANBU tendiam a serem mais complexas e difíceis de serem realizadas do que as missões dadas para outros ninjas. Claro, isso era esperado já que os ANBU eram considerados os especialistas preparados para lideram com situações em que inteligência e força eram mais do que necessárias. Obviamente, Sasuke era um dos mais inteligentes e fortes ninjas que existiam no mundo atualmente. Se ele fosse ser muito humilde, era o segundo. Se fosse ser realista, ele e Naruto tinham o mesmo nível de poder. Sem contar que, sendo a reencarnação de Indra, Sasuke tinha uma verdadeira carta na manga em questão de poder. Além disso, eu Rinnegan era a prova viva de passara por muitas merdas antes de chegar onde estar. De qualquer forma, muitos sabiam que apenas o Uzumaki conseguia enfrentar o Uchiha de igual para igual.

Por isso, quando ele saia para uma missão, apenas a visão de seu Mangekyou Sharingan era o suficiente para seus inimigos tremerem de medo e fugirem e/ou se renderem. O Rinnegan, normalmente, ficava escondido de alguma forma. Às vezes, por baixo de seu cabelo, ou por baixo da máscara, como ele aprendera com Kakashi.

Desde que começara na ANBU, o último Uchiha nunca tinha falhado em nenhuma missão. Nunca. Até aquela fatídica noite. Sasuke não esperava que, ao enfrentar um homem tão idoso, acabaria sendo derrotado tão facilmente. E mais: com uma nova maldição em seu corpo.

Aquele homem tinha se movido tão rapidamente que, mesmo com sua linhagem sanguínea ativada, Sasuke não conseguiu registrar o movimento das mãos formando os selos daquele jutsu. Mesmo que tivesse, ele não reconheceria jamais a técnica usada. Depois de um pouco de pesquisa, ele descobriu que muitos jutsus tinham se perdido ao longo do tempo e, pelo visto, aquele tinha sido um deles.

Ainda muito irritado, Sasuke saltou da árvore em que se escondia para o meio do círculo de patifes que estavam incomodando a vila. Sua máscara de corvo e o uniforme da ANBU impediam que as pessoas o reconhecessem, claro, mas a aura que o envolvia era um aviso bom o bastante para que aquelas pessoas ficassem alertas.

— Há! — Gritou um deles, fazendo Sasuke ranger os dentes. Qual era o problema das pessoas com gritar? Por que ninguém podia falar com a voz baixa? — Vejo que o Hokage finalmente se cansou de nós. O que veio fazer aqui, florzinha?

— Um só contra todos nós. — Comentou outro, bufando como se isso fosse a coisa mais inacreditável de todas. — Ele acha que somos o quê? Um bando de crianças?

Por de trás da máscara, Sasuke revirou os olhos. Bandidos como esses podiam ser exterminados por genins, ele tinha certeza. O Uchiha estava começando a se perguntar o porquê de Kakashi ter dado esse trabalho para ele quando três kunais foram lançadas em sua direção. Com um movimento rápido, ele tirou sua katana da bainha e desviou as lâminas.

— Tsc. — Grunhiu.

— Ora, ora. Não é nenhum amador. — Dessa vez, a pessoa que estava no centro quem se pronunciou. Sasuke se virou para ela, não muito surpreso em encontrar uma mulher ali. Depois de anos viajando por aí, ele tinha aprendido da maneira mais difícil como mulheres poderiam ser ótimas líderes e as mais cruéis também. Contudo, para o azar dela, Sasuke estava bastante revoltado ainda para sequer dirigir um segundo olhar em sua direção. — E então, senhor ninja, como vamos resolver isso?

A voz dela deixava claro que não iria facilitar para ele.

— Você pode nos deixar em paz ou morrer. — A líder ofereceu com um sorriso malicioso nos lábios. — O que escolhe?

Era uma pena que ele fosse uma pessoa de poucas palavras. Talvez, se fosse como Naruto ou Kiba ou praticamente como a maioria de seus colegas de infância, o grupo teria tido alguma chance de se defender. Mas Sasuke não estava com paciência para enrolar, sem contar que ele não tinha tempo. Quanto mais tempo levasse, mais seu humor iria piorar. Ele tinha certeza.

Em um piscar de olhos, Sasuke deu um impulso para frente, a espada posicionada verticalmente em frente ao seu peito. Mesmo sem um braço, o jovem Uchiha era um oponente horrível. Os ninjas erguerem suas armas um segundo tarde demais. Naruto podia ser o filho do Trovão de Konoha, mas Sasuke não ficava muito atrás da velocidade do Uzumaki.

Sons de metal ecoaram pelas árvores, mas a líder do grupo soube o que iria acontecer no mesmo segundo em que eles começaram. Kunais e shurikens voaram para todos os lados, empurradas pela lâmina da espada de Sasuke que, agilmente, cortava os atacantes de forma precisa e em lugares que os impossibilitariam de se mover por vários dias. Sangue manchou a clareira e, em cinco segundos, todos, com a exceção da líder, estavam caídos no chão, grunhindo de dor ou desacordados.

— Mas o quê?! — A mulher gritou surpresa, olhando para Sasuke com ódio. — O que fez com eles?

O Uchiha nunca tivera escrúpulos. Ele não se importava de responder a perguntas idiotas ou de atacar mulheres para derrotá-las. Entretanto, havia alguma coisa de errado com aquela garota. Ela nem mesmo tinha a postura de uma ninja. Sasuke sabia que deveria ter um motivo para o Hokage tê-lo mandado nessa missão e sentia, internamente, que tinha alguma coisa a ver com essa garota.

Foi quando ele notou o símbolo da vila oculta do Chá. Além disso, ela levava uma nada discreta coroa de flores na cabeça.

Uma princesa fugitiva? Perguntou-se Sasuke, guardando a katana na bainha. A garota pareceu achar que tinha alguma chance, porque colocou os punhos pequenos em frente em ao corpo, como se pretendesse lutar.

Sasuke pensava em ser delicado com ela, mas ele tinha se enganado em um pequeno detalhe: ela não era uma civil. Os selos se formaram antes que Sasuke pudesse impedir e a água que ficara acumulada nas folhas e no chão formou uma grande bolha que se lançou na direção dele. Com um salto, ele conseguiu desviar do primeiro ataque, mas a garota parecia bastante disposta a continuar tentando derrubá-lo, porque as bolhas tomaram a forma de kunais. Quando ele desviou de uma que estava claramente afiada como uma lâmia, o ninja soube que não podia se arriscar mais.

A garota estava determinada e determinação poderia ser um grande problema. Ainda mais pelo fato de ela ser uma ninja que controlava a água.

O ninja deu uma pirueta no ar e caiu bem na frente dela. A garota gritou, assustada, comprovando que não era nenhuma guerreira. Sasuke arrancou a máscara, seu Sharingan girando com força enquanto encarava a jovem. Um grito agudo e assustado ecoou pelas árvores, se estendendo por todos os lados até que um baque surdo tomou o lugar do grito e o silêncio voltou a tomar conta da clareira.

 

— Eu podia ter matado ela.

— Você não faria isso.

A voz calma de Kakashi quase conseguiu irritá-lo, quase. O Hokage só não conseguiu essa proeza porque Sasuke se sentia aliviado. Aliviado porque, de alguma forma, ele tinha evitado todo ataque de água que a garota tinha lançado contra ele. Contudo, ninguém tinha como saber o que ele estava sentindo, porque sua máscara tinha voltado a proteger seu rosto do mundo externo.

— Você não tem como ter certeza. — Retrucou o ex-nukenin, se recusando a perder o pouco de dignidade que ainda possuía. Ele tinha tentado matar sua melhor amiga diversas vezes, por que não iria tentar matar uma garota desaparecida? Quando Kakashi sorriu gentil para ele, Sasuke rosnou irritado e resolveu mudar de assunto. — Quem é ela?

— Filha do nobre que lidera a vila oculta do Chá. — Explicou Kakashi, voltando a ocupar a cadeira de Hokage. — Sabe como é, acabou de sair da adolescência, não queria que os pais decidissem a vida dela e, por isso, resolveu fugir. — A voz descontraída do ninja comprovava que ele não estava nem um pouco preocupado com a situação. — De qualquer forma, ela logo voltara para casa. Você resolveu o caso no tempo certo —, continuou o Hokage, tranquilamente —, Naruto saiu ontem de manhã para buscar o pai dela e deve chegar a qualquer momento.

A ideia de ter que ver o loiro acabou com qualquer alívio e felicidade que Sasuke pudesse estar sentido depois da missão. A boca dele caiu aberta, assim como seus olhos se abriram até ficarem do tamanho de duas bolas, mas ninguém podia ver por baixo da máscara. Antes que Sasuke pudesse pedir licença, as portas duplas de madeira se abriram e por ela passaram tanto Naruto quanto o pai da garota.

Sasuke não tinha reparado em nada da aparência física da menina, mas não tinha como ele não reparar no pai dela. Um homem grande, com uma barriga protuberante e um bigode que, por Deus, podia ser usado como corda para escalar uma montanha. Os olhos eram pequenos como os de uma raposa e ele tinha um sorriso estranho nos lábios. O Uchiha não conseguiu evitar pensar que tinha pena da garota.

— Corvo, Naruto, podem sair. — Instruiu Kakashi, mais sério dessa vez. Sasuke quis soltar algum comentário ácido sobre como o seu antigo sensei podia ser um falso, mudando de atitude daquela forma, mas ele preferiu deixar para lá.

O Uchiha curvou o corpo levemente, no educado cumprimento dos ANBU, e Naruto gritou um adeus bastante espalhafatoso, lançando um último olhar receoso para o homem que escoltara, antes de sair atrás de Sasuke da sala. Para o azar do ANBU, eles ficaram sozinhos e o loiro não perdeu a oportunidade de usar isso a seu favor.

— Precisamos conversar. — Exigiu Naruto, sério.

Sasuke odiava quando o amigo ficava sério. Isso queria dizer que ele estava mesmo disposto a qualquer coisa para conseguir o que queria.

— Não tenho tempo. — Mentiu Sasuke, apressando o passo.

— Teme! — Gritou Naruto, quase correndo atrás do amigo para acompanhá-lo.

— Cala a boca, dobe. — Rosnou Sasuke, se virando para encarar o loiro, que parou no meio do caminho para não esbarrar no outro. — Você sabe que ninguém pode saber minha identidade, seu idiota.

— Ah... — A surpresa de Naruto foi o suficiente para Sasuke sair pela janela, correndo pelos telhados para longe do ninja mais hiperativo de Konoha. O problema desse plano era que o Uchiha tinha se esquecido de que havia um motivo para que Naruto tivesse ganhado aquele apelido. — Teme! Volta aqui!

Para o azar do Uchiha, sempre que pensava na própria vida, parecia que essa era a imagem geral dela. Naruto correndo atrás dele para conseguir o que queria. O melhor amigo de Sasuke era um ser humano completamente fora da caixinha e não tinha vergonha nenhuma naquela cara, porque não se importava com nada do que as pessoas diziam. Então, perseguir uma pessoa pela rua era quase uma coisa normal para o pequeno cérebro de Naruto.

— Teme! — Gritou Naruto quando, sem querer, ele tropeçou na telha de um dos prédios e caiu de cara no chão. — Eu vou te achar! Não adianta fugir!

Os olhos das pessoas começaram a se voltar para os dois e, antes que sua identidade fosse revelada para o mundo, Sasuke desapareceu sem dar a oportunidade de Naruto continuar seguindo-o. O loiro gritou irritado, batendo o pé como uma criança, mas as pessoas simplesmente voltaram a seus afazeres diários. Não era como se as manias de Naruto fossem uma novidade para os morados de Konoha, além disso, ele era o herói da vila. Tinha, na cabeça deles, carta branca para fazer o que bem entendesse.

 

Enquanto os moradores ignoravam o loiro, Sasuke se esgueirava pelo complexo Uchiha. Ele vinha evitando o lugar, mas parecia ser sua última opção de lugar seguro. Ele não podia correr o risco de encontrar seus amigos mais. Era perigoso e Naruto parecia estar determinado a descobrir o que estava acontecendo. O Uchiha bufou irritado, caminhando com passos apressados pelo complexo enquanto tentava pensar em uma boa desculpa para dar ao loiro, para que ele o deixasse em paz.

Durante quase cinco anos, Naruto tinha feito da missão da vida dele perseguir Sasuke para que ele voltasse para a vila. O ex-nukenin apenas sabia que não iria se livrar tão fácil do outro enquanto não tivesse um bom motivo. E ele tinha um ótimo motivo, só não queria que ninguém soubesse dele.

— Por que aquele idiota não me deixa...

A voz foi morrendo na garganta de Sasuke quando ele chegou à margem entre o completo e a floresta que o cercava. Havia uma leve onda de energia fluindo por todos os cantos, envolvendo-o. Sasuke fechou os olhos, confuso. Não deveria haver ninguém ali. Ele ficou parado, tentando reconhecer aquela suave e constante amostra de chakra que sentia. Ninguém, em toda sua vida, possuía uma marca tão delicada como aquela.

O ninja ficou ainda mais confuso. Quem poderia ser? Sasuke sabia que deveria ser um conhecido ou alguém da vila, mas todos tinham medo do complexo Uchiha por causa de sua história. Resumindo, só poderia ser um invasor. Com mais um novo suspiro longo, ele decidiu que era melhor verificar. Sasuke tinha certeza que poderia derrotar qualquer pessoa do mundo.

Ele só não podia imaginar como o universo o odiava àquela altura.

***

Havia um lago bem no meio da floresta. No centro do lago, fazendo movimentos precisos e cuidadosos, havia uma sombra feminina. Ela usava nada mais do que uma blusa preta, que ficava perfeitamente colada em seu corpo, marcando suas curvas, e um par de leggings azuis escuras. O cabelo longo estava preso em um rabo de cavalo, que parecia dançar junto com ela.

Assim como ela, o chakra fluía a sua volta e, por alguns segundos, parecia que não havia uma criatura viva na terra para atrapalhar aquela cena. Sasuke parou escondido atrás de uma árvore, próxima ao lago, mas ele não percebeu isso, porque estava focado demais na cena que se desenrolava a sua frente.

Havia uma precisão incrivelmente inacreditável nos movimentos da mulher e, assim como eles, seu chakra parecia estar focado em um ponto muito específico do corpo dela. Era como se uma teia de chakra começasse a aparecer em volta dela, como um escudo. A energia possuía um brilho arroxeado fraquinho e refletia na água do final de tarde, se fundindo às cores do anoitecer. Se ele fosse uma pessoa impressionável, estaria de boca aberta, mas ele não era impressionável. Já tinha feito muita coisa e visto muita coisa, Sasuke tinha certeza.

Contudo, contra todas as expectativas, Sasuke estava mesmo de boca aberta e foi se curvando para o lado, tentando ter uma visão melhor para descobrir quem era quando, sem querer, pisou em um galho. E quebrou ele.

— Quem está aí? — A voz suave e delicada, da qual ele definitivamente não se lembrava, foi uma surpresa agradável, mas um péssimo sinal. — Quem é?

Quando ela voltou para a terra com um salto, caso Sasuke ainda tivesse alguma dúvida, a jovem provou de uma vez que era uma ninja habilidosa. Não só isso, ele finalmente conseguindo identificar quem era. Hyuuga Hinata.

— Sasuke-kun?

Ele pretendia sair de fininho, mas, de novo, tinha cometido um erro. O Byakugan dos Hyuugas era uma das armas mais poderosas que existiam no mundo atual e ele era uma ótima ferramenta para identificar um ser humano. Não foi uma surpresa real que ela tivesse descoberto quem ele era apesar da distância, da máscara e de ele estar com quase cem por cento de sua presença camuflada. Resolvendo que era uma luta perdida, ele preferiu uma saída um pouco menos discreta, mas mais efetiva.

— O que está fazendo aqui, Hinata-san? — Perguntou, a voz distante de sempre.

Todos tinham medo de Uchiha Sasuke, a Hyuuga não deveria ser diferente.

Mas ela era. Era tão diferente que nem mesmo reagiu ao tom frio dele. Ela apenas virou um pouco a cabeça, como se estivesse tão curiosa com a presença dele ali quanto ele estava com a dela. Ao voltar a falar, Hinata soou ainda mais gentil do que tinha soado quando perguntara quem estava observando-a.

— Apenas vim para treinar —, ela explicou com tamanha delicadeza que Sasuke começou a se perguntar se ela tinha mesmo lutado em uma guerra pouco mais de cinco anos antes. — Não queria invadir o complexo, mas é o único lugar calmo o suficiente...

Havia um tom apologético em sua voz, que fez Sasuke suspirar internamente. Ele não conseguiria ficar com raiva dela, nem mesmo conseguiria mandar que fosse embora. Ele entendia a necessidade de privacidade.

— Quando acabar, vá para casa. — Decretou, virando as costas para ela.

— Ah! Sasuke-kun, cuidado!

O aviso veio um pouco tarde demais. Por algum motivo, Sasuke tinha ficado completamente tenso perto da garota. O chakra gentil dela o deixara tonto o suficiente para mexer com a própria circulação de energia. Suas pernas ficaram bambas de uma forma que não deveria. E Sasuke estava perto do lago.

Os olhos dele se arregalaram quando seu pé prendeu na raiz da árvore em que se escondera antes e nem mesmo seus melhores reflexos de ninja foram o suficiente para evitar que ele caísse na água. Um grito saiu de sua garganta, transformando-se em bolhas de ar que subiram pela água enquanto ele afundava. Correndo para a beira do lago, Hinata apoiou as mãos nos joelhos, se curvando para frente para ver se conseguia enxergar o jovem Uchiha.

— Sasuke-kun? — Perguntou preocupada, começando a cogitar pular no lago para ajudá-lo.

No entanto, ela não precisou fazer isso. Uma forma humana submergiu. Tinha os mesmos olhos bicolores profundos – um preto e outro, roxo -, a mesma carranca irritada. Ela até mesmo se curvava para frente como Sasuke fazia e não tinha um dos braços. Só que era uma garota, com seios, cabelo longo, quadril largo e brincos nas orelhas. As duas meninas se encararam por alguns segundos, antes dos olhos perolados voltarem apressados para o lago.

— Sasuke-kun! — Hinata gritou mais uma vez, confusa. Essa menina estivera no lago o tempo todo? Onde estava o Uchiha? A Hyuuga começou a se aproximar para mergulhar quando a voz irritada da outra garota, quase tão aguda quanto a voz de Sakura, se fez presente.

— Aqui, Hinata-san.

A ninja se voltou para a outra jovem, confusa. E Sasuke quis morrer. Não era possível que, depois de todo cuidado que tivera, alguém o estava realmente vendo daquele jeito. Por um momento, ninguém falou nada. A boca de Hinata apenas abriu e fechou algumas vezes antes de ela finalmente conseguir dizer algo.

— Sasuke-kun, é você mesmo?

— Quem mais seria? — Ele retrucou mal-humorado. Sasuke não teria problema nenhum em descontar sua raiva na Hyuuga, que não parava de encará-lo. — O que está olhando?

— Sexy no Jutsu? — Hinata murmurou, alheia à raiva de Sasuke.

A pergunta inocente, contudo, apenas serviu para inflamar ainda mais a raiva do Uchiha, que já se sentia humilhado demais em alguém estar vendo-o desse jeito. Ele não queria terminar comparado ao idiota do Naruto. A mão de Sasuke se fechou em um punho, e ele grunhiu para a garota.

— Quem você acha que eu sou? Algum tipo de pervertido? — Ele exigiu saber e, para sua toda inquietação, o olhar de Hinata dizia que sim. Ele deveria ser algum tipo de pervertido, assim como Naruto, Jiraya e Kakashi eram.


Notas Finais


Acabamos esse primeiro capítulo.
Gente, essa será uma shortfic com capítulos enormes, para o meu padrão. Se acharem que querem menor,podem me avisar! Além disso, estou morrendo de curiosidade para saber o que vocês pensaram do assunto. Me conte, por favor!
Críticas construtivas são sempre bem-vindas.

Espero-os nos comentários!


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