— Ei!
Boruto não conseguia evitar algumas risadas quando tocou o ombro da amiga que estava quase cochilando.
Estavam na roda gigante! E Sarada estava quase dormindo!
— Hm? — Ela resmungou.
— Sarada, por que você está dormindo? Olhe a altura que a gente está!
— Oh. — Ela abriu os olhos.
Boruto voltou a rir.
— Acho que eu gosto desse ventinho aqui de cima. — Ela disse com um pequeno sorriso tímido.
Mais uma vez aquilo voltou a acontecer. Boruto sentiu o coração bater de uma forma estranha. E isso acontecia quando via Sarada sorrir assim. Ou de outras formas também.
Só gostava mesmo de ver ela sorrindo.
Boruto e Sarada estavam nessa viagem para Washington com os pais, e mais cedo naquela manhã eles decidiram que queriam ir para Seattle visitar o aquário público com a roda gigante que tinham visto na televisão. E quando estavam viajando assim, eles tinham uma mania irritante de querer fazer tudo. Absolutamente tudo.
Então estavam ali na roda gigante.
Boruto estava sentado com Sarada, na cabine da frente estavam seus pais com Himawari, e na cabine da frente deles estavam os pais de Sarada. E todo mundo parecia estar se divertindo a beça ali no alto, exceto por Sarada que dava indícios de que iria cochilar de novo, E Boruto, que além de não gostar muito daquela altura, também se sentia um pouco desinquieto.
A mão da amiga estava extremamente perto da sua, segurando a barra de segurança à frente deles naquela cabine. Se Boruto fizesse um pequeno movimento com o dedo mindinho, conseguiria tocar o mindinho dela.
Boruto não conseguia mais negar para si mesmo. E também não conseguiria negar para ninguém caso fosse intimado a dizer.
Gostava dela. De Sarada.
Sarada era sua amiga praticamente desde que eram bebês, e agora tinham quinze anos.
E estava apaixonado por ela.
Nesta viagem Boruto estava sentindo ainda mais disso pela garota Uchiha. Ficavam juntos o tempo inteiro, e ainda, na noite passada, escapuliram dos quartos do hotel no meio da madrugada para ficarem conversando na sala de recepção. Tinha gelo lá para colocar na água. Estava muito quente neste verão em Washington. E era extremamente entediante ficar no quarto do hotel.
Então escapuliam.
Mesmo sendo legal ficar conversando com a amiga, Boruto sentia aquela coisa no peito. Seu coração ficava palpitando em ansiedade e indecisão.
Queria contar pra Sarada que gostava dela. Mas não sabia o que a garota Uchiha iria dizer ou fazer. E imaginar Sarada não querendo mais ser sua amiga, fazia Boruto se sentir nervoso. Não sabia o que faria caso isso acontecesse.
Mas, às vezes, Boruto conseguia perceber um olhar de Sarada que era diferente do normal. Ela o olhava dessa forma diferente, como se estivesse pensando em uma coisa que não dizia.
Mas Boruto sempre pensava que estava louco ao imaginar essas coisas. Era isso. Imaginava essas coisas. Não tinha como aquilo ser real.
E Boruto começou a pensar de novo que estava louco naquele exato momento ali em cima na roda gigante.
Porque sentiu uma pequena coisa.
Além de sentir essa pequena coisa, sentiu também o coração quase saltar pela boca.
Não era uma coisa que sua mente imaginou dessa vez. Estava sentindo aquela pequena coisa de verdade.
Boruto olhou para a amiga, que ainda tinha os olhos fechados em uma expressão serena. Em seguida, olhou para as mãos na barra de segurança à frente deles. E precisava mesmo tentar processar aquilo que estava vendo bem diante de seus olhos.
O dedo mindinho de Sarada estava levemente inclinado para o lado, tocando o seu.
Boruto ficou um tempo encarando aquilo, com aquela formigadinha de indecisão começando a corroê-lo.
Poderia segurar a mão dela.
Se movesse um pouco a mão, conseguiria sim segurar a mão dela.
Queria muito segurar a mão de Sarada. Estavam no alto da roda gigante. O cabelo dela esvoaçava com a leve brisa. E ela tinha as bochechas rosadinhas provavelmente devido ao calor.
Bonita. Sarada era bonita.
Boruto percebeu que ela abriu os olhos, e olhava para ele com o olhar curioso. E esse olhar permaneceu por algum tempo, enquanto Boruto ainda tentava se decidir se conseguiria ou não segurar a mão dela.
O mindinho de Sarada estava se encostando no seu.
De alguma forma, naquele momento, Boruto sentia, de alguma maneira, que Sarada estava esperando que ele segurasse a mão dela.
Estaria enganado?
Só havia uma maneira de descobrir, não é?
Respirou para reunir coragem, e moveu sua mão, lentamente envolvendo a da amiga por cima. E Boruto fazia isso sem conseguir desviar o olhar do dela, que não desviava os olhos do seus. E também buscava naquele olhar algum indício de reação negativa na expressão da garota Uchiha, que até o instante em questão, não demonstrou nenhum.
Estava segurando a mão de Sarada no alto da roda gigante.
A garota Uchiha tinha as bochechas um pouco mais vermelhas, e o olhar dela era tímido agora. Mas havia também um pequeno sorriso no rosto bonito.
— Aaaah que demora. — O pai de Boruto reclamou da cabine da frente. — Eu quero ir ver os peixes ttebayo.
— Cale a boca, dobe. Já estamos descendo. — O pai de Sarada disse da outra cabine.
Neste momento, para Boruto, era um infortúnio que estivessem descendo.
Quando estavam chegando perto do chão, Boruto soltou a mão de Sarada, pois os pais já os estavam esperando e poderiam ver aquilo.
E era melhor mesmo que ninguém visse aquilo.
Após descer da cabine, foi estranho.
Boruto não conseguia olhar diretamente para Sarada, e Sarada não olhava diretamente para Boruto.
Que vergonha. Céus!
Os dois caminharam em silêncio, seguindo os pais que tagarelavam sobre tudo o que iriam ver naquele aquário.
Primeiro foram ao Window on Washington Waters, que era um tanque de 120 mil galões, que mostrava a marinha nativa de Washington, com peixes como salmão, rockfish e anêmonas.
— Woo, eu achei que os salmões eram laranja ttebayo. — O pai de Boruto disse com um olhar confuso ao observar o tanque.
Boruto percebeu que Sarada começou a rir baixinho. Então começou a rir também. Nunca conseguia evitar. Mesmo se sentindo tímido pelo que aconteceu lá em cima na roda gigante, não conseguiu deixar de acompanhá-la.
Sarada o olhou de forma tímida, mas pareceu se divertir por Boruto estar rindo junto a ela daquela feição confusa do pai Uzumaki ao olhar o salmão que não era laranja.
Se tivesse um pouco de muita coragem, coisa que não tinha, Boruto diria a Sarada que queria segurar a mão dela de novo.
E queria.
Mas os pais começaram a se mover, e os dois precisavam segui-los.
Agora andavam no caminho para Underwater dome. Decidiram pular todos os outros tanques por enquanto, porque todo mundo estava extremamente ansioso para ir para aquele lugar.
Conforme chegavam mais perto do destino, começaram aos poucos a ser cercados pelo azul enquanto desciam. Era muito azul.
O Underwater dome era uma exibição em uma sala submarina esférica, e tinham várias janelas por todos os lados, permitindo ter uma visão perfeita do tanque gigantesco de 400.000 galões e tudo o que tinha dentro dele.
— Naruto! É um tubarão. Lá. — A mãe de Sarada apontou. — Você queria ver não é?
— Wooo. — O pai de Boruto foi para perto dela. — É um tubarão tigre ttebayo.
— Esse parece ter uns dois metros. — O pai de Sarada disse tranquilo.
— Eu acho que é maior, teme. — O pai de Boruto disse com um pequeno sorriso.
E então começou tudo de novo. Os dois começaram a discutir, aí a mãe de Sarada entrou no meio, em seguida a mãe de Boruto também.
Boruto já estava farto disso.
Então reuniu coragem, e tocou o ombro de Sarada, indicando para irem para uma outra janela longe deles.
Alguns passos de distância dos adultos reclamões, se posicionaram, e Sarada olhava para a água com os olhos meio fechadinhos. Ela fazia isso quando tentava enxergar melhor.
Era tudo azul. Extremamente azul. O brilho era azul. E o rosto de Sarada cintilava em azul com aquele brilho.
Bonita. Ainda assim Sarada era bonita.
— Boruto. — Ela o chamou baixinho. — Olhe. — Ela apontou.
Boruto olhou para onde ela estava mostrando.
— É um esturjão! — Disse baixinho também.
Se falasse alto os pais iriam ver e iriam começar aquela algazarra de novo.
— Ele é bonito não é? — Sarada sorriu animada. — Não achei que ele era tão grande assim.
— Eu não sabia também. Ele é enorme. — Estava surpreso. — Quanto caviar deve ter dentro dele? Deve ser muita coisa.
Sarada assentiu.
— Olhe! — Ela mostrou outro ponto, se aproximando mais de Boruto, e se abaixando um pouco para ver mais abaixo na janela em que estavam. — É o tubarão martelo! Boruto!
Boruto se abaixou ao lado dela, e conseguiu ver perfeitamente. Era mesmo um tubarão martelo.
Ali os dois sorriram. Não tinha como não sorrir. O tubarão martelo era muito bonito.
E nessa coisa de sorrir ao ver o tubarão martelo, se viraram um para o outro com aqueles sorrisos, e estavam demasiadamente perto, perto o bastante para as testas se encostarem.
E neste momento, pararam de sorrir.
Uma coisa estava acontecendo.
O coração de Boruto estava batendo muito rápido dentro do peito, e se sentia nervoso. E Sarada parecia estar do mesmo jeito.
Os olhares estavam fixos um no outro, e não faziam um movimento sequer.
O que era aquilo?
— Olhe só esses dois pestinhas escondendo o tesouro, Sasuke! — O pai de Boruto se aproximou deles. — É um esturjão e um tubarão martelo desse lado aqui ttebayo!
Boruto e Sarada saíram rapidamente daquela posição que estavam, e se levantaram com as respirações aceleradas.
O que acabou de acontecer?
Boruto estava com um pouco de dificuldade de processar o que acontecia ao redor. Apenas escutava as vozes abafadas dos quatro pais discutindo provavelmente sobre o tamanho exato do esturjão.
Olhou para Sarada, que agora tinha um olhar tímido de novo, e, mesmo com o tanto de azul que tinha ali naquela sala submarina, Boruto podia perceber que a garota Uchiha estava com as bochechas vermelhas.
Tinham mesmo quase acabado de se beijar? Ou aquilo foi coisa de sua cabeça?
Estavam do lado dos pais! Como aquilo aconteceu?
Após algum tempo tentando recobrar a plenitude dos pensamentos, Boruto escutou a mãe de Sarada os chamando para irem agora no Ocean Oddities. Ela dizia estar louca para ver os cavalos marinhos.
E no caminho todo, claro, o pai de Boruto reclamou que o Ocean Oddities seria chato porque todos os peixes que tinham lá eram pequenos. E ali toda uma nova discussão entre os quatro pais se iniciou, porque o pai Uzumaki só queria ver o que bem queria e estava reclamando sobre os gostos dos outros.
Mas nada disso estava abalando Boruto. Estava ainda muito pensativo sobre o que quase aconteceu na sala submarina.
Tudo o que se passava em sua mente era o quanto queria que aquilo acontecesse.
Agora, não era mais sobre só segurar a mão de Sarada. Tudo bem, ainda queria fazer isso. Mas agora seu coração batia muito forte ao pensar que queria beijar a garota Uchiha.
Poderia segurar a mão dela enquanto a beijasse.
E Boruto não achava que estava louco ao pensar isso. Porque viu nos olhos da amiga enquanto estavam naquele momento na sala submarina. Sarada parecia querer beijá-lo também. Boruto sabia. De alguma maneira sabia.
E de alguma forma, estava se sentindo mais encorajado. As coisas estavam acontecendo diante de seus olhos, e Boruto estava vendo bem que poderia não ser só ele a pensar aquelas coisas.
Sarada ainda tinha as bochechas vermelhas. E estava em silêncio.
Boruto queria muito chegar mais perto dela.
Os quatro pais estavam caminhando na frente, e tomado por aquela coragem que não tinha antes e agora tinha, Boruto se aproximou da amiga. Uma distância perto o suficiente para poder fazer discretamente o que queria fazer.
Tocou a mão dela.
Ninguém estava vendo. Não tinha ninguém por perto, e os pais estavam na frente discutindo sobre peixes que eram legais e peixes que não eram legais.
Sarada olhou para as mãos em contato, em seguida olhou para Boruto.
E Boruto, com mais coragem ainda que antes, sorriu pequeno para a garota Uchiha. E a garota Uchiha sorriu de volta, tímida e acanhada. E vermelha.
Boruto então finalmente soube.
Aquilo não era mesmo coisa de sua cabeça.
Chegaram ao Ocean Oddities, e Boruto e Sarada tiveram que separar as mãos, pois os pais começaram a se inclinar para ângulos diferentes para brigar melhor uns com os outros. Eles iriam vê-los de mãos dadas se continuassem segurando.
— Que piada Sakura-chan. A mão da Himawari é maior que isso ttebayo! — O pai de Boruto disse emburrado.
— Naruto-kun. É bonito. Pare de reclamar. — A mãe de Naruto disse emburrada também.
— Hinata, se o Naruto reclamar mais uma vez vou ser obrigada a dar uma rasteira nele. — A mãe de Sarada disse irritada.
E o pai de Sarada apenas bufou.
Boruto estava de verdade, farto daquilo.
Olhou nos arredores, e viu em uma porta ao lado um brilho roxo iluminando o chão a alguns metros dali.
Os pais agora discutiam sobre os nomes certos dos peixes que estavam ali no Ocean Oddities.
— Sarada. — Sussurrou para ela. — Venha comigo.
A amiga o olhou curiosa, e assentiu.
Os dois saíram de fininho de onde os pais birrentos estavam, indo em direção à sala com brilho roxo.
— Oh, são os corais! — Sarada sorriu grande quando entraram.
O brilho era roxo, mas dentro do tanque haviam muitas cores que combinavam com o roxo. Os peixes eram azuis, rosas, amarelos, brancos e lilás. Era um tanque grande, e os corais também nessas cores estavam espalhados por todo ele.
Boruto deu alguns passos para poder ver mais de perto, e Sarada o seguiu.
Os dois estavam na frente do tanque bonito que emitia a luz roxa, e aquela luz fazia o rosto de Sarada ser iluminado com aquela cor, reluzindo ainda mais aquele sorriso pequeno que fazia a garota Uchiha ficar tão mais linda que qualquer outra garota que Boruto já havia visto na vida.
Era isso. Sarada era a garota mais linda que já havia visto na vida.
— Sarada.. — A chamou baixinho.
Ela o olhou de forma tímida.
Ambos já conseguiam imaginar o que iria acontecer ali. Não era mesmo possível mesmo evitar.
Boruto estava tomado por aquela coragem que jamais teve, e naquele instante, estava pronto para dizer o que queria dizer já fazia muito tempo.
— Eu gosto de você. — Disse sentindo as bochechas corarem.
Agora estava vermelho também, assim como a amiga, que ficou ainda mais vermelha após aquela fala.
— Eu.. eu também gosto de você.. Boruto. — Ela disse baixinho e acanhada.
Boruto sorriu. Sorriu para a garota bonita que gostava.
Não era mesmo coisa de sua cabeça. Boruto gostava ainda mais de Sarada agora.
E se aproximou dela. E segurou a mão dela.
Sarada sorriu pequeno mais uma vez, ainda tímida.
Mas Boruto queria muito. E sabia que Sarada queria também. Nesse momento sabia claramente que ela queria.
Boruto aproximou seu rosto do da amiga, percebendo que ela se inclinou um pouco para frente também.
Os lábios então se encostaram.
Estavam se beijando?
Estavam!
Estavam se beijando na frente do tanque grande que emitia luz roxa e tinha peixes coloridos nadando por entre os corais.
Boruto segurou a mão de Sarada enquanto se beijavam, e movia de leve o polegar em cima do dela.
Era muito, muito, muito melhor do que jamais imaginou que seria.
— Oh, mais um monte de peixes chatos nessa sala ttebayo. — Era a voz do pai de Boruto não muito longe dali.
Boruto e Sarada se separaram rapidamente, passando a olhar o tanque de corais de novo, enquanto escutavam os pais insuportáveis se aproximando.
— Que bonito! — A mãe de Sarada disse alegre. — Por isso os dois pentelhos sumiram. Acharam o tesouro e estavam tentando esconder de novo igual aquela hora Naruto.
O pai de Boruto bufou.
— Tesouro? — Ele disse disse sarcástico e com um bico.
Boruto e Sarada se entreolharam, e não conseguiram segurar uma risada.
Quase foram pêgos. E o olhar que trocaram era bem claro e de fácil entendimento para ambos.
Teriam que tomar cuidado dali para frente.
FIM
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