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História Segredo de Justiça - Capitão Nascimento (Tropa de Elite) - Capítulo 1 - O inimigo trabalha ao lado.


Escrita por: monalisax

Notas do Autor


Vamos assumir que tá todo mundo apaixonado no Wagner Moura?

Capítulo 1 - Capítulo 1 - O inimigo trabalha ao lado.


Roberto Nascimento – 08:46 a.m.

No Rio de Janeiro, sempre é um calor do caralho, só que hoje parece que o cara lá em cima resolveu testar com quantos graus se mata um farda preta. Uma gota de suor inconveniente escorria pela minha testa, descendo lentamente pela minha pálpebra e escorregando até meu olho.

Não eram nem nove da manhã e eu já estava escondido atrás de uma mureta mal feita, esperando o malandro idiota que atirava contra mim precisar recarregar a metralhadora roubada que ele usava pra tentar me matar. Vagabundo sempre pensa que o BOPE é piada. Normalmente, a gente espera que a noite caia pra se meter dentro desse ninho de ratos que chamam de favela.

Só que ultimamente, o Rio de Janeiro tá cheio de desgraça, bem mais do que o comum.

- Capitão, tudo certo aí em cima? – Escutei o novato da central me chamar no rádio.

- Positivo, Teixeira. – Respondi baixo. – O Silva já tem mira pra mandar esses filhos da puta pro inferno?

- Só um, Capitão. – Fedrerico Silva, um dos nossos atiradores à distância, me respondeu do outro lado da linha. – Tô tentando achar uma brecha pra pegar dois de uma vez.

- Tem mais gente com você? – Me certifiquei, nos meus cálculos, a gente já tinha mandado uns vinte pra vala hoje, e tava dando a hora de dar um fora dali antes que os reforços deles fossem chamados. Querendo ou não, o número de vagabundos ali era bem maior que o de caveiras.

- Sim senhor, Parreira e Júnior. – Silva era um dos melhores atiradores que eu conhecia, e eu sabia que se eu desse o aval, era menos um otário pra me esquentar a cabeça.

- Faz o seguinte, você vai esperar o da metralhadora precisar recarregar, dá um tiro de distração aí e a gente faz esses filhos da puta de peneira. Entendido, porra? – Me certifiquei, qualquer erro ali e quem virava peneira era eu.

- Positivo, Capitão. – Assentiu o soldado.

Respirei fundo, sentindo mais uma gota de suor escorrer pelo meu nariz, fazendo seu trajeto vagarosamente até a ponta e caindo no meu uniforme.

Meu ouvido aguçado pelos anos de trabalho em campo, me alertaram ao ouvir o engatilhar de uma arma descarregada, era contar alguns segundos e escutar o tiro do Silva.

Dito e feito. O primeiro disparo foi longe, mas ecoou pelas ruas da favela, fazendo os três palhaços na minha frente gritarem igual idiotas.

- Qual foi, mermão? Da onde veio esse bagulho, muleque? – Um deles gritou, e tava na minha hora de agir.

Em um pulo, me levantei, já sentando o dedo no gatilho do fuzil e mandando o do meio diretamente pro colo do capeta. Antes mesmo que eu pudesse virar e atirar no próximo, seus corpos já caíam no chão sem vida. Meu batalhão não brincava em serviço.

Mais uma batalha estava no fim, mas essa guerra ainda ia render emprego pra muito coveiro.

- Bom trabalho, agora vamo dar um fora daqui. – Parabenizei os dois soldados, e sorrateiramente, fui descendo a rua até chegar na viatura, onde mais dois caveiras estavam me esperando.

Seus uniformes estavam molhados, e de longe dava pra ver que aquilo ali não era água.

- Toca pro departamento, a facção que se foda pra limpar esse tanto de morto aí. – Ordenei, recebendo um aceno de cabeça dos dois, juntamente com uma continência.

[...]

 09:32 a.m.

- Mais uma operação finalizada com sucesso, Capitão Nascimento. Você e seu batalhão estão de parabéns. – O Diretor Comandante Toledo me parabenizou, sua voz estava falha, ele já não era o mesmo desde que perdera a esposa. Ele era um homem alto e franzino, quem olhava o Toledo de longe jurava de pés juntos que ele era algum bibliotecário ou um professor de geografia, mas as aparências enganam, eu mesmo já vi esse mesmo cara franzino matando vagabundo na facada. Ele tinha cabelos sutilmente grizalhos, os quais ele mantinha sempre  muito bem aparados. Toledo estava próximo de sua aposentadoria, ia largar o BOPE de vez.

E precisava de um susbtituto. Na verdade, já estava tudo encaminhado para que eu me tornasse o próximo Diretor Comandante do BOPE. Por um lado, eu achava do caralho, autoridade e poder eram duas coisas que eu adorava ter. No entanto, a gente sempre sabe que quanto mais poder, mais problemas e risco um cara corre.

Só que eu estava preparado, e tava pagando pra ver quem ia ser o primeiro filho da puta a me encher o saco.

- Obrigado, Comandante. – Fiz um gesto de agradecimento com a cabeça, mantendo minha postura militar e meu semblante fechado.

- Nós vamos começar a treinar uma nova equipe no final do mês, gostaria que participasse como mentor. Essa molecada nova precisa de uma dose de Nascimento pra ver se viram alguma coisa. O que me diz? – Toledo sentou-se em sua mesa de madeira escura, no mesmo tom dos demais móveis planejados em sua sala.

- Com prazer, Comandante. O Senhor sabe o quanto me alegra ver a meninada fraca pedindo pra sair. – Respondi satisfeito, a maioria desse pessoal que quer entrar pro BOPE, acha que é só vestir a farda preta e sair desfilando. Só que a parada aqui não é bagunçada assim não, parceiro. Pra vestir essa farda aqui, tem que merecer, tem que honrar essa caveira.

- Sei, e como eu sei... – Ele disse em uma risadinha. – O Senhor é um homem sério, Capitão, que leva esse trabalho da forma como ele deve ser levado. Vai ser o Diretor que esse manicômio aqui precisa. – Elogiou.

- Você já desempenha essa função muito bem, Comandante. E me honra muito dizendo isso. – Retribuí o elogio.

- Mal vejo a hora de todo esse alvoroço passar, e a gente conseguir limpar pelo menos cinquenta por cento daquela favela. O negócio tá foda, Nascimento. – Toledo suspirou, deslizando as mãos sobre a mesa de madeira, ele estava inquieto, e eu tinha para mim que o tráfico não era a única coisa que estava deixando ele assim.

- Eu quem o diga, Comandante. Vamos precisar de uma estratégia e tanto pro próximo ataque. Já é o quarto limpa que a gente faz em 3 semanas, esses ratos estão começando a ficar espertos. – Concordei, em época de guerra, como agora, a gente fica biruta. Meu sono nunca foi dos melhores, agora? Tava uma merda.

- Você deveria tirar a tarde de folga, seria merecido. – Sua sugestão era tentadora, e seu orlhar parecia implorar para que eu desse um fora dali, mas descansar era a última coisa que eu faria se fosse pra casa agora. Meu divórcio era, de certa forma, recente. E ficar ali me mantinha ocupado e não me deixava pensar muito no assunto.

Eu amei a Rosana, bem mais do que ela imagina. Mas, de uns tempos pra cá, nos tornamos dois colegas de quarto. Ela odiava o meu serviço, odiava meu horário de chegar em casa, odiava quando eu acordava em um pulo no meio da madrugada, odiava minhas roupas sujas, odiava a forma como eu falava. Eu gostaria sim que as coisas tivessem sido diferentes e eu pudesse acompanhar a criação do meu filho, mas ela odiava a coisa que eu mais amava, e já não dava pra continuar. Fazem mais ou menos uns 3 meses que ela se mudou pro Mato Grosso, de volta pra perto dos seus pais, que a ajudavam na criação do bebê.

- Agradeço, Comandante, mas eu tenho uma porrada de coisa pra resolver aqui ainda. Inclusive, eu preciso ir indo, minha mesa deve estar cheia de papelada pra assinar. – Informei, sentindo que o contrariei um pouco. Ele assentiu, me dando permissão para sair.

Passei pela porta em direção ao elevador, minha sala era no segundo andar, não demoraria muito e rapidinho eu estaria lá.

Assim que as portas de metal se abriram, revelando o corredor no qual minha sala ficava, me permiti retiral o colete à prova de balas e caminhei devagar em direção ao meu refúgio. Eu estava cansado, talvez devesse mesmo ir para casa, mas só de pensar no que eu teria que enfrentar lá, era bem melhor tirar um cochilo na minha cadeira de escritório. Eu realmente precisava encontrar um apartamento novo, aquele lá estava velho... Até demais.

Parei de frente á porta da minha sala, a porta estava apenas escostada, e eu podia escutar barulhos de algúem mexendo em papéis.

- Mas que porra... – Sussurei, pegando minha pistola no suporte e a empunhando. Aquela era a minha sala porra, e tinha algum vagabundo xeretando nas minhas coisas.

Travei o maxilar, segurando firme a arma. Mentalmente contei até três antes de abrir a porta de uma vez, pegando quem estava lá de surpresa.

- Que porra é essa? Tá fazendo o que na minha sala? – Meu tom de voz era autoritário, não tinha como ser diferente.

Minha mesa estava cheia de envelopes espalhados, todos eram pretos e tinham “CONFIDENCIAL” marcados em branco, a mesa também estava cheia de papéis, mas minhas caixas de arquivos permaneciam intocadas.

Só que, quem estava na minha sala, não era um vagabundo. E sim uma vagabunda.

Sentada na minha cadeira de escritório, com as pernas cruzadas, ela nem mesmo se levantou quando a confrontei. Levantou o olhar, deixando a folha que estava em sua mão sobre as outras. Eu já estava bufando.

- Eu te fiz uma pergunta, porra! – Reforçei, dando dois passos para frente, mantendo minha mira no centro de sua testa. Eu nunca tinha visto aquela mulher na minha vida.

- Eu escutei da primeira vez. – Retrucou, se pondo de pé. Seus olhos correram por mim rapidamente, como se estivesse me lendo.

Era jovem, não passava dos trinta anos nem fodendo. Estava usando um terninho preto por cima de uma camisa branca cuja qual os dois últimos botões estavam abertos. O blazer era justo ao corpo, marcando sua cintura e acentuando seu quadril, enquanto a calça de alfaiataria larga escondia o restante das suas curvas. Tinha um cabelo comprido e liso, o tom beirava o negro das suas roupas.

- Eu acredito que deva ter acontecido algum erro de comunicação aqui, Capitão Nascimento – Leu a identificação na minha farda. - Me chamo Morgana Viscontti. - Se apresentou.

Ela desabotoou o seu blazer com paciência, ignorando totalmente o fato de que eu tinha a porra de uma arma apontada pra testa dela. Arqueei minha sobrancelha, tentando entender que caralho essa mulher queria fazer.

Em segundos, entendi claramente. Abrir a terceria peça revelou seu distintivo, preso na sua cintura, e aquele brasão dourado era impossível de ser confundido.

Essa maldita era da Polícia Federal.

E geralmente, esses engomadinhos sempre andam em bando, então me restava saber onde estavam os outros, e o que caralhos eles queriam na Sede do BOPE.

- Acho que já pode abaixar essa arma, ou vai ficar com ela apontada pra mim o resto do dia? – Indagou, cruzando os braços como quem esperasse.

Devagar, guardei a pistola no suporte sem tirar os olhos dela.

- Essa sala é minha. – Ela podia ser da federal, podia ser a filha do Presidente, podia ser o caralho que ela quisesse, eu não ia deixar uma moleca dessas mandar em mim.

- Como eu ia dizendo, Capitão Nascimento. Eu acredito que houve um erro de comunicação entre você e seus superiores. – Ela ia recolhendo os papéis em cima da mesa, os guardando em seus devidos envelopes, tudo isso sem desviar o olhar. Ela me fitava como se olhasse dentro da minha alma. E só agora, com mais calma, eu consegui ver que seus olhos eram de um tom escuro, tão escuro quanto seus cabelos. – Acontece que o BOPE cedeu as instalações de vocês para nós da PF, estamos no meio de uma investigação um tanto quanto confidencial, e acreditamos que aqui seria um bom lugar. Não se preocupe, o que nós estamos cuidando irá beneficiar vocês também, principalmente nesse jogo de tênis de mesa que estão brincando com os traficantes. – Explicou com cautela, como se estivesse falando com um bebê.

- Nós cedemos, ou vocês pegaram com algum mandato enfeitadinho de vocês? – Retruquei, e outra, nos ajudar? Eu queria muito saber como uma madame de terninho e scarpin iria nos ajudar com aquele inferno que estava a favela.

- Vocês cederam, foi um comum acordo entre o seu chefe e o meu. - Revidou. – Essa sala é a 28, segundo andar, certo? – Ouvindo sua pergunta, fiz que sim com a cabeça. – Então, Capitão, receio dizer que essa foi a sala que designaram para que eu trabalhasse.

Então era por isso que o desgraçado do Toledo queria que eu fosse pra casa. Que otário.

- É o seguinte, Madame, se você tá na minha sala, eu vou ficar onde? – Eu já estava um pouco mais calmo, mas ainda tava de orelha em pé, alerta pra qualquer situação.

- Ali. – Ela apontou para outra mesa do outro lado da sala, praticamente igual a minha, só que menor.

A minha sala era a terceira maior do prédio, o que com certeza foi um dos motivos pro Toledo enfiar uma dos mauricinhos de distintivo dentro dela. Só podia ser palhaçada.

Essa merda deveria ser piada, mas nem por um caralho que eu ia ficar no cantinho, vendo essa madame de terninho trabalhar na minha mesa. Se é que essa patricinha sabe o que é trabalhar.

- Madame, a senhorita deve estar enganada, eu acho que aquela é a sua mesa. Eu tenho trabalho de verdade pra fazer, não dá pra ficar brincando aqui não. – Disse em um tom leve, tentando não demonstrar que eu estava prestes a botar essa sala no chão.

- Capitão, o que está dito, foi decidido. Se o Senhor estiver insatisfeito, reclame com seu supervisor, eu só estou fazendo meu trabalho. – A  Agente se apoiou na mesa, como quem realmente não fosse arredar um dedo dali.

- Eu vou resolver essa porra agora. – Dei meia volta, por enquanto, ela tinha levado a melhor, mas aquilo não ia ficar assim.

- Agora, talvez você esteja se esquecendo de como uma hierarquia funcione, Capitão. – Disse antes que eu pudesse passar pela porta. – O ditado segue o mesmo: quando a Federal bate no portão, a Civil sai pela janela e a Militar pela porta dos fundos. – Suas últimas palavras saíram como sibilos.

Atrevida. Desgraçada.

Essa vagabunda acabou de me chamar de policial militar?

Quando eu vi, já estava a centímetros de distância dela. Face a face. Olho no olho. Podia sentir o aroma doce do seu perfume caro.

- Escuta aqui sua cachorra, você pode ser da federal, da puta que te pariu, mas você não manda em mim sua piranha do caralho. Essa porra aqui é minha sala, e eu não vou ficar de escanteio pra uma moleca mimada não, tá entendendo? – Bufei, essa maldita tava mexendo com o cara errado.  – Você olha como você fala comigo.

- Eu poderia te prender por desacato à autoridade e te fazer apodrecer na cadeia. – Revidou de forma fria, que vadiazinha do ego grande.

- Então vai em frente, por que não me algema então? – A desafiei.

- Porque você tem algo do meu interesse, Roberto Nascimento. Fique tranquilo, que quando essa merda toda aqui acabar, eu vou te colocar no seu lugar. – Eu não podia negar, a cadela de terninho tinha a língua afiada.

Dei as costas pra Agente, saindo da sala pisando forte, decidido que aquilo não ficaria daquele jeito.

Se eu tinha algo que ela queria, ela ia morrer sem.

Cachorra atrevida.



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