História Segure minha mão - Erwin Smith

Segure minha mão

Nunca tinha imaginado acabar sua vida em um leito de hospital, recebendo altas doses de analgésicos para amenizar a infernal dor que sentia, e além da dor física, sentia uma dor dez vezes pior. A dor de ver todas as pessoas que ama sofrendo ao ver você deitada numa cama morrendo. Existia as chances de sobrevivência mas também não podia parar de pensar naqueles quinze por cento de que o tratamento não desse certo. E se seu destino estivesse naqueles por cento?

Não imaginaria que passou por tanta coisa e batalhou por tudo que tem hoje para chegar no final e receber um diagnóstico que estava com câncer de pulmão.

Descobriu a doença quando estava indo pro trabalho e desmaiou em frente de casa. Seu namorado a levou pro hospital mais próximo, e depois de uma bateria de exames, veio o diagnóstico. Em choque Erwin ficou, ele saiu do quarto hospitalar em silêncio, enquanto, você ainda digeria a informação deitada na cama olhando pro nada ouvindo o médico falar que sentia muito.

Apesar de ter sido por pouco tempo, mas uma eternidade para você, ele voltou. Erwin assim que abriu a porta branca, ele veio de encontro com você e no momento em que seus longos e fortes braços a abraçaram, você desmanchou-se em lágrimas. Havia finalmente caído a ficha da sua infeliz doença, como você contaria para a sua família? Não aguentaria olhar para os olhos de sua mãe e do seu pai e dizer que estava com câncer e tinha 85% de sobrevivência.

Na noite em que contou para a sua família, o desespero era tomado pelo seus pais, principalmente pela sua mãe. Posteriormente, ainda afetada pelo baque da notícia mas mais calma, sua mãe confortou-a com um abraço e dizendo que iam superar tudo. Nunca iria esquecer como isso aqueceu seu coração sofrido e como o apoio de sua família estava a ajudando.

Erwin sempre estava na sua casa, ele acompanhou a sua quimioterapia, a ajudava em suas crises. Erwin Smith era o homem da sua vida, o amava tanto. Não queria que ele perdesse o seu tempo com você, sabia que ele por mais que se mostrasse forte lhe incentivando a continuar na luta, Erwin também sofria muito.

Erwin ficara devastado quando soube que sua mulher foi diagnosticada com câncer, nunca tinha passado por sua cabeça. O medo de perdela o corroía mas ele seria forte, seria forte POR ELA. Mesmo ele já se desmanchado em lágrimas antes, porém, agora era diferente e ele iria até no inferno para salvar a sua amada e daria bastante amor e cuidado para superarem esse momento turbulento juntos.

Você pensou que tinha ainda sorte em meio disso tudo, estava recebendo apoio da família e do amor da sua vida. Pois pensava naqueles que não tinham em quem se apoiar e mesmo assim estavam lutando por suas vidas. A vida é algo muito importante e valioso a se prezar. 

E agora você estava sentada em frente a porta que dava a varanda do seu quarto, olhava seu reflexo pelo vidro da porta de correr da mesma. As consequências da quimioterapia já eram visíveis, na cabeça onde tinham os seus cabelos agora só possuía um turbante salmão. 

É tirada de seus pensamentos pela sua mãe que entrava eufórica e também nervosa ao quarto acompanhada por Erwin e seu pai logo atrás que possuíam um sorriso no rosto.

-Filha tenho uma notícia boa - agora sua mãe estava chorando enquanto rapidamente lhe abraçava- conseguimos a cirurgia de Lobectomia (É a cirurgia de escolha para o tratamento do câncer de pulmão. Retira-se todo o lobo pulmonar (grupo de segmentos), onde o tumor está situado. É o mais adequado por remover toda a doença de forma anatômica.)

-Que bom mãe- você diz com os olhos marejados - acredito que vai dar tudo certo. - mas no fundo você estava com medo, e não aguentava ver todos os seus entes queridos preocupados e sofrendo por você.- já falou com doutor?- você retribuía o abraço.

-Ainda não, vou ligar agora para ele. Quero deixar tudo certo - ela se separa do abraço e agora lhe tocando seu rosto com suas delicadas mãos. - Você vai se curar filha- lhe direcionou um olhar doce com as lágrimas ainda rolando por seu rosto. Você não pôde deixar de perceber os olhares afetuosos lhe encarando próximos a entrada da porta. E então você sorrio, os amava tanto.

-Eu te amo mãe - sem perceber lágrimas rolavam por sua face molhando-a.

-Eu também te amo filha- ela falou segurando suas mãos, logo em seguida se separou e levantou limpando suas lágrimas.- Ok, chega de choro. Temos que coisas a resolver, vou ligar para o médico e acertar as papeladas e coisas para a cirurgia.- A mais velha caminhou em direção a porta e junto com o seu pai saíram do quarto deixando somente você e o loiro no recinto.

-O que aconteceu? - Erwin perguntou lhe surpreendendo pela pergunta feita de repente.

-Do que você está falando? - você se fez de desentendida.

-Você sabe muito bem do quê, te conheço o suficiente para saber que alguma coisa te afeta. Então não precisa sofrer sozinha, eu estou aqui, você sabe que pode contar comigo, hm?- Erwin que antes estava a alguma distância,agora estava na sua frente agachado segurando delicadamente suas mãos.

-Eu..eu não…- você queria negar mas o cansaço lhe tomou por completo e desabou em choro.- Eu estou cansada Erwin. Estou cansada da quimioterapia, das dores em meu peito toda vez que faço muito movimento, estou cansada de ser o motivo de preocupação e sofrimento das pessoas que eu amo e eu estou com tanto, mas tanto medo, e se eu não resistir a cirurgia?Por isso…- você chorou como nunca tinha chorado antes- Por...por isso que...por isso que você tem que ser feliz com outra pessoa. Erwin, você não pode perder tempo comigo, não pode, ficar comigo e ficar na incerteza se eu ainda estarei aqui ou não. Portanto, VÁ

Você tremia cada vez mais, dizendo tudo que estava entalado dentro de você para o homem que estava a sua frente. Logo sentiu braços grandes e acolhedores lhe rodeando.

-Não diga mais isso! Você NÃO pode desistir, e eu te amo e nunca,NUNCA vou deixar você ir,nem que pra isso eu precise ir no fim do mundo pra te ter aqui comigo.Eu não vou deixar você, nenhuma mulher no mundo vai me fazer sentir os sentimentos pelo qual eu sinto por você,portanto,não me peça isso.Por favor,pare com esses pensamentos,nós te amamos,eu te amo,você não está nessa luta sozinha,nós estamos com você,EU estou com você. - E pela primeira vez você o vê chorando e tão vulnerável. Então, chora mais por agora ser tão fraca, por fraquejar e querer desistir - Me prometa que não vai desistir- Você apenas balançou a cabeça, jurando agora que seria mais forte e não desistiria.Ele segurava seu rosto e olhava em seus olhos para ter certeza de que você não estivesse mentindo.

-Eu te amo - por fim você falou olhando profundamente em seus olhos azuis como o mais bonito céu que já vira.

-Eu também te amo pequena- seus lábios encontra o seu com um delicado e doce beijo. 

Suas mãos vão de encontro com o pescoço homem a sua frente aprofundando mais o beijo. A sensação dos lábios do loiro no seu é indescritivelmente bom, é algo incrível.

Ele te pega e, ainda te beijando,carrega em direção a cama, te colocando sentada em seu colo. Suas grandes mãos passeiam pela sua costa, enquanto, as suas acariciavam sua nuca e seus ombros. 

Vocês dois passam um tempo assim,trocando carícias um no outro, até se deitarem e se alinharem juntos no colchão macio da cama.

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O Grande momento chega, você estava sendo preparada para a sala de cirurgia. O nervosismo estava lhe consumindo por inteira, na verdade todos ali estavam nervosos. Sua mãe,seu pai estavam lhe dizendo palavras reconfortantes, assim como todos os seus amigos que estavam lá fora na sala de espera. O último que faltava era Erwin, que se aproximou da maca em que você se encontrava deitada, seus pais e o médico que tinha acabado de chegar ali decidiram lhes dar um momento a sós.

-Vai ficar tudo bem,ok? Vou estar aqui te esperando. Eu te amo minha pequena- diria eu te amo sempre, nunca se cansará de declarar seu amor a ela. Ele apesar de não demonstrar, tinha uma pontada de incerteza. Só de pensar em te perder fazia ele sentir um medo avassalador.

-Também te amo - você olhava em seus olhos, memorizando cada detalhe do rosto divino, caso fosse a última vez…- Erwin? 

-hm?- o homem apenas a olhou totalmente atento ao que a moça diria.

-Segura a minha mão? Até virem me buscar

-Claro, meu amor- as mãos grandes tocaram as suas pequenas e delicadas mãos.Você sorriu, Erwin era como um sonho, talvez fizeste um ato tão bondoso na sua vida passada para merece-lo. 

Ele se aproximou e selou os lábios nos seus, como se fosse um beijo de despedida.Escutaram uma leve batida na madeira que fica na entrada do quarto hospitalar. Se separaram, e olharam quem havia chegado.

-Lamento a intromissão,mas chegou a hora- o médico que estava encarregado avisou. Vocês dois apenas acenaram com a cabeça, em segundos enfermeiros entraram no quarto prontos para levarem você para a sala de cirurgia. Suas mãos com as dos loiros ainda estavam entrelaçadas e com muita dificuldade se soltaram. Os olhos do loiro acompanharam os seus até onde possível e então você foi levada do recinto.

O médico tocou os ombros de Erwin e disse:

-Vai dar tudo certo, tenha força e fé. Eu farei de tudo para cura-la e trazê-la de volta sã e salva. 

O outro agradeceu e foi para a sala de espera onde estava todo mundo. 

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Horas haviam passado e a tensão na sala so ia crescendo. Sua mãe rezava em um canto com o seu pai a abraçando, quanto outros se mantenham quietos, e outros diziam que daria tudo certo, e Erwin se mantinha impaciente e preocupado em uma cadeira, contando os minutos e as horas.

Depois de horas, finalmente a placa que ficava perto a entrada do centro cirúrgico se apagou sinalizando que a cirurgia havia acabado.

O homem de branco apareceu com as notícias, e logo o homem loiro se levantou indo até o mesmo atraindo a atenção dos outros assim percebendo também a figura profissional.

-Então doutor….? -Todos apreensivos, esperavam a tão aguardada resposta.

-A cirurgia foi efetuada, mas obtemos complicações no meio da cirurgia e infelizmente….-Todos já esperavam o pior e Erwin começava a se desesperar e com os olhos marejados encarava o médico aflito.- infelizmente, devido a uma hemorragia interna quase a perdemos. Mas no final conseguimos reverter a situação, assim obtendo o sucesso da cirurgia. 

O alívio de todos ali, foi bem perceptível. Seus pais se abraçaram agradecendo aos céus por fazer um milagre e não levarem a sua única filha. Todos se abraçavam, e o homem loiro chorava de alívio e felicidade.

-Daqui um tempo iremos liberá-la para o quarto, mas as visitas só iram ser permitidas dois por vez. Com licença. - O médico fala se retirando após falar.

Você acorda sentindo uma carícia no seu rosto, com certa difículdade abre os olhos devagar se acostumando com a claridade aos poucos. Pôde ver Erwin na sua frente lhe olhando profundamente, nos seus olhos podiam-se ver felicidade e amor.

-Amor?-sorri para o mesmo que rapidamente segura suas mãos e retribuí o sorriso. 

-Oi, como você está?

- Ainda estou com um pouquinho de dor mas o remédio ainda está dando efeito.

O mesmo sem mais se segurar te dá um selinho demorado, sorrindo ainda mais. 

-Eu te amo, anjo.- ele pega suas mãos dando um beijo em ambas- eu nunca vou mais vou soltar suas mãos.

-Eu também te amo, meu amor.