SEVEN
CAPÍTULO III — Sweet tea in the summer
Baekhyun não deixou de pensar na proposta de Chanyeol um momento sequer no dia que se seguiu. Como, de modo geral, ele não tinha nada para fazer ali, a ideia passou por sua mente por vezes demais para que ele continuasse fingindo que não tinha interesse nela. Apesar de ter passado o dia anterior falando com o pai por mais tempo que lembrava por um ano inteiro, tentando ajudá-lo com o arroz só para não se sentir um estorvo sem fazer nenhuma das tarefas domésticas — era um homem com completo rendimento físico e podia auxiliar sem problemas, então não queria ficar sentado no sofá quando sabia que outras pessoas faziam trabalho pesado — não foi gratificante o suficiente ainda assim.
Na verdade, tudo parecia bem chato. Não sabia se era porque estava acostumado com o ritmo de Seul, dez vezes mais rápido que o do interior de Gurye, ou se realmente não tinha aptidão ou gosto para a coisa. Mas pelos cavalos ele se interessava. E foi fácil deduzir que aquele era o único motivo para se ver inclinado a aceitar o convite de Chanyeol, ainda desavisado do quanto era coagido, mesmo que não intencionalmente, pelo Park.
Quando viu o rapaz entrando na cozinha para o café da manhã, cedo como no outro dia, Baekhyun sentiu vontade de falar com ele na mesma hora. Estava tão malditamente entediado que sentia que precisava daquele empurrãozinho, que parecia muito promissor se levasse em conta sua admiração recém descoberta pelos equinos bonitos que viviam ali. Se Chanyeol tinha oferecido aquelas aulas, era porque estava disposto a fazer alguma coisa por ele, e depois de notar como, nos poucos dias, nada lhe foi satisfatório o suficiente ou supriu seu nato imediatismo, achou que deveria agarrar a oportunidade.
Comeu em silêncio como já era de costume, bebendo uma xícara de café e comendo biscoitos amanteigados ainda quentinhos, observando a movimentação de Chanyeol de soslaio. Ele levantou quando passaram a tirar a mesa, ajudando a manter tudo no lugar, e Baekhyun o seguiu quando ele caminhou porta afora colocando o chapéu, dessa vez branco, na cabeça. Eles tinham saído pela cozinha e Baekhyun desceu os degraus atrás do maior, pigarreando para chamar atenção porque não se sentia no direito de tocar nele. Chanyeol, que já havia notado a inquietação, estava apenas esperando pelo contato.
— Hm? — O Park se virou, erguendo as sobrancelhas, os olhos rapidamente estudando a postura retraída de Baekhyun, com os braços cruzados na frente do corpo. — Sim?
— Sobre aquilo de me mostrar um pouco sobre montaria. — Baekhyun começou, desviando o olhar, direto. Chanyeol viu, atrás deles, Jongin saindo da cozinha, mas o caseiro achou a cena esquisita e se afastou para um dos lados, sem sequer pisar onde estavam.
— O que tem?
— Faria mesmo? É que não tenho outro modo de gastar meu tempo aqui, então achei que pode ser útil de alguma forma eu saber sobre montar e tudo mais — deu de ombros. Não queria parecer desesperado, mas também não sabia como tomar aquela iniciativa direito. — Se puder.
— Ah, claro. Você quer começar hoje? — Chanyeol espiou os pés calçados com coturnos pesados outra vez e imaginou se o homem tinha se preparado para aquilo, ou estaria usando os chinelos dentro de casa. Sentiu uma estranha vontade de sorrir, mas controlou as próprias expressões. — Não tem problema pra mim, só tenho algumas coisas pra fazer então só poderia mais tarde.
— Não me importo. Posso te ajudar nisso se quiser e se for útil.
— Tem certeza? — Chanyeol ergueu uma sobrancelha, já intencionado a começar a caminhar. Baekhyun percebeu e avançou alguns passos, o permitindo que fizesse o mesmo, e então estavam andando juntos. — Não sei se está acostumado com esse trabalho, são coisas como dar ração aos porcos, ordenhar vacas, verificar algumas plantações e o pasto…
— Eu aprendo.
Foi a última coisa que Chanyeol ouviu antes de assentir, seguindo o caminho para o celeiro onde depositavam os sacos de rações. Baekhyun iria usar daquela oportunidade para conhecer mais das áreas, uma vez que em breve sairia cavalgando por elas, então andava atento a todos os detalhes, olhando para tudo ao redor deles, espiando como Chanyeol abria as portas do celeiro, ágil, e ia em direção aos sacos de comida para animais.
Ele estava completamente acostumado a fazer vistoria de cenas de crime, com a ajuda da perícia. Ou a estar em situações perigosas que o obrigavam a redobrar a atenção a cada pequeno pedaço dos lugares em que pisava e passava. Por esse motivo, com os olhos estreitos e observadores, ele parecia que estava alerta o tempo inteiro. E é claro que Chanyeol notou a postura defensiva dele enquanto encarava aqueles sacos de ração bem divididos. Foi muito difícil segurar uma risada.
— Não vai sair um assassino detrás desse monte de comida, você sabe, não é? — Querendo soar amigável e descontraído, ele disse, fazendo Baekhyun sofrer um sobressalto de novo, como se fosse sua pequena diversão. Mas ele apenas não sabia o quão fora de órbita o Byun estava. — Pode me ajudar? Já que está aqui, pega aquele saco de adubo pra mim, o marcado em vermelho, não vou precisar fazer duas viagens desse jeito.
Ele indicou o lugar com o dedo e assentiu, caminhando até lá em passos duros, como sempre. Chanyeol o observou de costas, com os ombros tensos e as mãos livres indo de encontro ao adubo.
— Sabe, da próxima, venha usando luvas como as minhas se for continuar me ajudando. — Chanyeol voltou a dizer no momento em que Baekhyun carregou o saco pesado, sentindo a textura áspera dele nas pontas dos dedos. O olhou rapidamente e o Park ergueu a palma coberta. — Ou pode ser incômodo.
— Não tem problema, consigo sobreviver. Mas irei procurar luvas quando voltar para dentro, se acha melhor. — A voz dele era quase entediada e Chanyeol se sentia ainda mais curioso. Se ele parecia tão desgostoso, por que estava ali, afinal?
— É o melhor a se fazer — concluiu, saindo com a ração sendo levada nas costas largas. Baekhyun olhou para os próprios braços, que sustentavam o saco de adubo de um jeito bastante desconfortável para se carregar, e se sentiu meio estúpido por tê-lo feito assim. Mas agora só conseguiria mudar de posição se o colocasse no chão e o pegasse de novo, e seria ainda mais bobo se fizesse isso. Então apenas seguiu Chanyeol daquele jeito mesmo. — Por que estava olhando com tanta seriedade para as coisas lá dentro? Realmente desconfia que algo perigoso vai acontecer a qualquer momento?
— Não, eu só… estava estudando o lugar. Normal — murmurou, se achando um porre. Nunca conseguia conversar direito sobre coisas que o envolviam sem se considerar um chato desinteressante. — Costume.
— Por conta da profissão? Quer dizer, desculpe se isso te incomoda, Jongin acabou me dizendo que você é policial. — Chanyeol se corrigiu automaticamente e Baekhyun negou com a cabeça, como se dissesse que não se importava.
— Sim. Apenas acabo prestando atenção demais em situações novas por hábito — deu de ombros do jeito que pôde, ainda sentindo o peso sobre os braços. — Não percebo, mas ao menos isso me faz aprender rápido, então não devo te atrapalhar por muito tempo com as aulas.
— Não me atrapalha, eu adoro falar sobre montaria e será um prazer ter você como aluno, realmente não é um incômodo. Posso lhe chamar de Baekhyun?
— Pode.
— Certo, Baekhyun, não me incomoda por pedir as aulas. Eu ofereci porque gosto da ideia. — Chanyeol esperou que ele o encarasse para abrir um pequeno sorriso, voltando a olhar para a frente e caminhar na direção dos porcos que esperavam comida. — Vou só repor a ração e podemos seguir para as plantações que tenho que olhar, posso levar o adubo se estiver pesado demais assim.
— Sem problemas.
Baekhyun falou baixinho e Chanyeol perdeu o olhar na postura dele por alguns segundos antes de ir até o chiqueiro bem cuidado, sentindo-se observado pelo atento policial enquanto abria a ração para encher o recipiente. Baekhyun olhava tanto que fazia sua pele aquecer e, ainda assim, o fazendeiro não estava nada incomodado.
Terminou a tarefa e dobrou o saco vazio para descartar depois, porque o material era reutilizável e eles enviavam para a fábrica toda vez que faziam retirada de novos carregamentos. Chanyeol voltou a se aproximar de Baekhyun, que tinha colocado o saco de adubo no chão para descansar. Não que tivesse problema em carregar peso ou usar de força física, mas o material era incômodo em seus braços desprotegidos, mesmo que ele estivesse usando uma camisa de mangas longas, já que o tecido era fino para enfrentar o calor.
Ainda assim, Chanyeol naturalmente tomou nas próprias mãos o saco pesado, apoiando-o nas costas. Por algum motivo, as ações dele conquistaram uma estranha atenção de Baekhyun, especialmente depois que ele lhe dedicou um pequeno sorriso e voltou a caminhar, deixando implícito que o Byun poderia segui-lo. No fundo, Baekhyun apreciou a calmaria dele, o respeito em não forçar uma conversa ao perceber que o policial não era de falar muito, mas não era isso que estava fazendo o menor respirar fundo.
Os olhos estavam presos nas costas largas do Park, vez ou outra subindo até o cabelo preso e coberto pelo chapéu, ou descendo pelos braços, um deles sustentando o peso do adubo, a camisa de botões com mangas puxadas até o cotovelo. Ele caminhava como se não tivesse carregando quilos a mais, totalmente acostumado com o trabalho, e Baekhyun sabia que tinha o achado muito atraente. Não admitiria rápido, mas sabia.
Eles foram até uma plantação de frutas e Baekhyun se viu encantado com a quantidade de diferente mudas frutíferas que possuíam, sentindo-se especialmente admirado com a plantação de morangos. Eles estavam dentro de uma horta larga e coberta e por um momento o Byun achou que poderia se perder ali. O lugar se assemelhava a uma estufa de flores e ele não tentou se sentir muito ridículo por essa ser a única coisa próxima que conhecia.
— Aqui são em maioria mudas e plantações baixas. — Chanyeol disse, depois de se livrar do peso do saco. Percebeu como o policial tinha os olhos curiosos na direção das folhas verdes e frutas avermelhadas. — A maioria das frutas dão em pomar. Posso te mostrar se quiser, fica mais perto do casarão. Tem limoeiro, mangueira, macieira…
— Acho que vi alguma coisa assim. — Lembrando das árvores grandes que tinha visto na sua primeira caminhada, Baekhyun meneou a cabeça. — Você cuida das mudas?
— Em partes. Seu avô é um pouco crítico e gosta que tudo seja feito manualmente, mas eu não posso dar conta de tantas frutas, além das outras plantações. Temos ajuda, lembro que te falei. — Com as mãos enluvadas, Chanyeol passou a adubar as mudas de morango, com cuidado para não machucar as raízes e a planta. — Pra facilitar, usamos algumas divisões de tarefas e algumas etiquetas, já que pouco vejo os ajudantes além de Jongin, que faz o trabalho pesado comigo. Por exemplo, pegamos esse saco de adubo frutífero, o vermelho, depois tenho que marcar no quadro o que usei e onde usei. Então não repetimos procedimentos.
Chanyeol apontou para um quadro branco e grande, dividido por dia pelo que os olhos apertados de Baekhyun conseguiram ler. Estava consideravelmente longe. Ele assentiu ao compreender ainda assim, gravando a informação sobre aquele ser o adubo das frutas e sentindo uma estranha vontade de perguntar o motivo. Não sabia que tinha interesse no assunto, mas por que era diferente?
— Os outros adubos não servem?
— Não é que não sirva, se por exemplo faltar em algum lugar. Mas o ideal é tratar das plantas com o que funciona melhor para elas, e elas são divididas em grupos. Frutíferas, raízes, folhagens, cereais. E necessitam de diferentes nutrientes pro crescimento ser o melhor possível. Uma raiz precisa de mais ferro, por exemplo, enquanto uma fruta precisa de mais potássio. — Chanyeol nem mesmo estava olhando para ele, usando as mãos para preencher a terra bem cuidada com o adubo. — Quer ver como faz?
Baekhyun levantou as sobrancelhas, cruzando a pequena distância entre eles. Ele nem precisou dizer que estava com vontade de experimentar a tarefa e Chanyeol apenas notou.
— Pode fazer sem luva? O que tem aí? — Espiando dentro do saco, Baekhyun escutou uma risadinha baixa do mais alto. O encarou com o cenho franzido automaticamente. — O quê?
— Pode fazer sem luva, sim. Mas olha. — Chanyeol tirou uma das luvas e, segurando o pulso do mais baixo com cautela, como se esperasse a autorização ou rejeição dele, Chanyeol levou a mão de dedos finos e longos, quase levemente tortos nas falanges, até uma muda não adubada. — A terra está bem cuidada. Isso não significa que não precisa de adubo, e sim que está dando certo.
Baekhyun olhou para sua mão, a ponta de seus dedos tocando na terra escura e macia, afundando aos poucos, enquanto tinha a palma de Chanyeol cobrindo cuidadosamente sua pele. Ele tinha dedos ásperos, dígitos rústicos, e Baekhyun sentiu o pescoço esquentar quando sentiu o polegar dele esfregar em seu pulso, suave, enquanto ele afastava a mão para deixá-lo tocar na muda. Engoliu em seco, mantendo os olhos baixos para não encarar o homem ao seu lado.
— Certo… como… então, como coloco? Não que eu vá virar especialista nisso, mas já que estou aqui. — Baekhyun brincou com a terra usando os dedos bonitos e Chanyeol teve a atenção presa naquele movimento por um tempo antes de voltar à realidade.
— Coloque as minhas luvas. — O Park entregou uma das peças, tirando a segunda, e Baekhyun não sabia porque ficou momentaneamente nervoso com aquela atitude. Juntou as sobrancelhas na sua costumeira expressão fechada, querendo saber como o fazendeiro estava o atingindo tanto com coisas tão simples, no instante em que cobriu a palma com o acessório que era dele. Suas mãos ficaram imediatamente quentes e ele notou como a luva estava folgada. — Não acho que se importe, mas tem húmus de minhoca aqui.
O rosto de Baekhyun se contorceu em uma careta e Chanyeol quis rir porque foi a primeira vez que a expressão dele mudou para algo diferente de tédio ou insatisfação. Mas se conteve, apertando os lábios para não deixá-lo desconfortável. Ao contrário dele, usou as mãos para demonstrar como espalhar o adubo na terra, ainda achando graça de sua surpresa em fazer isso sem luvas, mas resolveu apenas admirá-lo enquanto copiava seus movimentos na muda seguinte. E na outra.
Mesmo em silêncio, Baekhyun o ajudou a adubar os dois corredores de morangos, e ele terminou o trabalho na metade do tempo que geralmente consumia. Estava até refletindo se iria ou não ordenhar vacas naquele dia, porque perderia horas até que ficasse livre, mas a ajuda de Baekhyun foi uma saída muito boa. Depois de um almoço calmo com o resto da família e Jongin, que estava louco de vontade de perguntar o que estava acontecendo, os dois seguiram até a área do gado e das vacas, que estavam no pasto onde ficavam soltas, e o policial, apesar de manter-se quieto, já tinha deixado Chanyeol acostumado e ciente demais da presença dele.
Um homem bonito como o Byun não escapava dos olhos de Chanyeol com facilidade.
— Quando terminarmos aqui, podemos ir até o estábulo. Vou trotar com Diamante antes, porque ele precisa dos exercícios, mas depois podemos começar. — Chanyeol disse quando levou uma das vacas leiteiras que cuidavam para dentro, amarrando-a com cuidado na barreira de estabulação, preparando-a para a ordenha. Baekhyun tinha ficado afastado, muito desacostumado com a presença de animais diferentes dos cachorros e gatos que apareciam domesticados na cidade. — Tudo bem?
— Certo, não tem problema.
Chanyeol sorriu, indo lavar as mãos no lavabo montado ali para aquele fim. Aproximou-se da vaca com cuidado e, aproveitando que tinha a atenção de Baekhyun, resolveu falar brevemente sobre o que iria fazer, porque funcionava com os cavalos também.
— Olhe, você vai entender quando falarmos sobre os cavalos, mas já é bom que saiba a importância de se aproximar de um animal assim sem fazer movimentos bruscos. — O Park tocou suavemente no flanco da vaca, acariciando devagar para deixá-la saber que ele estava ali. — Assim como as vacas, os cavalos precisam saber onde está você e o que está prestes a fazer, ou podem se assustar e machucar como defesa. Você vai querer aprender a tirar o leite também?
— Eu… — Baekhyun passeou os olhos pela vaca, inseguro. Queria aprender tudo o que pudesse, mas não era nada bom em tarefas como aquela. — Pode ser.
— Certo. Depois explico como amarra, mas agora vamos lavar o úbere, as tetas dela. — Explicando, Chanyeol abriu a torneira e encheu o balde. O lugar era todo preparado para aquela função, então também tinha sabão apropriado. — Durante o dia, como elas ficam no pasto, podem se sujar de grama, terra… Vamos tirar leite, então não podemos contaminá-lo com possíveis bactérias.
Baekhyun assentiu, vendo Chanyeol sentar em um banco pequeno, acomodando o corpo grande demais nele. Tirou o chapéu e deu ao Byun mais um gostinho do que seria vê-lo com os cabelos soltos, e passou a lavar as tetas com cuidado e espuma, enxaguando e secando depois com uma toalha macia. Ele fazia tudo enquanto explicava ao policial, que assistia com atenção.
Admitia que pensou que seria tudo insuportável, mas até que estava gostando. Não sabia dizer, porém, se gostava de ver Chanyeol cuidar de uma vaca ou, apenas, de ver Chanyeol. De estudar o corpo inclinado dele e o jeito que a camisa se ajustava ao torso, de imaginar os cabelos escuros soltos, de observar como os braços contraiam os músculos quando ele fazia algum movimento mais firme. Estava até mesmo incomodado com o quanto estava intrigado por cada canto do Park, porque não tinha direito de olhar o pseudo-desconhecido com aqueles olhos.
Distraiu-se depois quando descobriu que ordenhar vacas não era tão fácil como parecia nos filmes. Chanyeol lhe disse para lavar as mãos e colocar as luvas de látex enquanto ele espalhava pomada para lubrificar a pele sensível da vaca antes que apertassem, e só naquele momento Baekhyun se deu conta de que ainda estava com as mãos cobertas pelas luvas grossas do fazendeiro. Sentiu-se envergonhado e não estava entendendo as reações de seu corpo com clareza, sentado no banco e o tendo ajoelhado ao seu lado para lhe mostrar como pressionava para o leite sair no balde estupidamente limpo. Mas é claro que fez besteira, porque tinha mãos pesadas e espirrou o leite com muita intensidade, sentido-o respingar em seu rosto assim que apertou, com muita estranheza.
E Baekhyun só não odiou aquele momento porque escutou a gargalhada de Chanyeol pela primeira vez, enquanto limpava os resquícios do leite natural da bochecha. Mesmo escondendo o rosto, Baekhyun não conseguiu segurar um sorrisinho que nasceu por conta própria, sem saber se o Park tinha visto seu curvar suave de lábios. Foi um momento esquisito, mas o policial não podia dizer que estava infeliz.
Ficou ainda mais animado, mesmo que timidamente, sem demonstrar, quando ele e Chanyeol foram para os estábulos. O viu colocar os cavalos para dentro e o ajudou a alimentá-los quieto, só colocando o feno onde o mais alto indicou e os observando comer tranquilos, assim como assistiu quando ele trotou com Diamante pelo padoque, o espaço de chão batido que agora sabia o nome, sentado em um dos troncos na frente do estábulo, feitos como assentos. Foi inevitável notar como o Park era habilidoso e como isso o tornava ainda mais instigante aos seus olhos, então Baekhyun tentou não olhar muito.
Ficou quieto, como o usual, o esperando voltar com Diamante, e então entraram no estábulo outra vez. Baekhyun tinha feito mais coisas diferentes naquele único dia que lembrava de ter feito durante meses, e inexplicavelmente se sentia bem por conta disso. Caminhou ao lado de Chanyeol, tentando adivinhar o que ele iria fazer. Também silencioso, o fazendeiro foi até a baia de Rubi, o tirando cuidadosamente de lá.
— Vamos levá-lo ao padoque. — Ele disse. Baekhyun, no primeiro momento, ficou surpreso porque não imaginava que iria aprender a montar com o cavalo que pertencia ao Park, e isso o deixou um pouco mais nervoso.
— Tudo bem.
— Pra tirar um cavalo da baia, precisa garantir que ele está calmo, que você vai ser capaz de guiá-lo ao abrir a porta. — Chanyeol dava passos lentos, encontrando o sol frio da tarde ao sair com Rubi do estábulo. Tenso, Baekhyun foi ensinado a abrir e travar a área do padoque, tentando pensar positivo. Estava ali para aprender rápido e, então, deixar Chanyeol em paz.
— E agora? — Com os braços cruzados na frente do corpo, numa pose que já era natural, Baekhyun perguntou e recebeu um sorriso de Chanyeol que o desestabilizou inteiro. Os olhos grandes diminuíram sob a sombra do chapéu e uma covinha charmosa surgiu em uma das bochechas dele. Baekhyun sentiu a respiração engatar.
— Agora eu vou te explicar um pouco sobre os cavalos. Como você não conhece nada, precisa saber ao menos o básico da teoria pra começar a entender como se monta e guia um cavalo, mesmo sendo de passeio. — Com a mão grande e livre de luvas, Chanyeol tocou o pescoço de Rubi, acariciando-o devagar. — Escolhi Rubi pra te ensinar porque ele é um cavalo mais velho. Além de me conhecer muito bem e vice-versa. Consigo mostrar pra você todo o necessário com a segurança de que não irá se machucar, mas ainda assim temos que tomar alguns cuidados.
Baekhyun não diria nada, mas estava decepcionado com o que estava escutando. Não que fosse ruim, mas ele estava com expectativas altas para o dia, para aprender a montaria, talvez na semana seguinte já dominasse o necessário e não precisaria mais incomodar o Park com aquele pedido, além de tudo. E isso só aconteceria se Chanyeol começasse a mostrar-lhe as coisas logo.
A questão era que o fazendeiro já estava mostrando. Baekhyun apenas não tinha se dado conta ainda, querendo pular etapas.
— Então… não vou aprender a montar hoje? — Incapaz de segurar, o policial disse. Chanyeol olhou para ele com uma sobrancelha erguida e aquele embate de dominância estava ali novamente, entre eles, ricocheteando quando trocaram aquele olhar. — Pensei que seria mais rápido.
— Bom, Baekhyun. Se depender de mim, você não vai montar em um cavalo sem saber nada sobre ele, conhecê-lo antes de tomá-lo é o mínimo de respeito. — Sem soar arrogante, mas com o tom de voz firme, Chanyeol disse. Baekhyun acompanhou o movimento dos lábios dele, das sobrancelhas franzidas, dos olhos escuros sobre si. — Não ia gostar se alguém apenas te usasse para algo sem nem saber seu nome e quem você é, iria?
Sem palavras por um momento, Baekhyun apenas suspirou e negou, rendido apesar de inconformado. O sorrisinho de canto que o Park lhe direcionou outra vez o deixou muito consciente da imponência do fazendeiro, e Baekhyun se viu sem alternativas a não ser aceitar que as coisas fossem feitas do jeito de Chanyeol, não do seu. Foi a primeira vez em que confrontou de fato o quanto poderia ser rígido e controlador com o ambiente ao seu redor e isso lhe entregou alguns questionamentos, mas não era a hora de pensar neles.
Tinha uma aula para escutar. E a aceitou por completo.
[...]
Aos poucos, aquela foi se tornando a rotina deles. Baekhyun definitivamente esperava que aprenderia a montar em dois dias e que estaria tudo resolvido assim, mas ele acabou não se incomodando em escutar Chanyeol falar sobre as diferenças nas raças e nos comportamentos dos cavalos. Aparentemente, o estudo dos equídeos era muito mais abrangente que o policial poderia imaginar.
Também nunca pensou que gostaria de saber sobre o assunto, mas lá estava ele, com os olhos atentos a cada movimento do Park enquanto ele falava sobre as partes anatômicas de Rubi, especialmente o que era seguro tocar ou não, e explicava sobre o que significava o fato de que ele era um animal da raça Clydesdale, um cavalo de temperamento energético, mas que era manso pelo tempo de cuidado, mostrando-lhe as patas semelhantes a botas de pelo que Baekhyun silenciosamente achou adorável. Chanyeol foi tão didático que chegou a comparar Diamante, um Puro Sangue Inglês, cavalos imponentes e velozes, que ainda era novo e bastante indomável, e nunca seria o indicado para aulas como aquela.
Ele entendeu o motivo para que o Park insistisse em ensiná-lo o básico do comportamento porque muitas das coisas que escutou seriam úteis enquanto ele estivesse cavalgando, em um futuro próximo, então não se importou mais em continuar aprendendo com ele desse jeito, engolindo o orgulho e imediatismo inerente à sua pessoa. Até mesmo se mostrou mais disposto no outro dia em que se encontraram, acordando cedo e ajudando no café da manhã, para depois auxiliar Chanyeol em tarefas na fazenda para ir ao estábulo pela tarde.
Com os pequenos aprendizados, ele já sabia que precisava manter os coturnos pesados nos pés e luvas nas mãos. Ajudou Chanyeol a arar o solo para uma plantação grande de arroz, mesmo sem fazer ideia de como funcionava o trator com arado, uma das poucas coisas que o Senhor Byun permitia que não fossem manuais. Apesar da falta de jeito, Baekhyun se sentiu bem com o momento, no meio daquele monte de terra, com o Park gritando comandos para ele que, no fundo, sentia muita vontade de rir.
Por um tempo, Baekhyun achou que tinha desaprendido a gargalhar por motivos bobos, como sua própria atrapalhação, mas sentiu-se tão envolvido que foi por muito pouco que não caiu na risada, tentando manter a pose e, além de tudo, fazer o trabalho direito. Mais tarde naquele dia, ele e Chanyeol cuidaram de colocar os cavalos para dentro das baias e Baekhyun quem serviu a segunda refeição deles enquanto o Park exercitava Diamante, depois aprendeu a fazer a manutenção e troca das ferraduras, apesar do receio de levar um coice a qualquer momento.
Ainda assim, ficou tudo bem. E isso o deixou mais confiante para continuar, por incrível que pareça. As aulas simples estavam dando frutos externos e internos.
Porque é claro que Baekhyun não conseguia fechar os olhos para o quanto Park Chanyeol o encantava aos poucos, assim como o deixava confortável o suficiente para mostrar suas dúvidas e inseguranças sobre tudo o que faziam. Chanyeol nunca o olhou com desprezo e Baekhyun não tinha consciência do quanto tinha medo de ser julgado imperfeito até fazer coisas erradas e ninguém condená-lo por isso. Porque estava tudo bem, ninguém acertava e se tornava especialista de primeira.
Lembrou das horas que perdia nos estandes de tiro para praticar e nunca mostrar defeitos em ação, saindo com as mãos dormentes e os dedos avermelhados mesmo com as luvas grossas, os braços doloridos pelo impacto de muitos disparos. Do tempo que perdia estudando e lendo casos e mais casos mesmo que não fosse seu papel, para estar pronto para ajudar se necessário. Se desgastou para procurar algo inalcançável quando apenas poderia ter seu tempo comum de aprendizado.
Era ridículo, mas ele não conseguia parar. E o desafio que Chanyeol o entregou sem querer, com aulas periódicas e não horas nada saudáveis de prática, foi um choque em sua pequena realidade, que o frustrou no primeiro momento apenas para que ele notasse que a sua frustração, na verdade, estava na insistência em ser desprovido de erros. Mas ele era um ser humano. E apenas um. Em que momento deixou de considerar os próprios sentimentos até que finalmente esquecesse que os possuía, por isso não sabia como lidar com eles?
Aquelas reflexões, ainda inacabadas, estavam enchendo os dias de Baekhyun quando Chanyeol não ia e estava cuidando da própria fazenda. E o Byun ainda gastava bastante tempo ajudando a mãe a cozinhar, conversando — acompanhando a conversa — com os avós e pais ou até mesmo caminhando e ajudando os outros trabalhadores com o que sabia fazer, o mais básico que alcançava. Estava falando com as pessoas, mesmo pouco, com seu jeito comum de ser sem expor qualquer coisa sobre si, e aquilo por si só já era um avanço.
Naquela manhã, acordou tão cedo que já tinha aberto os olhos quando o galo cantou e os filetes de luz invadiram sua janela. Estava consideravelmente ansioso porque Chanyeol lhe prometeu que o ensinaria a escovar e preparar o cavalo para a montaria e Baekhyun… estava descobrindo gostar muito de acariciar Rubi com os dedos. Então adoraria escová-lo inteiro e, de quebra, saber como prender a sela e, se convencesse Chanyeol o suficiente, descobrir o melhor jeito de subir no cavalo.
Não que confiasse em suas habilidades de apelar para o emocional e conseguir arrancar um sim do fazendeiro, mas sabia ser persuasivo de outras formas. Então levantou com pressa e foi para a cozinha, encontrando o pai passando café como já era de costume, sentando-se depois de tirar o bolo de milho do forno como a mãe pediu. Eram seis da manhã e a mesa estava repleta de coisas. Ovos fritos, leite quente, café, bolo, queijos, frutas. Já estava ficando mal acostumado a sair do casarão com o estômago forrado, e então voltar para almoçar comida de verdade e ficar satisfeito. Sentia as bochechas aumentando, mas foi aquilo que o fez notar que estava magro demais antes.
Chanyeol apareceu poucos minutos depois, com Jongin em seu encalço, e Baekhyun naturalmente cortou um pedaço de bolo para ele. Logo em seguida, fez o mesmo com Jongin, porque achou sua atitude aleatória e vergonhosa demais quando os olhos captaram os do Park em suas mãos que levavam o pedaço ao prato. Umedecendo os lábios, focou no que comia e tentou não encarar o seu instrutor e, talvez, amigo. Talvez, pois ele não sabia dizer bem o que estava acontecendo entre eles, mas a companhia de Chanyeol o deixava confortável.
Quem sabe era por conta da conexão que tinham quando crianças, Baekhyun não teria como dizer, mas ele gostava de conversar ou de aprender com o Park e por alguma razão, se sentia confortável com ele. Como se não precisasse da máscara que usava normalmente. E além de tudo, tinha Chanyeol. Chanyeol agora era visto por ele como um homem muito bonito, cuidadoso e inteligente. Então, por algum motivo, se sentia nervoso ou um tanto… vulnerável com a presença dele, e não sabia se isso era bom ou ruim porque fazia muito tempo que ele não se sentia dessa forma — ou sentia qualquer coisa. E isso o intrigava o suficiente para não querer mexer.
Quando terminaram de recolher os ovos das galinhas, momento que rendeu a Baekhyun um desespero interno de ser perseguido por uma, os olhos amedrontados o suficiente para que o Park notasse e ficasse quieto, observando sem intervir porque não era seu papel, fizeram a manutenção do pasto e seguiram para o estábulo. Baekhyun já era capaz de dizer que aquelas eram suas horas favoritas dos dias em que se encontrava com Chanyeol ou, se fosse ousado, de todos os dias que passava na fazenda.
Chanyeol deixou Baekhyun entrar na baia espaçosa de Rubi o deixando seguro para que pudessem fazer a escovação. Aquele procedimento não era feito pelo Park sempre, e sim pelos ajudantes, mas ele sabia tudo sobre cada passo e o Byun já estava avançado o suficiente para tocar no cavalo com supervisão e segurança. Assim que ele se aproximou de Rubi e se mostrou presente, a mão de dedos longos que o fazendeiro admirava foi até o pescoço do cavalo com tanto cuidado que um sorriso surgiu no rosto do maior.
— Do que vamos precisar? — Parado na diagonal de Rubi, como foi ensinado, Baekhyun ainda acariciava o pelo do animal quando perguntou.
— Hoje vamos fazer a escovação completa. Com raspadeira e as escovas, vou te mostrar tudo. Como já limpamos cascos e ferraduras, não vamos precisar repetir. — Ainda sorrindo leve, Chanyeol foi até um baú pequeno no canto da baia. — Cada cavalo tem seu próprio kit de escovas e itens, porque usar os mesmos para todos pode ajudar a proliferar qualquer bactéria ou fungos, e depois temos que limpar tudo que usamos.
— Certo. — Um ótimo aprendiz, Baekhyun gravava tudo na cabeça. — Como começamos?
Chanyeol quis rir, porque ele estava com os olhos em Rubi, usando as duas mãos para acarinhá-lo. E ele estava sorrindo pequeno, como o Park quase nunca via e tinha certeza que ele não notava quando fazia.
— Vamos prender ele aqui, mesmo que ele seja bem treinado e saiba que deve ficar quieto com esse procedimento. — Chanyeol usou a corda para amarrá-lo pelo cabresto, que ficava envolvendo o rosto do animal em fivelas de tecido macio. Baekhyun assistiu. — Agora vou te mostrar as escovas. A primeira que usamos é essa aqui, se chama raspadeira. É de cerdas bem duras e elas alcançam mais fundo no cavalo, removendo a sujeira mais intensa entre a pelagem.
Baekhyun pegou o instrumento, o testando nas mãos. Era curioso, mesmo que parecesse a coisa mais simples do mundo.
— Parece fácil.
— É sim, só precisa tomar cuidado com o que você vai escovar. A raspadeira auxilia na circulação dos cavalos porque chega ao músculo, e por esse mesmo motivo, partes com mais ossos como o rosto, coluna e pernas devem ser escovadas com muito cuidado.
— Entendi.
Chanyeol sorriu, chegando mais perto até que estivesse posto atrás de Baekhyun. Foi muito estranho ter a mão tocada pela do fazendeiro, porque mesmo que não fosse a primeira vez que ele tocasse em sua pele, o cuidado que sentiu ao ter os dedos colocados no suporte da raspadeira fez um frio subir na barriga do policial.
O Park mostrou como fazia a escovação, os movimentos circulares na direção contrária aos pelos, lhe explicando até como afastar o focinho quando o cavalo reagia à uma região que estava coçando, e então estavam livres de mordidas. E o ponto complicado foi que Chanyeol permaneceu com a mão sobre a de Baekhyun durante o procedimento no tronco, lhe mostrando como fazer e o quanto de pressão colocar, e o Byun sentiu-se perdido quando ele deixou de cobrir sua mão com a palma quente. Mas seguiu em frente.
— E agora? — Baixinho, Baekhyun perguntou. Chanyeol continuava atrás dele e aquela presença o deixava com a pele quente, respirando aliviado quando ele se afastou. Não era como se estivesse desconfortável, mas algo que não explicava bem estava sendo provocado ali.
— Agora essa aqui, uma escova comum de cerdas grossas. Vamos tirar os pelos soltos que a passagem da raspadeira deixou. Essa aqui não pode ser usada nas áreas sensíveis como rosto ou nas regiões ósseas como as patas. — Assentindo, Baekhyun não percebeu como esperou pelo contato do maior para iniciar a escovação, piscando ao ver que ele apenas estendia a escova em sua direção. — Você pode fazer, é só seguir a mesma ordem, do pescoço ao lombo e ao resto do corpo, só não desça para as patas.
Murmurando uma concordância, Baekhyun fez o que foi dito. Apesar do nervosismo, estava gostando. Era um tanto satisfatório ver os pelos brilhosos sendo escovados por ele e ficando ainda mais majestosos, bem bonitos livres de sujeira. Adorava fazer carinho nos pelos depois de usar a escova de cerdas e Rubi não o rejeitava mais, porque já conhecia sua voz.
— Essa última é a escova de cerdas macias. Pode passar no corpo todo pra limpar ao fim, só lembrando de ter cuidado com o rosto, para não causar incômodo ou deixar que algo caia nos olhos, por exemplo. — Chanyeol explicou. — Depois a gente limpa o rosto por completo com um tecido e usa uma esponja pra limpar a bundinha dele. E escovar a crina e a cauda...
O Park falou naturalmente, porque era seu jeito carinhoso de tratar Rubi e os cavalos, mas Baekhyun não aguentou escutá-lo falar das nádegas do animal daquele jeito. Ainda mais de maneira tão espontânea. E entre a última escovada e o fim da frase do fazendeiro, Byun Baekhyun soltou uma gargalhada inesperada. E desconhecida até por ele mesmo.
Foi um pouco desesperador perceber que não lembrava o som do próprio riso, mas o policial apenas não conseguiu segurar o ímpeto que o atingiu e riu com os dentes à mostra e a boca aberta, sem saber conter a vontade, pondo a mão na frente dos lábios só para não ser muito ridículo, os olhos procurando os de Chanyeol, confusos.
— O que foi? — Com o cenho franzido, mas um início de sorriso perdido nos lábios, o Park perguntou e fez Baekhyun rir ainda mais. Ele não se incomodou. Amou vê-lo daquele jeito pela primeira vez. — O quê? Está tirando sarro de mim?
— Não, eu… — Baekhyun abafou a risada e tentou respirar fundo. Não ria daquela forma há tanto tempo que nem sabia parar. — Desculpe.
— Tá tudo bem. — Chanyeol soltou uma risada curta. — Vou fingir que não riu de mim.
— Desculpe, sério, não foi minha intenção. — O policial controlou o que conseguiu da expressão e Chanyeol o achou ainda mais encantador. — Não queria rir de você, só não estava esperando por isso…
— Não tem problema, Baekhyun. — Chanyeol abanou a mão no ar. — Sério. Achei engraçado também.
Mordendo levemente o lábio inferior, o menor assentiu. Estava envergonhado pela explosão de risadas, com um misto de confusão e timidez no peito porque, bem, não era de seu feitio e ainda não conseguia acreditar que Chanyeol lhe despertou aquilo. Mas, a bem da verdade, tinha gostado de rir. De sentir as bochechas esmagadas e ouvir a própria voz esganiçada quando a gargalhada veio por conta própria. Sentiu-se feliz e, para sua surpresa, soube dar a certeza daquela sensação para si mesmo.
— Quando terminarmos, vou te mostrar como monta a sela. — O fazendeiro voltou a falar, tirando Baekhyun de seus devaneios, e ele assentiu, voltando ao trabalho.
Se queria fazer uma escalação para qual tinha sido o melhor dia ou melhor momento de sua estadia na fazenda dos avós, aquele definitivamente estava ganhando em disparada. Lembraria daquela risada pelo resto das horas. Com certeza lembraria daquele sorriso também.
E não estava falando do dele.
[...]
Chanyeol estava certo de que Baekhyun poderia avançar um pouco depois de aprender a colocar a sela e o jeito certo de subir e descer do animal, depois de insistir muito que fizessem aquele exercício com Rubi parado. Queria dar um voto de confiança ao policial porque ele estava se esforçando, além de tudo o que provocava no Park mesmo sem saber. Chanyeol quis agradá-lo um pouquinho também, porque ele merecia.
Quando se despediram há dois dias, lhe disse que não chegaria pela manhã no encontro seguinte. O primeiro motivo era que havia combinado com Jongin uma retirada de material na cidade, fazendo esse serviço para que o amigo pudesse adiantar as tarefas na fazenda, e o segundo motivo era que planejava surpreender o Byun com aquela aula. Não o viu no café da manhã nem no almoço, porque comeu em casa e na cidade, respectivamente, e não foi um choque notar que sentiu falta dele. Se acostumou a vê-lo dia sim, dia não, e passar horas ao lado dele, coisa que o deixava muito feliz depois de todos aqueles anos afastados. Será que Baekhyun sentiu sua falta também, ou era bobagem sua pensar assim?
Não tinha como evitar. Ao se dar conta, já estava em devaneio refletindo se Baekhyun sentia-se afetado com aquela estranha proximidade que estavam desenvolvendo. Honestamente, esperava que sim. Porque ele, por si só, já se perdia em expectativas que apesar de não querer alimentar, existiam. E foi pensando nisso que dirigiu de volta para a fazenda Byun com a caminhonete cheia de adubo para folhagens, passando pela porteira só para sorrir sozinho ao ver Baekhyun sentar na rede quando escutou o carro.
Ele estava esperando.
Lhe pediu, com gestos claros, para aguardar mais um pouco, encarando o rosto bonito e os cabelos suavemente bagunçados por conta do tempo em que ficou deitado na rede, talvez conversando com a avó que estava na cadeira de balanço. Baekhyun era muito charmoso apesar das expressões pouco amigáveis. Na verdade, o fato de estar sempre com cara de bravo só tornava o policial mais curioso para Chanyeol.
Deixou os itens comprados no celeiro e, ao invés de voltar para o casarão a pé, como Baekhyun esperava, foi até os estábulos e tirou Rubi da baia, sorrindo para o nada só de imaginar o quão chocado o policial ficaria ao vê-lo chegar com o cavalo, pronto para que ele montasse. A sela já estava devidamente posta, porque ele estava no estábulo, mas depois Chanyeol tiraria para que o Byun pudesse prepará-lo do zero.
— Vamos ver como ele se sai hoje, Rubi. — O Park disse ao cavalo, acariciando-o no pescoço. Rubi gostava da proximidade de Baekhyun também, sabia disso. — Será que ele consegue andar sozinho?
Montando no cavalo e ainda falando com ele, o fazendeiro ajeitou o chapéu enquanto guiava as rédeas, seguindo para o casarão. O caminho que pegava o levaria para os fundos, e então amarraria Rubi para buscar Baekhyun na varanda espaçosa e o deixar confuso com o lado para o qual estavam seguindo. Riu baixinho, querendo muito dizer que a estranheza em estar se sentindo assim, meio alegre demais, era só por não ser algo que fazia com frequência, mas sabia que era outra coisa.
Desceu e amarrou Rubi pelo cabresto, lhe dizendo que voltaria logo e indo dar a volta pelo casarão a pé, com as mãos nos bolsos da calça. Escutava as vozes baixas de Hyejoon e Joohyun, e até se surpreendeu ao reconhecer o tom de Baekhyun na conversa quando se aproximou mais, levantando o canto dos lábios ao vê-lo se balançando na rede casualmente, quieto, mas com certeza prestando atenção em tudo. Baekhyun era um bom observador e ouvinte, aprendia rápido, escutava bem, só não falava muito. E não tinha problema com isso.
— Boa tarde. — O Park cumprimentou, subindo os degraus, e os olhos de Baekhyun que estavam nas próprias mãos, foram na direção de Chanyeol, um tanto arregalados. — Já terminei, estou livre agora.
— Ah, certo. — Baekhyun levantou em um rompante, a mão passando pelo cabelo castanho claro e bagunçado. Ele era tão bonito que Chanyeol perdia o fôlego. O rosto era repleto de pintinhas que gostaria de admirar o tempo inteiro, mas não tinha o direito de olhar tanto para gravar onde ficava cada uma delas. E a pele dele estava aos poucos se tornando dourada por conta da exposição ao sol, mesmo que vez ou outra insistisse que ele usasse um chapéu além do protetor. Encantador. — Tudo bem. Podemos ir.
— As aulas estão sendo boas, Baek? — Hyejoon perguntou, dedicando um sorriso breve ao Park. Baekhyun assentiu.
— Estão. Tranquilas. Vai ser bom saber de tudo isso. — Baekhyun não prendia os olhos no rosto de ninguém, ajeitando as luvas escuras nas mãos. Chanyeol achava bonitinho como ele seguia suas orientações mesmo que não estivessem indo fazer as tarefas pesadas. Seria bom ainda assim que ele tivesse com as mãos cobertas para manusear as rédeas. — Até mais tarde.
Ele se despediu com um aceno e Chanyeol com um curvar leve de cabeça, as botinas deixando um rastro sonoro de seus passos quando andou pelo assoalho e desceu os degraus, assim como os coturnos pesados de Baekhyun. Por costume, o policial estava prestes a começar a andar para o lado que costumavam ir quando notou o Park parado na intenção de ir para outra direção.
— Você não vem? — Franzindo o cenho, Baekhyun perguntou. Chanyeol sorriu para ele porque não fazia ideia do que aquele gesto causava negando com a cabeça.
— Vamos por aqui. — Apontou para atrás de si. — Vai ser melhor para o que tenho planejado hoje.
Confuso, com as sobrancelhas juntas e os passos receosos, Baekhyun fez o que lhe foi pedido. Era engraçado para Chanyeol notar como aquele homem era desconfiado e arredio. Já estava acostumado com suas inspeções automáticas por cada lugar novo que passavam e até achava bonitinho, vez ou outra se perdia olhando para ele ao tempo em que ele deixava sua concentração espalhada pelo ambiente.
— O que você planejou pra hoje? — Baekhyun perguntou depois de cinco passos, no máximo, e Chanyeol gostava de vê-lo ceder a curiosidade e não guardar mais tantas perguntas. Nos primeiros dias, via nos olhos dele a vontade de questionar ou pedir ajuda, mas ele ficava quieto e aprendia por observação. Era bom saber que ele tinha mais confiança ou via mais conforto em si para ter coragem de perguntar.
— Você já vai ver.
Eles caminharam por um minuto até que Baekhyun avistasse Rubi e os olhos aumentassem de tamanho na mesma hora. Chanyeol precisou reprimir uma risadinha, indo até o cavalo junto ao policial. Ele se aproximou em passos curtos e na diagonal e era uma graça vê-lo seguir seus comandos pré aprendidos. Como poderia existir alguém tão adorável e de maneiras tão peculiares como Baekhyun?
— Por que trouxe ele aqui…? — O Byun perguntou, olhando para Chanyeol com o lábio inferior entre os dentes. O Park sorriu e também chegou mais perto, tirando o chapéu da própria cabeça. Era o preto, que ele gostava mais e torcia que Baekhyun gostasse também.
Deixando o policial sem palavras, Chanyeol colocou o chapéu sobre os cabelos castanhos dele, encaixando-o de uma vez, tendo um pequeno vislumbre do quão bonito ele ficava com aquele acessório, mas desviando o olhar em seguida.
— Porque você vai andar nele hoje.
— O quê? — Baekhyun piscou, ainda meio chocado. Não apenas pela informação, mas porque Chanyeol havia colocado o próprio chapéu de cowboy na cabeça dele e estava pesando uma tonelada apenas por saber quem era o dono. — Sério?
— Sim, já está na hora. Claro, com minha supervisão, mas é isso. — O Park passou as mãos nos fios soltos da frente do cabelo, ajeitando-os para trás. Viu Baekhyun umedecer os lábios e ainda não tinha superado o quanto ele estava lindo. — Alguma objeção?
— Nenhuma. — Ele respondeu tão rápido que Chanyeol não segurou a risadinha, indo até a sela de Rubi. Desfez toda a montagem, desde a barrigueira até o arreamento completo, mantendo apenas o cabresto para que ele continuasse preso de forma segura. — Vou ter que colocar tudo isso, não vou?
— Que bom que você é um bom entendedor. — O fazendeiro sorriu outra vez e Baekhyun engoliu em seco. Apoiou todos os materiais no piso de tacos à frente deles, próximo da porta dos fundos, e então colocou as mãos na cintura. — Pode começar.
Baekhyun não queria dizer que estava nervoso, porque sobre montagem da sela, ele já sabia. Só que estava fazendo aquilo para, de fato, montar em seguida, sob o olhar de Chanyeol e, além de tudo, usando o chapéu dele, que esquentava sua cabeça e o protegia do sol da tarde. Respirando fundo, pegou a manta com todo cuidado do mundo, colocando-a sobre o tronco de Rubi depois de chegar perto dele e se mostrar presente, acariciando-o de leve.
O fato de Chanyeol tê-lo ensinado sobre o cavalo antes daquele processo o deixou muito mais próximo do animal. Se importava com ele e o tratava com carinho, porque o conhecia e queria que ele se acostumasse com sua presença e seus toques. Colocou a sela sobre a manta e passou a prender devagar, checando se o ajuste da barrigueira, que servia para apertar ou afrouxar a sela, estava bom, se tinha colocado os freios e as rédeas direito e se estava seguro para subir sem escorregar para um dos lábios ou machucar Rubi. Ele checou cada processo e Chanyeol não precisava tocar para saber que estavam bem feitos. Baekhyun aprendia rápido de verdade e o esmero dele só deixava tudo melhor.
— E agora? — Ansioso mesmo sem dizer nada, o policial procurou pelos olhos do maior para perguntar. Chanyeol caminhou até a corda que amarrava Rubi e soltou o nó, segurando-a na mão.
— Agora você sobe.
— Assim? Com ele solto?
— Não era o que você queria desde o início? — Chanyeol segurou o riso, os olhos passeando pelos dele. — Não confia no seu cavalo?
— Confio… — A mão de Baekhyun foi até o pelo de Rubi e ele o acarinhou suavemente. Chanyeol ergueu uma sobrancelha em sua direção e então o desafio estava posto. Foi o necessário para uma chama se acender em Baekhyun, porque não havia nada que ele gostasse mais que ser desafiado daquele jeito. O medo que estava sentindo começou a ser sobreposto pelo gostinho de satisfação que sentia ao mostrar que era bom em algo que aprendeu.
Segurou bem na cabeça da sela e, depois de inclinar o corpo, colocou o pé no estribo, deixando seu peso apoiado naquele movimento. Ele aprendeu a subir, sim. E mesmo que fosse diferente daquela vez, porque Rubi não estava amarrado, Chanyeol ainda estava o segurando e Baekhyun confiava no fazendeiro. Confiava mais do que achou possível, inclusive.
Passando a outra perna sobre Rubi, Baekhyun tentou ser o mais leve possível ao sentar sobre a sela, ajeitando-se com cuidado e segurando as rédeas quase imediatamente. Seu corpo estava alerta, porque o cavalo poderia andar a qualquer instante e aquilo não estava dentro de seu controle como antes, então ele ficou com receio de passar sua tensão corporal ao animal. Não seria nada bom.
Uma vez em cima de Rubi, segurando as rédeas de couro com as mãos enluvadas e encaixando o outro pé no estribo, ele percebeu que não se sentia nada seguro para fazer aquilo. Aprendeu a guiar com as rédeas apenas na teoria, como a maioria das outras coisas, e apesar de ter experimentado comandos na última aula, ele não tinha avançado nenhum passo com o cavalo. Precisou reprimir um grito quando Rubi andou para frente, só um pouco, por conta de uma puxada leve que Chanyeol deu no cabo longo do cabresto, e se deu conta de que não estava exatamente preparado.
— O que foi? — Chanyeol perguntou, ainda provocando. — Você não queria fazer isso no primeiro dia?
— Para… — Baekhyun soltou uma risada de nervoso. — Está tentando me ensinar uma lição?
— Você bem que merecia uma. — Deixando o policial aterrorizado, por dentro, Chanyeol caminhou com o cabo do cabresto nas mãos, encaixando-o no de volta para que não ficasse ao chão. Baekhyun estava sozinho sobre Rubi. E não poderia estar mais aflito.
— Chanyeol, espera… — As mãos nervosas seguravam as rédeas e Chanyeol estaria compartilhando de uma risadinha com Rubi se não estivesse com pena. Tinha certeza de que o cavalo estava rindo por dentro como ele, porque ele era treinado para reconhecer comportamentos dos cavaleiros também. E sabia que Baekhyun estava com medo ou era inexperiente. Sabia o suficiente para ficar quieto e esperar um comando. — Não sei o que estou fazendo.
Incapaz de se conter, o Park acabou rindo. Baekhyun não ficou bravo por estar sendo ridicularizado ali, porque também estava se achando um bobo. Mais uma vez, Chanyeol esteve certo todo o tempo em que foi contra seu imediatismo. O que o policial não esperava, porém, foi o que o Park fez em seguida, o desestabilizando por completo em cada movimento.
Ele passou um dos braços por seu corpo, cobrindo uma de suas mãos sobre a rédea e deixando uma quentura subindo por seu pescoço, que só piorou quando Baekhyun se deu conta de que o fazendeiro estava montando em Rubi, também. Mesmo que a sela não chegasse até o lugar em que ele sentou, mas com certeza seus anos de prática o permitiam montar no pelo. E então lá estavam os dois em cima de Rubi. Baekhyun não sabia se conseguiria raciocinar com as costas grudadas ao tronco de Chanyeol.
A outra mão do Park também cobriu a do policial sobre as rédeas, com certeza na intenção de ensiná-lo os movimentos certos de comando, mas a mente do Byun estava se tornando nublada. Era simplesmente muito contato. Nas costas aquecidas, nas mãos, nos cabelos que ainda estavam protegidos pelo chapéu dele. Chanyeol estava em todo lugar. Quase soltou um suspiro de alívio quando o maior retirou o acessório e o colocou na própria cabeça, para facilitar a comunicação que não seria tão boa se as extremidades do chapéu duro estivessem entre eles. Mas então tudo foi pelos ares, porque o Park ficou mais perto ainda.
— Preste atenção. — Como se lesse seus pensamentos, Chanyeol falou. E a voz dele nunca tinha soado tão próxima e tão rouca e tão desconcertante. Ele estava falando quase em seu ouvido e Baekhyun precisou respirar fundo e focar nas mãos, que estavam cobertas pelas dele. Desejou não estar de luvas para sentir o toque direto e se repreendeu por aquele pensamento logo em seguida. — Vamos andar até o estábulo. Desse jeito.
Baekhyun só assentiu, torcendo para que Chanyeol não notasse que o deixou sem palavras.
Nem sabia dizer o que estava sentindo naquele momento. Nervoso pela situação como um todo, tenso por ter o corpo do homem por quem estava — supostamente — atraído tão perto, estressado por estar com tantas coisas na cabeça e não conseguir se concentrar no que tinha que fazer enquanto ele e Chanyeol andavam com Rubi e as mãos do Park pressionavam as suas nos comandos das rédeas. Além de tudo, ainda havia sua incerteza para com Chanyeol, então estava sobrecarregado.
E ter muito nos pensamentos enquanto o corpo encontrava aquela firmeza de músculos que apoiavam suas costas não era nada fácil. O deixava até irritado, porque o fazendeiro não precisava ser bonito, charmoso e ainda fisicamente atrativo para ele. Há quanto tempo não ficava interessado por alguém daquela forma, quase carnal? Porque não havia nada de emocional no jeito em que queria sentir mais do torso grudado às suas costas, o enchendo de pensamentos impuros para o que estavam fazendo. Ele não queria pensar no quanto Chanyeol o deixava com desejos perigosos, mas estava impossível desvincular uma coisa da outra quando, somado a tantas coisas, ainda sentia a respiração quente dele em sua pele.
Estava se esforçando, sim, para prestar atenção. Gravando os comandos e querendo se remexer toda vez que Chanyeol dizia, tão perto, o que estava fazendo e porque. O motivo para levar a rédea para a direita, a esquerda, frente. O que seus movimentos significavam e o que ele deveria evitar fazer. Baekhyun queria muito gravar tudo aquilo na memória, e apenas aquilo. Apenas aquilo.
Mas ele já sabia, quando chegaram ao estábulo e suas bochechas estavam quentes, que não seriam apenas os comandos de direção que ficariam gravados em sua memória como uma tatuagem que ele não sabia se tinha gostado ou não. Sabia que quando deitasse a cabeça no travesseiro, sentiria os braços ao redor de seu corpo e o tronco grudado em suas costas. Sabia que quando fechasse os olhos iria escutar a voz grave e sentir o respirar quente. Chanyeol tomou mais que o necessário e Baekhyun, infelizmente, apesar de um exímio teimoso, era bom em reconhecer batalhas perdidas.
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