Enquanto Max separava os filmes e arrumava um lugarzinho para ficarmos deitadas no porão, eu fui em busca do remédio que Helena mandou eu guardar mais cedo, fiquei pensando nas coisas que minha mãe disse e, enfim, por mais que também exista a possibilidade de isso me deixar mais louca, também existe a possibilidade de me ajudar, então não custa tentar. Fui até a cozinha e tomei um comprimido, logo depois fui ao encontro de Max no porão.
- Filmes separados e colchão arrumado. - Max se jogou na cama improvisada.
- Você sabe que eu detesto terror né?
- Sim, por isso você vai comigo ao cinema assistir ao filme “It”. - Sorriu ironicamente.
- Vaca. - Balbuciei.
- Vamos começar.
Já tínhamos comido tanto antes, que nem fizemos questão de preparar pipoca para a sessão de filmes. Por mais cansada e com sono eu estivesse, depois de muitos sustos e de a Max ficar me zoando, fui até perdendo o sono ou... Admito, aterrorizada demais para dormir. Quando Max começava a bocejar e a ameaçar cochilar, eu ficava a cutucando, fazendo qualquer coisa para que ela ficasse acordada também. Depois de dois filmes e de uma guerra contra o sono para assistir ao terceiro, acabei pegando no sono.
Ouvi um barulho meio distante, abri os olhos lentamente, enxerguei apenas um borrão avermelhado e senti aquele incômodo no rosto, comecei a passar as mãos no rosto para tirar aquilo da minha cara e percebi que era o cabelo de Max, inclusive, ela dormia com um braço e uma perna jogados em cima de mim.
- Mas que folgada. - Balbuciei. - Max!! Acorda, embuste!! - Comecei a dar tapas em seu braço jogado por cima de minha barriga.
- O que é? - Ela sentou e se espreguiçou.
- Você é muito espaçosa. - Revirei os olhos.
- O Lucas não reclama. - Balbuciou.
- Eu não sou o Lucas. - Revidei.
- Graças a Deus. - Ela riu e eu mostrei o dedo do meio para ela.
Sentei e fiquei apenas esperando aquela preguicinha me deixar levantar, até que percebi que tinha dormido bem, mesmo que com uma criatura me chutando toda hora. Que alívio, mais uma noite de paz e sem surtar na frente da minha melhor amiga.
- E acreditar que semana que vem já tem aula. - Max se jogou no colchão de novo.
- “Já”? O retorno atrasou por causa da reforma no prédio. - Dei uma risada irônica.
- Eu poderia ficar mais um ano de férias, vai dizer que você quer voltar?
- Nesse momento da minha vida... Não, acho melhor não. - Assim que falei percebi que ela começou a me encarar com os olhos cerrados. - Ah... É... Eu...
- Relaxa, vareta, você vai superar essa história do laboratório.
- Eu espero...
- Aí que horas são hein? - Max falou enquanto esfregava os olhos.
- Sei lá, eu só me espantei com um tufo de cabelo na minha cara.
- 10 para as 7!!!!! - Max berrou ao olhar para o relógio.
- Ah... Mas a gente dormiu cedo... - Falei sem jeito.
- Dois dias seguidos, vareta!! Só vou considerar porque a gente realmente não dormiu tão tarde assim ontem.
- Vai considerar porque me ama. - Sorri ironicamente.
- Aham, claro. - Ela revirou os olhos.
Ouvi novamente o barulho que tinha me acordado e percebi que era o telefone, levantei rapidamente e fui até a escada.
- Foi isso que me acordou!! Você não tem o direito de me criticar!! - Falei enquanto subia a escada.
- VOCÊ TEM O SONO MUITO LEVE ENTÃO!!! - Gritou indignada.
- Alô! - Atendi meio ofegante por ter subido a escada com pressa e depois de tanto tempo sem se esforçar muito por causa do gesso, estava meio sedentária.
- El?
- Eu!
- Bora sair?
- Quem é?
- Não conhece mais a minha voz não, boca de lesma?
- Will?
- PARABÉNS, VOCÊ ACERTOU A RESPOSTA!! ACABOU DE GANHAR UM DIA PROVEITOSO E RELAXANTE NA PRAIA!!
- Calma, eu acabei de acordar, poxa, dá um desconto, tá muito cedo.
- Exatamente!! Hora perfeita! A viagem é demorada, temos que sair cedo!!
- O que você tá falando, maluco?
- BORA PARA A PRAIAAAAAA!!
- Will, você bateu a cabeça?
- Não, ué.
- Tá bêbado?
- Eleven!! É a nossa última semana de férias!!
- É segunda-feira!!!
- Acorda o teu namorado e a tua amante que daqui a pouco eu passo aí para buscar vocês!! Já falei com o Dustin e o Lucas.
- Mas...
- TCHAU!!
- Will! WILL? WILLIAM?!!!?!? - Comecei a berrar sozinha. - Mas... Que maluco! - Coloquei o telefone no lugar.
Fiquei um tempo encarando o telefone basicamente sem ter entendido nada daquele diálogo, depois resolvi voltar ao porão. Max já tinha voltado a dormir, obviamente não fiquei impressionada, me aproximei e praticamente me joguei em cima dela.
- Virou hobbie não me deixar dormir? - Ela balbuciou.
- O Will ligou falando umas coisas estranhas, acho que ele tá doido.
- O Byers é doido, El. O que ele queria?
- Ele mandou nos arrumarmos porque daqui a pouco ele vem nos buscar para irmos à praia, você acha que é sério?
- Sim. - Respondeu tranquilamente.
- Sim?!
- Sim! O Will tem essas loucuras, uma vez ele chamou a gente para ir ao cinema... Sendo que faltavam 15 minutos para começar a sessão.
- Mas assim?? Do nada?
- É o Will, você queria o quê? - Falou enquanto se aconchegava novamente no colchão. - Todos os nossos amigos são malucos, inclusive nossos namorados.
- Aí meu Deus, levanta daí, garota, vai se arrumar!! Vou ligar para o Mike.
- Tá, tá...
Voltei para o telefone e disquei o número da casa de Mike, depois de um pequeno tempo chamando, logo atenderam.
- Mike?! - Falei apressada ao perceber que atenderam.
- Holly.
- Oi, Holly, é a El, chama o seu irmão, por favor.
- Ok!
- El?! Tá tudo bem?? Aconteceu alguma coisa?! - Depois de um tempo de espera pude ouvir a voz desesperada de Mike.
- Sim, sim!!! Corre! Vai se arrumar, o Will vem buscar a gente para ir para a praia, ele já deve estar chegando!! - Falei às pressas.
- Praia?
- Ele é doido! Quando estiver pronto vem para cá.
- Ok, tchau.
- Tchauzinho.
Voltei para o porão e me joguei ao lado de Max no colchão.
- Eu tô com sono. - Balbuciei.
- Só mais 5 minutos. - Ela me abraçou e fechou os olhos de novo.
- Só mais 5 minutos... - Comecei a adormecer junto.
- Não acredito que vocês ainda estão assim. - Abri os olhos ao ouvir uma voz rouca.
Me virei e percebi que os 4 garotos nos encaravam com um olhar de reprovação.
- Era sério mesmo? - Falei enquanto me espreguiçava.
- O que você acha? - Will revirou os olhos. - Sorte que sua mãe acorda cedo, senão estaríamos mofando na porta.
Depois de Max e eu levantarmos às pressas para arrumar tudo o que tínhamos que levar e nos preparar, tomamos café da manhã e saímos, minha mãe ficou tão confusa quanto eu com essa saída repentina, mas enfim, meus amigos são meio... Histéricos às vezes. Will ia dirigindo, Dustin estava ao lado e nos bancos de trás Lucas, Max, eu e Mike. Aproveitei que Mike estava me envolvendo com um de seus braços e me aconcheguei bem, continuava caindo de sono e como disseram que a viagem é meio demorada, não custa nada eu aproveitar para dormir mais um pouco... Não sei se foi pelo remédio que tomei ontem, mas consegui dormir bem até demais e continuo assim, não tive pesadelos e nenhum tipo de sensação estranha, porém, mesmo tendo dormido cedo, nós acordamos cedo também, então... Enfim, ainda estou com sono e vou aproveitar para dormir mais um pouco.
Encostei a cabeça no ombro de Mike e ele apertou um pouco mais o abraço, assim que fechei os olhos, comecei a senti-lo mexendo em meu cabelo, era a combinação perfeita para me fazer dormir. Só acordava às vezes por causa dos garotos falando muito alto e igual a malucos, sobre o pouco que consegui prestar atenção, parece que eles estão planejando o que fazer nessa última semana de férias agora que estamos todos juntos de novo.
Logo que chegamos, os meninos foram arrumando as toalhas na areia, colocando aquela sombrinha enorme e deixando aquela maleta ou caixa térmica, sei lá o nome, que tinha as nossas bebidas. Tirei a roupa que estava por cima das peças de banho e fiquei apenas com os olhos fechados, sentindo meus pés afundando naquela areia quente e o vento passando pelo meu rosto e levando o meu cabelo, não lembrava nem quando foi a última vez que tinha ido a uma praia. Abri os olhos e fiquei observando o céu, estava tão bonito... Um azul tão vivo e chamativo que parecia estar me hipnotizando e estava tão cheio de nuvens, tudo tão lindo que daria uma foto encantadora.
- E aí, acertei no encontro de hoje? - Will se aproximou de mim.
- Sim... - Falei quase como um suspiro, ainda encantada com aquele lugar.
- Você está melhor?
- Acho que sim... Também resolvi começar a tomar os remédios que a psiquiatra recomendou.
- Psiquiatra? Eita.
- Pois é. - Ri sem jeito.
- Hoje você vai esfriar a cabeça, vai curtir a praia! - Me deu um tapinha no braço. - Vai ficar tudo bem.
- Vai sim. - Sorri amigavelmente. – Mas você é maluco de acordar todo mundo cedo e dizer que quer ir para a praia do nada.
- Ah, eu estava conversando com o Dustin sobre isso ontem, ele não achou má ideia. – Ele eu de ombros.
- O Dustin é outro maluco!
- Ei, bela adormecida!! - Mike me chamou balançando a embalagem do protetor solar.
- Mamãe tá chamando. - Assim que falei Will começou a rir e fui até Mike.
- Oi, bom dia. - Sentei de frente para ele.
- Bom dia, senhora, tem que ficar protegida. - Ele começou a passar aquele creme em meu rosto.
- Eu sei, moço, você também tem. - Peguei um pouco do creme e comecei a passar em seu rosto também.
- Não quero você toda queimada. - Ele pegou mais creme e começou a passar em meus ombros e braços.
- Mike, você vai acabar com o protetor.
- Depois eu compro outro. - Começou a colocar mais uma quantidade enorme em suas mãos e eu apenas fiquei o encarando assustada. - Se você quiser deitar de bruços...
- Ahn... Ok. - Deitei e cruzei os braços, fiquei olhando para o mar enquanto Mike começou a passar protetor em minhas costas. Depois ele começou a fazer massagem, fechei os olhos e fiquei apenas sentindo aquela sensação boa. - Se quiser, pode ficar o dia inteiro aí... - Falei preguiçosamente.
- Folgada. - Ele riu.
- Deixa eu terminar de passar em você, só passei no seu rosto. - Levantei e peguei o potinho do filtro solar.
- Humm, também quero massagem. - Falou enquanto deitava igual eu estava antes.
- Pode deixar. - Sorri ironicamente.
Olhei para o lado e comecei a rir de Lucas e Max, ele tentava passar o protetor em suas bochechas e ela ficava reclamando que não queria usar aquilo, esses dois eram uma comédia. Depois que passei o protetor nas costas de Mike, comecei a depositar vários socos, vi que tem gente que faz massagem assim, dando várias batidas, sei lá.
- Credo, é assim que você faz massagem? - Mike se virou e segurou as minhas mãos.
- Estava tão ruim assim? - Comecei a rir.
- Horrível. - Fez uma careta feia e riu.
- Vamos 3 contra 3? - Lucas se aproximou com uma bola de futebol.
- Não sei se meu tornozelo já aguenta. - Arqueei a sobrancelha.
- Não era você que ia dar uns chutes nos nossos traseiros? - Will falou com uma expressão cínica.
- Chutar a bunda mole de vocês é uma coisa, agora chutar uma canela é outra... Eu sou meio desajeitada jogando essas coisas. - Cruzei os braços.
- Podem jogar, eu fico treinando uns arremessos com a vareta, no vôlei a gente acaba com vocês. - Max pegou a outra bola.
- Beleza! - Os meninos correram.
Max e eu começamos a jogar a bola de vôlei uma para a outra tentando não deixar com que ela caísse no chão, as vezes para fazer graça ela dava cortes e eu tentava salvar com as minhas manchetes desajeitadas. Depois de um tempo, ao percebermos como os meninos jogavam, paramos e ficamos sentadas apenas os observando. Não sabíamos se fazíamos piadas ou se só ficávamos rindo, principalmente de Mike, ele era um desastre, as vezes até ficava surpresa quando ele não caia, o coitadinho já estava todo sujo de areia de tanto pisar na bola e cair, quando ele tentava chutar a bola, ela ia para uma direção tão aleatória que não passava perto de ninguém, não dava nem para disfarçar.
- Será que eu ajudo ele? - Falei tentando segurar o riso.
- Bora ver qual vai ser a reação deles. - Max riu.
Mike tentou chutar no gol marcado com as sandálias deles, encarei a bola e a fiz ir na direção certa. Todos ficaram parados se encarando assustados e Mike começou a comemorar feito louco, Max e eu nos deitamos rapidamente para disfarçar que não estávamos prestando atenção naquilo e sim tentando pegar um bronzeado.
- Tá todo mundo chocado. - Max tentava se controlar para não rir muito alto.
- É porque é mais fácil aparecer alguém com poderes do que o Mike fazer um gol. - Comecei a passar as mãos em minhas bochechas que já doíam por estar rindo muito.
- E não é que apareceu mesmo? - Ela deu um tapa em meu braço.
- Para você ver...
- Ei, Max!! - Mike veio correndo em nossa direção. - Fica no meu lugar, tô cansado.
- Essa é a minha deixa. - Ela me olhou cinicamente, riu e levantou.
- Quer alguma coisa? - Mike falou enquanto mexia nas bebidas.
- Eu botei uma garrafinha de suco de laranja...
- Toda sua. - Ele me deu a garrafinha e sentou ao meu lado.
- Tô sedentário. - Abriu a sua garrafinha de água e ao invés de beber jogou um pouco na cara.
- Mike, estamos em uma praia... Tem muita água ali na frente para você dar um mergulho. - Arqueei a sobrancelha.
- ... Que tal depois darmos um mergulho? - Me olhou sem jeito e começou a se hidratar.
- Ótima oferta. - Tomei um gole de meu suco e fiquei o encarando.
A junção exercício físico + sol já estava causando efeitos em seu rosto, suas bochechas estavam rosadas, na verdade, sua cara inteira, parecia que ter ficado correndo atrás da bola por tanto tempo tinha feito com que todo o seu sangue se concentrasse em sua cabeça. Enquanto ele bebia alguns goles de água, percebi que as vezes ele me encarava pelos cantos dos olhos, completamente tímido, eu provavelmente já estava o encarando com uma expressão de boba e um sorriso mais bobo ainda, mas era inevitável, sempre o achei uma coisa tão fofa e bonita que minhas reações são sempre assim.
- Você tá me encarando. - Falou sem jeito.
- Eu sempre te encaro. - Arqueei a sobrancelha. - Você tá todo vermelho, parece um tomate, se pintasse seu cabelo de verde ia ficar idêntico a um.
- Eu falei que estou sedentário. - Ele riu e começou a se aproximar. - Mas... Isso não te dá o direito de me zoar, palhaça. - Ele começou a esfregar sua barbicha espetada em meu pescoço e a me fazer cócegas.
- Ah não, Mike!! - Comecei a rir descontroladamente. - Sai fora, você tá todo suado!!
- Ah, agora você tem nojo é? - Ele ficou por cima de mim e voltou a me atacar.
- AI MEU DEUS, EU ODEIO ESSA SUA MANIA. - Gargalhava cada vez mais alto.
- Poxa que pena. - Parou e ficou me encarando.
- O que foi? - Falei enquanto controlava o riso e normalizava minha respiração.
- Eu te amo. - Me encarava com uma expressão tão tranquila e bonita que era como se eu pudesse ver um brilho em seus olhos. - E eu tô muito feliz por você ter voltado para casa... Às vezes o dia em que eu encontrei aquele corpo falso ainda me assombra.
- Eu também te amo... Agora tá tudo bem, fica tranquilo. - Um sorriso involuntário se formou em meus lábios.
- Você não está 100%... Mas eu vou cuidar de você até ficar.
- Eu não duvido. - Coloquei as mãos em sua cabeça e comecei a aproxima-lo para o beijar.
Estávamos apenas nos beijando, tudo bem que o fato de ele estar por cima de mim fora do contexto de antes poderia parecer meio estranho, mas fomos surpreendidos pelos nossos amigos jogando as bolas em nós.
- Pombinhos, vocês não estão sozinhos, sem fazer filhos na nossa frente, por favor. - Will falou rindo.
- Mas a gen... - Mike falou enquanto saía de cima de mim.
- Você vem ajudar a gente a atar a rede de vôlei. - Dustin e Lucas o puxaram.
- Vocês hein. - Max sentou rindo ao meu lado enquanto os garotos se afastavam.
- A gente não estava fazendo nada. - Dei de ombros.
- Vai por mim, você não vai querer ficar com a bunda cheia de areia. - Max falou enquanto observava o mar.
- Ah tá, você já é bem experiente em ficar com areia na bunda né. - Ironizei.
- Sim. - Ela falou tranquilamente e eu arqueei a sobrancelha assustada, não estava esperando essa resposta. - NÃO! - Aparentemente ela percebeu o que havia falado.
- Vocês hein... - Ironizei o que ela havia falado antes.
- Fica quieta, vareta.
- Eu não disse nada...
Depois que os garotos organizaram tudo, eles ficaram lá sentados, conversando e descansando um pouco. Mike e eu nos afastamos para dar o mergulho que havíamos combinado antes.
- Blrrr que água gelada.
- Que frescor. - Mike deu um mergulho.
Aproveitei para mergulhar também, quando emergi Mike estava com um sorriso bobo.
- O que foi? - Franzi o cenho.
- A gente aqui... Me fez lembrar do dia em que fomos acampar e você estava com medo de entrar na água porque pensava que não sabia nadar. - Ele riu.
- O que não deixa de ser uma verdade, eu não sei nadar. - Dei um empurrão nele. - Mas também não é nada que me impeça de estar aqui... Minha cabeça estava muito confusa, não que ela não esteja agora, mas é muito estranho ter sensações ruins e não saber explicar, é péssimo não saber nada sobre si mesmo.
- Desculpa...
- O que foi?
- Por não ter te contado tudo...
- Tá tudo bem, eu entendo o seu lado. - Me aproximei e o abracei. - Você é uma coisa muito preciosa na minha vida, não sei como consegui ficar com tanta raiva de você naquele dia.
- Acontece. - Ele começou a acariciar minhas costas. - Você parece melhor hoje.
- Eu me sinto melhor.
Na hora em que estávamos nos aproximando para selar nossos lábios, uma onda nos atingiu e nós afundamos. Assim que emergi olhei para os lados em busca de Mike.
- Ok, Mike, eu não vou mais cair nessa. - Cruzei os braços.
- Dessa vez eu não estava fazendo nada. - Ouvi sua voz rouca atrás de mim. - Para de ser paranoica, eu não sou tão inquieto assim. - Senti seus braços envolvendo a minha cintura e ele começou a depositar vários beijos em meu pescoço.
- Você faz... - Comecei a sentir meu corpo se arrepiando todo e inclinei o pescoço um pouco para o lado, o dando mais espaço. - De tudo para me irritar.
- Eu só te irrito, é? - Balbuciou.
- É... - Minha resposta saiu como um suspiro e eu virei para ele. - Você é irritante. - Fiz bico.
- Agorinha eu era uma coisa preciosa, agora sou irritante? - Arqueou a sobrancelha.
- Sim. - Peguei sua mão e mexi em sua aliança. - Sabe isso aqui? É a prova de que eu mereço um prêmio.
- Eu mereço um prêmio, esquisitona. Você vai lá para casa e acaba com os eggos.
- Não sei do que você está falando. - Ri e encostei nossas testas. - Eu sou apaixonada por eggos.
- Ah então casa com o fabricante. - Balbuciou.
- Eu vou casar com você.
- Como você consegue mexer tanto assim comigo?
- Acho que você tem uma queda por meninas com cabelo curto. - Ri um pouco.
- Correção: pelas de cabeça raspada.
- Besta. - O dei um empurrão.
- O besta quer muito te beijar. - Ele se aproximou encarando meus lábios.
- Tá esperando o quê?
Assim que falei aquilo, ele se aproximou rapidamente e selou nossos lábios. Suas mãos apertavam minha cintura com um certo desespero e ele pressionava o meu corpo contra o seu cada vez mais. Nossos corpos pareciam dançar a cada onda baixa que passava, enfiei os dedos entre os seus cachos molhados e dei leves puxões. Ele abriu um sorriso do nada, aproveitei para mordiscar o seu lábio inferior e o puxar um pouco. Ele desceu um pouco mais as suas mãos e eu levei as mãos ao seu rosto o puxando novamente para um beijo. Nós parecíamos cada vez mais desesperados um pelo outro, nossas línguas, por mais experientes que já fossem naquele território, insistiam em explorar tudo com excelência. Algo em mim havia sido ativado com tanto vigor que ao descer as mãos para o pescoço de Mike, as vezes eu o pressionava sem o machucar, naquele momento, eu só queria estar sozinha com ele naquela casa do lago mais uma vez. Quando nos rendemos por causa do ar que já estava faltando e nos separamos, levei a mão ao seu rosto e fiquei encarando seus lábios avermelhados e meio inchados, acariciando sua bochecha com o dedão.
- Sua boca tá muito salgada. – Balbuciei e fiz uma careta como se isso tivesse me impedido de beijá-lo.
- Já percebeu onde nós estamos? Onde mergulhamos? - Ironizou e riu.
- Eu queria estar em um cantinho a sós com você... - Falei baixo.
- Para quê? - Ele franziu o cenho.
- Sério? - Arqueei a sobrancelha.
- Aham.
- Mike, meu amor, você é tão lerdo... Às vezes acho fofo, mas outras vezes eu tenho vontade de bater em você. - Revirei os olhos e ele começou a rir.
- Eu acho que entendi, só fiquei em dúvida se poderia ser isso mesmo.
- Por quê?
- Ah... Sei lá, já faz bastante tempo desde a última vez... O dia em que a gente chegou mais perto foi quando você voltou e nem chegou a rolar. - Ele coçou a nuca.
- Desculpa.
- Por que você tá pedindo desculpa? Para de loucura, eu sei que você tá passando por uns tempos difíceis e eu te entendo perfeitamente.
- Tá, mas a gente vai resolver isso. - Peguei em sua mão e comecei a puxa-lo para sairmos da água.
- Por quê? Fica tranquila.
- PORQUE EU QUERO!!!
- Mas... Calma, a gente nem tá em casa.
- Não falei que ia ser agora, Mike. - Comecei a rir.
- VOCÊ TÁ ME DEIXANDO CONFUSO.
- Ninguém mandou você ser tão lerdo.
Enquanto saíamos, nossos amigos vieram correndo. Ironizamos que era só nós sairmos que eles vinham, comentaram que iam apenas dar um mergulho rápido e logo iríamos jogar a partida 3 x 3 de vôlei. Enquanto isso, fiquei caminhando com Mike pela beira do mar, apenas conversando, aproveitando para sentir e admirar como nossas mãos tinham um encaixe genuíno. Era ótimo passar um tempo assim com ele, aproveitando um lugar novo, em paz, em sintonia com o ambiente. Will realmente acertou no lugar, eu me sentia renovada e revigorada.
- Precisamos vir a praia mais vezes, não é? - Ele me olhou com uma expressão tranquila.
- Simmm. - Acelerei os passos e passei em sua frente, abrindo os braços e apenas curtindo o vento passando por mim.
- Por que esses braços abertos? - Mike se aproximou por trás de mim. - Galinhas não voam grandes distâncias. - Ironizou.
- Você tá me chamando de galinha, Michael Wheeler? - Virei para ele indignada.
- Eu... - Ele não se controlou e começou a rir. - Acho que... Acho que o Lucas me chamou. - Saiu correndo.
Comecei a encara-lo e o segurei, fui andando calmamente em sua direção e ele me encarava com uma expressão cínica.
- O que você disse, Michael? - Parei em sua frente e cruzei os braços.
- Nossa, você fica tão bonita descabelada.
- Mike...
- Seu sorriso é lindo, já falei isso?
- A vontade de te dar uns tapas está crescendo. - Arqueei a sobrancelha.
- Eu te amo. - Tentou sorrir, mas voltou a rir igual a uma hiena.
- O que eu faço contigo, hein?
- Me beija.
- Vou é te fazer comer areia.
- Para de usar seus poderes, seu nariz tá sangrando já.
- Não. - Me aproximei, parei de segura-lo com os poderes e o empurrei, fazendo com que ele caísse no chão e voltei a segura-lo. - Vou me divertir um pouco.
- O que você vai fazer?
- Quieto.
- Mas...
- Silêncio. - O interrompi e comecei a jogar areia em cima de suas pernas.
- Vai me enterrar?
- Vou e ninguém nunca mais vai te encontrar. - Tentei rir de forma malévola.
- Você não vive sem mim. - Falou convencidamente.
- Cala essa boca, Mike. - Comecei a rir, afinal, o que ele estava falando era verdade.
Depois de um tempo, consegui cobrir toda a extensão de suas pernas, ele ficava apenas me observando, eu já tinha até parado de o segurar com meus poderes. Comecei a deixar a areia em formato de rabo de sereia, ao ver o resultado e a cara de reprovação de Mike, não aguentei e tive uma crise de risos. Nossos amigos se aproximaram e eu, obviamente, não perdi a oportunidade de zoar ele mais ainda.
- Vejam a princesa Ariel! - Apontei para Mike.
- Eu sou um tritão. - Torceu o bico.
- Mas que sereia feia. - Max fez uma careta feia.
- Essa sereia aí pode morrer cantando, mas ninguém vai ser atraído pelo canto dela. - Lucas riu.
- Canto? E isso aí canta? Tá mais para gralha do que para sereia, se for por isso. - Will ironizou.
- Vocês querem levar um socão? - Mike arqueou a sobrancelha.
- Será que essa piranha dá um bom assado? - Dustin cruzou os braços.
- Esse peixe aí não presta, vai por mim. - Tentava me conter, mas ria cada vez mais.
Depois de torramos a paciência do Mike até ele ficar vermelho, resolvemos montar os times para o vôlei, para que os times ficassem equilibrados ficou o Dustin, Lucas e eu contra o Will, Max e Mike, os 4 seres mais competitivos de Hawkins mais o Mike e eu, os pesos mortos.
Mesmo sofrendo para não fazer merda, estava me divertindo muito, na verdade, os meninos estavam me encorajando tanto e dando tantos conselhos sobre o que fazer que até que eu não estava indo tão mal. O jogo estava bem balanceado, a todo momento eles ficavam se provocando e se xingando, tentavam ao máximo tirar a atenção um dos outros.
- É sua, El! Corta!!! - Lucas gritou ao fazer um levantamento.
Eu pulei e tentei dar um tapa na bola com toda força que eu tinha, bom, no quesito força eu não falhei, mas na direção... Eu definitivamente não consegui jogar na direção que eu havia planejado, a bola acabou indo vorazmente no rosto de Max que caiu logo em seguida. Sai logo correndo até ela, não sabia se ria ou se me preocupava, afinal, ela despencou após a bolada.
- Você tá bem?? - Me abaixei ao seu lado.
- Garota, isso ainda é pelo tapa que te dei na cara esses dias? - Falou enquanto massageava o próprio nariz.
- É pela bolada que você me deu na cara enquanto jogávamos basquete. - Comecei a rir.
- Não foi minha culpa, você estava no mundo da lua e não pegou a bola.
- Silêncio, não perguntei nada. - Revirei os olhos e a ajudei a levantar.
Depois de muitas boladas, ataques malucos e provocações, nós ganhamos por 3 pontos de diferença. Passamos mais um tempo curtindo as nossas companhias e depois fomos almoçar em um restaurante que havia nas proximidades.
Cheguei em casa por volta das 16 horas, estava louca para tomar um banho e ir dormir, estava com um sono absurdo e levando em conta como estou bem, acredito que dormir não será problema.
- Entra... - Falei após acordar com batidas na porta.
- Bom dia. - Mike entrou empolgado com uma vasilha em mãos.
- BOM DIA?! - Dei um pulo da cama. - EU DORMI ATÉ O OUTRO DIA?!
- Não! - Mike começou a rir. - Só foi um modo de falar porque você acabou de acordar.
- Ai meu Deus. - Suspirei aliviada e me joguei na cama de novo.
- Hoje de manhã quando chegamos você estava dormindo, cheguei agora e você estava dormindo de novo.
- Estou com um sono fora do comum, tô recompensando pelos dias sem dormir bem.
- Então você teria que entrar em coma. - Ele riu.
- Você não ia aguentar. - Sorri cinicamente.
- Então você tá bem mesmo hoje?
- Maravilhosamente, como não ficava há tempos. Hoje tive um dia completamente incrível!!! Zero crises, zero pesadelos... Mas enfim, o que trouxe o senhor aqui?
- Minha mãe estava estressada com o meu pai... De novo, então você já sabe o ritual dela para esfriar a cabeça né? Ela foi ensinar a Holly a fazer alguns doces e tal, como eu estava sem o que fazer fui junto... E como eu sou o namorado do milênio...
- Se acha. - O interrompi.
- Shiu. - Me olhou com um sorriso cínico. - Mesmo que você não esteja comendo muito bem ultimamente, eu resolvi trazer algumas coisas para você. - Falou me entregando a vasilha.
- Maravilha! Eu acordei com uma fome de outro mundo. - Peguei a vasilha empolgada.
- Você tá falando sério? - Ele me encarou assustado.
- Seríssimo. Só vou escovar os dentes, estou com bafo de quem acabou de acordar. - Levantei e fui em direção do banheiro.
- Eu não senti nada. - Mike falou tranquilamente.
- Afinal, que horas são? - Falei ao sair do banheiro após escovar os dentes.
- Quando eu saí de casa já era umas 20h.
- Meu Deus! - Pulei da cama novamente. - Meu remédio! Deveria ter tomado 19h! - Peguei em sua mão e sai o puxando para a cozinha.
- Calma!!
Depois que tomei o remédio, comecei a pegar alguns ingredientes e Mike ficou apenas me observando confuso.
- Vou fazer chocolate quente cremoso. - Falei antes que ele perguntasse. - Um acompanhamento para as coisas que você trouxe.
- Não sei se fico empolgado ou com medo.
- Medo?
- Você... Cozinhando... Não sei, essa combinação as vezes é meio instável.
- Ei!! No final de semana que passamos na casa do lago eu fiz um bolo para você! Sozinha!
- Falei “as vezes”. - Ele riu. - Quase sempre, mas “as vezes”.
- Mas que calúnia. - Peguei um pires e entreguei para Mike. - Separa um pouco para a minha mãe, ela gosta de doces.
- E a sua irmã?
- Saiu com o namorado.
- Ah, beleza.
Assim que o chocolate quente ficou pronto, fomos para o porão e eu escolhi um filme para assistirmos. Mike sentou ao meu lado, estava um friozinho gostoso, então peguei um lençol e embrulhei nossas pernas. Ele rapidamente me envolveu com o seu braço e deu um beijo em minha bochecha.
- Estava com saudade de ficar assim com você. - Me olhou com um sorriso bobo.
- Eu também... - Peguei uma colherada da torta de limão. - Isso tá ótimo.
- Aí tem doce o suficiente para te deixar diabética. - Ele riu e pegou a sua xícara. - Já vimos esse filme 300 vezes. - Revirou os olhos ao encarar a tv e ver que eu tinha escolhido “Dirty Dancing” (Ritmo quente).
- Eu sou apaixonada por ele, dá licença.
- Nem um milagre para eu aprender a dançar. - Falei ao ver como a personagem já estava ficando boa na dança.
- Combinamos nisso.
- Sabe... - Falei após pegar mais uma colherada de pudim.
- Não sei se fico feliz ou impressionado de você ainda estar comendo. - Mike me interrompeu.
- Eu te amo. - Falei enquanto tentava pegar uma colherada bem cheia.
- Você tá falando para mim ou para o pudim?
- Para os dois. - Comecei a rir e coloquei a colherada na boca.
- Você tá parecendo aqueles mortos de fome. Ainda se suja toda. - Levou a mão até meu rosto e limpou o canto de minha boca com o polegar.
- Também estou... Recompensando pelos dias... Sem me alimentar direito... - Comecei a revezar o olhar entre seus olhos e seus lábios.
- E que tal largar um pouco esses doces... O filme... E me dar um pouquinho dessa atenção? - Ele começou a se aproximar encarando meus lábios.
- Eu... - Fiquei sem reação com a sua atitude repentina. Mas logo me espertei, fechei rapidamente a vasilha de doces e a joguei para o lado.
- Vou considerar isso como um “sim”. - Ele selou os nossos lábios e eu abracei o seu pescoço, me deitando lentamente e o conduzindo junto a mim.
Durante o beijo ele começou a acariciar a minha cintura. Eu apenas apertei o abraço ao sentir seus toques. Comecei a sentir um friozinho na barriga e as minhas batidas mais fortes, até estranhei um pouco, mas no fundo eu só estava com muita saudade de ter um momento assim com ele. Diferente do beijo de hoje mais cedo, esse era doce... E como era doce. Era lento, bem calmo, de forma que podia curtir muito bem cada movimento. Ele começou a descer os beijos para meu pescoço e enfiou as mãos por dentro de minha blusa, levei as mãos a sua cabeça e comecei a mexer em seu cabelo enquanto ofegava perto de sua orelha. Não demorou muito para que ele começasse a se mover em cima de mim.
- Mike... - Coloquei a mão em seu peito e o afastei um pouco, pude sentir seus batimentos acelerados.
- Desculpa, eu...
- Shhhh. - Coloquei o dedo em seus lábios, o impedindo de falar.
O dei um empurrão e invertemos a posição, comecei a puxar a sua blusa e não tive sucesso, ele começou a rir e eu dei espaço para que ele tirasse.
- Você tá muito inexperiente. - Falou em tom provocativo.
- Aham... Eu tô... - Coloquei a mão em seu peito e voltei a fazê-lo deitar.
Comecei a marcar o seu pescoço com chupões enquanto passava as unhas em seu abdômen, tomei um leve susto ao sentir suas mãos em meu traseiro, logo subi e voltei a beija-lo. Às vezes ele sorria durante o beijo e eu achava aquilo tão genuíno. Sentia meu corpo todo aquecendo rapidamente.
- Mike! - Tomei outro susto ao sentir ele apertar minhas nádegas.
- O que foi? - Ele sorria maliciosamente.
- Nada... - Arqueei a sobrancelha e comecei a descer os beijos até chegar em seu mamilo.
Fiquei mordiscando o seu mamilo e desci as mãos até sua bermuda, abrindo o botão e logo em seguida o zíper. Ele enfiou a mão em meu cabelo e tentou fazer carinho, mas seus toques estavam tão pesados quanto sua respiração. Tentei puxar a sua bermuda e mais uma vez estava sem sucesso, estava com dificuldade de puxá-la.
- Você engordou. - Balbuciei e ele riu.
- Eu ajudo...
- Não precisa. - Falei e voltei o que estava fazendo.
Enfiei a mão por dentro de sua bermuda e comecei a acariciar o volume em sua cueca. Olhei para seu rosto e percebi que ele havia fechado os olhos, estava com um sorriso prazeroso, ao notar aquilo um sorriso de canto automático se formou em meu rosto, era ótimo fazê-lo sentir assim. Logo depois suas mãos perdidas chegaram aos meus seios e eu soltei um gemido baixo.
- Tira... - Falou baixo como um sussurro e deu dois puxões em minha blusa.
Sai de cima dele e encarei a porta do porão, a trancando. Comecei a tirar rapidamente minha roupa e ele fez o mesmo ficando só de cueca naquela cama improvisada no chão. O encarei e puxei a sua cueca com os poderes, deixando seu membro ereto exposto.
- Apressada... Você tá pulando etapas... - Veio lentamente até mim.
- Também preciso recompensar isso... - Sorri maliciosamente.
- Pode deixar... - Ele se aproximou rapidamente e começou a me beijar.
Minhas costas bateram na parede e ele começou a me pressionar contra ela, se outrora os beijos eram calmos, agora haviam deixado de ser. Eu arfava em sua boca a todo momento, ele segurava meu rosto com um pouco de força, como se quisesse impedir que eu fosse fugir, levei as minhas até elas e as tirei de me rosto, entrelaçando os nossos dedos.
Nos separamos para recuperar o ar, estávamos muito ofegantes, enquanto isso, ele ficou me olhando, percebi que seus olhos passeavam por todo meu corpo, como se fosse a primeira vez em que ele estivesse o vendo. Coloquei a mão em seu rosto e o levantei, deixando nossos olhos direcionados.
- Você me deixa sem jeito assim... - Falei sentindo minhas bochechas queimarem.
- Você é muito linda. - Falou com um sorriso bobo.
- Obrigada... Mas não fica me encarando tanto. - Dei uma risadinha sem jeito.
- A senhora é que manda. - Ele fechou os olhos fazendo graça.
- Você é um palhaço...
Mike on:
Fechei os olhos para ironizar sua timidez, eu sabia que as vezes aquilo a deixava sem jeito, mas... Era mais forte que eu, admira-la era algo incrível, ela era maravilhosa e fazia tanto tempo desde a última vez em que ficamos realmente assim... Não pude controlar.
Logo depois que fechei os olhos fui surpreendido pelos seus toques em meu membro e logo depois por ela ter o colocado na boca. Soltei um suspiro pesado, enfiei minhas mãos em seu cabelo e as deixei acompanhando os movimentos de sua cabeça. Meu coração estava cada vez mais acelerado e com batidas fortes, aquela onda de prazer crescente ficava cada vez mais intensa. Levei a mão ao seu rosto e a afastei, ela ficou me encarando com os lábios entreabertos, aqueles lábios carnudos e avermelhados que me faziam perder a sanidade... Rapidamente a peguei no colo e a levei para o sofá que havia ali. Me aproximei para beija-la e comecei a pedir espaço entre suas pernas, me posicionei entre elas e passei a intensificar mais ainda os beijos. Pouco depois ela começou a passar as unhas em minhas costas. Bufei um pouco impaciente, não estávamos em uma boa posição ali e ela riu ao perceber que aquilo estava me incomodando.
- Será que podemos voltar para a nossa cama improvisada ali no chão? Não quero estrear o meu sofazinho também. - Ela falou segurando o riso.
- “Não quero estrear o meu sofazinho”. - Imitei-a fazendo graça. - Até parece que nessas horas você pensa nisso...
- Claro que penso. - Arqueou a sobrancelha.
- El, meu amor, sua mãe tá ali tranquila assistindo televisão no sofá que a gente transou depois do baile. - Falei baixo e ela começou a gargalhar muito alto.
- Você é um aparvalhado, sabia? - Ela me deu um empurrãozinho para que saísse de cima dela.
- Sei, sei... - Falei enquanto ia para perto da cama improvisada.
- Agora para de me enrolar e faz logo o que você tem que fazer. - Balbuciou enquanto deitava em minha frente.
- Ah, eu estou te enrolando? - Após colocar a proteção, me abaixei e fiquei de joelhos em sua frente.
- Tá... - Falou abrindo as pernas.
- Beleza então. - Me posicionei entre elas e peguei em seus pulsos.
Levei suas mãos para cima da sua cabeça e fiquei segurando-as, ela me olhou confusa e eu apenas desci um pouco para o seu pescoço. Dei um chupão forte em seu pescoço e ela soltou um gemido baixo.
- Não... - Falou quase como um sussurro.
- Não? - Desci mais um pouco e comecei a chupar o seu seio esquerdo.
- Você... Ahn... Eu... - Ela tentava falar, mas parecia ter dificuldade.
Larguei os seus pulsos e desci as mãos para sua intimidade. Ela soltou outro gemido, dessa vez mais alto. Estava tão úmida que eu movimentava meus dedos com facilidade, era visível que ela já estava tão excitada quanto eu.
- Eu já posso... - Perguntei enquanto tentava posicionar meu membro.
- Vai logo. - Ela fechou os olhos e arqueou as costas, dando um grande suspiro.
Comecei os movimentos com lentidão, enterrei o rosto em seu pescoço e sempre que o fôlego permitia, depositava beijos nele. Ela levou as mãos até minhas costas e me pressionava a cada movimento. Por estar com o rosto próximo, suas arfadas e gemidos controlados saiam perto de meu ouvido, eram como música para mim, como combustível e me deixavam cada vez mais excitado e querendo ficar daquela forma, sentindo aquelas coisas, à noite inteira.
- Vamos, Mike... Mais... Mais... - Ela me pressionou mais uma vez.
Passei a me movimentar com mais força, a colisão entre nossos corpos começou a fazer mais barulho, porém, seus gemidos da mesma forma começaram a ficar bem mais altos.
- Mike... Espera...
- Eu te machuquei? - Parei de me movimentar.
- Não... Isso... Tá muito bom, sério. - Ela falava extremamente ofegante. - Mas... Minha mãe tá lá em cima e a gente tá fazendo muito barulho...
- Sua mãe sabe que você faz essas coisas. - A interrompi.
- Mas ela não precisa ficar ouvindo né. - Ela riu. - Deixa eu só... - Esticou a mão em direção da televisão e aumentou muito o volume. - Acho que isso dá para disfarçar um pouco.
- Podemos? - Sorri maliciosamente.
- Sim... Só vem...
Voltei a me movimentar e ela voltou a fechar os olhos, estava extasiado ao admirar como ela mordia os próprios lábios, em sua expressão de prazer, em seus sons, em tudo, me inclinei e depositei um beijo em seu queixo. Ela colocou as mãos em minhas costas de novo e me deu um puxão que, associado a minha fraqueza pela concentração no prazer, me fez cair e colidir os nossos peitos.
- Des...Equilibrado... - Ofegou perto de meu ouvido.
- Você tá me fazendo pirar... - Comecei a arfar também.
- Acelera... Me dá o teu máximo... - Sussurrou de forma provocante.
Tentei me movimentar da forma mais rápida e intensa possível, a cada colisão dos nossos corpos soltávamos novos gemidos, ambos não se continham mais, ela começou a enfiar as unhas em minhas costas e a quanto mais suas mãos escorregavam, mais eu podia sentir a leve ardência do mais novo desenho que suas unhas estavam fazendo em mim. O suor começou a escorrer pela minha testa, passei a desacelerar um pouco, devido a velocidade e a força, cansei mais rápido.
Ela me empurrou para o lado com os seus poderes, pude sentir meu corpo sendo levado por algum imã invisível. Logo em seguida ela subiu em cima de mim, se posicionou e começou a se movimentar. Certeza que ela percebeu que eu estava cansando e, para não parar, me deu esse descanso. Fiquei acariciando os seus seios enquanto ela se movimentava em cima de mim.
- Bora mudar... - Falei depois de um tempo e logo ela levantou.
Me aproximei bruscamente dela e voltei a beija-la, ela foi dando passos para trás até que sua perna bateu na mesa. Ela bufou impaciente, jogou tudo que estava em cima da mesa no chão e sentou em cima, abraçando a minha cintura com suas pernas.
A adentrei novamente e voltei com os movimentos. Coloquei as mãos na mesa ao lado de suas pernas para me apoiar e ela abraçou meu pescoço, me puxando para um beijo rápido.
- Mike... - Quando ela gemeu baixo o meu nome eu voltei a aumentar a velocidade cada vez mais. - Isso... Isso...
Ela me largou e se apoiou na mesa, jogando a cabeça para trás. Tive total acesso aos seus seios e me inclinei um pouco para alcançar um deles com a boca. Eu estava prestes a explodir, sentia que estava muito perto de finalizar. Parei os movimentos em seu seio e fechei os olhos, tentando não me concentrar muito nos movimentos rápidos dentro dela, precisava aguentar até garantir que ela chegasse ao fim também, tentei pensar em coisas que diminuíssem aquele clima para mim, tragédias, acidentes, coisas nojentas... Enfim, tentava bombardear a minha mente e estava me esforçando para não acabar antes da hora.
Eleven on:
Abri os olhos um momento para ver o rosto de Mike e me deparei com uma expressão engraçada, seus olhos estavam fechados, ele estava muito vermelho e com uma veia saltada em sua testa, parecia estar fazendo muito esforço. Um pouco depois ele começou a acelerar mais ainda os seus movimentos, aquela onda intensa de prazer só aumentou e eu joguei meu corpo para trás novamente, começando a revirar os olhos e a ofegar mais ainda. Já podia sentir meu corpo tremendo e comecei a aperta-lo entre as minhas pernas.
- Só... Mais um pouco... - Tentei avisar para que ele aguentasse mais, afinal, não sabia se ele também estava perto ou não. - Mais um pouco... - Repetia várias vezes como sussurros.
- A mesa... Tá indo para trás... - Falou um pouco impaciente devido a mesa estar andando a cada movimento dele.
- Ignora...
Apertei os olhos com cada vez mais força, o prazer estava crescendo tanto que eu não estava mais aguentando, Mike também voltou a soltar uns gemidos altos e aquilo me deixava mais insana ainda, até que eu cheguei em meu ápice e soltei um último e longo gemido.
- Ah, Meu Deus, finalmente! - Mike também deu um suspiro longo e me abraçou, apoiando o corpo em mim.
- O quê? - Tentava normalizar minha respiração, estava extremamente ofegante.
- Você... Eu te amo, meu Deus... - Ele tirou seu membro de mim e tirou a camisinha.
- Mike do céu... - Continuei ofegando deitada em cima da mesa.
- Viu só, eu falei que você não liga para onde tá, você jogou tudo no chão. - Ele riu e eu mostrei o dedo do meio para ele.
- Tô acabado... - Falou se jogando no sofá. - Você deu trabalho hoje.
- Silêncio e tira essa bunda pálida e suada do meu sofá. - Balbuciei.
- Vai ser difícil voltar a me concentrar para estudar aí nessa mesa, deve estar com a marca da sua bunda suada. - Ironizou e eu mostrei o dedo do meio para ele de novo.
Levantei da mesa e fui até ele, deitando por cima de seu corpo. Comecei a passar a mão em seu cabelo molhado de suor, apenas admirando seu rosto avermelhado.
- Eu te amo tanto. - Sorri de canto.
- Eu também te amo. - Ele falou e deu um apertão em meu nariz.
- Hoje sim eu senti que tive um dia normal de novo. - Falei pensativa.
- Você tá melhorando. - Ele começou a acariciar o meu braço.
- Talvez... Realmente fosse coisa da minha cabeça.
- Mas a medicação faz efeito tão rápido assim?
- Sei lá, só sei que eu tô bem.
- Isso é visível. - Ele riu. - Tá tão bem que quase destruiu o porão.
- Ei!! Eu não fiz isso sozinha!! - Senti minhas bochechas queimando e levantei.
- Eu gosto de te irritar. - Falou com um sorriso bobo.
- Blá-blá-blá. - Revirei os olhos. - Vou me vestir e acho bom você fazer o mesmo. Aí a gente sobe e vai tomar um banho. - Falei desligando a televisão.
- Juntos? - Ele sorriu maliciosamente.
- Tanto faz. - Respondi rapidamente até entender a pergunta. - Ué, você acabou de dizer que estava acabado.
- Faço um esforço. - Falou enquanto se vestia.
- E quem tá dando trabalho sou eu né. - Cruzei os braços.
- Você não disse que queria recompensar?
- Vou pensar no seu caso.
- Pronto, mesa arrumada como se não tivesse acontecido nada. - Falou após organizar as coisas.
- Esconde essa camisinha no bolso e bora jogar lá na outra lixeira, essa daqui sempre fica quase vazia. - Revirei os olhos.
- Pronto, senhora, bora?
- Bora. - Peguei em sua mão e fui em direção a escada.
Subimos e ao chegar na sala, minha mãe estava dormindo no sofá com a televisão ligada. Suspirei aliviada ao ver isso, afinal, são maiores as chances de ela não ter ouvido nada.
- Prontinho, sãs e salvos. - Mike falou ao chegarmos ao meu quarto.
- Engraçadinho. - Abri o guarda-roupas e peguei uma toalha para ele.
- E prova do crime já descartada. - Falou saindo do banheiro.
- Ótimo, agora vai tomar banho. - Joguei a toalha na cara dele.
- Tá, só tá faltando uma coisa...
- O quê? - Arqueei a sobrancelha.
- Você. - Ele se aproximou e me pegou no colo, me levando para o banheiro.
- Mike!
- O quê?
- Desde quando eu te dei essa liberdade?
- Ih... Já faz tempo.
Depois daquele banho... Bem demorado... Nos arrumamos e Mike se jogou em minha cama, fiquei encostada no guarda-roupas o encarando.
- Tô morto.
- Deveria estar mesmo. - Cruzei os braços.
- Tô com sono.
- Tô com fome, você não tá com fome?!
- A gente já comeu, El.
- E já queimou todas essas calorias também, eu hein, vou comer.
- Definitivamente, meu monstrinho tá voltando. - Ele riu.
- Vai dormir aqui em casa?
- Se deixarem...
- É né, você já tá aí jogado. - Revirei os olhos e ri.
- Mas que audácia.
- Sabe... - Fui até a cama e sentei perto dele. - Eu estou torcendo muito para amanhã ser um dia tão bom quanto hoje, senti falta disso, dessa paz.
- Vai ser, meu amor, nós falamos que tudo vai ficar bem.
- Ah sei lá, por um momento tive medo... Se alguma coisa acontecesse com vocês eu não me perdoaria.
- O que nos ameaçaria?
- Sei lá... Os bichos que eu vi lá... Ou talvez eu.
- Você?!
- Eu vejo outra coisa lá, Mike, já pensou eu ataco vocês pensando que é outra coisa?
- Mas você não atacou, relaxa, pequena.
- Pelo menos isso. - Ri desanimada. - Vou pegar algo para comer. - Levantei e fui até a porta.
- Tá bom, vou te esperar aqui. - Mike sorriu.
Antes de sair do quarto, olhei para Mike mais uma vez e eu simplesmente comecei a sorrir só por vê-lo tão tranquilo naquela cama, fazia tempo que ambos não ficávamos assim quando estávamos juntos.
Era disso que eu estava precisando, da minha vida de volta. O Will estava certo, com o tempo isso vai melhorando, era só coisa da minha cabeça, pelo visto o remédio está ajudando.
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