SAKURA
Alguns meses se passaram e cada um dos integrantes do Team Taka teve seus próprios motivos para deixar o time, Juugo entendeu que não poderia depender de Sasuke para sempre, já Suigetsu resolveu voltar para próximo do Orochimaru e Karin decidiu que passaria um tempo sozinha em sua cidade natal, mas prometeu nos encontrar em alguns meses. Ela disse que eu queria estar lá quando Sarada nascesse.
Particularmente, continuo achando estranho ser amiga de uma pessoa que gostava do meu namorado, ainda mais sabendo que essa pessoa estava disposta a fazer tantos sacrifícios quanto eu para estar com ele, mas o que mudou dentro de mim foi que passei a admirar Karin. Entendi que há laços de todos os formatos e, o que antes era um desejo carnal, hoje se tornou em profundo respeito e admiração por ele (e pela família que estamos prestes a formar). Arrisco dizer que a Karin ficou quase tão feliz quanto o Sasuke ao descobrir que eu estava grávida.
Há um tempo resolvemos parar em uma aldeota. Eu ia dizer que estávamos cansados, mas, na verdade, eu era quem estava e não conseguia mais andar por aquele dia. Logo na entrada da aldeia senti um cheiro maravilhoso de takoyaki. Quando abri os meus olhos e olhei para a rua principal, vi que ela estava cheia de gente e de barraquinhas de comida. Logo presumi que estava ocorrendo um festival por ali.
- Você ainda gosta de takoyaki? - Sasuke perguntou, curioso.
- Não esperava que você fosse lembrar. - Respondi e ele me devolveu aquele sorriso, o que eu tinha certeza de que ninguém mais havia visto além de mim.
Sasuke se afastou de mim e foi em direção à barraquinha de takoyaki e eu novamente me permiti admirar o lugar. O céu estava limpinho e azul, o calor estava mais ameno há alguns dias devido à proximidade da primavera e os botões das flores já começavam a brotar nas árvores. Ouvia muitas pessoas falando ao mesmo tempo, e acabei parando meus olhos em uma família. Mãe, pai e filha. A filha contava toda animada para o pai sobre como descobriu um parque divertido com seus colegas e que queria que o pai a levasse lá novamente. Devido à pouca idade, ela não soube explicar exatamente a localização desse parque e enquanto o pai fazia um esforço (visivelmente) grande para imaginar como era o lugar, a mãe dava risada em olhar para a cara do pai. Me peguei imaginando se quando o nosso filho estivesse com a mesma idade, ele também se empolgaria por coisas pequenas e faria questão de mostrar ao pai os seus lugares favoritos na aldeia ou se seria uma criança mais tímida e reclusa, que ia gostar de passar seus dias dentro do quarto.
Sasuke me entregou o takoyaki e antes que eu pudesse agradecê-lo, ouvimos o grito de uma mulher. O barulho de conversas e risadas no festival cessou e nós nos olhamos. De repente, mais um grito, mais outro e eles ficavam cada vez mais altos e desesperados. Eu deixei o takoyaki em algum lugar e sai correndo acompanhada de Sasuke para a direção dos gritos.
Entramos em um beco escuro e logo avistamos uma mulher, dois homens e uma criança, um dos homens chutava o outro enquanto o segundo homem estava encolhido no chão, gemendo de dor a cada chute. A mulher abraçava a criança com o rosto dela virado contra sua barriga, provavelmente, ela não queria que essa menininha olhasse para aquela cena. O agressor pareceu não notar a nossa presença e Sasuke tomou vantagem disso.
Ao perceber o quanto aquilo iria afetar a mãe e a criança, Sasuke atraiu o ladrão para outra parte do beco, mais deserta ainda. Enquanto o foco dele era parar a espancamento, eu me foquei na criança e na mulher. Quando cheguei mais perto percebi o choro da criança, a coitadinha parecia estar em pânico.
- O que houve aqui? - Perguntei à mulher.
- Estávamos brincando de tiro ao alvo no festival, de repente um homem sacou uma faca e começou a nos ameaçar pedindo dinheiro. Meu marido disse que não tínhamos e ele se irritou, trouxe o meu marido até esse beco e começou a bater nele, acho que ficou frustrado por sermos pobres. - Ela começou a ficar com a respiração mais ansiosa enquanto falava. - Eu não sabia o que fazer, então virei a cabeça de Yuri para a minha barriga e comecei a gritar, na esperança de que alguém pudesse vir nos ajudar. - Ela abaixou a cabeça, fungando. Ela estava chorando demais e não sei de onde tirou forças para gritar tanto.
- Meu namorado é um Segundo Jonnin, ele vai dar um jeito nesse ladrãozinho de merda. Sinto muito que vocês tenham passado por isso, mas vai ficar tudo bem. Esse cara nunca mais vai incomodar vocês. - Conforme fui conversando com a mãe, a criança foi se acalmando e a mãe já não chorava mais.
- Eu vou dar uma olhada nos ferimentos do seu marido e ver se posso fazer algo por ele. Eu sou uma ninja médica de Konohagakure, você pode confiar em mim, certo? - Disse com um sorriso amigável e a mulher assentiu, esboçando um sorriso fraco.
Enquanto eu me aproximava do homem, ouvi ela dizendo:
- Yuri, está tudo bem agora, pode olhar para a frente. - Logo em seguida, uma voz feminina disse.
- Eu estou com medo e não quero ver o papai machucado. - Ela implorava.
- Estamos bem agora, aquela moça de cabelo rosa é médica, ela vai ajudar o papai, filha. - Tive dúvidas se ela estava dizendo isso para acalmar a filha ou a ela mesma.
- Eu posso cuidar dos primeiros socorros, mas vai ser necessário levá-lo a um hospital. Ele está perdendo bastante sangue e isso pode ser fatal. Vou fazer o possível para estancar o sangramento com ninjutsu médico, mas ele precisa de tratamentos com drogas e materiais que eu não tenho acesso.
- Muito obrigada por pelo menos tentar, doutora, meu marido e minha filha são tudo o que eu tenho. - Ela disse enquanto se aproximava de mim e do homem deitado no chão.
Após algum tempo, Sasuke retornou e nos disse que tinha levado o ladrão para a polícia e que também tinha pedido que levassem o pai de Yuri a algum hospital e que a partir de agora as autoridades da vila cuidariam disso. A moça ficou oferecendo tudo o que tinha para nos agradecer, eu fiquei tão constrangida, afinal, durante as missões que me eram dadas em Konoha eu era paga para fazer essas coisas. Disse que a forma que ela poderia usar para me agradecer era levar Yuri para Konoha dali a alguns anos. Eu fiquei muito sensibilizada com que uma criança tão pequena presenciou toda aquela cena horrível, assim como Sasuke, ela agora estava na lista das crianças que terão problemas para dormir, fazer amigos e amar no futuro. Tudo porque um dia alguém decidiu perturbar a paz deles. Assim que o meu filho nascer e eu puder voltar para Konoha, eu vou abrir um hospital focado no bem-estar mental de crianças de pós-guerra ou pós-situações tão traumáticas quanto essa de hoje. Eu preciso estudar, preciso entender o que essas crianças precisam. Preciso entender como parar o ciclo de ódio e amargura que pode vir de corações despedaçados de forma tão brutal em tão tenra idade.
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