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História Só te peço uma chance. - Harry Potter e a Pedra Filosofal - As cartas de ninguém e quem será que vem?


Escrita por: LAPSPotterBlack

Notas do Autor


Eu sei que desapareci! Mas sério, tive uns problemas horrorosos esses últimos dias, o colégio não colabora mas não vou reclamar! Agora vou adiantar as coisas e essa semana sairá ao menos mais dois!

Beijos com Nutella!

Capítulo 8 - As cartas de ninguém e quem será que vem?


Fanfic / Fanfiction Só te peço uma chance. - Harry Potter e a Pedra Filosofal - As cartas de ninguém e quem será que vem?

Estavam a fazer a pior loucura do mundo. Juntar na mesma sala pretérito, presente e futuro.


Remo


Constrangimento era a cara de Remo. Nunca pensara em revelar para tantos e dessa forma seu “problema peludo”. O que o fazia um monstro. As cicatrizes ainda estavam lá para mostrar o que ele é outros de sua espécie poderiam fazer. Já tinha recebido mais abraços que poderia contar. Tiago e Sirius, seus irmãos, melhores amigos. Ariana, que faltara bater nele, gritando que era uma animaga registrada e que poderia tê-los acompanhado a vida inteira. Lílian, que daquele modo dela, sorrindo como uma irmã, abraçou-o e disse que não entendia, pois não havia passado, mas que comprometia a ajudar. Marlene, que disse que era um burro de se achar um monstro, pois o irmão dela tinha licantropia e era um ser humano normal, como qualquer outro, e como ela revelou-lhe em segredo, Adam McKinnon era autor de “Focinho peludo, coração humano”, uma obra de autor anônimo, lançado em 1975. Alice e Frank não julgavam por isso, fato que surpreendeu-o, visto que Alice era capaz de julgar com um olhar. E quanto a Snape, ele podia viver com aquilo, e mais, ele sabia tinha tempos.
— Remo, para de fazer cara de vergonha, vem ler o livro! — Sirius berrou, já jogado no sofá, a cabeça deitada no colo de Ariana. Lílian tinha, para o susto de Remo, que nunca julgara que viveria o bastante para isso, a cabeça encostada no peito de Tiago. A menina de longos cabelos negros, agora trançados em um coque para que parassem de lhe cair sobre a testa, olhava a chave de portal com certa preocupação. Harry ria junto dos amigos, enquanto os pais do mesmo sorriam. Remo não sabia ainda o que diabos passava-se com os amigos, mas veria logo. Ele sentou-se em um pufe, enquanto o livro vinha imediatamente para a mão de uma das garotas, Hermione, ele achava.
— Bom, Ana Laura, posso começar? — ela concordou com a cabeça antes da menina abrir o livro — As cartas de ninguém.
— Hogwarts! — todos exclamaram em uníssono.


A fuga da jiboia brasileira rendeu a Harry o seu castigo mais longo. Na altura em que lhe permitiram sair do armário, as férias de verão já haviam começado e Duda já quebrara a nova filmadora, acidentara o aeromodelo e, na primeira vez que andara na bicicleta de corrida, derrubara a velha Sra. Figg quando ela atravessava a Rua dos Alfeneiros de muletas.

— VOCÊ FICAVA SEM ESTUDAR?! — foi o grito de Lílian, que estava tão vermelha que mal sabia diferenciar seus cabelos de seu rosto, olhando hora para a irmã, hora para os jovens.

— Dependendo do castigo, sim… ficava no armário. Eles só conseguiram esquecer que tinha um jeito de eu sair. Saia de madrugada para ir à cozinha, e às vezes no quarto de brinquedos do Duda. Pegava os livros. — Lílian respirou fundo para não chorar, sendo necessário Tiago a abraçar com mais força. Mudaria aquilo nem que tivesse de morrer para que o filho e a filha ficassem com a mãe, mas tivessem uma infância amorosa.

Harry ficou contente que as aulas tivessem acabado, mas não conseguia escapar da turma de Duda, que visitava a casa todo dia.

Pedro, Dênis, Malcolm e Gordon eram todos grandes e burros, mas como Duda era o maior e o mais burro do bando, era o líder.

— Que jeito inteligente de escolher um líder! — exclamaram juntos Tiago, Sirius e Remo, com ironia. Catherine nem precisava ser vidente para ouvir a próxima fala, dessa vez de Snape.

— Uma coisa em que vocês se assemelham.

Os demais ficavam bastante felizes de participar do esporte favorito de Duda: perseguir Harry.

— QUEM VAI PERSEGUI-LOS SOMOS NÓS!! — Foi o grito furioso de Ariana, Tiago e Sirius, enquanto Hermione bufava. Se a interrompessem a cada parágrafo, seria difícil terminar a leitura.

Por esta razão, Harry passava a maior parte do tempo possível fora de casa, perambulando e pensando no fim das férias. A única pessoa com a qual às vezes conversava era uma menina mais velha. Ela não morava na mesma rua que ele, mas em uma mais abaixo, a rua das Fiações, e costumava dizer-lhe que ele podia esperar grandes coisas de si mesmo. Raras as vezes, quando ela achava algum dinheiro nos bolsos das roupas de couro negro, dava-lhe metade para comprar algo na confeitaria local. Mas não via muito das tais grandes coisas que ela dizia, mas ao fim das férias conseguia vislumbrar um raiozinho de esperança. Quando setembro chegasse, ele iria para a escola secundária mas, pela primeira vez na vida, não estaria em companhia de Duda. Duda tinha uma vaga na antiga escola de tio Válter, Smeltings. Pedro ia para lá também. Harry por outro lado, ia para a escola secundária local. Duda achava muita graça nisso.

— Já sabemos que sou eu, não precisam interromper para falar! E de fatos, grandes coisas você fez, menino Potter. — ele riu antes de trocar um high-five com ela. Fora a única a quem confiara antes de Hogwarts.

— Eles metem a cabeça dos garotos no vaso sanitário no primeiro dia de escola — contou ele a Harry — quer ir lá em cima praticar?

— Não, obrigado — respondeu Harry. — O coitado do vaso nunca recebeu nada tão horrível quanto a sua cabeça, é capaz de passar mal.

— HAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Lílian, você está lascada! Ele herdou o senso de humor do Tiago! Vai ouvir muito durante a vida.

— Ari, convenhamos, esse menino tava’ pedindo de joelhos para ouvir uma resposta dessas! Agora, Hermione querida, continue por favor, tenho planos de conseguir terminar esse capítulo essa semana, mas com tamanhas interrupções está difícil. — a garota sorriu para Lílian antes de voltar sua atenção a leitura.

E correu antes que Duda conseguisse entender o que dissera.

— Podia ter ficado na sala, ele não entenderia, é muito lerdo para isso… — Selena disse em voz alta, causando risadas em Harry. A amiga conhecia-o até bem pelo fato de serem “vizinhos” por assim dizer.

Certo dia de julho, tia Petúnia levou Duda a Londres para comprar o uniforme da Smeltings e deixou Harry com a Sra. Figg.

A Sra. Figg não estava tão ruim quanto de costume. Afinal, fraturara a perna porque tropeçara em um dos gatos e não parecia gostar tanto deles quanto antes. Deixou Harry assistir a televisão e lhe deu um pedaço de bolo de chocolate que pelo gosto parecia ter muitos anos.

— Pena você não poder ficar lá em casa, mas você iria morrer de tédio com meu irmão reclamando do fato de “mais uma vez o prof. Dumbledore escolheu outro acéfalo para lecionar DCAT e deixou-o entalado com os energúmenos alunos de poções”… — Selena cochichou para os amigos em um tom baixíssimo, sendo os únicos a ouvir eles próprios.

Naquela noite, Duda desfilou para a família reunida na sala de estar vestindo o uniforme novo da Smeltings. Os alunos da Smeltings usavam casaca marrom-avermelhada, calções cor de laranja e chapéus de palha. Carregavam também bengalas nodosas, que usavam para bater uns nos outros quando os professores não estavam olhando – isto era considerado um bom treinamento para o futuro.

— Quem é o rematado energúmeno que considera isso um treinamento para o futuro? — a professora Minerva perguntou, causando risinhos nos do futuro.

— O doente mental do diretor desse colégio, suponho eu… — Catherine disse, nervosa já com a próxima parte da leitura.

Ao contemplar Duda nos calções laranja novos, tio Válter disse com a voz embargada que aquele era o momento de maior orgulho em sua vida. Tia Petúnia rompeu em lágrimas e disse que não podia acreditar que era o seu Dudinha, estava tão bonito e adulto.

— Srta. Petúnia, eu, Tiago Potter, atesto que você e seu marido tem seríssimos problemas mentais de considerar isso uma coisa bonita! Meu bom Jesus! Cruz em credo, vou ficar com tal imagem na minha mente o resto de meus dias, superou a horrorosa imagem daquele dia que entrei no quarto do Sirius sem bater na porta... — Sirius e Tiago olharam-se antes de Tiago se refrear, enquanto Ariana olhou para Tiago dizendo tudo com os olhos. “Fale algo que eu lhe juro que será a última coisa antes de morrer”.

— Mamãe e Papai, tenho uma perfeita noção do que padrinho Pontas viu. E realmente, espero que ele não explique. — Sirius e Ariana coraram, enquanto a menina sorria fraco para ambos.

Harry não confiou no que poderia dizer. Achou que duas de suas costelas talvez já tivessem partido só com o esforço para não rir.

— Harry, até hoje…
— Procuro entender…
— Como mantinha-se…
— Sério…
— Nesses momentos! — Jorge foi o último a completar as frases. Harry sorriu ao ver o ruivo de bandana sorrindo novamente. Tinha quase um ano que ele não via o amigo rir. Mal dava para ver no agora risonho rapaz o jovem quase sempre embriagado e com os nós dos dedos sangrando devido a um murro em algum espelho. Ele entendia o amigo. Devia ser difícil ver o irmão morto em batalha só por ver seu próprio reflexo, ouvi-lo somente por falar algo.

Havia um cheiro horrível na cozinha na manhã seguinte quando Harry entrou para o café da manhã. Parecia vir de uma panela de metal dentro da pia. Ele se aproximou para espiar.

A tina aparentemente estava cheia de trapos sujos que boiavam na água cinzenta.

— O que é isso? — perguntou à tia Petúnia.

Os lábios dela se contraíram como costumavam fazer quando ele se atrevia a fazer uma pergunta.

— O seu uniforme novo de escola — respondeu.
 
— PETÚNIA EU VOU TE AFOGAR NESSA TINA D’ÁGUA! CARAMBA MULHER, É SEU SOBRINHO! — Lílian gritou, perdendo as estribeiras com a irmã, que grudou o corpo no pufe, tentando afastar o rosto da varinha da irmã, que mantinha-a apontada para o nariz da outra. Ela sentiu uma mão em seu ombro antes de virar-se, dando de cara com Tiago.
— Ela não merece nem sua decepção, Lírio. Vamos mudar isso, se Merlin abençoar ele nem vai precisar saber que tem tia. — Lílian concordou com a cabeça, abraçando Tiago, para o susto de todos, e sentando-se de volta.

Harry espiou para dentro da tina outra vez.

— Ah — comentou — eu não sabia que tinha que ser tão molhado.

— Seja mesmo irônico Harry! Realmente, isso já chega a ser medonho!

— Não seja idiota — retorquiu tia Petúnia com rispidez. — Estou tingindo de cinza umas roupas velhas de Duda para você. Vão ficar iguaizinhas às dos outros quando eu terminar.

— AGORA JÁ CHEGA PETÚNIA LAURA EVANS! — Lílian gritou junto de Ariana, que com um berro de um feitiço, conseguiram transformar o vestido de avental de Petúnia em uma roupa que poderia ser dada como um blusão cinza e sujo — Isso é para você ver quão maravilhoso é usar roupas assim! Uma coisa é roupas de segunda mão, outra bem diferente é esse descaso! E não reclame, e se alguém arrumar isso, eu vou azarar de uma forma que nunca julgaram capazes! — Lílian disse, em um só fôlego, fazendo Fred conversar com os marotos.

— Como…
— Você aguentou? Ela…
— Dá medo! — Fred finalizou a fala, fazendo os Marotos rirem baixo.

Harry tinha sérias dúvidas, mas achou melhor não discutir.

Sentou-se à mesa e tentou pensar na aparência que teria no primeiro dia de aula – como se estivesse usando retalhos de pele de elefante velho, provavelmente.

— Harry, suas comparações são as melhores! Elefante velho? Realmente, aonde foi seu bom humor quando entrou em Hogwarts? Morreu? — Catherine perguntou, fazendo Harry rir.
— Meu bom humor era só mentalmente, se eu falasse era peia, então eu ficava quieto… — ela abraçou o namorado, que a beijou nos lábios, antes de serem interrompido por uma tosse aparentemente bem falsa de Sirius.
— Demonstrações de afeto no… 
— Certeza Papai? Aqui ao menos você tem a certeza que só vamos ficar nos beijinhos, já no quarto… — Sirius fechou mais ainda a cara, fazendo todos rirem dele e de Harry, que corou com a fala da namorada.

Duda e tio Válter entraram ambos com os narizes franzidos por causa do cheiro do novo uniforme de Harry. Tio Válter abriu o jornal como sempre fazia e Duda bateu na mesa com a bengala da Smeltings, que ele carregava para todo lado.

Ouviram o clique da portinhola para cartas e o som da correspondência caindo no capacho da porta.

— Apanhe o correio, Duda — disse tio Válter por trás do jornal.

— ELE MANDOU O FILHO FAZER ALGUMA COISA? QUE MILAGRE! — Catherine, Ariana, Tiago, Sirius, Remo, os Weasley e Selena gritaram.
— Creio que a primeira vez na vida… — Harry disse, rindo fraco.

— Mande o Harry apanhar.

— Apanhe o correio, Harry.

— Mande o Duda apanhar.

— Cutuque ele com a bengala da Smeltings, Duda.

Harry se esquivou da bengala da Smeltings e foi apanhar o correio. Havia três coisas no capacho: um postal da irmã do tio Válter, Guida, que estava passando férias na ilha de Wight, um envelope pardo que parecia uma conta e uma “carta para Harry”.

Harry apanhou-a e ficou olhando, o coração vibrando como um elástico gigante. Ninguém, jamais, em toda a sua vida, lhe escrevera. Quem escreveria? Ele não tinha amigos, nem outros parentes, não era sócio da biblioteca, apenas entrara lá com um cartão que pegara da menina da rua das fiações, que lhe entregara o dela a cerca de três anos, dizendo que iria para um internato e que não precisaria mais, portanto, quaisquer reclamações iriam para ela e não para ele, de modo que jamais recebera sequer os bilhetes grosseiros pedindo a devolução de livros. Contudo, ali estava, uma carta, endereçada tão claramente que não podia haver engano.

Sr. H. Potter

O Armário sob a Escada

Rua dos Alfeneiros, 4

Little Whinging Surrey

— Só pode ser Hogwarts, apenas eles saberiam que você morava debaixo da escada. — Régulo disse baixo, enquanto o irmão afirmava a frase do menino com a cabeça.
— Está certo Reg. Apenas Hogwarts saberia. — o menino sorriu fraco para o irmão. O uso do apelido o animara e muito. De repente não sentia-se mais tão isolado naquela sala.

O envelope era grosso e pesado, feito de pergaminho amarelado e endereçado com tinta verde-esmeralda. Não havia selo.

Quando virou o envelope, com a mão trêmula, Harry viu um lacre de cera púrpura com um brasão – um leão, uma águia, um texugo e uma cobra circulando uma grande letra “H”.

— ESTAVA DEMORANDO! Hogwarts vai te buscar desse quintos de Judas onde te enfurnaram! — Sirius gritou, fazendo Hermione levantar-se.
— Não sei vocês, mas pretendo comer hoje, e só iremos almoçar depois dessa leitura! – Sirius imediatamente calou a boca. Não iria atrasar seu almoço.

— Anda depressa, moleque! — gritou tio Válter da cozinha. — Fazendo o quê, procurando cartas-bombas? — E riu da própria piada.

Sirius ajoelhou-se no chão, junto de Tiago e dos gêmeos, parecendo procurar algo e resmungando “não acho!”, até Rony perguntar.
— O que vocês não estão achando?
— Ora Roniquinho…
— Não estamos…
— Achando a…
— Graça da piada uai! Cadê ela, a graça? — Sirius que terminou a fala dessa vez, fazendo todos rirem. Aqueles quatro juntos ainda causariam a destruição de Hogwarts.

Harry voltou à cozinha, ainda de olhos fixos na carta. Entregou a conta e o postal ao tio Válter, sentou-se e começou a abrir lentamente o envelope amarelo.

Tio Válter rasgou o envelope da conta, deu um bufo de desdém e virou o postal.

— Guida está doente — informou à tia Petúnia. — Comeu um marisco suspeito…

— Pai! — exclamou Duda de repente. — Pai, Harry recebeu uma carta!

— DEDO DURO! BEM PROVA QUE TEM PARENTESCO COM A LÍLIAN! ELA QUE GOSTA DE SAIR DEDURANDO NOSSAS MAROTICES! — Lílian mostrou língua para os marotos, que ficaram surpresos por ela estar levando na brincadeira. Fosse outra época, ela já teria lhes dado um ano de detenções.

Harry ia desdobrar a carta, escrita no mesmo pergaminho que o envelope, quando tio Válter arrancou-a de sua mão.

— É minha! — disse Harry, tentando recuperá-la.

— Quem iria escrever para você? — zombou tio Válter, sacudindo a carta com uma das mãos para desdobrá-la e percorrendo com o olhar.

— Hogwarts, seu trouxa! Dã! — Sirius e Tiago gritaram, fazendo todos rirem menos Severo e Petúnia.

Seu rosto passou de vermelho para verde mais rápido que um sinal de tráfego. E não parou aí. Segundos depois ficou branco-acinzentado, cor de mingau de aveia velho.

— Que nojo! Credo, superou a bizarra cena do uniforme do moleque! — Sirius disse, fazendo-os rir. Alice, que tinha tomado uma birra de Válter na leitura, concordou enfaticamente com a cabeça.

— P-P-Petúnia! — ofegou.

Duda tentou agarrar a carta para lê-la, mas tio Válter segurou-a no alto fora do seu alcance. Tia Petúnia apanhou-a cheia de curiosidade leu a primeira linha. Por um instante pareceu que ela talvez fosse desmaiar. Levou as duas mãos à garganta e produziu ruído de engasgo.

— Válter! Ah, meu Deus, Válter!

— Dois enormes dramáticos! Por isso deram certo. Meu Jesus… agora me pergunto cadê papai e mamãe para impedirem essa merda que a Petúnia está fazendo… — Lílian disse baixo, agora preocupada com os pais.

Eles se encararam parecendo ter esquecido que Harry e Duda continuavam na cozinha. Duda não estava acostumado a ser desprezado. Deu uma bengalada forte na cabeça do pai.

— E nesse momento, se fosse meu filho, já teria perdido a cabeça! Neville, espero realmente, que nunca na vida faça algo do tipo comigo, estou sendo clara? — Alice disse ao menino, que afirmou com a cabeça tristemente. Não teria chance de fazer nem se desse a louca nele. Daria tudo para apenas ter tido um abraço da mãe durante a infância.
— Jamais mamãe. — ele afirmou, antes da mulher puxa-lo para um abraço, que ele não recusou.

— Quero ler esta carta — falou alto.

— Quero lê-la — disse Harry furioso — porque é minha…

— O argumento mais coerente que o Harry já usou na vida! – Rony gritou, fazendo Harry revirar os olhos, enquanto Hermione e Catherine riam.

— Saiam, os dois — ordenou com voz rouca tio Válter, enfiando a carta no envelope.

Harry não se mexeu.

— QUERO MINHA CARTA! — Gritou.

— Aqui está o genes Evans se manifestando! — Tiago cochichou para o menino, que riu baixo do pai.

— Me deixa ver! — exigiu Duda.

— Fora! — berrou Tio Válter, e agarrando os dois, Harry e Duda, pelo cangote, atirou-os no corredor e bateu a porta da cozinha.

Harry e Duda na mesma hora tiveram uma briga furiosa, mas silenciosa, para saber quem ia escutar à fechadura. Duda ganhou, por isso Harry, os óculos pendurados em uma orelha, deitou-se de barriga no chão para escutar pela fresta entre a porta e o chão.

— Válter — disse tia Petúnia com voz trêmula — olhe só o endereço. Como é que eles poderiam saber onde ele dorme? Você acha que estão vigiando a casa?

— Vigiando, espionando, talvez nos seguindo — murmurou tio Válter enlouquecido.

Harry via os sapatos pretos lustrosos do tio Válter andando para cá e para lá na cozinha.

— Não — disse ele decidido. — Não, vamos ignorá-la. Se não receberem uma resposta… É, é o melhor… Não vamos fazer nada…

— Mas…

— Não vou ter um deles em casa, Petúnia! Nós não juramos quando o recebemos que íamos acabar com aquela bobagem perigosa?

— Perigoso é você! Ou esqueceu que surrou um menino de dez anos por uma coisa que ele não tinha o mínimo controle?! Seu filho de uma… — Tiago xingou alto, não apenas desse, mas de dezenas de outros xingamentos, ignorando totalmente a presença dos pais, professores, futuros parentes e amigos. Realmente estava furioso.

Aquela noite, quanto voltou do trabalho, tio Válter fez uma coisa que nunca fizera antes, visitou Harry no armário.

— Cadê minha carta? — perguntou Harry, no instante em que tio Válter se espremeu pela porta. — Quem me escreveu?

— Ninguém. Endereçaram a você por engano — disse tio Válter secamente. — Queimei a carta.

— Não foi um engano — retrucou Harry com raiva — tinha o endereço do meu armário.

— CALADO! — gritou tio Válter e algumas aranhas caíram do teto. Ele inspirou algumas vezes e então fez força para produzir um sorriso que pareceu bem penoso. — Hum, sim, Harry, sobre este armário. Sua tia e eu estivemos pensando… Você realmente está ficando grande demais para ele… Achamos que seria bom se você se mudasse para o segundo quarto de Duda.
 
— Eu escutei DIREITO!? SEGUNDO QUARTO? VOCÊ DORMIA EM UM ARMÁRIO E ELE TINHA UM SEGUNDO QUARTO?! — Tiago gritou alto, o rosto vermelho e os óculos já caindo pela velocidade em que levantou-se. Harry afirmou com a cabeça, dizendo.
— Ele tinha um quarto para os brinquedos que não cabiam no primeiro. E pai, as coisas pioram, não surta agora. E vamos evitar isso, fica calmo… conseguiremos evitar. — o pai olhou para o filho com pesar de que um menino aparentemente tão bom tivesse de passar por tantas coisas.

— Por quê? — perguntou Harry.

— Não faça perguntas a menos que deseje apanhar — disse com rispidez o tio. — Leve essas coisas para cima agora.

— Ele não disse nada de mais! E quem vai desejar apanhar vai ser você depois do tamanho do Cruciatus que eu te lançarei! — Ariana disse, fazendo Catherine e Harry trocarem um olhar maroto.

A casa dos Dursley tinha quatro quartos: um para tio Válter e tia Petúnia, um para hóspedes (em geral a irmã de tio Válter, Guida), um onde Duda dormia e um onde Duda guardava todos os brinquedos e pertences que não cabiam no primeiro quarto. Harry precisou de apenas uma viagem para mudar tudo o que tinha do armário para o quarto no andar de cima.

Sentou-se na cama e deu uma olhada à sua volta. Quase tudo ali estava quebrado. A filmadora com apenas um mês de uso estava jogada em cima de um pequeno tanque com que certa vez Duda atropelara o cachorro do vizinho, no canto estava o primeiro televisor de Duda, no qual ele enfiara o pé quando seu programa favorito fora cancelado, havia uma grande gaiola de pássaros, antigamente habitada por um papagaio que Duda trocara na escola por uma espingarda de ar de verdade, e que estava guardada numa prateleira com a ponta dobrada porque Duda se sentara em cima dela. Outras prateleiras estavam cheias de livros. Eram as únicas coisas no quarto que pareciam nunca ter sido tocadas.

— As vezes, se lesse ficaria menos burro… — Euphemia Potter e Molly Weasley comentaram em única voz.

Lá de baixo veio o barulho de Duda gritando com a mãe:

— Eu não o quero lá… Eu preciso daquele quarto… Mande-o sair!

Harry suspirou e se esticou na cama. Ontem ele teria dado qualquer coisa para estar ali. Hoje, preferia estar no seu armário com aquela carta do que ali em cima sem ela. Na manhã seguinte, no café, todos estavam muito quietos. Duda estava em estado de choque.

Berrara, batera no pai com a bengala, vomitara de propósito, dera pontapés na mãe e atirara sua tartaruga pelo teto da estufa de plantas e nem assim conseguira o quarto de volta. Harry pensava no dia anterior àquela hora, desejando com amargura que tivesse aberto a carta no hall. Tio Válter e tia Petúnia se entreolhavam, ameaçadores.

Quando o correio chegou, tio Válter, que parecia estar tentando ser agradável com Harry, fez Duda ir buscá-lo. Eles o ouviram bater nas coisas do corredor com a bengala da Smeltings. Então ele gritou:

— Chegou outra!

— Menino mais retardado meu Merlin! Se queria ler por que gritou?! — dessa vez, Remo comentou, chocado. Isso já ultrapassava os níveis da simples burrice.

Sr. H. Potter,

O Menor Quarto da Casa

Rua dos Alfeneiros 4…

Com um grito sufocado, tio Válter saltou da cadeira e saiu correndo pelo corredor, Harry logo atrás dele. Tio Válter teve que lutar e derrubar Duda no chão para lhe tirar a carta, o que foi dificultado por Harry, que agarrara o pescoço do tio Válter por trás.

Depois de um minuto confuso de luta, em que todos levaram varias bengaladas, tio Válter se endireitou, ofegante com a carta de Harry apertada na mão.

— Vá para o seu armário, quero dizer, para o seu quarto — chiou para Harry — Duda, saia, saia logo.

Harry deu voltas e mais voltas no novo quarto. Alguém sabia que ele se mudara do armário e parecia saber que ele não recebera a primeira carta. Isto significava com certeza que ia tentar outra vez. E desta vez ele tomaria providências para que desse certo.

Tinha um plano.

— Que para variar não funcionou… — os de 1998 disseram em uníssono, causando um rubor em Harry.

O despertador consertado tocou às seis horas na manhã seguinte. Harry desligou-o depressa e se vestiu em silêncio.

Não podia acordar os Dursley. Desceu as escadas sorrateiro sem acender nenhuma luz.

Ia esperar pelo carteiro na esquina da Alfeneiros e receber primeiro as cartas endereçadas ao numero quatro. Seu coração batia com força quando atravessou sem ruído o corredor escuro até a porta de entrada.

— Excelente plano, se as cartas viessem pelo correio! Harry deixa de ser burro! — Catherine disse, causando risinhos nos amigos.
— Amor, eu tinha 10 anos e não sabia de nosso mundo, portanto, para mim, o único jeito viável de uma carta chegar era pelo correio!

— AAAAARRRRRREEE!!!

Harry deu um salto no ar, pisara em alguma coisa grande e mole no capacho, uma coisa viva!

As luzes se acenderam no primeiro andar e, para seu horror, Harry percebeu que a coisa grande e mole tinha a cara do tio Válter estava dormindo junto à porta de entrada em um saco de dormir para impedir que Harry fizesse exatamente o que estava tentando fazer. Gritou com Harry quase meia hora e depois das costumeiras cintadas nas pernas e costas por tentar-lhe enganar, lhe disse para ir preparar uma xícara de chá. Harry foi para a cozinha, arrastando os pés, infeliz e dolorido, e quando conseguiu voltar, o correio tinha sido entregue, bem no colo de tio Válter. Harry viu três cartas endereçadas em tinta verde.

— Sangue-ruim, debilóide, rematado, energúmeno, filho de um trasgo… — todos xingavam sem preocupar-se com professores. Verdade seja dita, até mesmo Minerva xingara o homem, e Dumbledore o olhava como se ainda não compreendesse o porquê de larga-lo com aqueles trouxas.

Tio Válter não foi trabalhar naquele dia. Ficou em casa e pregou a portinhola para cartas.

— Entende — explicou à tia Petúnia por entre os lábios cheios de pregos — se eles não puderem entregar, então terão de desistir.

— Não tenho muita certeza de que isto vai dar certo, Válter.

— Petúnia mostrando que ainda tem um cérebro primitivo debaixo dessa cabeleira loira tingida! É óbvio que isso não dará certo! — O quarteto de garotas de 1977 disse. Todas conheciam Petúnia das idas à casa dos Evans. Enquanto os pais de Lílian eram totalmente agradáveis e simpáticos com as amigas da filha, Petúnia era o perfeito oposto.

— Ah, a cabeça dessa gente funciona de maneira estranha, Petúnia. Eles não são como você e eu — disse tio Válter, tentando bater um prego com um pedaço de bolo de frutas que tia Petúnia acabara de lhe trazer.

— Eu devo considerar isso um elogio. — Régulo e Sirius disseram em uníssono, causando um sorriso mínimo em Catherine e Ariana. Elas ainda tinham esperanças do acerto dos irmãos.

Na sexta-feira chegaram nada menos que doze cartas para Harry. Como não passavam pela portinhola da correspondência, tinham sido empurradas por baixo da porta, metidas pelos lados e algumas até forçadas pela janelinha do banheiro no térreo. Tio Válter ficou em casa de novo. Depois de queimar todas, apanhou martelo e pregos e fechou com tábuas as frestas das portas da frente e dos fundos, de modo que ninguém podia sair.

— ELE TRANCAFIOU TODOS DENTRO DE CASA? ELE É LOUCO? — eram os gritos abismados de todos da saleta. Até mesmo Petúnia chocará-se agora. Até que nível chegava esse homem que ela chamava de namorado?

Cantarolou “Pé ante pé no campo de tulipas” enquanto trabalhava, e se assustava com qualquer ruído.

No sábado as coisas começam a fugir ao seu controle. Vinte e quatro cartas acabaram entrando em casa enroladas e escondidas em duas dúzias de ovos que o leiteiro, muito confuso, entregara à tia Petúnia pela janela da sala de estar. Enquanto tio Válter dava telefonemas furiosos para o correio e a leiteria tentando encontrar alguém a quem se queixar, tia Petúnia picava as cartas no processador de alimentos.

— Se tivessem me avisado eu teria dado um jeito de entregar! — Selena disse para Harry que sorriu. Realmente, a amiga daria um jeito de entregar a carta, mesmo que tivesse de fazer mágica fora de casa. Se bem que as mágicas rastreavam o local, e não quem a fez.


— Mas quem é que quer falar tanto assim com você? — Duda perguntou espantado a Harry.

— Hogwarts, seu parvo! — Catherine disse junto de Hermione, embora a mesma não tenha dito o xingamento.

Na manhã do domingo, tio Válter sentou-se à mesa do café parecendo cansado e um tanto doente, mas feliz.

— Não tem correio aos domingos — lembrou a todos, contente passando geleia nos jornais — nada de cartas idiotas hoje…

— Ele está doido… e correto. Não tem correio TROUXA aos domingos. 

Alguma coisa desceu chiando pela chaminé do fogão enquanto ele falava e bateu com força em sua nuca. No instante seguinte, trinta ou quarenta cartas saíram velozes da lareira como se fossem tiros. Os Dursley se abaixaram, mas Harry deu um salto no ar para apanhar uma…

— UHHHHHHUUUUUU! Harry, agora mais uma vez você me provou que será um excelentíssimo apanhador! Estou louco para chegar em seu segundo ano e ver-te arrebentar no campo! — o pai disse, sorrindo e o abraçando, enquanto Catherine e Harry trocavam um olhar maroto.

— Fora! Fora!

Depois que tia Petúnia e Duda tinham corrido para fora protegendo o rosto com os braços, tio Válter bateu a porta. Eles podiam ouvir as cartas disparando para dentro da cozinha, ricocheteando nas paredes e no chão.

— Já chega — disse tio Válter, tentando falar com calma, mas ao mesmo tempo, arrancando tufos de pelos dos bigodes. — Quero vocês aqui de volta em cinco minutos prontos para sair. Vamos viajar. Ponham apenas algumas roupas nas malas. Não quero discussão!

Ele parecia tão perigoso com metade dos bigodes arrancados que ninguém se atreveu a discutir. Dez minutos depois eles tinham retirado as tábuas para passar nas portas e estavam no carro, correndo em direção a estrada. Duda fungava no banco traseiro, o pai tinha lhe dado um tapa na cabeça por atrasá-los tentando empacotar a televisão, o vídeo e o computador na mochila esportiva.

— Única disciplina que esse menino já deve ter levado em toda a miserável vida dele. — Sirius e Ariana resmungaram.

Eles viajaram no carro. E viajaram. Nem tia Petúnia se atrevia a perguntar aonde iam. De vez em quando tio Válter fazia uma curva fechada e seguia na direção oposta por algum tempo.

— Para despistá-los… Despistá-los — resmungava sempre que fazia isso.

— Os trouxas… são todos loucos assim ou temos exceções? — Régulo perguntou antes de Catherine responder.
— Tio Reg, temos exceções, esses de fato são loucos de pedra, mas temos trouxas e nascidos-trouxas simpaticíssimos! 

Não pararam para comer nem beber o dia inteiro. Quando a noite caiu, Duda estava uivando. Nunca tivera um dia tão ruim na vida. Estava com fome, sentia falta dos cinco programas de televisão que queria assistir e nunca levara tanto tempo sem explodir um alienígena no computador.

 Fred respirou fundo antes de fingir um acesso de tosse.
— Cof, cof, cof, insuportável, cof, cof, falso, cof, cof, rolha de poço, cof, cof…

Tio Válter parou finalmente à porta de um hotel de aspecto sombrio na periferia de uma grande cidade. Duda e Harry dividiram um quarto com duas camas iguais e lençóis úmidos que cheiravam a mofo. Duda roncou, mas Harry ficou acordado, sentado no peitoral da janela, espiando as luzes dos carros que passavam enquanto pensava…

Comeram cereal velho e torradas com tomates enlatados frios no café da manhã do dia seguinte. Tinham acabado de comer quando a proprietária do hotel aproximou-se da mesa.

— Com licença, mas um dos senhores é o Sr. Harry Potter? É que eu tenho umas cem dessas na recepção.

E ergueu uma carta para eles poderem ler o endereço em tinta verde:

Sr. H. Potter

Quarto 17

Railview Hotel Cokewrth

Harry tentou pegar a carta, mas tio Válter afastou sua mão. A mulher ficou olhando.

— Eu recebo as cartas — disse tio Válter, levantando-se depressa e seguindo a mulher que se retirava do salão de refeições.

— Não seria melhor simplesmente irmos para casa, querido? — tia Petúnia sugeriu timidamente horas depois, mas tio Válter não parecia ouvi-la.

Exatamente o que andava procurando ninguém sabia. Ele os levou até o meio de uma floresta, desceu do carro, espiou a volta, sacudiu a cabeça, tornou a embarcar no carro e partiram outra vez. A mesma coisa aconteceu no meio de um campo arado, no meio de uma ponte pênsil e no alto de um edifício garagem.

— Papai enlouqueceu, não foi? — Duda perguntou, cansado, à tia Petúnia no fim daquela tarde.

— Concordo com o filhote de baleia jubarte! — Sirius disse, causando risadas na sala.

Tio Válter estacionara no litoral, passara a chave no carro com todos dentro e desaparecera.

Começou a chover. Grandes gotas batiam no teto do carro.

Duda choramingou.

— É segunda-feira — falou à mãe. — O Grande Humberto vai se apresentar hoje à noite. Quero estar em algum lugar que tenha televisão.

Segunda-feira. Isto lembrou a Harry uma coisa. Se era segunda-feira e em geral podia-se confiar que Duda soubesse os dias da semana, por causa da televisão, então o dia seguinte, terça-feira, era o décimo primeiro aniversário de Harry.

— Parabéns! — Todos gritaram, fazendo Harry corar violentamente.

Naturalmente seus aniversários não eram lá muito divertidos, no ano anterior, os Dursley tinham-lhe dado um cabide e um par de meias velhas do tio Válter. Ainda assim, não se fazia onze anos todos os dias.

— Harry, saindo daqui a gente vai te comprar o equivalente a dezoito anos de presentes e você vai aceitar todos! — Sirius e Ariana disseram, Tiago e Lílian concordando a suas costas.
— Sirius, você me deu presente para uma vida, minha Firebolt foi o melhor presente, e madrinha me deu presentes todos os anos no Natal e aniversário todos os meus anos de Hogwarts. E me deu minha Nimbus 2000, em conjunto com a profª. Minerva . Então, nem venham…
— Já viemos filho! Você vai aceitar tudo, faço questão de levá-lo ao Beco Diagonal e você vai comprar o que quiser! — Harry corou olhando a família. Sabia que dizer não estava fora de alternativa. Sentia o amor que emanava daquelas pessoas, e sorriu por isso.

Tio Válter voltou sorrindo. Carregava um pacote comprido e fino e não respondeu à tia Petúnia quando ela perguntou o que comprara.

— Encontrei o lugar perfeito! — falou. — Vamos! Saiam todos!

Fazia muito frio do lado de fora do carro. Tio Válter apontou para o que parecia ser um grande rochedo no meio do mar.

Encarrapitado no alto do rochedo havia o casebre mais miserável que se pode imaginar. Uma coisa era certa, ali não havia televisão.

— Estão anunciando uma tempestade para hoje! — disse tio Válter alegre, batendo palmas. — E este senhor teve a bondade de concordar em nos emprestar seu barco!

Um homem desdentado vinha descansadamente em direção a eles, e apontava com um sorriso muito maldoso para um barco a remos velho que subia e descia nas águas cinza-grafite lá embaixo.

— Já comprei algumas rações para nós — disse tio Válter — portanto, todos a bordo!

Fazia muito frio no barco. Salpicos de água gelada do mar escorriam pelos pescoços deles e um vento cortante fustigava seus rostos. Depois do que pareceram horas, eles chegaram ao rochedo, onde tio Válter, escorregando, levou-os ate a casa em ruínas.

O interior era horrível, cheirava a algas marinhas, o vento assobiava pelas frestas nas paredes de tábuas e a lareira estava úmida e vazia. Havia apenas dois quartos.

Afinal as rações de Tio Válter eram uma embalagem de cereal para cada um e quatro bananas. Ele tentou acender a lareira, mas a embalagem de cereal apenas fumegou e carbonizou.

— Aquelas cartas viriam a calhar agora, hein? — disse ele animado.

— Agora você quer as cartas?! — Ariana gritou indignada para o livro. Era estranho ver jovens gritando para um livro como se o mesmo fosse responder, mas não havia outro jeito de descontar a raiva.

Estava de muito bom humor. Obviamente achava que ninguém teria chance de alcançá-lo ali, durante uma tempestade, para entregar cartas. Harry concordava intimamente, embora este pensamento não o animasse nem um pouco.

Quando a noite caiu, a tempestade prometida desabou ao redor deles. A espuma das altas ondas chapinhava nas paredes do casebre e um vento ameaçador sacudia as janelas imundas. Tia Petúnia encontrou uns cobertores mofados no segundo quarto e preparou uma cama para Duda ao sofá comido pelas traças. Ela e tio Válter foram se deitar na cama cheia de calombos ao lado e deixaram Harry procurar a parte mais macia do assoalho e se enrolar no cobertor mais rasgado e ralo.

Lílian começou a chorar ao ler isso. Seu filho era tratado tal qual um animal por aquela família. Tiago abraçava a ruiva e olhava com pena para o filho, que fechou os olhos. Detestava olhares de pena. Ariana e Sirius, bem como Remo, perguntavam-se onde estariam que não podiam ficar com o menino. Todos na sala teriam considerado uma honra criar o menino que derrotara Voldemort. Criariam-no com todo amor e carinho, disso tinham certeza.

A tempestade rugia cada vez com maior ferocidade à medida que a noite avançava. Harry não conseguia dormir. Tremia e revirava, tentando encontrar uma posição confortável, seu estômago roncando de fome. Os roncos de Duda eram abafados pela trovoada que começou por volta da meia-noite. O mostrador luminoso do relógio de Duda, que estava pendurado para fora do sofá em seu pulso gordo, informava a Harry que dentro de dez minutos ele completaria onze anos. Deitado, ele viu seu aniversário se aproximar, perguntando-se se os Dursley se lembrariam, perguntando-se onde estaria o remetente das cartas agora.

Faltavam cinco minutos. Harry ouviu alguma coisa estalar lá fora. Desejou que o teto não caísse, embora quem sabe conseguisse se esquentar se isto acontecesse. Quatro minutos.

Talvez a casa na Rua dos Alfeneiros estivesse tão abarrotada de cartas que quando voltasse, ele pudesse surrupiar uma.
 
— Pensamentos…
— Positivos Harryzinho… — os gêmeos disseram, bagunçando ainda mais o já bagunçado cabelo do garoto.

Três minutos. Seria o mar batendo tão forte na rocha? E faltavam dois minutos, que barulho esquisito de trituração era aquela? Será que a rocha estava se desintegrando no mar?

Mais um minuto e ele completaria onze anos. Trinta segundos… Vinte… Dez… Nove… Talvez acordasse Duda, só para aborrecê-lo… Três… Dois… Um…

— Parabéns pra você! Nessa data querida! Muitas felicidades, e muitos anos de vida! Bem filho de maroto… pode acordar o moleque a vontade! — Alice e Marlene disseram, antes de Hermione continuar a leitura.

O casebre todo estremeceu e Harry sentou-se reto, arregalando os olhos para a porta. Havia alguém lá fora, que batia querendo entrar.

— Fim do terceiro capítulo, finalmente… aliás, Carolina, cadê a Lia? Não a vi hoje… — a de longos cabelos disse, olhando diretamente para a Ana Laura.
— Suponho eu, Hermione, que ela tenha ido fazer uma visitinha a um querido menino que também precisa de ajuda. Mas acho eu que até o final do próximo capítulo ela volta.


Notas Finais


Gente, é isso. Essa semana, acho que até quinta, tenho capítulo novo.

Beijos!


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