Chris estacionou o carro na frente da escola de Mary.
-Se diverte, depois me conta tudo o que você fez – ele disse animado.
Chris se esforçava pra tagarelar e puxar assuntos com Mary, e aos poucos ele ia conhecendo seus gostos. No início ela achou o máximo ter um pai, mas estava estranhando o ver todos os dias e sentia falta da mãe.
-Chris, - ela ainda não o chamava de pai propriamente dito – você vem me buscar pra irmos no shopping?
Ele havia prometido...
-Venho, venho sim – ele respondeu dando um suspiro.
Não era tão fácil conciliar a atenção que Mary pedia e sua vida profissional.
-Eba! – ela deu um pulinho, dando um beijo no seu rosto.
-Vou entrar com você hoje, quero conversar com a diretora – ele disse pegando a mochila de Mary e colocando o boné e os óculos.
Mary saiu do carro e deu sua mão para Chris sem ele pedir.
-Mamãe sempre diz para dar a mão – ela se explicou.
-Isso mesmo, Mary.
-Chris, por que você está sempre de boné? – ela perguntou enquanto entravam no prédio.
-Fico mais bonito assim, não acha? – ele deu um sorriso de lado.
-Não – ela disse sincera e Chris deu uma risada alta.
-Bom, eu gosto – ele teve que falar uma mentirinha.
Ele gostava de bonés, mas não de viver escondido. Rapidamente ele a deixou na sala de Mary e Chris seguiu para a secretaria, fugindo das crianças; elas sempre o reconheciam. Tirou os óculos e a moça da secretaria terminou de digitar algo no computador e lhe deu atenção, e no primeiro olhar fez uma expressão de confusa. Ele sabia o que ela estava pensando, “ele é... ?”.
-Bom dia, eu gostaria de ver a diretora.
-Bom dia, vou verificar se ela pode lhe atender.
Ela saiu e Chris observou mais atentamente o edifício, podia estar em melhores condições, estava pensando em mudar Mary de escola.
-Olá! – ele pode ouvir a voz animada da mulher.
Ele entendeu que foi reconhecido pelo tratamento.
-Bom dia – ele deu um aperto de mão.
-Que honra, não esperávamos... – ela começou entrando na sala. – Fique a vontade – indicou uma cadeira para Chris.
-Obrigado.
-Então... sou toda ouvidos – ele sentou-se a sua frente.
-Eu gostaria de compartilhar uma situação, mas peço total sigilo. Meu nome é Christopher, – soou um pouco estranho, mas ele disse – eu tenho uma filha de cinco anos aqui na sua instituição...
-Qual o nome dela? – ela franziu a testa olhando para o computador.
-Mary Eve, não vai encontrar pelo meu sobrenome, Evans.
A mulher digitou e encontrou os dados dela.
-Ah, sim, está com a professora Ariel.
-Não sei dizer – ele esfregou as mãos. – Na verdade, soube da paternidade a pouco tempo – disse sincero.
-Entendo...
-Como disse, eu gostaria que isso não saísse daqui, não quero expô-la.
-Claro, temos ética, senhor Evans.
-Obrigado. Eu gostaria também de ver as instalações, conhecer um pouco da escola é possível?
-Sim, posso tirar esse tempo com o senhor – ela procurava algo nas gavetas.
-Ahh, e pode me chamar só de Chris, nada de senhor – disse querendo quebrar o gelo.
-Certo então, meu nome é Vanessa.
Ambos continuaram conversando e Chris se desculpou, mas colocou os óculos novamente. Chris conheceu o espaço, como funcionavam as atividades, passou rapidamente pela sala de Mary e viu pelo vidro da porta a aula, onde ela desenhava algo. Era notável que ela amava desenhar.
-Então é isso – Vanessa finalizou na porta da escola.
-Nada de teatro? – ele sugeriu tirando os óculos, com um sorriso de lado.
-Para os mais velhos – ela respondeu.
-Que bom, mas creio que seja isso mesmo então. Muito obrigado.
-Qualquer coisa, estamos a disposição – se despediram.
Foi importante para Chris conhecer o espaço, afinal pensaria se tiraria ela ou não daquele colégio.
Margot chegou na produtora passando pela recepção.
-Bom dia! – ela disse animada, passando.
-Bom dia – a recepcionista disse.
“...e Margot Robbie...”, aquela menção da televisão baixa a fez voltar.
-Mas eles estão juntos ou não? – um dos rapazes da TMZ discutiam no escritório onde eram filmados.
-Cara, eu não sei, mas eles combinam – uma garota se meteu na conversa. - Soubemos que ela deixou do namorado e ele e Jenny Slate se afastaram.
-Ah, fala sério – Margot disse assistindo junto da recepcionista.
No meio da gravação cortava para fotos de Chris e Margot da noite anterior, inclusive da hora que ela tocou na mão dele e ambos sorriram.
-Essas mãos juntinhas e o sorrisinho... – outra loira disse no meio.
-O que importa que eles são um casal muito sexy, gosto deles juntos.
-O que importa... – Margot repetiu.
-Ainda não temos nada confirmado, foi ontem!
-Ela é a mulher mais linda do mundo, em toda a história! – um rapaz moreno disse.
Margot saiu, caminhando para sua sala, não precisava ver aquilo.
-Em, você pode fazer uma declaração sobre eu ter saído ontem com o Chris Evans? – Margot ligou para Emma sua agente.
-Então, qual é a história? – Emma perguntou.
-Somos amigos, apenas. E é a verdade – ela deu uma risadinha.
-Ta bom – Emma riu de volta. – Posso dizer que você se mudou pro condomínio dele, que vocês são vizinhos e só foram jantar juntos?
-Pode ser, mas não comenta nada sobre a vida dele, sabe, aquilo que comentei com você.
-Claro, pode deixar – Emma desligou em seguida.
“Obrigado pela declaração :) –CEvans”, Margot recebeu uma mensagem na metade da tarde de Chris. Respondeu apenas com uma carinha e voltou a trabalhar.
Chris levou Mary para o shopping como prometido, fizeram compras de brinquedos e um lanche no McDonald's.
-A vovó disse algo sobre você ficar lá em casa hoje? – Chris perguntou no meio da refeição.
-Ela deixou, colocou coisas na minha mochila.
-Legal, a gente vai se divertir! – ele disse animado.
-Podemos levar sorvete? – ela perguntou um pouco retraída.
-Só se for de chocolate – ele sorriu, sabia que era seu sabor favorito.
Ambos saíram do shopping e partiram para casa de Chris, onde Mary passava todas as músicas que Chris tinha no som. Ele tinha que lembrar de pegar algumas músicas infantis para ela. Era estranho, sua vida estava se moldando para Mary.
-Chegamos! – ele disse.
-Uau! – ela disse, nunca havia ido para a casa de Chris antes.
-Acho que você vai gostar, tem piscina e um quarto só pra você.
-Demais! – Mary disse ainda animada.
Entraram na casa e Chris recebeu uma mensagem de Michelle com todas as informações de Mary, o que ela podia ou não podia comer... Bom, tinha legumes demais na lista e doces de menos, ele decidiu mimá-la um pouco, mas não podia esquecer da sua própria dieta.
-Podemos ir pra piscina? – ela questionou de cara.
-Hamm – ele olhou pelas janelas, já era noite. – Acho que sim – ele disse sem saber ao certo o que falar. – Só me espere antes de entrar.
-Onde eu vou? – ela saiu correndo pela casa.
-Mary, me espere, vou mostrar a casa.
Ela era rápida e ele entendeu que era espuleta, tinha que ir colocando barreiras. Ele mostrou a casa para Mary, assim como o quarto em que ela ficaria, era uma suíte.
-Legal – foi o que ela disse.
-Não fique assim – ele se abaixou. – Logo logo vai ter várias coisas suas por aqui, já pode começar a enfeitar com os brinquedos que compramos.
-Podemos pintar ele todinho de azul?
-Podemos sim, vou pedir pra alguém fazer isso pra você.
-O meu quarto quem pintou foi eu e a mamãe – ela se virou.
-Ele ficou muito bonito, talvez pintamos esse aqui juntos também então.
Ela sorriu e correu para o banheiro com a mochila.
Chris foi para seu quarto que era bem próximo a fim de colocar um calção o mais rápido possível, não queria que Mary ficasse próxima da piscina sozinha.
Sai antes dela e quando ela saiu, pediu envergonhada que fechasse seu maiô. Ele se abaixou e o fez. Partiram para a piscina.
-Você sabe nadar? – ele perguntou na beirada.
Ela apenas fez um sinal com a mão, indicando um “mais ou menos”.
-Beleza, então eu entrou e você pode pular que eu pego você - ele deu um salto para dentro e em seguida Mary pulou um pouco desconfiada.
-Ahh, me segure – ela disse com medo.
-Ta tudo bem, calma, estou aqui – ele a pegou pelo tronco.
Ambos brincaram juntos na água.
-Temos que comprar uma boia, o que você acha? Vai poder ficar melhor da próxima vez – ele sugeriu.
-Vou poder vir sempre? – ela perguntou.
-Claro, Mary, essa vai ser sua casa também.
- Queria a mamãe também estivesse aqui – ela soltou e Chris desmanchou aquele ar divertido.
-Eu também queria, Mary, queria muito. Mas somos só nós dois, e sua vovó, nós somos sua família.
-Eu sei... – ela disse baixinho.
Em seguida Chris conseguiu animá-la de novo e a campainha tocou. Chris tirou Mary da água e pediu que o esperasse antes de entrar na água novamente, ela concordou. A casa era toda aberta com vidros, então da porta de entrada conseguia ver a piscina, por isso a deixou sozinha.
Chris abriu o portão e deu de cara com Margot.
-Festinha na piscina? – ela sorriu o vendo só de calção, todo molhado.
-Entra – ele pediu com um sorriso.
-Não, só queria conversar com você.
-Na verdade, eu preciso entrar logo, Mary está aí, não quero deixar ela sozinha na piscina.
-Nesse caso, entro – trocaram um sorriso tímido.
-Então, o que veio conversar comigo? – eles caminharam juntos para a piscina.
Margot pode ver Mary sentada na beirada da piscina, esperando.
-Vou apresentar primeiro, Mary – ela a chamou, que ficou de pé – essa é a Margot uma amiga do papai, é minha vizinha também. E Margot, Mary, minha filha – ele disse e soou estranhamente feliz.
-Oi, Mary – Margot se abaixou para lhe dar um beijo. – Está se divertindo na piscina?
-Sim... – ela disse tímida.
-Amanhã é sábado, achei que podíamos brincar um pouco na piscina de noite sem problemas – ele se explicou.
-Pelo menos você não precisou se preocupar com protetor solar.
-Ainda bem – ele uniu as mãos agradecendo aos céus.
-Vamos para a piscina de novo? – Mary perguntou agoniada.
-Se importa se ficarmos na piscina? – Chris perguntou. – Se quiser entrar, está convidada.
-Não, podem se divertir, na verdade não quero atrapalhar. Eu não vim preparada então vou ficar de fora – Margot se sentou em uma das espreguiçadeiras.
Mary e Chris entraram na piscina de novo.
-Vim falar sobre hoje, espero que tenha ficado tudo bem por você mesmo – ela disse.
Na verdade, Margot sabia que tinha ficado tudo bem, mas gostava de passar tempo com outras pessoas, e sua casa estava vazia demais.
-Ficou sim, acho que recebeu minha mensagem né – ele disse enquanto Mary se debatia na água e o molhava mais ainda.
-Sim, recebi.
-Tem certeza que não quer entrar? – ele ofereceu novamente.
-Não estou com a melhor roupa para molhar – ela riu olhando para a blusa branca.
-Entendi, fica a vontade, ta em casa, só preciso ficar com a Mary agora, ela ainda não é uma nadadora nata – ele a segurou mais forte. – Vou colocar você na natação, vai adorar.
Mary só respingou mais água e quase pegou em Margot.
-Chris, posso pegar algo para beber, não quero ser abusada, mas vim direto da produtora... – Margot disse.
-Claro, pega algo lá, se puder, trás suco para nós.
Margot levantou-se e foi até a cozinha. Sentiu-se um pouco invasora, mas abriu a geladeira. Diversos alimentos fechados a vácuo para a dieta de Chris. Proteína, proteína e mais proteína, por fim achou o suco. Caçou copos, inclusive um de plástico com canudo para Mary, será que Chris havia comprado recentemente por conta da filha? Margot achou fofo.
Preparando os copos em uma badeja, ela pode observar pela janela em cima da pia Chris brincando com Mary, a fazendo cócegas e a prendendo em um abraço antes de falar para ela prender a respiração antes de um mergulho. Margot deu um sorriso de lado. Chris estava se dando bem como pai, Mary parecia gostar bastante dele.
Voltando para a área externa da piscina, Margot apenas ouviu Chris gritar.
-Droga!
-O que houve Chris? – ele retirava Mary da água.
-Acredita que tinha alguém por ali – ele apontou – tirando fotos?
-Sério, isso acontece?
-Na verdade, nunca aconteceu – ele deixou Mary em uma espreguiçadeira. – O papai só vai fazer uma ligação, ta bom, a Margot vai ficar aqui com você – se virou para Margot. – Vou ligar para a segurança do condomínio.
Chris foi para dentro e Margot deu o copo de plástico para Mary que logo bebeu. Mary não entendia o que estava acontecendo e Margot tentou distraí-la. Chris retornou.
-Liguei para eles, querem que vou pra lá, acho que vou fazer um boletim de ocorrências. Não da de acreditar, pagamos barato pela segurança né... – ele reclamou.
-Calma, você pode processar ele, não vão expor as fotos – Margot disse.
-Se importa de ficar uns minutinhos com Mary? Vou ter que ir lá resolver.
-Não, claro que não.
-Desculpa estar te metendo em mais essa – ele disse antes de se virar para dentro da casa.
-Vai lá – ela disse simplesmente.
-Não posso mais ficar na piscina? – Mary disse.
-Meu amor, hoje não vai dar, - Chris se abaixou – papai tem que resolver uma coisinha, Margot vai ficar aqui e você toma um banho, escova os dentes, nós assistimos um pouco de televisão quando eu voltar.
Mary ficou com cara de emburrada, mas Chris lhe deu um beijo no rosto e foi se trocar.
-Vamos lá, Mary, quero ver o que você trouxe de roupas pra dormir.
Mary entrou na casa em seguida e Margot a acompanhou. Chris saiu e Margot ficou no quarto enquanto Mary tomava banho, com a porta aberta. Mary disse que conseguia tomar banho sozinha. Margot observou o quarto, era bem comum e não tinha nada de infantil nele, era muito recente Mary na vida de Chris.
Observou umas sacolas e reparou que havia diversos brinquedos delas. Tirou e começou a dispor pelo quarto, enquanto Mary ainda estava no banho.
Mary terminou o banho e escovou os dentes, e as garotas ficaram na sala vendo um programa de entrevistas na qual elas riram um pouco. Chris retornou depois de algum tempo, pegando Mary deitada com a cabeça nas pernas de Margot, que mexia em seu cabelo.
-Voltei – ele disse.
-E então? – Margot perguntou virando o rosto.
-Não conseguiram pegar ainda, mas a polícia deve ficar em cima.
-Vão encontra-lo – ela disse otimista.
-Pode ser, mas ele tem as fotos.
-Calma, não adianta ficar nervoso com isso, senta aqui, curte a Mary – ela sugeriu e foi o que ele fez.
Chris sentou na outra extremidade do sofá, onde apoiou as pernas de Mary em suas pernas, fazendo cócegas, e a menina se mexeu toda, fazendo os dois rirem juntos. Todos assistiram televisão juntos e um tempo depois, Mary fechou os olhos adormecendo. Ela costumava dormir mais cedo e a diversão na piscina a cansou.
-Vou deixar ela no quarto – Chris disse baixinho, saindo da sua posição com cuidado, pegando Mary no colo.
Era tão bom a ter nos braços, aquela pequena menina que respirava tranquilamente. Ela não pesava quase nada, como uma pluma e Chris conseguiu arrumar a cama com uma mão, e a segurar com outra. Ficou satisfeito a ver se ajeitando na cama. Reparou alguém atrás de si e sabia que era Margot.
-Mal vejo a hora de deixar isso aqui com a cara dela – disse baixinho, se voltando para Margot e ambos saíram do quarto.
Chris foi direto para a cozinha e abriu um vinho, servindo em duas taças enquanto Margot se sentava em uma banqueta na bancada de refeições.
-Obrigada – ela agradeceu quando ele a entregou.
Ambos tomaram um gole e se observaram por um momento.
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