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História Stellar - 4. Um velho amigo


Escrita por: chanyeolicious

Notas do Autor


[BETADO]

Oi *^*
Eu sei que muitos de vocês já devem está *cadeeee a be com stellar* Mas teve um motivo bem bobo, eu tive uma daquela crises de escritor de achar tudo ruim sabe, então eu parei de escrever e puff até desisti de umas coisas importantes por causa disso, mas ai eu decidi stalkear o que falam de stellar no twitter e vi umas pessoas loucas pra atualização e isso me deu folego pra atualizar!
E queria saber se vocês acham bom se essa capa que eu usei agora pode ser a definitiva da fic, todos os caps com ela *^*
Enfim, qualquer erro me desculpem, espero que gostem do capitulo e nos vemos lá embaixo ~~♥
Beijinhos

Capítulo 4 - 4. Um velho amigo


Fanfic / Fanfiction Stellar - 4. Um velho amigo

 

◘••◘

                                                          Capitulo 4 

                                                      Um velho amigo

Baekhyun estava na sala de cirurgia, era isso o que ele tinha que fazer de manhã antes de ir ajudar Chanyeol com Minwee enquanto ele estava ocupado com a fisioterapia, operar coisas que estavam no cérebro e que não pertenciam àquele lugar. Kyungsoo estava no andar de cima, na sala de observação, olhava atentamente para ele enquanto Baekhyun tirava os objetos presos no crânio do paciente que tinha estado envolvido em uma explosão no centro da cidade ontem a noite. 

— Vai ficar sem os movimentos da mão, aposto dez dólares. — Disse Tae enquanto dava uma ferramenta cirúrgica pra ele. — Vai arruinar seu perfeito currículo de pacientes que saem sem nenhum dano da sua mesa de cirurgia.

— Vai pagar uma bolsa de veludo a Kyungsoo se este homem sair daqui com no máximo um problema para movimentar o olho direito. — Baekhyun sorriu de lado e tirou o último fragmento, dando uma olhada no crânio com diversas rachaduras, precisaria de uma placa e pinos. — Vamos colar isso tudo no lugar de uma vez.

— Está com pressa? — Ela olhou as placas tentando achar o tamanho certo e as deu para Baekhyun, ele estava com todo o equipamento necessário.

Uma por uma fixou as placas nas partes com traumas e as fechou para que calcificasse corretamente, esperava que tivesse tirado tudo perfeitamente e que aquele jovem homem ficasse bem. Por vezes se pegava imaginando se faria aquilo com a mesma calma se fosse Chanyeol ali de novo, ninguém sabe o quão difícil foi operá-lo mesmo que tenha sido somente algumas vezes.

Ao fim da cirurgia observou levarem o paciente de volta para o quarto enquanto tirava toda a roupa usada e colocava algumas para lavar e outras para o lixo. Encontrou Kyungsoo lá fora lendo a planilha da cirurgia enquanto Tae parecia nervosa como nunca, o médico baixinho sempre pegava no pé dela, embora ele fizesse isso com todo mundo naquele lugar.

Esperava que ele viesse com algum assunto falar consigo, que viesse com os sermões quando perguntasse onde Baekhyun estaria indo agora e até imaginava a boquinha em formato de coração o chamando de tolo. Saiu de fininho para o outro lado do corredor e desceu pelo elevador até o térreo, dentro de si estava em parafusos porque estava muito próximo de Chanyeol sair para a fisioterapia.

Alguns dias iriam acontecer na sala da casa, outros na clínica de Joy, a médica escolhida para cuidar da recuperação dele.

Quando entrou no quarto lembrou-se daquela historia que Chanyeol havia dito sobre seu amigo Jongin ter chegado de viagem possivelmente e de que precisava pedir a ele para montar o quarto de Minwee. Era uma manhã divertida para finalmente dar um lar decente ao pequeno bebê fofo, portanto saiu do hospital com o humor renovado.

A casa de Chanyeol ficava pelo menos dez ruas do hospital, tinha como sair de lá de metrô ou de ônibus e era muito fácil de encontrar a rua cheia de apartamentos populares. O prédio havia sido construído há pelo menos cinco anos ou um pouco mais, os elevadores eram rápidos e havia um pequeno estacionamento subterrâneo no prédio, ao qual teve que voltar três vezes no dia das compras no supermercado.

Estacionou bem diante do elevador e o chamou, veio mais rápido do que imaginava, mas não chegou tão rápido lá em cima como esperou que fosse chegar. Bateu na porta de Chanyeol animado e encontrou o enfermeiro, ele abriu e voltou a se sentar no sofá, mostrando uma cena agradável aos olhos de um doce e apaixonado por crianças como era Baekhyun.

O mais alto estava com Minwee nos braços enquanto dava mamadeira para ele e cantarolava baixinho.

— Cheguei tarde? — Baekhyun perguntou bem baixo, fazendo o mais alto olhar para ele enquanto desmanchava o sorriso.

— Não, que isso, ele esperaria mais um pouco mesmo assim. — Chanyeol olhou para ele e viu que estava com as roupas do hospital, a calça e a camiseta verde água assim como o jaleco branco com o nome dele no bolso pequeno. — Como foi no hospital?

— Ah, uma cirurgia rápida, e de tarde eu volto novamente para mais duas. — Baekhyun se sentou na frente do sofá desajeitado e por um momento o mais alto fixou os olhos nele com curiosidade. — Mas eu sou rápido, eu acho.

— Eu sei que você é bom no que faz. — Chanyeol olhou para Minwee e então para o mais baixo, os olhos deles se pareciam e isso deixava o mais alto confortavelmente feliz. — Pode ficar com ele? Estou ficando atrasado agora. 

— Ah, certo, tudo bem. — Baekhyun pegou Minwee do colo do mais alto enquanto ria e viu o bebê estender as mãos em direção a ele, era tão bonitinho.

Embalou ele lentamente enquanto via Chanyeol ser levado em direção a porta, não houve despedidas, apenas um doloroso silêncio quando a porta se fechou. Não demorou muito para que Minwee começasse a sorrir bonitinho para ele de novo, a gritar de alegria quando Baekhyun balançava brinquedos na frente dele e dava papinha de neném na boca dele.

— Hm, acho que tá na hora de descobrir onde o tal do amigo do seu pai mora, ele pode ajudar. — Baekhyun passou o dedo sobre o narizinho fofinho e redondo de Minwee e o pegou no colo com cuidado.

Perguntou ao guarda onde um amigo de Chanyeol morava, disse que era urgente e foi informado que o apartamento dele ficava quase de frente para a porta de Chanyeol, número 280. Por alguma razão sentiu-se nervoso, não lembrava muito bem desse amigo que morava no mesmo prédio dele, era difícil dizer bem já que ele tivera muitos amigos na faculdade.

Tocou na campainha duas vezes, eram nove da manhã e achava que todo mundo no universo já deveria estar acordado por essas horas, portanto não passou por sua mente que ele pudesse estar dormindo.

Ia virar de costas e voltar outra hora quando a porta abriu de repente e Baekhyun percebeu que era mesmo Jongin, um dos melhores amigos do Park.

— Ah, oi, você é Jongin né? — Perguntou vendo o mesmo coçar os olhos e olhar para o colo dele com o cenho franzido, ninguém o acordava tão cedo assim nunca, mas quando viu de quem se tratava.

— E você é o Baekhyun. — Jongin sorriu enviesado, não eram amigos antigamente, mas lembrava de como ele e Chanyeol eram muito próximos. — Aconteceu algo com o Chanyeol? — Perguntou preocupado enquanto Baekhyun pensava em alguma coisa para falar.

— Ele foi pra fisioterapia e eu preciso de alguém que saiba montar um berço e outras peças do quarto do bebê. — Baekhyun mostrou Minwee para o moreno e viu os olhos brilharem intensos.  — Ele não conseguiria fazer isso sozinho, sabe? 

— Claro, eu faço qualquer coisa que vocês precisarem. — Jongin se aproximou e saiu do apartamento fechando a porta atrás de si, tinha um sorriso prestativo no rosto. — Só isso que você precisa mesmo?

— Acho que no porta mala do meu carro tem roupinhas pro Minwee, mas isso eu posso buscar se você cuidar dele um pouquinho depois. — Jongin concordou e seguiu Baekhyun para dentro do apartamento.

Visitar aquela casa era muito estranho depois de um tempo, foi ao hospital várias vezes quando Chanyeol estava em coma, mas nunca achou que entraria naquela casa depois do que aconteceu a eles. Foi ao velório dela também e o tempo todo se perguntou por que aquilo não poderia ter sido depois que Chanyeol acordasse, talvez porque a mãe de Jin Ah odiasse o Park.

Foi até o quarto e começou a montar o berço enquanto Baekhyun cuidava do bebê, ali lembrou por quê não visitava muito a casa, ele tinha feito diferente dos meninos e desistiu da banda pela faculdade. Estava no sexto ano da faculdade e faltava só alguns meses para escolher cardiologia, como Chanyeol sonhava em fazer se caso não tivesse deixado a faculdade, agora ali imaginava como poderia ter sido se ele não tivesse desistido de tudo.

— Ele chega que horas? — Jongin perguntou quando Baekhyun entrou no quarto para ver o progresso, o berço estava na metade de virar um berço de verdade. — Queria muito vê-lo, faz tanto tempo, quer dizer... Acordado.

— Agora que me lembro, você estava na lista de visitantes frequentes. — Baekhyun sorriu e viu o moreno abaixar a cabeça, parecia sentir repentina tristeza em relação a aquilo.  — Imagino que tenha sido difícil...

— E pra você foi? — Jongin perguntou sorrindo e observou o mais baixo mudar de posição e ir em direção ao sofá. — Vocês eram bem amigos.

— É, mas ele se foi, você ainda é mais amigo para ele do que eu sou.— Baekhyun passou as mãos nos fios negros de Minwee, ele estava agarrado na mamadeira enquanto seus olhos vacilavam a pegar no sono. — Sou só um médico agora. 

Perdeu seus olhos em qualquer lugar enquanto embalava Minwee e nem percebeu quando ele dormiu e minutos depois o colocou no quarto rodeado de travesseiros e se deitou ao seu lado para observá-lo. Pegou no sono imaginando se aos poucos teria mais tempo para estar ao lado de Chanyeol, para ter certeza de que cuidaria dele e o deixaria novinho em folha, como antes de sofrer o terrível acidente que sofreu.

Pegou no sono tão profundo que não viu Jongin terminar o berço e ir comer alguma coisa em casa, não viu nem mesmo quando Chanyeol chegou e parou a cadeira de rodas perto da cama observando os dois. Dentro de sua mente tinha sonhos felizes de coisas que jamais aconteceria, coisas que o afastaram daquele solhos cinzas desenhando na mente aquela ocasião.

— Baekhyun? — Chamou baixinho enquanto ria com vontade e viu ele se mexer meio confuso. — Eu acho que é hora de almoçar.

— Almoçar? — Baekhyun perguntou rolando um pouco no travesseiro e então abriu os olhos confusos. — Mas por quê?

— Porque é isso que pessoas fazem Baekhyun, elas comem para viver mais um dia nesse planeta. — Deu uma risadinha enquanto olhava para o filho e viu Baekhyun sentar na cama com os olhos arregalados.

— É isso, eu me esqueci de fazer o almoço! — Baekhyun levou o rosto até as mãos e o enterrou ali, mas Chanyeol riu com ainda mais vontade.

— Comprei comida chinesa pra gente no caminho. — Chanyeol guiou a cadeira até a porta do quarto.  — Frango frito e muito macarrão picante, mas caso não goste tem um pote enorme de batata frita.

— Ok, eu fico com a batata frita. — Baekhyun escorregou para fora da cama e seguiu lentamente Chanyeol, achando curioso que Jongin não estivesse na cozinha quando chegou. — Onde está o...

— Quem? — Baekhyun deu de ombros e avançou até a mesa como se não comesse há mais de um milhão de anos. 

Sentaram-se à mesa com potes de frango a passarinho e macarronada, assim como diversos outros pratos chineses, mas Baekhyun não gostava de pimenta então se empanturrou de batata frita. Tomaram refrigerantes à vontade apesar da dieta restrita, imaginava que se não o deixasse sentir o gosto do refrigerante de limão o sorriso de Chanyeol nunca mais voltaria aparecer naquele rosto de novo.

— Olha, não gosto disso... — Chanyeol começou lentamente enquanto encarava os próprios dedos. — Mas seria legal um banho e...

— Tudo bem, eu te ajudo. — Baekhyun tirou todos os pratos da mesa rapidamente e pegou a parte de trás da cadeira de rodas com força, o empurrando para dentro do quarto.

Era estranho todas às vezes, tirava a blusa dele e via as cicatrizes da cirurgia, as cicatrizes do vidro do carro que havia o machucado bastante e sentia vontade de toca-las na esperança de que fosse cura-las. Mas sempre o ajudava a entrar na banheira em silêncio e passava a esponja pelo corpo dele com uma paciência que mal sabia de onde viera para acudi-lo.

Baekhyun fazia tudo o que poderia fazer por ele enquanto dizia que era mais pelo bebê, que precisava dele novinho em folha, que precisava do pai para correr pelos campos floridos com ele. Dentro dele ele sentia que essa era uma oportunidade boa para protegê-lo, para apoia-lo quando outras pessoas não queriam fazer isso, para dizê-lo que tudo ia ficar bem.

A campainha tocou assim que começou a limpar as costas de Chanyeol, então teve que o deixar sozinho e ver quem era, descobrindo que se tratava de Jongin com sacos de coisas nas mãos. Eram as roupinhas e diversas outras coisas que ele tinha comprado para o bebê, como brinquedinhos e ursinhos para colocar no berço, até lençóis e fraudas extras para cuidar do pequeno Minwee.

— Trouxe tudo o que pediu e ainda deu tempo de tomar um banho, fazer o almoço, arrumar minhas coisas pra faculdade e vir aqui. — Jongin colocou tudo no sofá com um sorriso gigantesco. — Sobre o guarda-roupa...

— Ah, não se preocupe eu mesmo monto daqui a pouco. — Baekhyun colocou as mãos no bolso e sorriu sem graça.

— Onde está ele? — Perguntou ansioso e então Baekhyun olhou em direção ao quarto lentamente.

— Tomando banho, vou ajuda-lo a se vestir e você conversa com ele, tá? — Baekhyun assistiu ele concordar diversas vezes e se sentar no outro sofá vazio enquanto esperava pacientemente para ver o amigo.

— Eu lembro que ele era fissurado em você na época da escola, não te deixava em paz, se qualquer um de nós mexesse com você... Era morte na certa, sabe? — Jongin ditou enquanto olhava sorrindo para Baekhyun e viu o mesmo arregalar os olhos surpreso, não imaginava que era assim que viam a amizade dos dois no passado. — Imagino agora.

Baekhyun tentou não pensar sobre aquilo, sobre como deveria parecer agora — as coisas que ele sentia sobre Baekhyun —, então foi pegando as coisinhas de Minwee para guardar no quarto. Colocou os ursinhos dentro do berço e deixou as sacolas com roupinhas no canto do quarto, tinha muitas coisas em mente para deixar aquele quartinho perfeito, incluindo os adesivos de parede e os quadros de bichinhos para pregar na parede. 

Quando voltou ao banheiro encontrou Chanyeol lavando o cabelo, os cachos ondulados e escuros caindo sobre o rosto, ele era um homem realmente bonito, até mesmo ali mergulhado na água e sabão. O ritual depois do banho era sempre o mesmo, o levava até a cama enrolado em toalhas e o ajudava a colar as roupas cuidadosamente, então o ajudava a sentar na cama para observar Minwee dormindo.

— Você deveria dormir um pouco... — Baekhyun ditou enquanto controlava a vontade de olhar no relógio, o mais alto o observou atentamente por um momento e então desviou os olhos cinzentos. — Deve ter sido cansativo... 

— Não, vou ler um pouco antes de pensar em dormir. — Olhou para a pequena estante de livros e assistiu Baekhyun imediatamente ir em direção às capas para escolher algum. — Senhor dos anéis, por favor. 

— Uau, essa é realmente uma boa ideia. — Baekhyun riu divertido e assim que entregou o volume um da trilogia e um marcador de páginas, lembrou-se de Jongin esperando na sala. — Ah espera um pouco, tenho algo pra te mostrar... Ou melhor, uma pessoa. 

— Eu sei, mas não pode ser mais tarde? — Chanyeol perguntou enquanto comprimia os lábios, havia algo ali que ele queria esconder. — Seja quem for, pode vir à noite quando você chegar. 

— Tem certeza? — Baekhyun queria que ele interagisse com pessoas que gostavam dele, que se sentisse bem por causa delas. — Seria uma boa ideia se...

— Não, você pode ligar para uma enfermeira vir ajudar e ir para as suas cirurgias. — Balançou a mão duas vezes e encarou as folhas do livro, por alguma razão Baekhyun se sentiu mal com aquilo.

Quando saiu do quarto mal conversou direito com Jongin, achava que estava tão zangado que não poderia fazer isso, ele estava o chutando com suas palavras frias de novo. 

Ficou na calçada de uma rua movimentada comendo sorvete por um enorme tempo, era de baunilha e fazia sua barriga congelar por muitos minutos a fio enquanto pensava se deveria ligar para Kyungsoo.

— Certo. — Disse a si mesmo enquanto discava o número do amigo na tela do telefone. — Ele não vai ficar tão zangado assim.

— Seu filho de uma puta! — Kyungsoo gritou assim que atendeu e Baekhyun segurou os próprios cabelos, tamanha a frustração.  — Você está atrasado trinta minutos para a cirurgia que eu tive que fazer.

— Ainda dá tempo de fazer a segunda, o cara com a veia zoada. — Baekhyun tomou mais sorvete e apertou os olhos sentindo a cabeça doer.

— Não, já coloquei falta em ambas as cirurgias, vai perder o dinheiro das duas, azar o seu. — Kyungsoo riu em seu delicioso e irritante tom sarcástico, o loiro quis jogar o sorvete na cabeça dele. — A cada dia fico mais rico com sua mania de negligenciar sua agenda.

— Ah, fico feliz por você e tal. — Baekhyun suspirou impaciente e tomou mais um gole do sorvete, tudo congelando dentro dele por toda a garganta. — Mas preciso voltar agora. 

— Uhum, pra casa do gigante idiota do Chanyeol. — Kyungsoo começou a rir de novo e fez com que Baekhyun afastasse o celular pronto pra desligar. — Você vai arrumar confusão com o concelho, não é certo se meter na vida pessoal de pacientes, você sabe.

Desligou na cara do amigo na mesma hora e ficou estatelado no lugar, não era certo se meter na vida pessoal de um paciente, ele tinha dito, Baekhyun sabia muito bem daquilo. Dirigir com aquela ideia se espalhando por sua mente era difícil de mais, ainda mais porque seu destino seria para aquela casa novamente só para ficar dizendo a si mesmo que Kyungsoo tinha um pouco de razão ao dizer que era um bobo total.

Lá em cima, muito tempo depois, se pegou admirando a Chanyeol deitado do lado de Minwee — de novo — enquanto ambos dormiam, o braço grande de Chanyeol protegendo a criança enquanto esta agarrava o tecido da blusa do mais alto. Quanto mais olhava para eles se lembrava da primeira vez que viu os bracinhos para cima na incubadora, os pezinhos se mexendo e o rostinho sereno olhando para o teto da sala com curiosidade.

Às vezes se ficasse os olhando tempo de mais poderia acreditar que a respiração dos dois se unia de alguma forma, que os sonhos estavam conectados como as estrelas estão para funcionarem no conhecimento das constelações. O rosto de Chanyeol parecia perturbado por oscilações de tempestade quando estava acordado, mas quando dormia ao lado de Park Minwee era como se uma tranquilidade assustadoramente linda caísse sobre ele.

Cada minuto que passava olhando para aquele rosto sentia seu coração bater violentamente contra os ossos assim como cada parte de seu corpo congelar e formigar como se milhões de formiguinhas estivessem nascendo dentro dele. Sentiu os olhos começarem a arder e começou a ficar assustado, estava tão ocupado em subestimar seus sentimentos estando ali que nunca as percebeu antes, as borboletas em seus perfeitos nados sincronizados.

Quase deixou um soluço escapar, mas foi suficientemente rápido para tapar os lábios e virar de costas para Chanyeol, embora soubesse que no passado gostava dele de verdade ali naquele quarto era difícil deixar passar. Não podia começar a aceitar esses sentimentos de novo, não podia se render ao passado, a admitir para si mesmo que a única razão para se sentir daquele jeito era porque nunca deixou de gostar dele em nenhum momento.

Quatro anos haviam se passado, muito tempo para se gostar de alguém que se fora para nunca mais voltar, era mais do que suficiente para tudo o que sentia desaparecer por completo. Mas uma chama ainda aquecia dentro dele, uma que o fazia olhar para ele quando o mesmo não estava olhando, uma que ardeu numa explosão quando o viu entrando na emergência todo machucado.

— Não, isso é bobagem. — Deu uma risada baixinha e secou as lágrimas, embora elas insistissem em cair ainda mais. — Kyungsoo tem razão...

Ele tinha quando dizia que Baekhyun era um idiota sem cura ou então Baekhyun só estava encantado com a relação maravilhosa de pai e filho que ambos vinham tendo nesses últimos dias. No fundo ele rezava para que fosse apenas a segunda opção, não queria sofrer de novo, era a última coisa que pretendia fazer em pleno outono.

Caminhou de um lado para o outro e olhou diversas vezes para Chanyeol, em algum momento começou a bater em si mesmo algumas vezes, estava se sentindo confuso agora que a possibilidade tinha passado por sua mente. E se desde a primeira vez que o viu de novo isso já existia? Se for por isso que ele ficou tão deprimido com a ideia de Chanyeol morrer? Naquele dia achou que fosse perder um pedaço de si mesmo.

Não, ele não podia ficar pensando nessas possibilidades, ele tinha que se concentrar em ser o bom médico, aquele que apoia e cuida, nada de pensar coisas erradas que envolvessem Park Chanyeol. Três semanas e meia na companhia dele, cinco meses acompanhando-o no coma, foi um bom profissional e ajudou ele a voltar para o mundo real, não precisava de nada para imaginar.

Foi direto pra cozinha meia hora depois, tinha que preparar o jantar antes que Minwee acordasse e precisasse dar banho nele e trocar a fralda, não queria que ninguém o ouvisse resmungando e chorando. Lavou o rosto várias vezes, mas sempre que sentava na bancada para cortar cebolas se lembrava de Chanyeol escondido embaixo da bancada do laboratório lendo trechos de um livro de filosofia para Baekhyun.

Ele era aquele garoto bom e divertido com todo mundo, mas naquela época Baekhyun se iludiu um pouco, pensava que era especial de alguma forma para ele e que importava mais do que os outros. Aprendeu da melhor forma possível quando ele foi embora, de que não era especial do jeito que queria que fosse, de que aquele era só uma paixonite boba de faculdade.

— Hm, eu imaginei. — Kyungsoo, mais velho e quase formado, disse a Baekhyun quando ele apareceu na biblioteca chorando. — Ele é heterossexual.

Claro, se iludiu completamente, foi apenas gentil como estava sendo agora, mesmo que só um pouco.

Puxou os cabelos loiros enquanto chorava, podia sentir o nariz vermelho e inchado, parecendo uma criança idiota chorando por causas bobas, ele terminou de cortar os temperos e os empurrou para a panela em fogo baixo. Chanyeol estava acordado no quarto observando os ruídos vindos da cozinha, a cadeira de rodas estava perto o bastante para ter conseguido sair da cama e depois do quarto segundos depois, parou no corredor imediatamente ao ver o loiro cozinhando. 

Chanyeol semicerrou os olhos o observando limpar o rosto, os olhos estavam vermelhos e ele parecia nervoso, fazendo com que o mais alto acreditasse que era a segunda vez que ele chorava. Baekhyun estava tão distraído em seu próprio mundinho que não viu Chanyeol parar a cadeira de rodas do lado dele e por consequência tomou um susto e abriu um corte com a faca que cortava carne, na ponta do dedo.

— Dessa vez não pode dizer que foi as cebolas. — Baekhyun segurou o dedo sangrando e desviou os olhos, os cabelos do mais alto estavam bagunçados e seus olhos pareciam da cor de uma floresta. — Quer me contar o por quê dessas lágrimas?

— Lembrei-me do Nakji da minha mãe, ela realmente fazia um gostoso pra mim... — Apontou para a panela com o macarrão Udon e as cebolas fritando com os temperos na outra panela. — Sinto falta disso. 

— Que péssimo mentiroso você é. — Chanyeol saiu de perto dele e se ajeitou perto da mesa, surpreendendo a Baekhyun por ouvir uma coisa assim dele. — Você não fala com a sua mãe desde os 17 anos de idade. — Abriu a gaveta na bancada e tirou o pote de primeiros socorros, podia mexer as mãos bem o suficiente para colar um Band-aid no dedo de Baekhyun. — Venha cá, vamos tapar essa ferida. 

Baekhyun ficou parado piscando, mas eventualmente se aproximou do mais alto e sentou-se de frente pra ele enquanto via seu sorriso gentil, imaginou se naquele instante Chanyeol taparia mesmo a ferida. Ele pegou delicadamente o dedo do médico e o envolveu com o curativo enquanto observava os dedos finos e precisos de Baekhyun sentindo uma pontada de orgulho por ele ter chegado até ali como sempre dizia sonhar.

— Achei que não se lembrasse sobre minha mãe. — Baekhyun ditou mordendo os lábios e Chanyeol olhou para ele franzindo o cenho.

— Por que eu não lembraria? — Ele perguntou sorrindo enquanto via o rosto de Baekhyun tremer e franzir de forma estranha. — Você foi um grande amigo na faculdade, não tem como esquecer sobre as coisas que eu sei sobre você.

Baekhyun virou para o outro lado e fechou os olhos tentando respirar lentamente, estava cansado naquele instante embora o cheiro da comida o deixasse melhor do que antes. Na mesma hora que Chanyeol terminou de mexer em seu dedo ele ficou de pé e se lançou para as panelas na tentativa de fazer um bom prato pra que Chanyeol se alimentasse direito.

Por alguma razão Chanyeol começou a acreditar que Baekhyun estava chorando porque estava cansado de cuidar de tudo para o maior, que ele tinha coisas melhores para fazer do que estar ali. Pensar naquilo fez com que coisas borbulhassem dentro dele e uma sensação de vazio voltassem a ocupar seu peito, ele tinha feito uma promessa, mas isso não significava nada se ele quisesse.

— Baekhyun? — Chamou quase no mesmo instante em que a campainha tocou, o menor olhou dele para a porta e viu a expressão seria no rosto de Chanyeol, a barriga dele se contraiu.

— Algum problema? — Baekhyun limpou as mãos com o pano e desligou o fogo, se aproximando um pouco da mesa. Ele sorriu e Chanyeol sentiu dor por dentro ao perceber que estragaria aquilo.

— Está tudo bem se você for embora, se não quiser ficar aqui o tempo todo comigo. — Chanyeol colocou as mãos sobre as coxas e encarou o chão, seu rosto não tinha expressão. — Não sei por que está triste, mas sinto que a culpa é minha, de alguma forma. — Chanyeol levou a mão que funcionava direito até o rosto e o tapou, sentia um nó na garganta. — Só vá pra casa, é lá onde deveria estar, eu posso me virar sozinho... Tome um tempo...

— Não precisa mais de mim? — Baekhyun mordeu os lábios enquanto segurava o braço tremendo. — Eu posso...

— Só descanse, estou cansado de vê-lo fazer tudo ao mesmo tempo, você precisa ficar... Longe. — ChanYeol o encarou tentando parecer serio e Baekhyun concordou enquanto largava o pano e trazia as panelas para a mesa.

— Só vou atender a porta e misturar a comida. — Ele não olhou para Chanyeol e fez tudo ao contrario, misturou a comida e então foi atender a porta.

Sentia-se um incomodo, não queria ir embora naquele momento, mas também sentia que a razão pela qual tinha que ir era por causa de si mesmo, se não tivesse chorado ele nunca teria dito aquelas coisas.  Quando abriu a porta encontrou Jongin todo arrumado com um topete cheio de gel e uma sacola com Álcool dentro, ele estava tão bonito que Baekhyun sentiu vontade de rir dele.

— Faz cerca de quinze minutos que cheguei da faculdade, me arrumei no recorde máximo. — Ele disse enquanto entrava e então ficou parado quando viu o amigo na cozinha, um sorriso bonito no rosto.

— Ora se não é o Kai-kai balão. — Chanyeol forçou um sorriso para o amigo e esse veio rapidamente até ele e se curvou para abraça-lo.

— Faz tanto tempo cara, que saudade! — Jongin se agachou para conversar com eles enquanto o médico os observava na porta.

Baekhyun se lembrou de mais cedo quando Jongin havia dito que Chanyeol o adorava a ponto de enfrentar qualquer um que se metia com ele, agora o olhando dali ele não acreditava muito naquelas coisas. Foi até o sofá e pegou a chave do carro para ir embora, quem sabe uma noite de sono em seu quarto não fosse o fazer se sentir muito melhor, tinha mesmo que tentar alguma coisa.

Antes de ir embora passou no quarto e fez um singelo carinho no rosto de Minwee, ele estava acordando quando deu o leite morno para ele e o colocou no próprio berço. Também terminou de dobrar as roupinhas dele para o guarda-roupa e de colar alguns desenhos de bichinhos na parede, se despediu dele rapidamente com um pesar no coração e saiu em direção a porta.

Chanyeol o assistiu partir sem olha-lo e mergulhou novamente no mundo sombrio em que se embrenhava.

Por um curto período, sentiu que Baekhyun era uma espécie de luz que as afastava.

 

 



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