ib: Slumber party - Ashnikko (feat. Princess Nokia)
~Max~
Eu estava entediada durante a aula de geometria, me perguntando por que um infeliz chamado Pitágoras inventou uma merda de teorema para infernizar a vida alheia... e onde caralhos eu ia usar essa fórmula de bháskara? Eu achava um desrespeito e uma falta de empatia imensuráveis que isso fosse ensinado a alunos, meros mortais, do ensino médio.
Olhei ao redor. Will desenhava alguma coisa numa folha de sulfite, totalmente aéreo à aula; Dustin e Mike estavam totalmente focados, fazendo anotações e prestando atenção em cada palavra do professor. Lucas bocejava enquanto montava uma pilha de lápis de cor em cima do caderno.
Eleven, por outro lado, parecia meio entediada; eu tinha quase certeza que ela já sabia aquela matéria... O que é que as crianças aprendiam quando eram criadas em laboratórios para experimentos científicos? De qualquer forma, El era muito inteligente e conseguia ir bem em todas as matérias sem fazer muito esforço.
E eu, honestamente, já tinha entendido os princípios básicos do conteúdo e não estava nada afim de prestar mais atenção. Rabisquei um bilhete num pedaço rasgado de papel e entreguei à El.
E aí, gata, você vem sempre aqui?
Ela deu um sorrisinho ao ler; nós costumávamos brincar desse jeito com uma frequência, sempre fingindo que estávamos flertando. Eu adorava, especialmente quando Mike ficava irritado com isso.
El escreveu uma resposta e me devolveu o bilhete.
Só quando você está... assim não tiro os olhos de você...
Sorri de volta.
Nesse caso, posso fazer uma proposta indecente?
Senti um arrepio quando El mordeu o lábio ao ler a pergunta; merda, mesmo que fosse só brincadeira, ela ainda mexia um pouco comigo.
Proposta indecente? Estou interessada, fale mais...
Quem dera isso pudesse ser real... Maldito Mike Wheeler.
Você e eu, na minha casa hoje a noite. Festa do pijama... mas as roupas são opcionais, claro.
Eleven corou ao ler o papel, mas não demorou nem um minuto para escrever a resposta.
Feito!
Nós duas trocamos um olhar significativo e demos risadinhas; mas, naquele instante, o olhar do professor parou sobre nós. Merda.
Ele caminhou lentamente até a minha mesa, me olhando nos olhos.
~Eleven~
Meu coração errou as batidas quando o Sr. Connor foi até a mesa da Max; engoli em seco, mas ela parecia extremamente tranquila.
– Srta. Mayfield.
– Professor – Max respondeu, com uma expressão brincalhona no rosto; eu, no entanto, não conseguia nem respirar.
– Posso saber o que você e a Srta. Hopper estão passando uma para a outra? – merda, merda, merda... Senti meu rosto esquentar só de pensar na possibilidade de um professor ler o que estava escrito naquele bilhete.
Era só brincadeira, mas talvez ele não entendesse isso... Fora que vários professores tinham costume de ler esses bilhetes em voz alta... Que droga. Max não ia entregar aquele papel, ia? Não, ela não faria isso...
– Claro, fique à vontade – Max, porém, nem hesitou ao passar o papel dobrado ao Sr. Connor; arregalei os olhos, ansiosa e assustada com o que estava por vir. Ela estava com as sobrancelhas arqueadas e um sorrisinho enigmático, sem tirar os olhos do professor.
O Sr. Connor estava com a testa franzida, claramente irritado com a situação e arrancou o papel das mãos de Max, desdobrando-o. Sua expressão mudou em segundos.
Seu rosto agora estava tão vermelho quanto um tomate e eu podia jurar que escorria uma gota de suor escorria por sua testa; eu estaria exatamente igual, se não estivesse gelada de medo do que poderia acontecer.
– O senhor pode ler em voz alta, professor. Eu não sou tímida – Max declarou, ainda sorrindo e eu olhei para ela, perplexa.
Ela deu uma piscadinha, como se disse “confia em mim”.
– Não... não acho que... que tenha necessidade – o Sr. Connor gaguejou, dobrando freneticamente o papel e enfiando-o de volta na mão de Max. – Vamos... vamos focar na aula agora, está bem? Vocês duas – ele olhou para mim também.
– Sim, senhor – respondemos.
– Você é louca! – falei, rindo, quando Max e eu saímos para o almoço. – Como sabia que ele não ia ler em voz alta? – Max gargalhou.
– Eu não sabia – fiquei boquiaberta, mas sem conseguir parar de rir; querendo ou não, era uma situação constrangedora, mas engraçada.
– E se ele lesse? – ela deu de ombros.
– Já tive que lidar com boatos muito piores do que estar pegando Jane Hopper, então... – eu achava incrível como Max conseguia levar tudo com tanta naturalidade, sorrindo, sem se importar com as opiniões dos outros.
Parte de mim queria ser desse jeito também, eu ainda estava aprendendo, mas tinha um pouco de medo do que as pessoas da escola iam pensar; a maioria já me achava meio esquisita.
– O que vocês duas estavam aprontando durante a aula de geometria? – Mike perguntou; ele, Dustin, Lucas e Will se aproximaram de nós.
Mike me deu um selinho, com um sorriso no rosto e segurou minha mão.
– É, o Sr. Connor ficou muito envergonhado por ler – Lucas disse, rindo; ele chegou perto de Max e colocou o braço ao redor de seus ombros, mas ela o retirou.
Há um bom tempo Lucas dava em cima de Max, sempre flertando com ela e fazendo de tudo para agradá-la – sem sucesso. Eu não entendia muito bem porquê ela não gostava dele do mesmo jeito... mas isso me reconfortava. De alguma maneira, ver o Lucas assim tão meloso me deixava meio... incomodada às vezes.
– O que tinha naquele bilhete? – Dustin perguntou. Max e eu nos entreolhamos.
– Não importa – ela respondeu, com um ar misterioso. – Se o Sr. Connor não leu, é porque não é da conta dos outros, não acham?
Os meninos fecharam a cara e Mike olhou para mim; eu conhecia bem esse olhar, ele ia me perguntar mais tarde sobre o bilhete. Eu não estava com vontade de contar... Mike podia ser bem intrometido de vez em quando e isso me incomodava; tinha coisas que eu preferia guardar para mim... ou dividir só com a Max, era mais fácil lidar com ela.
– El e eu vamos fazer uma festa do pijama essa noite, portanto, não encham o nosso saco. Nem fiquem ligando, isso é irritante – Max disse, pegando o skate no armário.
– Festa do pijama? Podemos participar? – Dustin perguntou, os olhos brilhando.
– Não – respondi. – É uma festa só de garotas.
– Isso aí – Max concordou.
– Ei, mas a gente não tinha combinado de jogar D&D hoje à noite? – Will perguntou, andando um pouco mais para trás do que o resto do grupo.
– É verdade, você disse que ia comigo, El – Mike disse, com as sobrancelhas arqueadas, me encarando.
– Merda, eu esqueci – talvez tivesse convenientemente esquecido; eu até gostava de sair com o Mike à noite, mas era bem chato ficar vendo ele jogar com o Will, o Lucas e o Dustin.
– Podemos fazer uma noite dos garotos, já que elas vão ficar fazendo... coisas de garota ou sei lá – Lucas falou.
– Por mim é uma ótima ideia, podemos pedir pizza – Will concordou.
– Mas... você tinha combinado comigo – Mike ignorou completamente os outros, ainda esperando uma resposta de mim.
– Sinto muito, Mike – Max interveio, com um olhar desafiador para ele e enganchando o braço no meu. – Sua namorada e eu vamos para a minha casa hoje. Você perdeu, mais sorte na próxima.
Não consegui segurar uma risada e nem fiz a menor força para lutar quando Max me puxou para longe. Mike continuou me olhando, com cara de idiota, provavelmente esperando que eu fosse mesmo preferir passar a noite vendo ele e os outros jogando um joguinho bobo e arrotando.
~Max~
Meus pais não estavam em casa naquela sexta e Billy tinha ido viajar com uns amigos, só voltaria domingo, o que significava que El e eu tínhamos a casa apenas para nós... E eu nem podia acreditar que ela tinha concordado em furar o encontro com o Mike para passar a noite comigo... Ok, era uma escolha meio óbvia. Ninguém, em sã consciência, iria preferir o programa do Mike Wheeler a uma festa do pijama na minha casa... Talvez o Will. Mas era só porque ele estava apaixonado, então não contava.
Eleven e eu passamos na casa dela para pegarmos algumas roupas e o sol já estava se pondo quando chegamos à minha casa. Gritei para ter certeza que estávamos sozinha e fiquei feliz ao constatar que sim.
Pedimos hambúrguer, batata frita e milk-shake e assistimos um filme juntas no sofá. Eu não tinha muita experiência com festas do pijama, mas, no geral, achava que estávamos indo bem; tinha uma vaga noção do que garotas costumavam fazer nesses eventos. El sentou na minha frente enquanto eu escovava seu cabelo.
– Isso é bom... – ela murmurou. E eu estava adorando; o cheiro do shampu adocicado, os fios sedosos nos meus dedos...
Eu adorava tudo na El... como ela era linda e nem se esforçava para isso; era muito diferente das outras garotas da escola, que viviam se maquiando, se arrumando, pintando o cabelo e usando aqueles penteados que as faziam parecer poodles... Eleven era simplesmente natural. O cabelo escuro ia até os ombros, os olhos castanhos e grandes sempre com um ar inocente e, ao mesmo tempo, protetor, a pele macia e clara, os lábios rosados, o sorriso meigo... E o perfume natural dela. Eu amava isso.
– Sabe o que podíamos fazer? – perguntei, deslizando os dedos em seu cabelo, enquanto El inclinava a cabeça para trás.
– O que?
– Tirar umas fotos... Billy tem uma polaroid e minha mãe tem umas roupas bem engraçadas – El deu uma risadinha. – Podemos guardar de lembrança, o que você acha?
– Acho ótimo!
– Mas antes – falei, indo até a cozinha –, uma dose disso aqui para animar.
Tirei a garrafa de vidro do congelador e peguei dois copinhos pequenos; já tinha visto minha mãe e o marido dela fazerem aquilo um milhão de vezes, não devia ser tão difícil. El veio até mim.
– O que é isso?
– Licor de melancia – coloquei o líquido rosa em um dos copos.
– Meu pai não me deixa beber ácool... ele diz que sou muito nova para isso – o Hopper era meio careta, na verdade. Ele e o Mike. Homens...
– Eu diria que é para você treinar para quando for mais velha; em algum momento, tem que aprender a beber e, quanto antes, melhor – ela ainda não parecia muito convencida. – Olha, não precisa beber se não quiser...
– Tudo bem, eu vou provar – sorri e coloquei o licor em seu copo também.
Nós duas brindamos e bebemos. Era doce, mas ardia um pouco a garganta; nada que não desse para suportar. Eleven fez uma careta quando terminou de beber; isso não aconteceria se Hopper fosse um pouco menos super protetor...
~Eleven~
Eu já tinha ouvido falar e estudado sobre o que o álcool fazia no corpo, mas não era nada parecido com o que eu estava sentindo... Eu não estava tonta, nem com a visão embaçada ou confusa. Só estava feliz... muito feliz. E me divertindo mais do que já me diverti durante a vida inteira.
Max e eu colocávamos tiaras, luvas, jaquetas, colares e outros acessórios extravagantes, bregas e super coloridos e não parávamos de rir, ao mesmo tempo que tirávamos um milhão de fotos instantâneas.
Precisava admitir, aquilo estava sendo perfeito, muito melhor do que eu esperava. Claro, meus programas com a Max sempre eram legais, os dias nunca ficavam chatos ou entediantes com ela; sempre era tudo muito leve e tranquilo, nunca brigamos uma vez sequer... Mas aquela noite foi a melhor de todas.
Com Mike era diferente. Ele sempre pegava no meu pé por coisas idiotas e parecia sempre querer achar uma desculpa para discutirmos; nas últimas semanas eu até estava preferindo passar mais tempo com a Max do que com ele.
– Tenho uma coisa para você – Max disse, me puxando para o quarto dela. Ela tirou uma caixa vermelha, com um laço preto, de dentro do armário e me entregou. Franzi o cenho.
– O que é isso?
– Considere como um presente de aniversário adiantado... ia te dar mês que vem, mas acho que vai combinar com a nossa festa de hoje.
Sentei na cama e desfiz o laço. Dentro da caixa, havia um pijama lindo; era de seda, um shorts rosa claro com renda preta na parte das coxas e uma regata nas mesmas cores, com os mesmos detalhes, decotada e meio curta.
Eu nunca tinha usado nada nem parecido, mas estava embasbacada de como era lindo...
– Eu... adorei – falei, ainda admirando as peças. – Obrigada – eu a abracei.
– E sabe qual é o melhor? – ela disse, retribuindo o abraço e, em seguida, tirando de baixo do travesseiro um pijama idêntico, só que verde-água. – Pijamas combinando! Achei que seria legal para a nossa festa do pijama.
Nós rimos. Então me dei conta de que nós duas colocaríamos aquelas roupas; eu não sabia bem como me sentir em relação a isso... nunca usava nada tão curto e decotado. Por outro lado, eu me sentia confortável com a Max, sabia que não tinha que ter vergonha de usar aquilo perto dela...
Mas também não consegui parar de pensar que ela também estaria usando algo assim. A diferença é que Max tinha um corpo lindo... não que eu reparasse muito, mas era algo meio óbvio. Eu não me sentia muito segura em comparação a ela.
Ela tinha uma beleza extraordinária... a pele branca, as sardas nas bochechas e nos ombros... E os cabelos ruivos, avermelhados como o fogo... Eram de dar inveja. E tudo isso numa combinação perfeita com os olhos azuis. Max era a mistura de tudo de perfeito que podia existir e eu... Bom, eu era comum.
– Vamos colocar logo, quero fazer um jogo com você – ela disse, tirando a jaqueta jeans.
Nós levamos um tempo para tirar todos aqueles acessórios e eu tentei não olhar muito enquanto ela se despia, mas era difícil e não consegui evitar um ou outro olhar. Eu estava absolutamente certa, Max tinha o corpo de uma deusa. Suspirei e coloquei o pijama também; eu não me sentia nada deslumbrante nele, não do jeito que ela ficava.
– Nossa, você ficou linda – Max disse, sorrindo; senti minhas bochechas esquentarem.
– Você achou?
– É claro! Parece uma modelo – eu não sabia se devia acreditar nela; já tinha visto modelos em revistas antes e elas, no geral, eram loiras de olhos verdes... E os cabelos eram mais compridos e cheios e eram mais altas, mais magras... – Vamos jogar verdade ou desafio?
– Mas... isso não se joga em grupo? – nunca tinha jogado, mas já tinha escutado Mike falar sobre isso.
– É, mas podemos adaptar para jogar entre nós duas.
~Max~
Era impossível tirar os olhos de El. Ela tinha ficado ainda mais sexy do que eu imaginei quando comprei aquele pijama... Até estava tentando não deixar na cara, mas era muito difícil. A todo momento, eu passava os olhos pela pele lisa dos ombros, da clavícula... o decote deixava boa parte de seus seios à mostra e... nossa... como eu queria tocá-los...
Suas coxas quase totalmente descobertas eram uma tentação... Inferno, não conseguia deixar de imaginar qual era a sensação de passar as mãos ali.
El e eu começamos a jogar verdade ou desafio, sentadas no tapete da sala; nós tomamos mais duas doses do licor de melancia, mas nenhuma de nós parecia realmente bêbada. Só estávamos alegres, muito alegres, rindo de tudo, fazendo piada sobre tudo e conversando sem rodeios. A princípio, os desafios e as “verdades” eram bem inocentes, acho que nós não estávamos muito confortáveis em começar com coisas mais pesadas.
Mas, com o passar do tempo, isso foi mudando.
– Verdade – El pediu.
– Confesse alguma coisa que nunca contou a ninguém antes – falei.
Eleven pareceu pensar por um momento.
– Isso... fica só entre nós, não é? – ela perguntou, meio sem graça.
– Tudo que fizemos e falamos aqui fica só entre nós – assegurei.
– Bom... – El não olhava para o chão e estalava os dedos. – Às vezes... eu meio que imagino você... sem roupas...
Comecei a rir, mas El ainda parecia bem envergonhada, com o rosto corado.
– É sério? – perguntei.
– Só de vez em quando...
– Por que? – ela balançou os ombros.
– Eu não sei... Sua vez – ela disse rápido. – Verdade ou desafio?
Eleven estava claramente tentando fugir do assunto, mas eu não ia deixar com tanta facilidade. Não quando estava tão interessada nessa confissão.
– Verdade – cruzei os braços.
– O que você acha de mim? – em outra ocasião, eu perguntaria “em que sentido?”, mas, naquele momento, simplesmente deixei a resposta fluir com naturalidade com a primeira coisa que pensei.
– Te acho gostosa pra caralho – El arregalou os olhos, mas eu não parei aí. – E muito gata... e, porra, El, você parece uma pintura, sei lá... Daqueles quadros que a gente vê em museus. Tipo uma obra renascentista, com os traços perfeitamente feitos à mão... Fora que você é inteligente demais. E interessante e legal demais...
– Ah... nossa... eu acho que não estava esperando por isso – ela deu uma risadinha.
– Verdade ou desafio?
– Verdade.
– O que está sentindo agora?
– Estou feliz... – El olhou para mim, o rosto ainda vermelho e eu não sabia se era porque ela estava com vergonha ou se era por causa do licor. – E um pouco nervosa... meu coração está acelerado...
– Por que?
– Eu não sei... você me deixa assim às vezes, eu não entendo – ah, mas eu entendia muito bem. – Me sinto bem com você e, ao mesmo tempo, fico ansiosa...
– Três verdades seguidas – falei. – Então... escolho desafio – e eu esperava mesmo que El entendesse o que eu queria e mordesse a isca.
Eleven levou um tempo para responder.
– Eu... te desafio a me beijar – ela disse, sem olhar diretamente para mim; e eu sorri.
– É só isso que quer, El? Um beijo?
– Acho... acho que sim – por um momento, duvidei que El fosse pedir, mas eu tinha esperanças; não queria forçar nada, nem pressioná-la a nada... Mas, já que a atitude partiu dela, qual poderia ser o problema?
– Vem cá – eu a puxei para o sofá.
Sentamos uma de frente para a outra, mais perto do que costumávamos fazer; Eleven parecia um pouco perdida, meio sem saber o que esperar, mas não disse nenhuma palavra para voltar atrás, nem se afastou, nem desviou o olhar do meu.
Encarei aqueles grandes olhos castanhos, que retribuíam com expectativa; seu sorriso sutil formava covinhas nas bochechas rosadas. Eleven era um misto de fofura com sensualidade, como é que alguém podia ser desse jeito?
~Eleven~
Eu não sabia bem porque tinha dito aquilo... podia ser o álcool ou podia ser que eu estivesse muito a vontade porque sabia que a Max não ia me julgar. Simplesmente quis dizer a ela aquelas coisas e quando ela escolheu desafio... não sei, a primeira coisa que me ocorreu foi um beijo.
Eu nunca tinha beijado uma garota antes; aliás, nunca tinha beijado ninguém além do Mike e, se fosse ser sincera, tinha curiosidade. Não que eu não gostasse dele, eu gostava bastante, só que eu queria saber como era estar com outras pessoas, o que eu ia sentir... Com a Max, principalmente. Tudo era tão mais tranquilo quando estávamos juntas e eu queria muito saber se seria assim quando nos beijássemos. Com o Mike nem sempre era tão legal e, se com a Max fosse desse jeito também, então eu teria a certeza que beijos eram sempre assim.
Respirei fundo, quase conseguindo escutar as batidas disparadas do meu coração quando Max chegou ainda mais perto de mim e colocou as mechas do meu cabelo atrás das minhas orelhas.
– Tem certeza? – ela perguntou.
– Tenho – respondi.
Max colocou as mãos no meu pescoço e, instintivamente, olhei para sua boca; ela passou a língua ali, umedecendo os lábios e eu senti uma contração estranha. Fiquei sem ar ao vê-la tão perto, me olhando com desejo, como se eu fosse mesmo a garota mais bonita do mundo.
A última coisa que vi antes de fechar os olhos foi aquela imensidão azul brilhando a milímetros de mim. Senti o cheiro de frutas cítricas de seu cabelo e aproveitei o toque de seus dedos na minha pele.
Um segundo depois, seus lábios tocaram os meus, macios, como veludo e, ao mesmo tempo, molhados, deslizando com uma suavidade inimaginável...
Sua língua encontrou a minha, com calma, com precisão, como se cada movimento tivesse sido milimetricamente calculado e pensado. Cada parte do meu corpo se arrepiou quando Max se aproximou mais, segurando meu rosto com firmeza; toquei seus braços e, em seguida, sem pensar muito, desci as mãos até suas costelas, depois na cintura, mantendo-a perto de mim.
Sentia o gosto doce dos marshamallows que tínhamos comido há alguns minutos... era incrível... Totalmente diferente de qualquer coisa que eu já pudesse ter experimentado...
Mike costumava ir mais rápido, sua língua me invadia com um pouco mais de pressa e ansiedade e ele me apertava mais também; não que me incomodasse, mas não era muito confortável... Max, ao contrário, acariciava minha nuca e meu cabelo com delicadeza, ela aprofundava o beijo aos poucos, me deixando me acostumar com seus lábios cobrindo os meus.
Seus dentes roçaram de leve no meu lábio inferior quando ela se afastou.
– Tudo bem? – Max perguntou, tirando as mãos de mim. – Você...
Sem pensar duas vezes, eu a puxei de volta; não importava mais nada, eu só queria ter aquela sensação de novo, aquela ânsia para continuar, sentir seu gosto de novo, seu toque... Era muito bom, era incrível... não queria que parasse.
Max retribuiu, agora mais intensamente e, em pouco tempo, estávamos deitadas no sofá, ela em cima de mim; suas mãos percorreram meu corpo aos poucos, começando na minha clavícula, depois nos meus braços, na minha barriga, na minha cintura e apertando minhas coxas, acariciando cada parte sem a menor pressa.
Seu corpo se encaixava no meu, podia sentir seus seios subindo e descendo conforme os movimentos, roçando nos meus; também invadi sua boca com a língua, agora um pouco mais rápido, ansiando encontrar a dela, sentir aquele calor mais uma vez...
Agarrei suas costas, colocando as mãos por baixo da regata de pijama; Max também estava arrepiada, eu podia sentir... ela arfou quando deslizei as unhas sobre sua pele. Sentia ondas quase elétricas tomando conta de mim; eu poderia continuar daquele jeito por horas, a vida inteira se pudesse...
– Max... – falei, ofegante; ela olhou para mim, também recuperando o fôlego. – Com você... é diferente. É diferente do que eu sinto com o Mike... por que...?
– Porque o idiota do Mike não sabe fazer nem metade do que eu sei – ao invés de voltar a me beijar, Max aproximou os lábios do meu pescoço e encostou ali.
Gemi baixo, meio sem querer; não estava esperando por aquela sensação... era prazerosa, me deixava com calor, queria mais... E Max continuou. Ela lambeu meu pescoço e mordeu o lóbulo da minha orelha.
– Você é uma delícia... – ela sussurrou e agora eu estava perdida, já não conseguia pensar em mais nada, nem em como eu me sentiria culpada por estar fazendo aquilo no dia seguinte.
Max tirou a regata que eu usava; por um momento, pensei em protestar e dizer que aquilo poderia não ser uma boa ideia, mas desisti no momento em que seus dedos tocaram meus seios.
Eu ficava bem incomodada quando Mike fazia isso, não me sentia confortável, não era bom... mas quando Max fez... eu quis gritar.
~Max~
Não hesitei antes de colocar a boca em um de seus mamilos, rígido, rosado e quase como se me convidasse a fazer isso, ao mesmo tempo que massageava o outro; El segurou minha nuca, me induzindo a continuar; ela gemeu, provavelmente sem nem perceber e inclinou os quadris para frente, encaixando nos meus. Àquela altura eu já estava molhada, tão excitada que podia ir para o final ali mesmo, mas queria dar um show; queria que Eleven tivesse todas as melhores sensações possíveis e saber que Mike não causava nada daquilo era ainda melhor.
Continuei beijando seu corpo, a região entre seus seios, as costelas, a barriga, até chegar na parte abaixo no umbigo, no cós do shorts.
– O que vai fazer? – ela perguntou ofegante...
– É uma coisa que você vai gostar, acredite.
– Eu não sei, Max... – olhei para ela; El me olhava de cima, com um ar meio preocupado, o rosto vermelho, provavelmente do mesmo jeito que o meu deveria estar, a testa molhada de suor e a respiração entrecortada. – Mike fez isso uma vez e... e não foi bom, acho que eu não gosto dessas coisas...
Mordi a língua para não rir. Como Mike facilitava as coisas para mim... Idiota.
– Mike não tem a experiência que eu tenho – El não respondeu. – Vamos fazer o seguinte, vou começar e, se você não gostar, eu paro. Vamos fazer do seu jeito, pode ser?
Ela assentiu, ainda meio insegura.
– Posso? – perguntei segurando o shorts, pronta para puxá-lo para baixo.
– Pode... – ela sussurrou.
Tirei seu shorts e, só olhando pela calcinha já dava para ver o quanto ela também estava excitada, talvez até mais do que eu.
– Por que... por que eu estou assim? Sabe... molhada... – El perguntou; merda, então ela nunca tinha ficado desse jeito antes? Isso era ainda melhor.
– Porque eu deixo você com tesão – respondi, também tirando sua calcinha e, literalmente no mesmo segundo, aproximei minha boca.
Era tão fácil deslizar por ela... e revigorante sentir seu sabor adocicado; fiz questão de lamber cada gota sua. Não precisei parar para perguntar se estava bom. El agarrava meu cabelo e pressionava minha cabeça com as coxas, me prendendo, me deixando quase sem ar. Ela se contorcia e gemia alto, quase gritando... gritando meu nome.
Sentia seu clitóris pulsando, em chamas sobre minha língua e eu beijava, como se tivesse beijando sua boca... me deliciando com seu mel, ficando mais excitada conforme El me puxava mais, gemia mais, movendo os quadris na minha direção, quase como se exigisse que eu continuasse.
E eu continuei, fazendo com um sorriso no rosto. Não tinha nada naquele mundo que fosse me fazer parar; não agora.
~Eleven~
Minha mente estava em branco, vazia... Eu sentia como se estivesse flutuando... Como Max conseguia fazer aquilo? Como podia ser tão gostoso? Mike fez uma vez e foi péssimo, eu meio que sentia seus dentes e não era nada prazeroso... mas Max...
Nossa, era um paraíso... cada centímetro de mim estava em chamas, eu tinha perdido o controle dos meus movimentos e das coisas que dizia, embora tivesse certeza que estivesse pronunciando o nome dela, porque, lá no fundo, era só nela que eu conseguia pensar...
Com uma das mãos, Max ainda acariciava meus seios, minhas pernas, meu corpo inteiro... e com a outra, estimulava outras partes de mim que eu nem sabia que poderiam ser tão deliciosas... senti um de seus dedos me penetrar, deslizar com facilidade para dentro de mim e, surpreendentemente, aquilo não doeu... Pelo contrário, pareceu que tudo ficou ainda melhor.
Eu não aguentei nem mais um minuto. Fechei os olhos e inclinei a cabeça para trás quando ela acelerou o ritmo e pressionou exatamente o ponto certo; gritei e mordi os lábios, sentindo uma onda de prazer e calor me envolver por completo. Meus dedos formigavam, eu respirava com dificuldade, lutando para puxar o ar para os meus pulmões e relaxei no sofá, aproveitando mais uns segundos daquilo.
Max chupou o dedo e subiu, voltando a me beijar. Por mais incrível que pareça, eu não estava cansada; não queria parar... na verdade, eu estava mais disposta, com ainda mais energia. Queria mais.
Puxei Max para cima de mim de novo e praticamente arranquei a blusa do pijama; agora seus seios nus se esfregavam nos meus, causando arrepios... Arrisquei imitar o que ela fez antes e segurei suas coxas, sentindo sua pele macia se arrepiando em meus dedos, assim como eu tinha feito antes...
Meio que num impulso, agarrei sua bunda, pressionando-a contra mim e tendo um gostinho daquela sensação de antes.
Lentamente, sem saber direito o que fazer, passei os dedos em sua intimidade, por cima do shorts. Max mordeu minha língua e gemeu baixo. Aquilo era interessante, eu estava começando a gostar ainda mais...
– Quer... quer que eu faça em você? – perguntei em voz baixa, com o rosto queimando; eu não sabia bem como perguntar isso.
– Se você quiser fazer... – Max murmurou, beijando meu pescoço.
– Mas... mas você quer?
– Eu quero, El... – sua voz estava rouca e ofegante.
– É que... eu não sei bem como... – ela segurou minha mão e colocou por dentro do shorts e da calcinha; senti algo molhado e viscoso, quente, escorrendo dela...
– Eu te ensino.
Max e eu trocamos de posição; Max arrancou o que sobravam das roupas e me puxou para cima dela, ainda segurando minha mão lá embaixo; toquei um de seus seios com a outra, gostando do contato da sua pele na minha. Ela sorriu.
– Movimentos circulares... assim – obedeci, movimentando os dedos, no ritmo que Max impôs, nos lugares que ela indicava. – Cacete... você é ótima nisso...
Sorri. Max deixou que eu continuasse e voltou a massagear meus seios; os sons roucos que saíam de sua garganta eram como música para mim.
– El... – ela murmurou entre gemidos.
Chupei seu pescoço e ela arfou mais uma vez, me segurando com mais força.
– Coloca dois dedos em mim... desse jeito... – fiz exatamente como ela mandou e Max gritou, um grito bom.
Continuei fazendo os mesmos movimentos, agora um pouco mais rápido e lambi a região entre seus seios... depois seus mamilos, tentando fazer como ela tinha feito comigo.
~Max~
Eu acreditaria cegamente se El dissesse que já tinha feito aquilo milhares de vezes... ela tinha quase um dom natural para isso... Melhor do que qualquer outro garoto e até que várias garotas com quem eu já tinha estado.
Suspirei, olhando seus olhos castanhos e o sorrisinho meigo antes de gozar; enterrei as unhas nas costas dela e só depois parei para pensar que El podia não gostar disso... mas ela não reclamou... na verdade, só se aconchegou ainda mais a mim quando fiz isso.
Aquele podia ter sido o melhor orgasmo da minha vida... e eu não sabia se era porque há muito tempo eu não ficava com ninguém, se era porque El era incrivelmente habilidosa ou se tinha alguma coisa a ver com os sentimentos que eu achava que estava começando a desenvolver por ela...
– Você gostou? – El perguntou timidamente.
– Está brincando? Isso foi... uau... eu acho que nem tenho palavras – ela deu uma risadinha e tirou os dedos de dentro de mim; em seguida, fez algo que eu não estava esperando.
Ela fez o que eu fiz com ela; chupou os dedos, um por um... Lembro da primeira vez que fiz isso com uma garota e de como achei meio estranho no começo... Mas El parecia mesmo saborear meu gosto, como se quisesse desesperadamente aquilo.
– Você é tão... doce – ela comentou e eu ri. – Será que eu posso...?
– Não precisa pedir, El.
– É que... não sei se só pode fazer uma vez ou se...
– Isso é só com os garotos. Com garotas você pode fazer várias e várias vezes... por quanto tempo quiser – ela arregalou os olhos.
– Sério?
– É... e ainda temos a noite toda...
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