História Surrender - Lets Play!

    Mais tarde, ainda em Piltover, Caitlyn decidia se ia ou não ia atrás de Vi durante uma conversa franca com Jayce em seu escritório.

    - Ela praticamente me deixou falando sozinha! Saiu dizendo que “ia resolver”, o que não me faz pensar em outra coisa que não seja o envolvimento dela nessa confusão toda!

    - Caitlyn, não se precipite. Ela também está de cabeça quente, é normal que queira se afastar.

    - E quem não está, Jayce? Isso não dá a ela o direito de omitir coisas e fugir de mim! E... Quer saber? Eu vou atrás dela!

    - Tem certeza?

    - Eu a vi saindo de Piltover – Caitlyn colocou seu chapéu e agarrou-se a seu rifle.

    - Eu vou com você.

    - Não, eu faço isso sozinha.

    - Vou ficar preocupado.

    - Se eu não voltar com ela, tenha certeza de que eu mesma a matei.

    - Novamente peço para não se precipitar... – Jayce abraçou Caitlyn por um instante. – Tenha cuidado.

    - Cuide de tudo por mim.

    A Xerife saiu decidida a encontrar Vi. Podia ver vestígios de seus passos na saída de Piltover.

    Longe dali, Vi voltava à consciência e sentia suas mãos dormentes e um desconforto em seu pulso. Estava com suas manoplas imobilizadas e muito bem acorrentadas à cama onde costumava passar as noites com Jinx.

    - Jinx? – Vi chamou em voz baixa, ainda debilitada pela descarga elétrica que havia recebido algum tempo antes.

    Vi passeou os olhos por todo o galpão. Estava silencioso e escuro demais, embora pudesse julgar que ainda fosse dia.

    - Boo! – Jinx estava agachada sobre a cabeceira da cama observando Vi. Estava usando suas ombreiras. – O que está fazendo de cabeça pra baixo, Mãozuda?

    - Sua vaca... Atirando pelas costas? Sério?

    - Aquilo foi pra você deixar de ser noob. Nunca vire as costas pra mim numa discussão. Aliás, nunca vire as costas pra mim.

    - Maldita!

    - Sei que a Chapeleira vai vir te procurar.  – Jinx alcançou o chão com um salto ágil. – Então eu resolvi deixar as coisas mais divertidas.

    - Não toque na Caitlyn! – Vi tentou se soltar das correntes em vão. – Faça o que quiser comigo, mas deixe a Caitlyn em paz! A coisa toda é entre você e eu!

    - Que ceninha mais clichê! Você é patética, Vidiota. Está tão caída assim pela Xerifezinha de quinta? Não me diga que você agora é suporte? – Jinx pronunciou a última palavra com deboche, beliscando a bochecha de Vi entre o indicador e o polegar da manopla.

    - Porra, Jinx! Eu juro que quando eu me soltar daqui eu mato você!

    - Quantas vezes já ouvi isso? Aliás, até enquanto transava comigo te ouvi dizer isso. Puro blefe...

    - Me solta daqui e eu te mostro o blefe!

    - Você me deu uma ideia melhor. Reze para a sua Xerife ser uma boa suporte, Mãozuda – Jinx puxou sua metralhadora e atirou contra Vi sem prévio aviso. 

    O grito de dor dado por Vi ecoou em todo o recinto. Jinx limpou usando um dedo o sangue de Vi que havia respingado em seu rosto e pareceu se divertir com a agonia que causou.

    Perto dali, Cailtyn se aproximava do galpão, que teria passado despercebido se um grito familiar ao longe não tivesse chamado sua atenção.

    - Vi! – Caitlyn sussurrou para si enquanto apertava o passo em direção ao galpão.

    Não demorou muito para que a própria Jinx a recebesse de pé em cima do telhado.

    - Chapeleira! Enfim nos encontramos!

    - Onde está a Vi? – perguntou Caitlyn já com Jinx em sua mira.

    - Hum... Onde foi que eu vi a Vi? Deixa eu pensar. Vi... ou não vi?

    - É bom se lembrar. Você é procurada viva ou morta.

    - Então... – Jinx rapidamente jogou uma das manoplas de Vi na direção de Cailtyn, que fez um barulho peculiar ao cair a poucos centímetros do pé da Xerife. – Reconhece isso?

    Caitlyn olhou para a manopla de Vi no chão e seu coração se apertou naquele momento. O artefato estava coberto de sangue.

    - Esse sangue... É da Vi? – Caitlyn forçou as palavras a saírem.

    - O que você acha? Em Zaun tem um doutorzinho com um olfato literalmente canino. Acho que ele saberia responder essa pergunta com precisão mas, se você quiser, pode tentar dar um cheiradinha e... - antes que Jinx pudesse dizer algo mais, um tiro passou de raspão em seus cintilantes cabelos azuis. – Ai, sua doida! No cabelo não!

    - A próxima bala vai ser na sua cabeça. – Caitlyn mantinha Jinx em sua mira. - Me diga onde está a Vi e é bom que ela esteja bem! Tanto melhor pra você!

    - Por que você não procura?

    Uma bomba de fumaça jogada por Jinx explodiu no ar, fazendo Caitlyn perde-la de sua mira.

    - Vadia do inferno... É bom se esconder mesmo porque eu não erro, Jinx! Meu próximo critical vai ser no meio da sua testa!

    - Não fique irritada, Xerife... – a voz de Jinx ecoou ao longe. – Eu deixei um rastro legal lá dentro pra você seguir. Talvez você encontre o que procura!

    Caitlyn adentrou o galpão escuro sem baixar a guarda, passeando a mira do rifle por todo o local. O chão estava pegajoso, meio molhado. Uma fresta no teto, por onde a luz entrava a fez perceber um rastro de sangue que se estendia até sumir na penumbra.

    - Porra... – Caitlyn murmurou por um instante. O rifle tremeu em suas mãos. Queria acreditar com todas as forças que Vi estava bem.

    - Gostou do rastro que eu deixei pra você? Isso facilita mais as coisas! – a voz estridente de Jinx ecoou novamente, desta vez, dentro do recinto.

    - Por que não dá as caras, sua piranha?! Você não tem várias armas? Te desafio a usar todas elas! Uma bala do meu rifle é tudo o que eu preciso! – Caitlyn gritou novamente mirando o teto, sem saber ao certo de onde vinha a voz de Jinx.

    - Não se preocupe com isso agora. Vou aceitar o desafio com todo o prazer, mas não ainda. No seu lugar, eu estaria mais preocupada com a fonte desse rastro aí...

    Caitlyn correu seguindo o rastro de sangue enquanto ouvia a voz de Jinx imitando o som de um ponteiro de relógio.

    - Por favor, Vi. Esteja viva... esteja viva...

    - Ping... ping...  O sangue continua escorrendo, Xerife! 

    A cada passo de Caitlyn, o rastro de sangue parecia maior. Se todo aquele sangue fosse mesmo de Vi, seria difícil encontra-la com vida e a Xerife, mesmo relutante em acreditar, sabia disso.

    O rastro de sangue terminava num ponto mais iluminado do enorme galpão, onde o som de um líquido pingando chamou a atenção de Caitlyn. Mais adiante, descobriu uma poça com uma quantidade considerável de sangue. Caitlyn ergueu seus olhos para encontrar Vi inconsciente e acorrentada pelo braço esquerdo, que ainda portava a manopla e suspensa a pelo menos cinco metros do chão. Havia sangue escorrendo de seu corpo já bem pálido e Caitlyn não sabia identificar o local da ferida nem em que condições Vi se encontrava.

    - Você a encontrou, Xerife! Você é menos burra do que eu pensava, afinal! – Jinx zombou em tom comemorativo, ainda escondida em alguma parte do recinto.

    Caitlyn não tinha forças para sequer gritar. A imagem de Vi ali suspensa e aparentemente sem vida havia bombardeado seus sentidos.

    - Vi...