02/02/2016 ~ terça-feira.
Busan, Coreia do Sul.
Passaram-se apenas três dias do falecimento do amor da minha vida, e sinto que não irei aguentar essa dor que estou sentindo. É uma dor no peito que consome todo o meu corpo, minha alma e meu coração.
Quando vi Jungkook imóvel com os olhos fechados naquela sala de cirurgia, senti que todo o ambiente havia ficado em câmera lenta. Os enfermeiros, meu pai, pais de Jungkook e amigos tentaram me tirar do lado dele, mas bati o pé e disse que não. "Jungkook não estava morto", era o que eu queria acreditar a todo o momento. Eu não sabia como reagir a morte dele, eu só gritava e chorava. Senhora Jeon e eu, fomos sedadas no mesmo instante, mas ao contrário de mim, ela já "esperava" que Jungkook não conseguisse resistir.
Eu esperava do fundo do meu coração que Jungkook iria ser curado. Eu rezava pedindo a Deus a todo o instante que não levasse o único homem que me entreguei por completo nessa vida. Jungkook não era apenas o meu amigo, namorado e noivo. Ele era uma parte de mim. Ele era a parte boa de mim, a parte que sempre me compreendia mesmo eu tendo vários defeitos. Ele me amava do jeito que eu sou, me fez enxergar a mulher negra e maravilhosa que sou. Me fez amar cada defeito e detalhe, dentro e fora de mim. Todas as noites, e também manhãs que nos amávamos eram cheias de luxúria, desejo, amor e ternura. O meu dia era completo ao seu lado. O seu cheiro, o seu toque, o seu sorriso ainda estão gravados em minha mente. Jeon Jungkook é o amor da minha vida, e agora eu não o tenho mais. O que eu irei fazer dessa vida sem ele? Agora me fala Jeon Jungkook, o que eu irei fazer da minha vida sem você? Você me fez viciar em todos os seus detalhes e manias. Agora me diz o que irei fazer da minha vida sem você? Você é o amor da minha vida. Volta para mim.
— Está tudo pronto querida? — senhora Jeon me despertou novamente dos meus pensamentos.
— Sim senhora. Estou apenas terminando de arrumar o meu cabelo, e logo estou descendo. — disse passando um creme nos meus cachos.
Estou na antiga casa de Jungkook em Busan na Coreia do Sul, e estou justamente em seu antigo quarto. Assim que ele faleceu, o senhor Jeon disse que Jungkook será velado aqui na cidade natal dele, então juntei minhas malas e vim junto com eles e meu pai. Pela minha sorte, o meu passaporte é válido, pois comecei um estágio na aeronáutica, e fora que a Coreia não precisa de um visto tendo a duração de noventa dias justificáveis.
A minha idéia de vir para Busan nunca foi para ir a um velório, ainda mais sendo do meu noivo. Jungkook planejava me trazer para passearmos e mostrar a sua cultura, já que é apaixonado por este lugar. Ele sempre me contava histórias maravilhosas de sua infância, e lugares que seria um sonho em me levar, mas infelizmente eu terei que ir sozinha a esses lugares. Busan é realmente encantador, porém sem Jungkook ao meu lado, não passa de uma cidade no exterior.
Com os últimos toques da minha roupa e cabelo, me levantei da cadeira e observei seu quarto mais uma vez. Ao contrário do quarto dele no Brasil na casa de seus pais, e do nosso apartamento, este aqui é mais espaçoso e mais claro. Eu fechei as cortinas porque quero ficar quieta no meu canto, mas ainda sim dá para notar todos os detalhes. Eu não sabia que os senhores Jeon havia mandado preservar a casa, talvez eles já estivessem com o pensamento de voltar para cá. Mas saber que o meu amor dormia aqui, me faz sentir que estou mais perto dele outra vez.
Me virei fechando a porta e desci as escadas até a sala. Os familiares de Jungkook, os amigos da família dele, os senhores Jeon e meu pai, estavam a minha espera. Confesso que estou com vergonha por conhecê-los todos de uma vez. Taehyung e Namjoon vieram até mim e meu pai também.
— Está linda filha. — quem meu pai quer enganar? Estou cheia de olheiras e sem maquiagem. Só vesti um vestido preto e calcei as sapatilhas. Não estou afim de me arrumar, porque na verdade eu não queria nem ir. Não sei se vou aguentar ver Jungkook sendo velado.
— Obrigada pai. — me abraçou.
— Eu sinto muito Tessa. — Taehyung disse chorando, me inclinei para abraçá-lo mesmo com todos os olhares sobre mim já que não é de costume aqui na Coréia.
— Eu também sinto muito Tessália. — foi a vez de Namjoon me abraçar.
— Está tudo bem gente. Eu estou bem. — menti. Eles não caíram nessa, mas não dizerem nada. Senhora Jeon veio até mim me abraçando e me puxou até o meio da sala.
— Escutem todos! — disse alto para todas as pessoas presentes na casa. É um número consideravelmente grande.
— Essa é a Tessália. A mulher que ficou o tempo todo do lado do meu filho. — eu não sabia se ficava com vergonha ou chorava.
— Ela era a noiva do Jungkook, e fez de todo o possível para que meu filho não desistisse de lutar pela vida. Tessália é a mulher que meu filho amava incondicionalmente, eu até ficava com inveja.— sorriu.
— Ela aguentou tudo e sempre foi otimista na recuperação dele. — ameaçou a chorar.
— Quero que todos vocês conheçam a mulher que meu filho decidiu passar a lutar pela a vida. A mulher que me daria ótimos netos, a mulher que ama o meu filho mais que tudo. — começou a chorar e eu também.
— Obrigada Tessália por fazer parte das nossas vidas. — senhora Jeon me abraçou no meio de todo mundo. Ela falou tudo em coreano e consegui compreender. As aulas de coreano que Jungkook me dava valeu a pena, e também fui dando um jeito de aprender sem que ele soubesse. Ainda está muito ruim, mas dá para eu ir me virando quando preciso.
Alguns parentes de Jungkook me olharam curiosos, pois muitos ali nunca viram uma pessoa negra. Meu pai pouco se importou, já eu fiquei um pouco deslocada, mas com Namjoon e Taehyung por perto eu não me sentia tão diferente. Fico imaginando se o Youngjae estivesse aqui, o barraco que ele faria.
(...)
Depois de muita conversa, fomos para o velório. Quem foi na limousine fui eu, meu pai, os senhores Jeon e os pais dos senhores Jeon. Os avós de Jungkook são uma gracinha, eles me adoraram.
Namjoon e Taehyung havia me explicado que os velórios coreanos são totalmente diferentes dos velórios ocidentais. Na entrada há grandes coroas de flores que eu acho assustadoras, e um grande tapete vermelho que nos leva até o salão onde o caixão de Jungkook está.
Saí correndo até a bancada cheia de flores. Colocaram uma foto do Jungkook de terno e um laço preto por cima do porta retrato. Eu queria muito ver o corpo dele pela última vez, porém o caixão é totalmente lacrado e diferente do qual estamos acostumados a ver. A cor é amarelada e bastante polido. Me debrucei em cima do caixão e comecei a chorar. Fui chamada atenção, porém eu não queria sair de perto dele. Ele não morreu, ainda está vivo. Ele vai sair de dentro desse caixão.
— Tessália minha filha. — meu pai tentava me puxar de leve, porém resisti. Senhor Jeon se aproximou de mim e disse que a cerimônia irá começar dentro de poucos minutos. Me levantei diante do caixão e olhei mais uma vez para a foto dele. Como é lindo.
— Jungkook meu amor. — funguei. — Já pode parar de brincar. Todos estão à sua espera. — disse e peguei o porta retrato o abraçando. Senhora Jeon veio até mim e me abraçou. A apertei como se estivesse apertando o seu filho. Eu não sei se aguentarei ficar aqui. Meu pai pegou o porta retrato de volta e colocou no mesmo lugar.
Namjoon e Taehyung chegaram, e me guiaram até onde eu devo me ajoelhar, eles irão me instruir durante a despedida de Jungkook.
— Ele não morreu Namjoon. — o olhei. — Tira ele de lá Taehyung. — me virei olhando para o mesmo já que estou entre os dois consigo me comunicar melhor com ambos.
— Ela não está bem Namjoon. Acho melhor tirar ela daqui. — Taehyung disse e Namjoon concordou.
— Eu estou ótima. Não precisa me tirar daqui e sim o Jungkook de lá. Ele deve está sufocado lá dentro. — chorei ainda mais. Meu pai veio até mim e me tirou do meio dos meninos, me levando para fora do ambiente.
— Tessália minha filha tenta se acalmar. — meu pai está tentando ser o mais cauteloso possível.
— Como papai? Hoje também faz 1 ano do meu primeiro encontro com o Jungkook. Ele ainda irá me levar para sair. — me sentei no chão.
— Você está delirando, terei que te levar em algum hospital. Está começando a suar frio. — meu pai se ajoelhou diante de mim.
— Eu te amo filha, e sinto muito por isso. Eu não devia deixar você se envolver com ele. — o que?
— Pai você tem noção do que acabou de dizer? — o encarei.
— Eu quero dizer que pai nenhum suportaria ver sua filha nesse estado, por isso nunca deixei você namorar, e quando deixo acontece isso. — ele também quer chorar.
— A culpa não é sua e nem de Jungkook. É de Deus! — disse chorando alto.
— Cala a boca! — meu pai disse bravo. — Levanta agora e encare a verdade lá dentro. A culpa não é de Deus. Deus fez o possível para que vocês vivessem bem juntos Tessália. — meu pai me pegou pelo braço e me encarou.
— Eu também já passei por isso e sei que tudo ficará bem. — me abraçou.
— Papai. — o apertei e pedi desculpas. Desculpa também Deus e Senhor Jesus.
— Você conseguirá aguentar ver o velório até o final? É diferente de tudo que já vi, mas estou aqui com você, eu sou o seu pai. — os olhos deles estão lacrimejantes.
— Sim senhor. Eu vim aqui para me despedir de Jungkook, então assim será. — meu pai entrelaçou minha mão e voltamos para o velório.
(...)
No decorrer do velório, todos fizeram os seus votos silenciosamente. Depois cada um levou o seu incenso até o caixão de Jungkook. Na minha vez, permitiram que eu ficasse mais tempo com ele. Olhei para o porta retrato, e me debrucei novamente no caixão. Será a última vez que o verei. Então preciso dizer as palavras certas.
— Jungkook meu amor. — comecei a falar baixinho.
— Eu queria que você estivesse aqui comigo passeando em sua cidade. Me desculpa desde o começo por ter te ignorado depois do meu acidente, eu não esperava que você fosse tão persistente. Obrigada por ter persistido em mim. — suspirei e deixei as lágrimas rolarem como sempre.
— Obrigada por você ter sido o meu primeiro em praticamente tudo. Nós passamos tão pouco tempo juntos, e ainda sim nós estávamos dispostos a passar o resto de nossas vidas um ao lado do outro. — suspirei.
— Eu adoraria ser a mãe da Jin-jook e do Arthur do jeito que havíamos combinado, mas infelizmente não irá acontecer. — não consigo mais controlar as lágrimas.
— Então meu amor, eu me despeço de você agora, mas em breve nós seremos um só novamente. — disse e meu pai me tirou de cima do caixão. Eu comecei a espernear, mas de nada adiantou. Me arrancaram do lado de Jungkook, e depois disso eu não o vi mais.
[...]
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Rio de Janeiro, Brasil.
Haviam se passado meses que perdi o Jungkook, e a vontade de fazer nada ainda continua dentro de mim.
Eu não saía nem para trabalhar, tanto é que me deram o tempo que fosse necessário para eu me recuperar do luto, mas confesso que não sei até onde vai durar.
Decidi vir morar com o meu pai novamente, pois o apartamento fica vazio sem o Jungkook. Senhora Jeon havia me falado que Jungkook passou o nome do apartamento para o meu, e que agora o nosso antigo lar, pertence somente a mim. Não aceitei, pois Jungkook trabalhou duro para comprar, ou quase isso, já que foi um presente de seu pai. Porém ele estava pagando o senhor Jeon mensalmente antes de nos mudarmos. Infelizmente não passei nem um mês completo ao lado de Jungkook lá, mas qualquer lugar ao lado dele seria um bom lar. Então entreguei as chaves do apartamento aos senhores Jeon, eles chegaram a recusar, mas insisti. Por mais que lá também estão vários momentos agradáveis que passei com Jungkook, não seria certo aceitar.
Me levantei da cama e fui até a cômoda, abri a gaveta e tirei o meu anel e o de Jungkook. São os de compromisso e noivado. Ele me deu os dele antes de entrar na sala de cirurgia, e o pior que ele estava com um grande sorriso no rosto. Eu não consigo e não quero esquecer essa cena. Eu continuo o amando.
— Tessa!
— Eu amo tanto o Jungkook que droga. — comecei a me debater sentada no chão.
— Tessa se você não abrir essa porta eu vou arrombar. Nós te falamos para não deixar essa porra trancada. — ignorava o Youngjae me gritando, eu só quero o Jungkook.
— ABRE ESSA PORTA CARALHO! — esbravejou.
— JUNGKOOK!!! — gritei o nome do amor da minha vida.
— MAIS QUE DESGRAÇA! — Youngjae deu um chute na minha porta e me viu no chão. Eu não quero nem saber ele vai ter que consertar para que eu possa me isolar de novo.
— Eu não aguento mais te ver assim, já se passaram meses e cada dia você está pior. — ele se ajoelhou até mim.
— Eu não quero saber de mais nada Youngjae. Me deixa sozinha! — gritei.
— Mas não vou mesmo. Hoje é final de semana e você irá sair comigo. Você querendo ou não. — me pegou como se fosse um saco de batatas.
— Me solta Youngjae, eu não quero sair com ninguém. — bati em suas costas para me soltar e ele me jogou na cama.
— Anda caralho tira a roupa. — o que?
— Tá maluco? — ele só pode ter perdido o juízo.
— Você precisa de um banho, está fedendo. E precisa comer mais também, cadê suas curvas Tessália? — apontou o dedo para mim.
— Cala a boca. — disse sem graça.
— Então entre naquele banheiro agora, que vou escolher a roupa que você irá usar para sair comigo. Não gosto de gente feia atrás de mim. — idiota.
— Eu não quero ir Youngjae me respeita. — disse sério.
— Eu te respeito Tessália, porém você está se definhando dentro desse quarto. Amigo nenhum suporta ver isso e você sabe como eu sou. Se você não fazer o que estou mandando irei te obrigar a fazer por mal. Ordens do seu pai. — francamente.
— Eu tenho escolha? — o olhei.
— Cinco.
— E se eu não quiser ir?
— Quatro. O seu tempo está passando Tessália, ou você quer que eu te coloque em baixo do chuveiro?
— Que merda! — fui andando a passos pesados até o banheiro.
— TRÊÊÊÊS! — estendeu.
Que saco eu vou matar o Youngjae! Eu só queria ficar sozinha, porque ainda estou de luto. Eu sei que está demorando a passar, mas eu não tenho culpa por ainda amar o Jungkook.
Entrei de baixo do chuveiro e comecei a resmungar. Eu realmente estou precisando de um banho, e meus cachos estão gritando por socorro. Já vi que vou demorar aqui, pois também preciso me depilar. Depilar tudo.
Quando terminei, sai do banheiro enrolada em uma toalha. Youngjae deixou o quarto para que eu possa me arrumar. Ele realmente separou uma roupa para mim. Uma calça preta soltinha, e um moletom laranja. Ele sabe que não sou muito vaidosa, mas também sabe que não dispenso uma maquiagem pesada quando eu quero. Terminei de me vesti e calcei uma anabela, fui para a frente do espelho e comecei a me maquiar.
Por não ter opção nenhuma, terminei o que tinha que fazer e rumei para a sala. Youngjae e meu pai olharam para mim com um brilho nos olhos.
— O que estão olhando? Parece que nunca me viram. — me aproximei dos dois.
— Finalmente está parecendo gente. — Youngjae disse e quase voei nele, porém meu pai me segurou e começou a rir.
— Está linda filha, como eu queria te ver desse jeito. — me abraçou. Eu continuo a mesma bosta. O fato de eu ter me arrumado, não significa que ainda não estou pensando em Jungkook.
— Obrigada pai. Eu não tinha outra opção. Ou tinha? — ambos riram da minha cara.
— Leva ela para se distrair Youngjae, e a traga com segurança. — eles saudaram as mãos.
— Pai eu não sou mais uma criança. — o repreendi.
— Mas estava agindo como uma.
— Eu estava de luto e…
— Leva ela Youngjae. — me cortou. Saímos da casa e entramos em seu carro.
— Aonde vai me levar? — disse quando ele saiu com o carro.
— Te levar para viver.
Assim começou a minha "recuperação", com os esporros do meu pai e amigos. Também depois disso comecei a ir na psicóloga, e assim foram os meus dias até eu voltar ao "normal".
— ❖ ── ✦ ──『✙』── ✦ ── ❖ ─
[...]
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Atualmente~
Acordei com o sol atravessando a cortina, e se deparando contra o meu rosto. Falando sobre minha face, aposto que está inchada de tanto chorar. Não é algo que eu consiga segurar, afinal dizem que chorar faz bem para a saúde física e emocional.
Me levantei e fui para o banheiro fazer minhas higienes. Depois de ontem no jardim botânico, eu não comi e nem tomei banho, apenas cheguei em casa e me joguei na cama. Mesmo depois de anos, Jungkook ainda tem efeito sobre mim. Eu sinto falta dele, e até hoje eu não consigo superar a sua morte. Eu só queria que isso tudo não passasse de uma pegadinha de muito mal gosto vindo dele, aí sim, eu o mataria por ter me feito sofrer todos esses anos. Maldito Jeon Jungkook, ele realmente foi a minha ruína.
Liguei o chuveiro, e esperei que a água quente caísse sobre mim. Hoje eu tenho um "encontro" com o Jaebum, e também tenho que visitar a senhora Jeon. Não sei qual desses eu faço primeiro, porque se eu sair com o JB ele pediria para nós passarmos mais tempo juntos. Já na casa da senhora Jeon, aposto que sairia chorando, porque tenho certeza que ela vai me entregar o pendrive que Jungkook deixou para mim.
Terminei meu banho e comecei a arrumar o quarto. Está uma bagunça de roupas sujas e livros espalhados pelo chão. Meu Deus, eu só podia estar louca de ter deixado uma coleção novinha de mangás fora da estante.
Quando acabei de ajeitar tudo, meu celular começou a tocar. É uma chamada de JB. Atendi e ele disse que me buscará às 11:00 horas a.m, então me apressei para fazer o almoço e me arrumar.
(...)
— Filha onde está indo desse jeito? — meu pai disse quando me viu descer as escadas correndo.
— Desse jeito como? — ergui uma sobrancelha. — meu pai continua muito careta.
— Muito linda. — veio me abraçar.
— Ah sim. Gosto assim. — o olhei entre o abraço.
Estou usando uma blusa preta e branca listrada, e por cima uma jaqueta verde. Optei por usar um short preto com meias um pouco acima do joelho, e calcei os tênis da mesma cor. Infelizmente não posso dispensar em usar uma bolsa. Eu não gosto, mas tenho que levar meu celular, documentos e dinheiro.
— Estou indo sair com o JB. — me soltei de seu abraço e sentei no sofá.
— Isso é bom…
— É. — peguei meu celular para ver as horas. — E depois vou na casa da senhora Jeon. — fiz bico.
— Tudo bem, se acontecer alguma coisa me liga. — disse preocupado. Ele parece saber de alguma coisa.
Jaebum buzinou, e levantei do sofá me despedindo do meu pai. Entrei no carro e o comprimentei.
— Bom dia, Tessa. — me abraçou.
— Bom dia JB. — beijei sua bochecha.
— A exposição começa ao meio dia. Já almoçou? Se não, podemos ir a algum restaurante antes. — disse animado, porém ele está um pouco estranho.
— Sim, já almocei. Você está bem? — disse olhando diretamente em seus olhos.
— Estou ótimo, ainda mais que você aceitou em ir comigo. — não me convenceu. Sorri, e ele deu a partida com o carro.
(...)
Chegamos na exposição. JB ficou encantado com os quadros e estátuas que estão a mostra. O lugar tem leve tons de verde e branco, e há muitas pessoas admirando as artes que estão expostas. Eu havia falado a ele que tinha vontade de ir em uma exposição de artes, porém nunca fez o meu tipo. É apenas uma curiosidade.
Andávamos em silêncio admirando as obras, hora ou outra, me perdia em pensamentos, pois não estou tão interessada agora.
— Jaebum. — uma mulher negra de cabelos lisos e bem vestida veio em nossa direção. Confesso que é linda.
— Hum… Boa tarde Nathaly. — ele disse um pouco envergonhado. A mulher o abraçou forte, e ele tentou retribuir.
— Boa tarde. Que bom que você veio. — ela me ignorou totalmente.
— Essa é a Tessália Rodrigues. — JB me apresentou.
— Prazer em conhecê-la Tessália, me chamo Nathaly Oliveira. — me abraçou.
— Vocês são amigos a muito tempo? — me perguntou.
— Sim. — disse simplista. Agora eu conheci a tal Nathaly do celular de JB.
— Isso é legal. Vieram ver minhas obras? — ela começou a andar e seguimos.
— Claro. — JB disse. Desde quando Im Jaebum?
— Por aqui. — nos guiou até seus quadros. Eu não sabia que também teria obras de novos artistas.
— Que lindo. — eu disse quando ela nos mostrou um quadro de uma mulher negra vestida com roupas da realeza da época.
— Eu ainda não tenho um nome, só o pintei para expressar o que sinto hoje em dia. — ela olhou para o quadro com orgulho.
— Muito lindo Nathaly, agora temos que ir. — JB disse um pouco nervoso.
— Tudo bem Im Jaebum. Pelo menos agora eu sei porque está me evitando. — disse olhando diretamente para mim. Só o que me faltava. Para quem está disposto a ficar comigo, até que ele tem uma ótima pretendente. Acho que o JB tem um gosto especial por negras.
— Você sabe que não é bem assim. — eles começaram a discutir, e comecei a me distanciar já que não estava fazendo diferença ali.
Saí da exposição e fui até um ponto de ônibus, pela minha sorte passou um bem na hora, que vai direto para a casa da senhora Jeon. Me sentei e coloquei uma música pelos fones de ouvido até chegar lá. Por mais que a exposição me distraiu um pouco, eu não conseguia parar de pensar no que a senhora Jeon tem para me contar sobre o Jungkook.
[...]
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Casa da senhora Jeon.
— Que bom que você veio querida. — ela abriu a porta para mim e entrei. O andar de baixo está cheia de caixas espalhadas pelo chão.
— Não repara a bagunça, é porque comecei a tirar umas caixas antes da minha ajudante começar a juntar nossas coisas. — me chamou para a cozinha.
— Me deixa eu te dar um abraço. — ela se aproximou e me abraçou. Senhora Jeon sempre me tratou muito bem. Me lembro claramente do dia em que Jungkook me apresentou à seus pais. Felizmente eles me trataram com carinho e respeito.
— Quanto tempo. A senhora está linda. — ela é muito elegante e bem magra. Na época Jungkook me explicou sobre o padrão de beleza da Coreia do Sul e como funciona a sociedade lá. No começo me assustei por ser totalmente oposta do padrão deles, mas para Jungkook eu era "incrivelmente perfeita" como ele sempre me dizia.
— Você que está linda. Como tem andado? — mal.
— Estou bem na medida do possível. — menti.
— Os anos se passaram, mas você continua mentindo muito mal Tessália. — sorriu fraco.
— Ah… você sabe… as cartas do Jungkook. — quero chegar direto ao ponto.
— Sim… você merece uma explicação. Vem comigo. — segui a senhora Jeon até o andar de cima, fomos direto para o antigo quarto de Jungkook.
— Está do mesmo jeito. — disse olhando ao redor do quarto. As paredes em tons de azul claro com branco, as prateleiras escuras com as miniaturas de motos e carros. O computador, a porta do banheiro fechada. Um porta retrato com a nossa foto. Peguei a foto e observei. Estamos um do lado do outro sorrindo, minha cabeça está apoiada no peito dele. Foi um dia feliz.
— Senta querida. — senhora Jeon me chamou para sentar na cama ao lado dela, então coloquei a foto no mesmo lugar.
— Preciso pegar o notebook, mas antes eu quero te dizer muito obrigada. — segurou minhas mãos.
— Pelo o que Senhora Jeon? Você vive me agradecendo. Cuidar de seu filho não foi um favor, eu o amava. — ainda o amo.
— Eu sei Tessália, mas não sei se Jungkook te contou de como era as coisas antes dele te conhecer. — ele não havia entrado em detalhes sobre o passado dele estando com câncer, antes de me conhecer.
— E como era? Ele disse que me conheceu já estando doente.
— Sim, mas ele não queria se tratar, já tentou até suicídio. — ela olhou para o chão.
— Suicídio? — juntei as mãos até a boca. Ele não havia me dito isso.
— O pai dele e eu, não sabíamos o que fazer, até você entrar em nossas vidas. Jungkook nunca havia namorado antes, e vê-lo feliz ao seu lado foi a maior realização que tivemos como pais. Víamos ali que não perderíamos o nosso filho para si próprio. Você foi uma luz em nossas vidas, e confesso que ficava com um ciúmes de mãe. — sorriu fraco já com as lágrimas nos olhos. Os meus também começaram a lacrimejar.
— Para terminar o que estou falando. — secou uma lágrima. — Eu só queria que soubesse que você é uma pessoa muito importante em nossas vidas, e que infelizmente não nos veremos tão cedo. — apertou minha mão esquerda.
— Estamos indo para Busan na segunda-feira de manhã. — soltou minha mão para limpar os restos das lágrimas.
— Tudo bem senhora Jeon e muito obrigada. Obrigada também por me aceitar como se fosse sua filha. — nos abraçamos.
— Eu vou pegar o notebook. Jungkook deixou uma coisa para você. Eu ainda não vi, porque ele me pediu para te entregar tudo depois de um tempo, e não soube calcular quanto tempo seria. — disse se levantando e saiu do quarto. Bom, durou uns três anos. Talvez foi melhor assim, porque se fosse na época, possivelmente seria capaz de cometer uma loucura. Senhora Jeon voltou com um notebook e um pendrive. Eu já tinha visto esse pendrive antes, é o que ele usava para recordar os nossos melhores momentos.
— Aqui está querida. Vou deixar você à vontade, qualquer coisa me chama que eu venho correndo. — disse me entregando o notebook. Me ajeitei na cama e procurei por pastas dentro do pendrive, só tem uma escrito "Euphoria". Abri a pasta e o vídeo se iniciou.
[...]
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(Tessália será a narradora do vídeo para explicar o que está vendo e sentindo.)
Euphoria:
— Nega… Olha para a câmera meu amor. — Jungkook começou o vídeo apontando a câmera "para mim".
— Que saco Jungkook, eu já falei que estou horrorosa! — eu estava muito irritada nesse dia. Não estava me sentindo bem com o meu corpo e disso eu lembro bem.
— Você está linda nega. Sorria estamos na praia. — ele havia virado a câmera para mim.
— Não me diga? — revirei os olhos no vídeo porque era óbvio.
— Então pessoal, essa é a mulher mais linda do mundo. — Jungkook focou a câmera mais uma vez "em mim". Como era irritante quando queria. Que saudades.
— Que saco! — disse.
— O que foi? — "me virei para ele". Jungkook fez uma cara emburrada, ainda bem que está gravado em vídeo.
— Esses caras nem disfarça o olhar sobre você. Será que tenho que partir para cima? — disse e gargalhei tanto no vídeo como assistindo ele.
— Finalmente o meu amor sorriu. — ele voltou a focar a câmera "em mim."
— Amor, pode me gravar? — passou a câmera e havia começado a gravá-lo.
— Vlog do Jungkook. Número?... — "continuamos a andar". — Não sei qual número estou.
— Até parece. — disse no vídeo.
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“Você é o sol que ressurgiu na minha vida
Uma reencarnação dos meus sonhos de infância
Eu não sei o que são essas emoções
Eu ainda estou sonhando?”
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— Hum… deixa eu ajustar essa câmera. Que porcaria. Meu quarto está um pouco escuro, mas vou gravar assim mesmo. — Jungkook continuava a ajustar a câmera. Ele mudou para outro cenário.
— Tessália meu amor, estou gravando esse vídeo para tentar te explicar como eu fazia para que não percebesse que eu estava doente. — se virou pegando uns remédios.
— É muito estranho gravar isso, mas não quero que se sinta enganada em relação a mim, e nem pensar que eu era um louco. Digo "era" porque se você ver esse vídeo e leu as cartas, eu provavelmente… — fez uma cara triste.
— Mas enfim, eu ainda nem comecei a escrever porque hoje é dia 1° de maio, dia do trabalhador que conhecidencia.
— Bom, peguei todos os remédios que eu tomo. Não vou falar o nome de cada um porque nem eu sei pronunciar. A partir de hoje começarei a gravar alguns "vlogs". — fez aspas com as mãos.
Jungkook começou a gravar a cada quinze dias os nossos melhores momentos, e dias que ele passava mal sem eu saber. As lágrimas nesse momento começaram a cair, e não é mais novidade para ninguém.
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“Seus olhos doloridos estão olhando para o mesmo lugar que eu”
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— Dia 12 de junho. Dia dos namorados. — ele está com a câmera em uma mão e um buquê de flores na outra. — Será que o meu amor irá gostar? — abriu a porta do meu quarto, e gravou a minha reação. Eu havia pulado em cima dele e o mesmo aproveitou para trancar a porta. Jungkook não perdia tempo.
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“Euforia
Fecha a porta agora
Quando estou com você, estou em utopia.”
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— Nega olha para a câmera. — ele havia me levado a um restaurante coreano. A minha cara no vídeo não é nada boa, pois odiei comer Bulgogi.
— É uma delícia. Vou comer do seu prato. — ele pegou uma colher e hashis ameaçando a comer da minha comida. Esse dia foi muito engraçado na verdade, porque Jungkook se sentiu totalmente no controle. Ele estava tão feliz por ter me levado em um restaurante asiático que imaginei ele me mostrando vários lugares lindos em Busan, Coreia do Sul.
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“Há um oásis verde no deserto
A princípio, dentro de mim
Estou tão feliz que não consigo respirar
Meu entorno está ficando cada vez mais transparente”
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— Jungkook por que está imitando o brinquedo balançando?
— Vou parar até ele parar. — Jungkook continuava balançando o corpo. Eu gravei para ele ver o mico que tá pagando. Ele estava tão lindo de moletom, mesmo usando aquele chapéu de pescador… bonito.
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“Euforia (euforia)”
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— Faça poses sexys. — me irritou até o último minuto para fazer. Esse foi o primeiro dia que fomos morar juntos.
— Desliga essa câmera Jungkook, ou vou dá na sua cara. — comecei a correr atrás dele. Jungkook e câmera ora era para me irritar, ora era para gravar nossos momentos. Mas olhando agora ele me irritar no passado, descobri que foram os nossos melhores momentos.
(...)
— Amor. Hoje cedo eu falei sobre filhos, e eu tenho um nome se for uma menina. — estávamos na cama depois de termos feito amor.
— E eu tenho um nome se for menino.
— Vamos falar juntos? — disse, e havia concordado.
— Jin-jook.
— Arthur.
— Jinjook? Que nome é esse? — me lembro até hoje quando eu estranhei esse nome.
— Para combinar com o pai. — me beijou. — Arthur não é mal também.
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“Pegue minhas mãos agora
Você é a causa da minha euforia”
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O vídeo continuava a rodar, e agora diferente de antes estou sentindo um pouco melhor. Nós vivemos ótimos momentos juntos. Jungkook foi o meu noivo, o herói para a vida toda. Não acho que irei conseguir esquecê-lo porém tenho que continuar sendo feliz como ele havia escrito nas cartas.
— Eu digo parque e não jardim botânico. — aqui foi no dia do meu aniversário, em 2016. Jungkook estava internado, porém conseguiu uma permissão para irmos até o cemitério onde minha mãe foi enterrada. Porém o carro quebrou, e conseguimos ir no jardim botânico, onde foi o nosso primeiro encontro.
— É jardim botânico sim. — eu reforçava a todo instante que era a droga de um jardim botânico, e não um parque. Jungkook me gravou sentada no banco do nosso primeiro encontro, e depois virou a câmera para si.
— Ela fica puta gente. — esse idiota. Me fez rir.
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“Você estava vagando
Procurando por um sonho apagado também?
É diferente da definição típica do destino”
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— Bom meu amor o vídeo é curto. Hoje são vinte e sete de janeiro de dois mil e dezesseis. Desculpa se estou falando baixo, é porque as coisas estão um pouco complicadas. Eu me encontro muito magro e cansado, porém tendo você ao meu lado nos meus piores dias me faz querer acreditar…
— Você é o amor da minha vida, e muito obrigado por não ter desistido de mim mesmo tendo vários motivos.
— Tessália, eu não sei se consigo te agradecer por tudo que tem feito por mim. Um "obrigado" nunca será o suficiente para te agradecer por me amar.
— Daquele que foi o amor da sua vida, para a minha vida.
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“Eu ouço o oceano de longe
Através do sonho, depois da floresta
(Por favor, não acorde desse sonho)
Eu estou indo para o lugar que está ficando mais claro
Pegue minhas mãos agora
Você é a causa da minha euforia”
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O vídeo terminou. Percebi que dessa vez eu não acabei chorando até o final. Eu realmente estou me sentindo "leve" depois que vi e revivi todos os nossos melhores momentos. É claro que como em qualquer outro relacionamento nós brigávamos, porém sempre conseguíamos nos resolver porque o nosso amor era maior que tudo.
— Querida, você está bem? — senhora Jeon bateu na porta, e a chamei para entrar.
— Acho que estou senhora Jeon. — ela se sentou ao meu lado.
— Eu queria te oferecer algo para comer, porém a casa está de pernas pro ar. — sorriu e sorri junto.
— Não precisa eu já estou indo para casa. Muito obrigada por ter me enviado as cartas, e me mostrar o pendrive com o vídeo.
— Eu que devia me desculpar por não ter enviado antes. — disse vacilante.
— Querida o Jungkook deixou mais algumas "coisinhas" para você. — ela abriu a gaveta da cômoda dele e tirou um molho de chaves.
— O que é isso? — eu disse e ela me entregou.
— São as chaves do apartamento, e da moto dele. Por mais que o meu marido odeia aquela moto, ele a guardou.
— Senhora Jeon, havíamos conversado sobre o apartamento. Eu não posso aceitar ele, é de vocês. E sobre a moto muito menos. — disse entregando as chaves de volta e fechei as mãos dela com carinho.
— Mas foi um pedido de meu filho, Tessália. — ela insistiu.
— Eu sei, e sinto muito por não poder aceitar. Me perdoa. — a olhei e ela me abraçou.
— Uma coisa que irei sentir saudades do Brasil são os abraços. — me apertou mais.
— Tudo bem querida. Sei que essa vontade você não pode cumprir e compreendo, então eu só tenho mais um pedido. — me olhou com os olhos esperançosos.
— Sabe que pode me pedir tudo. — beijei suas mãos.
— Quero que vá me visitar na Coreia do Sul quando puder.
— Claro. Tudo bem eu prometo. — sorri.
(...)
Fiquei mais algumas horas na casa da senhora Jeon. Ela me deu o Pen drive, e depois fui direto para a casa. Assim que cheguei, vejo meu pai e JB na sala me olhando perplexos.
— O que foi gente? — os encarei.
— Tessália você não atendeu as minhas ligações, fiquei preocupado.
— A bateria do meu celular descarregou. — menti. Apenas deixei no silencioso.
— Nós precisamos conversar. — JB disse e o chamei para subirmos até meu quarto.
— O que tem para me contar? — me sentei na cama e ele na cadeira.
— Por que você foi embora da exposição de artes? Eu me virei e não encontrei você, fiquei desesperado.
— Fui embora porque você estava muito ocupado discutindo com a Nathaly, não queria atrapalhar vocês. Jaebum você gosta dela, e ela gosta de você. Então porquê insistir comigo? Eu não sou a melhor pessoa para alguém namorar agora, e como eu havia dito não quero te machucar, e nem a mim. — ficamos em silêncio por alguns segundos até ele se pronunciar.
— Tessália você sempre foi o meu sonho desde que éramos adolescentes. Nós somos amigos de infância, mas na adolescência eu comecei a despertar sentimentos verdadeiros por você. Não foi algo que conseguia controlar, eu só queria te ver bem. Depois disso apareceu o Jungkook em sua vida, e pensei que ele sim era um cara de sorte. Nós não gostávamos um do outro, mas quando você estava com ele eu percebia que você nunca olhou e olhará para mim como olhava para ele, mas ainda sim permiti colocar o meu coração a prova. — suspirou.
— Como ficamos? — nos olhamos, e ele veio se sentar ao meu lado.
— Nós podemos continuar sendo amigos, porém acho que preciso me afastar de você. Eu mesmo me machuquei querendo o seu amor, então não quero perder a sua amizade. — disse e acariciei o seu rosto.
— Tudo bem Jaebum. — me inclinei para beijar sua bochecha, mas ele virou o rosto, e o beijo parou em sua boca. — Só o último beijo Tessa. — disse em nosso ósculo, e permiti. Está sendo um beijo lento e calmo, como se fosse de despedida. Infelizmente o beijo só está sendo gostoso, porém não consigo retribuir tais sentimentos. Paramos por falta de ar e nos separamos.
— Obrigado Tessália. — ele se levantou, e saiu do quarto.
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[...]
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Três anos mais tarde.
— Filha você pegou o seu passaporte? — meu pai me alertava a todo o momento se eu não estava esquecendo de alguma coisa.
— Sim pai, já está tudo aqui. Podemos ir. — disse arrastando minhas duas malas, porém Suelen, Youngjae, Lee, Jaebum e Nathaly apareceram todos de uma vez.
— Eu vou levar suas malas até o carro, não se atrase senão irá perder o vôo. — concordei.
— Eu vou sentir saudades. — Youngjae disse me abraçando.
— Será apenas uma viagem, não irei morar na Coreia. — disse e me soltei do abraço.
— Também irei sentir saudades Tessa. — Suelen minha linda vizinha também disse me abraçando. Infelizmente ela e Jimin não estão mais juntos, porém eles formavam um lindo casal e tudo terminou bem.
— Não fique com todos os homens bonitos de lá. — Lee me abraçou me fazendo rir e dei um tapinha nela.
— Bom, falta eu dizer que também sentirei saudades. — foi a vez de Jaebum juntamente a Nathaly me abraçar.
Passaram-se três anos, e tudo foi se renovando. Jaebum e Nathaly estão namorando a quase dois anos, e eu finalmente consegui sair com outros caras, porém nada sério. Havia voltado a me tratar, e felizmente as coisas estavam indo bem. Hoje eu estou indo para a Coreia do Sul cumprir a promessa que fiz para senhora Jeon e para mim. Irei visitar todos os lugares de Busan que Jungkook havia me falado no passado. Eu estou bem o suficiente para fazer o passeio, não sou mais a mesma mulher de três anos atrás. Hoje eu posso falar que realmente me sinto muito bem.
— Vamos Tessália. — meu pai me chamou e entrei no carro me despedindo de todos os meus amigos.
(...)
Aeroporto.
Cheguei no aeroporto e esperei a chamada até me embarcar. Meu pai não parava de me dar avisos. Ele me alertava até se eu pegar uma gripe. Super protetor.
— Eu sei que está tarde demais para perguntar, mas você tem certeza que quer fazer tudo que planejou? — ele olhou profundamente nos meus olhos.
— Sim pai já conversamos, e como eu disse não é como se eu fosse morar lá. Será apenas alguns meses de férias. Sabe que peguei hora extra na aeronáutica para tirar essas férias. — sorri.
— Sim minha filha. Estou orgulhoso de você. E está linda com o novo corte de cabelo. — eu cortei de última hora, está batendo nos meus ombros.
— Obrigada pai.
— Senhora e senhores passageiros o vôo…
— Está na minha hora pai. — disse assim que anunciaram o meu vôo.
— É a primeira vez que você está indo há um lugar tão longe sem mim, então se cuida. Te amo. — ele também havia falado isso desde que cheguei. Nos abraçamos e fui fazer o check in. Olhei mais uma vez para o meu pai e mandei um beijo. Será uma viagem longa e cansativa, porém era tudo que eu queria nesse momento.
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[...]
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Busan, Coreia do Sul.
Ah Busan.
Eu estou tão feliz estando aqui visitando todos os pontos que Jungkook havia mencionado, que nem parece que passaram dois meses.
Minha vida estava parecendo que era apenas passagens de tempo, e agora estou aqui me sentindo viva. Eu estou hospedada em um ótimo hotel, e de vez em quando também visito a senhora Jeon que está sendo uma ótima guia turística.
Hoje o dia está frio, e mesmo assim decidi vir sozinha a ponte de Gwangan Bridge a noite para ver as lindas luzes da mesma. Me lembro que Jungkook havia falado que a ponte liga a Haeundae-gu a Suyeong-gu, que logo visitarei. E o que adianta ele ter me dito que as luzes mudam de cores a cada estação deixando a atmosfera romântica, se estou aqui sozinha? Continuei a caminhar pela ponte e tirei algumas fotos, até que me esbarrei em alguém.
— Desculpa. — pronunciei em coreano. Fui subindo o olhar até a pessoa e vi que é um homem muito bonito, usando uma calça jeans escura e um moletom vinho.
— Não tem que se preocupar, na verdade quando alguém me pede desculpas eu fico é feliz, já que aqui todo mundo esbarra em todo mundo. — abriu um sorriso. Que homem lindo.
— Ah tudo bem. — me desviei para continuar o meu caminho.
— É uma EOS Rebel Premium?
— O que? — o que esse cara tá falando?
— Sua câmera. — apontou para ela.
— Eu não sei é só uma câmera. — balancei a mesma.
— Eu sou fotógrafo então me desculpe se pareci estranho. Meu nome é Kim Junseo. — fez referência. Notei só agora que ele também tem uma câmera.
— Meu nome é Tessália Rodrigues. — sorri e também fiz referência.
— Prazer em conhecê-la. — disse e começou a tirar fotos da ponte e da praia. Me juntei a ele e começamos a conversar enquanto tiramos fotos.
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“Vamos andar somente por caminhos floridos
Não posso lhe dizer isso
Veremos apenas coisas boas
Também não posso lhe dizer isso
Dizer que haverá somente coisas boas daqui para frente
Que não se machucará mais
Não posso lhe dizer isso
Não posso mentir assim
[...]
Vamos aguardar dias melhores”
2!3! - Bangtan Sonyeondan.
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