– Continuar com o plano? Isso é loucura – disse Kakashi exaltado, um turbilhão de coisas estava acontecendo e seu pai só conseguia pensar em planos – olhem ao redor, um clã acaba de ser exterminado, a situação mudou, tudo mudou.
– Os Uchihas não tem nada a ver conosco, é uma pena o que houve com eles, mas o plano era e continua sendo devolver Sakura para a família dela. Nós tínhamos concordado que ela já tem controle e isso continua sendo igual – afirmou Sakumo.
– Devolver Sakura? Não estaríamos devolvendo nada, vocês não percebem a menina que vivia naquela casa morreu! – disse Kakashi encarando seu pai e em seguida se direcionando para Tobirama – Sakura não é a filha da Mebuki, aquela menina era tímida, calada e viva escondida atrás de uma franja. Essa que vive aqui é a sua filha Tobirama, um pequeno demônio rosa.
– Demônio? Sakura é encantadora, não tem nada de demônio na minha menina – falou Tobirama muito incomodado com os apelidos que Kakashi insistia em dar à suas filhas.
– Isso! Sua menina, disse bem. Ela é muito mais que encantadora é sedutora, extrovertida, mandona e odeia esconder seu rosto e isso é exatamente o oposto de que eu falei sobre a filhinha da Mebuki. Esse plano não vai dá certo. E mesmo que a personalidade fosse a mesma, Sakura jamais abandonaria seu querido professor agora.
– Você tem toda razão Hatake Jr – afirmou a líder das invasoras recém-chegadas – desculpe rapazes, parece que estamos atrasadas – completou Sakuya com um sorriso irônico.
– Meninas o que fazem aqui? – Perguntou Tobirama para Rin que entrara logo depois das gêmeas.
– Rin está apenas me dando cobertura, eu e Sakura deveríamos estar aqui, afinal é da nossa vida que estão falando, não é mesmo? – Sakuya perguntou sem esperar respostas e passou os olhos pelos três platinados.
– Tobirama, como um homem como você não consegue colocar garotinhas na linha? Olha aqui menina... – disse se aproximando de Sakuya, mas foi interrompido por um soco no estomago e derrubado em uma das cadeiras sem folego.
– Não se aproxime da minha irmã com pensamentos raivosos outra vez! Eu não sou de pegar leve assim – disse Sakura com os olhos transformados e metade do corpo coberto por um aura verde-escura.
Todos a olhavam surpresos, menos Kakashi, ele sabia bem o motivo de a chamar de demônio rosa. Em seu ápice de fúria seus olhos sangravam, seu metabolismo acelerava e em segundos uma aura escura cobria seu corpo acompanhada de uma força inacreditável. Na verdade, Kakashi estava bastante aliviado. Se ela estava conseguindo manter sua força em um nível médio já era um grande progresso, caso contrário seu desavisado pai poderia ter morrido.
– Viram? Eu falava disso quando disse que ela não pode voltar.
– Eu posso dar um jeito nisso – afirmou Sakumo, mas foi bombardeado por um olhar raivoso vindo de Tobirama.
– Nós temos outro plano. Nenhuma vai ser filha da Mebuki e as duas vão ser. – falou Sakuya tomando para si toda atenção.
...
Sakumo estava exausto depois da fracassada reunião, na sua opinião todos estavam ficando loucos. Aceitar a ideia de Sakuya era pedir para serem pegos,trocar as gêmeas semanalmente era absurdo, por mais que ambas pudessem passar memorias uma para outra a chance de alguma delas sair do “papel de filhinha da Mebuki” era altíssima. O platinado só queria descansar um pouco e esquecer as garotas de cabelo rosa por algumas horas, mas seus planos, mais uma vez, foram por água a baixo. Quando, ao entrar em seu quarto, se deparou com Sakura sentada sobre a cama.
– O que você quer? – Perguntou já demonstrando raiva na voz.
– Opa, que hostilidade é essa? Eu vim em paz.
– Você nunca me dá paz! Só traz problemas, desembucha logo ou some!
– Se é assim, então eu quero saber o que você quis dizer com “Eu posso dar um jeito nisso”. E não adianta dizer que não me interessa, eu consegui ver uma parte das lembranças em seus pensamentos na hora. Quero os detalhes.
– Tobirama não gostaria de saber dessa nossa conversa. Mas é verdade, eu sei como acabar com sua amnesia e fazer você ter controle bem rápido. – Disse o mais velho enquanto puxava uma cadeira para si.
– Se você realmente tem essa “formula mágica”, o que o meu pai tem contra isso?
– Ele tem tudo contra isso, eu praticamente daria um fim nos seus sentimentos, pelo menos é assim que ele vê.
– E como você faria isso? Quais os riscos?
– Bem, seria um bloqueio. Eu criaria uma espécie de proteção na parte de você que interpreta os sentimentos, ainda iam chegar na sua mente, mas seriam superficiais, não te afetariam. Os riscos que o seu pai não quer aceitar são os de você se tornar fria e direta. – Finalizou Sakumo.
– Isso realmente me tornaria mais forte? Ia ser muito mais rápido? – Questionou a menina com muito interesse.
– Sim, muito mais forte e muito rápido, lidar com sentimentos demandam muita dedicação. Com o bloqueio você ficaria focada e os lapsos de memoria parariam.
– Como uma arma – afirmou a rosada tendo um aceno positivo como resposta e continuou – Por acaso eu esqueceria do que eu sinto agora, todos os meus sentimentos iriam sumir?
– Não o bloqueio só funciona para o que acontecer depois que ele já estiver ativo, só os sentimentos novos seriam “barrados”, tudo que você sente agora ia continuar igual, talvez se desgaste com o tempo, mas isso é natural. De qualquer forma esse bloqueio seria por alguns meses apenas. – Afirmou Sakumo intrigado pelo interesse da jovem, ele já tinha tentado explicar o procedimento para Tobirama e Kakashi antes mas tinha sido fortemente recusado por ambos.
– Então era isso, obrigada pela sinceridade, eu já vou – disse já se levantando.
– De nada. O que você pretende fazer com essa informação?
– Quando eu decidir você será o primeiro a saber. Por enquanto esse é nosso segredo – falou Sakura sem olha-lo, mas com a certeza de que ele não contaria aquela conversa a ninguém.
Sakura caminhou até a sala de treinamento encontrando Kakashi a sua espera, o que a deixou frustrada. Não foi o “quem” que lhe frustrou, mas o fato de não ser Sasuke. Desde o incidente com o clã Uchiha, seus treinamentos, os pouco que chegaram a acontecer, vinham sendo instruídos por Kakashi e ela não via Sasuke, ele estava bastante recluso e quase não saia do quarto.
– Nossa, eu sou tão feio assim que quando uma garota me vê ela fica triste na hora? – Brincou Kakashi na esperança de animar um pouco a menina.
– Sabe que eu te adoro, não é? Só que eu realmente estou com saudade do Sasuke-kun. Ele não está falando comigo, eu nem o vejo quase.
– Fica tranquila, ele só precisa de um tempo, as coisas vão melhorando aos poucos. Olha, se nós treinarmos bastante, talvez quando ele sair daquele quarto você possa fazer uma surpresa com a sua evolução, quem sabe isso não anima ele. – Disse tentando consolar a mais nova – Hoje a gente vai começar trabalhando a sua percepção, olha para mim e diz o que consegue saber só lento a minha aura.
– Sua aura lembra polvo, tem muitos “tentáculos”, isso significa conhecimentos diversos e como eles se mexem você ainda está aprendendo. Ela não é muito grande, então não acumula muita energia, se você se forçar vai cansar rápido e as suas cores são muitas, você já ficou muito triste, mas no geral, é bem feliz. Recentemente está um pouco estressado. Se eu for mais fundo posso ver a suas memorias mais marcantes também.
– Não precisa ir tão longe, você foi muito bem, mas não disse muito sobre as minhas habilidades telepáticas. Eu só de olhar posso dizer que as suas habilidades estão relacionadas a memorias, ilusões, transformação e cura.
– Ilusões e cura? Eu não posso fazer nada disso, eu só me transformo em um monstrinho, roubo as memorias das pessoas e normalmente faço errado – afirmou Sakura com tristeza na voz – essas aí são as habilidades da Sakuya.
– Está enganada, as duas tem quase os mesmos dons, com a diferença que a sua energia é maior e mais difícil de controlar. Imagine uma caixa de areia e uma criança com um baldinho, se houver pouca areia para encher o balde, ela nunca vai conseguir dar uma forma precisa. Caso ela tenha muita areia vai poder fazer um grande castelo, precisa de muito tempo e dedicação, talvez o castelo desmorone algumas vezes, mas será um castelo bem mais forte no fim.
– Então eu só preciso de paciência? E o meu castelo vai ser mais forte no fim? – Olhou para Kakashi vendo ele concordar – Então talvez seja mais rápido se eu nunca mais desmoronar – completou baixinho para si mesma.
– Agora que você entendeu, pegue as minha memorias, foque nas experiências que me ajudaram a ler as pessoas, seja precisa e aproveite o meu aprendizado para aprender também. – Kakashi aguardou alguns minutos e continuou – agora expanda sua aura, alcance a casa toda e me diga o que sente de cada um, procure pelas habilidades não as emoções.
– A Rin está mais perto, é interessante, ela tem bons olhos, acho que consegue ver a as intenções que outros tentam esconder, mas aura dela é pouca. O meu pai está com ela, ele tem menos aura ainda, não dá dizer muita coisa, acho que não tem nenhuma habilidade especifica. Eu posso sentir o seu pai, está dormindo, ele é muito bom nisso que eu estou fazendo agora e tem um bloqueio ao redor dele, parece ser é muito bom nisso também – Sakura deu pausa fazendo careta, mas se forçou a continuar – Sasuke está no quarto dele, ele já me percebeu, parece que não gostou, mas consegui sentir as habilidades dele, são muitas e eu não consigo descrever tudo, ele bom em ilusões, muito melhor do que qualquer um de nós.
– Foi muito bem, conseguiu saber até quem estava mais perto ou longe, nem parece que é a primeira vez.
– Eu gostei, acho que sou boa nisso.
– Uma perfeita caçadora – o platinado pensou alto.
– O que? – Perguntou a menina na dúvida se tinha ouvido certo.
– Nada não – respondeu Kakashi já querendo mudar de assunto, se Rin o ouvisse comparando uma das meninas a caçadores seria seu fim – vamos continuar, venha para o ringue.
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