POV Amanda
Chegando em casa, minha mãe abre a porta.
— Nossa, mas hoje demorou. Padre Gilson falou muito na cabeça de vocês? Haha.
— Não, foi tudo bem... Só que passamos na padaria depois pra conversar com meu pai.
— Seu pai? - Ela pergunta surpresa.
Pego a mão de Ross. Ele fala:
— Ele queria pedir perdão por tudo que ele fez, até contra mim... Ele falou que ia pedir perdão pra senhora e pra Thalita também. Nós o perdoamos porque queremos paz pra nós e que tudo corra bem no casamento. Ainda estou inseguro em vê-lo e de interagir com ele, então o convidei pra um almoço em família. Nós dois, meus pais, você e a Thalita, se ela quiser.
Sinto que as mãos do meu noivo estão ainda geladas e suadas, por isso eu o puxo pro meu quarto. — Mãe, vamos ficar no meu quarto conversando um pouco. Amor, você tá tendo pânico?
— Um pouco...
Me deito na cama e abro os braços pra ele, já que ele adora quando fico o segurando.
— Pode vir.
Ele sorri tímido e fico segurando ele e fazendo carinho em seu cabelo. Sinto sua respiração se acalmando e dou um beijo em sua nuca. — Eu também estou um pouco apreensiva, mas, pelo menos, ele se desculpou.
— Agora, tem que ver se foi da boca pra fora ou não...
— Loiro, ele é meu pai e eu- bom, eu não o amo do mesmo jeito que amo minha mãe -, mas eu devo respeito a ele, por mais que ele tenha sido cruel comigo e com você. Vai ficar tudo bem, tá? Você viu que, mesmo com todas as coisas ruins que ele fez, eu nunca desisti de você e você lutou por mim. Você é a melhor pessoa que eu poderia ter conhecido e, toda noite, eu coloco a cabeça no travesseiro e agradeço por você ser meu noivo e meu melhor amigo.
Ross sai da posição confortável, fica encostado no estrado e faz carinho na minha bochecha direita.
— Eu também te amo mais do que tudo, você é minha vida... - E um beijo na bochecha. — E, querendo ou não, ele é seu pai. Então, eu estou disposto a ser amigável com ele. Vou conversar com meus pais também...
Nos deitamos no travesseiro e nos beijamos. Passo minhas mãos por baixo da blusa de Ross, o arranhando um pouco e ele me coloca por cima dele. Paramos algumas vezes para respirar, mas o beijo não deixa de ser acalorado. Sinto seus jeans se apertarem debaixo de mim e começo a rir, escondendo meu rosto no pescoço dele. Ficamos nessa posição, conversando, e desço de cima dele. Acabamos cochilando um pouco, até que vejo que meu noivo tinha se acalmado psicologicamente e também fisicamente.
— Eu também te amo mais do que tudo, Rossy, e você é minha vida também... Você tá um pouco melhor? - Pergunto carinhosamente.
— Sim, você tem o poder de sempre me ajudar a ficar melhor, é impressionante. Eu sei que tudo vai ficar bem e eu te amo muito mais, meu anjo. - Sorrio e ele pega o meu queixo e me beija. Ouvimos os piados das calopsitas e os gritos do Tião e fomos brincar com eles.
Uma semana depois...
Hoje é domingo e estou me arrumando pro almoço que a família do Ross preparou para a minha família. Inclusive, meu pai vai. Thalita não vai, ainda bem. Ela e meu pai juntos não é uma combinação boa. Ontem foi o último encontro de noivos na paróquia e ganhamos um certificado que deve ser renovado a cada seis meses.
Eu e minha mãe passamos na padaria para comprar um bolo de chocolate com nozes e vamos pegar o ônibus que para lá perto. O trânsito estava muito bom, então chegamos rápido. Andamos um pouco e vejo a casa do meu noivo. Toco a campainha e quem nos atende é Mark.
— Filha, que saudade! - Mark me abraça forte, igual ele sempre faz. — Por favor, entrem.
— Eu espero que vocês não tenham ficado chateados pelo Ross ter convidado meu pai, Mark...
Falo apreensiva.
— Nós ficamos no começo... - Ele fala sincero. — Mas, igual ao Ross falou, vocês merecem paz e acreditamos que seu pai também. Esse tempo no curso de noivos fez muito bem a ele, sabiam?
Sorrio e abraço Stormie pelas costas, já que ela está cortando algumas cenouras e pegando alfaces.
— Oi, minha querida... Você vai adorar esta surpresa! Adivinha pra quem são essas cenouras?
Fico confusa até que ela se agacha e pega um coelhinho médio e branco. — Esta é a Vanilla.
Dou um gritinho e pego a coelhinha.
— Oi, Vanilla... Você é muito linda! - Ela mexe o focinho.
— Já que o Ross vai se mudar em pouco tempo e o ninho vai ficar vazio, pensamos em comprar um coelho. É mais fácil do que cuidar de um cachorro.
Rimos e faço carinho nela, me sentando no sofá. Estranho meu noivo não ter aparecido ainda, até que ele dá a volta pelo sofá e se agacha na minha altura, me beijando. A coelhinha faz carinho nos nossos queixos, nos fazendo rir.
— Oi, meu amor... - Falamos juntos e ele se senta ao meu lado, sorrindo. Ele e minha mãe se cumprimentam e ficamos todos nos sofás.
— Então, - Começo. — como tá sendo finalmente ter um bichinho de estimação?
Pergunto pro loiro.
— Bom, ela é da minha mãe, mas tá sendo divertido. Menos quando eu piso sem querer em cocô de coelho...
Rio e coloco minha cabeça em seu ombro, entrelaçando nossas mãos. Vanilla passa do meu colo para o de Ross.
— Ai, querido, mas é uma bolinha, literalmente. Os das calopsitas fazem bem mais sujeira. - Rimos.
— E não sei por que dar o nome de sabor pra ela...
— Isso porque ele queria dar o nome de Bambi ou de Barbie pra ela, haha. - Stormie continua.
— Querido, baunilha não é comida! É uma essência que vem de uma flor. É uma especiaria! - Fico mole de tanto rir.
Minha mãe pergunta como todos estão e como estão os preparativos pro casamento. Ross vai até o quarto dele e pega os convites coloridos e impressos, que são floridos nas bordas, com a mensagem "Você está convidado para celebrar nosso casamento!" Amanda & Ross, a data, o horário e o local. Fizemos o mesmo, mas em inglês também.
— Que lindos! - Minha mãe e minha sogra exclamam.
Alguns minutos depois, a campainha toca. Mark vai até lá fora atender. Ross, pressentindo que ia ficar um clima estranho entre eles, beija minha mão, coloca Vanilla no meu colo e vai até à porta principal. Alguns instantes depois, vemos meu pai chegando e Mark e Ross atrás, trancando as portas.
— Oi, filha. - Meu pai me abraça. — Então, como todos estão?
Respondemos que estamos bem e nos sentamos. Stormie coloca a coelhinha para comer. Ross pega minha mão e faz carinho. Sinto ele ficar apreensivo.
— Ei, eu te amo, não precisa ficar com medo. Eu não vou deixar ele fazer nada com ninguém. - Dou um beijo em sua bochecha e sussurro.
— Bom, eu devo um pedido de desculpa aos seus pais, Ross. Além de te ameaçar, eu fui mal educado com eles e deixei um trauma pra vocês no dia do noivado. Então, Stormie, Mark, me perdoem, se vocês quiserem. Eu estava em surto. Eu sou doente e, muitas vezes, eu não consigo controlar meu humor. Eu sei que não justifica, mas, quando a Amanda estava em coma, eu vi o quanto eu maltratei ela e seu filho também. O Ross só quer o melhor pra ela e eu demorei quase quatro anos pra perceber isso...
— Nós te perdoamos, Sérgio. - Mark fala.
— Não digo pra vocês gostarem um do outro, mas sejam civilizados, por favor. Vamos ser uma família em breve e devemos respeito um ao outro. - Stormie diz.
— Entendo. - Meu pai fala.
Meus sogros e meu noivo prepararam um almoço com carne cozida, arroz, feijão, inhame, batata e legumes. Estava tudo uma delícia e nossos pais ficaram se conhecendo. Aproveitei pra nadar com Ross, usando um biquíni rosa-claro que havia deixado aqui. Eu e ele fazíamos guerra de água e nos beijávamos muito.
Pegamos uma toalha pra nos secar e entramos na casa, até que ouço Ross gritar fino, igual à uma garotinha:
— MÃÃÃÃÃÃEEEE, EU PISEI NO COCÔ DA VANILLA!
E o bichinho continuava a comer sua ração, sua cenoura e sua alface, totalmente no deboche. Ai, eu amo tanto esses quatro!
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