— Eu não consigo… EU NÃO CONSIGO! — disse o mais novo integrante do grupo. Ele segurava uma arma em suas mãos, todos os jovens estavam presentes na mesma sala escura. Em suas mãos, uma arma, em seu rosto, lágrimas.
Eles haviam sofrido um pequeno ataque surpresa de um aspirante e seguidor de stain, que sabendo da rebelião feita por Midoriya, o homem do qual mais tinha ódio por conta de suas visões dogmáticas, determinou-se em aniquilá-lo. Sinceramente, pegou de surpresa todos os integrantes da rebelião, matando dois civis no confronto, do qual tiveram enterros honrosos. E ali a frente dos adolescentes estava, amarrado, vendado —visto que sua individualidade era ocular—, incapacitado, imóvel, desesperado. Sabia que eram seus últimos minutos de vida, porém quem não sabia disso era o jovem segurando a arma.
Como antes dito, Johnny era o mais recente integrante, e logo abriu-se, com o seguidor de stain, uma oportunidade de mostrar a sua força mental, sua capacidade e dedicação ao grupo, a ideia.
Os jovens presentes pareciam para baixo, alguns olhavam para os lados, outros fechavam os olhos e tampavam os ouvidos, o cheiro de fumaça, sangue e dor impregnavam no nariz de todos.
A verdade é que estavam ali a mais de 15 minutos, ouvindo o choro do garoto ecoar e recuar em dor. Isso irritava alguns que estavam cansados de ouvir os choros, irritava outros que achavam uma violência desnecessária ou um peso no garoto e entristecia outros que não queriam presenciar a morte de uma pessoa. Porém a determinação e ambição de alguém dogmático como ele o faria correr atrás deles de novo e de novo.
Então se ouviram passos pesados, e então Johnny sentia o cheiro de fumaça, seguido de uma figura grande atrás de si, a mão forte então pegava a mão dele, segurando o gatilho da arma, e então só se ouvia o gatilho e uma visão perturbadora dos miolos abertos de um homem que até agora gritava e tinha o corpo cheio de vida e adrenalina.
O moreno sentia seu corpo cair, fraco no chão. Sangue cobriam uma parte do seu rosto pela explosão .
A maioria na sala estava chocada, e então ouviam a trava da arma e logo em seguida ela caindo no chão descuidadamente, chamando a atenção de todos.
Era isso, tinha sido feio.
— Reconstrua o corpo, ele morreu, sua alma se foi, mas no mínimo ajeitará essa bagunça. Por favor. — O alto disse para o moreno, logo se retirando da sala em um tom monótono.
Porém o resto do grupo parecia abalado. Heiress ia até o moreno e se abaixava, repetindo o que Mercúrio disse, apenas de uma forma mais amigável. Acenava com a cabeça, porém não se levantava.
Ouviu sua vida inteira, e quando soube que iria se juntou aos rebeldes se preparou, sabia que em algum momento isso aconteceria, e pensou que seria um momento desinteressado, porém estava enganado. Matar uma pessoa é muito mais difícil e complexo do que como o brutamontes havia feito, isso irritava Johnny. Havia tido a sua primeira experiência dolorosa cortada no meio por um jovem que ele mal conhecia, tinha tido o seu momento de aprendizado reduzido, não como se o mesmo tivesse gostado da experiência, ou que ele quisesse fazer de novo, mas o seu mérito havia sido retirado de si, ele havia perdido um momento único da sua vida, um momento que nunca mais voltaria novamente. O fato de que uma coisa tão marcante na vida de qualquer um tenha sido assistido como um teatro de horrores por todos os membros foi de certa forma algo imoral, porém necessário, caso contrário, inúmeras coisas poderiam dar errado, desde o vilão se soltar de alguma maneira, a Johnny eventualmente nunca matar ele de verdade.
Aos poucos, membro por membro se retirava da sala, para enfim sobrar apenas o garoto e o sangue carmesim na parede branca, gerando um contraste nauseado.
Shiori havia concordado em ficar fora da sala enquanto planejava e ajeitava os trajes de todos os jovens visto que teriam sido danificados no ataque.
Harumi saiu então Ryudegã logo após o tiro, ele a ajudava visto o seu corpo ainda completamente dolorido, eles tiveram mais sorte do que estratégia, acabaram saindo todos machucados.
Depois da dupla saiu Heiress, que ainda estava preocupada com Johnny, mas decidira que era melhor se ficasse sozinho para com seus sentimentos.
E por fim, o jovem passou a noite ali em frente ao corpo já a muito tempo sem vida, lamentando e duvidando de suas futuras escolhas, e se juntar-se a esse lado era a melhor opção, visto que coisas assim seriam normais a partir de agora, não só para ele, mas para o grupo dos rebeldes. Por fora, pode se pensar que os mesmos apenas fazem esquemas de invasões, que roubam e não pensam no que fazem, mas a realidade é longe disso, a cada passo que dão morte lhes seguem, direta ou indireta, jovens, tão jovens presenciando tantas mortes seguidas, porém, não havia como ser feito diferente. Midoriya sabia que não era saudável para eles, física ou mentalmente, porém se preocupava sobre como os rebeldes andariam se um dia morresse, se perguntava como a rebelião andaria sem sua supervisão, se não lidassem com mortes agora, teriam que lidar futuramente, porém longe de suas asas. Talvez não fosse melhor por agora, talvez isso levasse muitos a traumas, e possíveis doenças mentais, e isso doía em seu coração empático, mas era a favor da ideia.
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