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História The Owl House: Sozinha com você - Capítulo 3- Problemas demais


Escrita por: Grumpy_Cat

Notas do Autor


Oiie, voltei! Como vocês estão?

Não consegui escrever toda a fanfic antes de voltar pra cá, por vários motivos aliás, incluindo vida pessoal, escola e muitas outras merdas que tenho certeza que você não quer saber e não vou entrar em mais detalhes sobre.
Decidi simplesmente continuar escrevendo e enviar tudo para vocês enquanto o faço, e ver aonde isso me leva.

Tenho certeza que a maioria de vocês que viram a atualização de quantas palavras eu escrevi aqui estão provavelmente com muito medo agora, e eu não os culpo kkkkkkkkk

Em minha defesa, quando estava escrevendo este capítulo, também não tinha ideia de que ele ficaria tão grande.
Portanto, se você se cansa ou não se sente muito bem ao ler muito de uma vez, sugiro que você faça algumas pausas enquanto lê esse capítulo. Se não, coloque seus cintos, esta vai ser uma viagem longa.

Espero que gostem! 💛

Capítulo 3 - Capítulo 3- Problemas demais


Fanfic / Fanfiction The Owl House: Sozinha com você - Capítulo 3- Problemas demais

Onde ela estava?

Amity pensou, olhando freneticamente para o relógio localizado do outro lado do pátio e batendo repetidamente no chão com o pé direito involuntariamente, esperando que Luz chegasse logo. Ela não conseguia vê-la em lugar nenhum, e isso estava começando a deixá-la nervosa.

Sua abominação estava, como sempre, ao seu lado, segurando seus livros, também com uma expressão meio preocupada.

Ela a trazia com ela para todos os lugares, fazer isso se tornou um reflexo. Desde que sua magia evoluiu o suficiente para ela fazer uma tão sem esforço, ela não perdeu nenhuma chance de usá-la para seu benefício, e agora ela estava muito acostumada com a criatura ao seu lado, carregando seus livros todos os dias e protegendo-a, para até mesmo pensar em ficar sem ela. Além disso, era bem prático ter uma abominação para ajudá-la sempre que precisasse.

O a luz do sol encontrou seu rosto. A manhã estava ensolarada e Amity podia sentir o calor esquentando sua pele pálida, quase queimando seu rosto e iluminando todo o pátio com essa luz ofuscante. O calor dela já estava começando a incomodá-la, e o brilho já fazia seus olhos arderem um pouco. Ela os estreitou por instinto, tentando ver as coisas apesar da luz. Sua abominação fez o mesmo com a mão livre, seguindo seus passos. Ela não era muito fã de tudo isso. Ela gostava mais do frio.

E esses uniformes não ajudavam em nada!

Ugh, ela só queria entrar logo...

A bruxa estava parada ao lado do portão localizado na parte externa da escola, olhando ao redor e colocando a mão sobre os olhos para tentar ver melhor. Ela ainda procurava impacientemente por Luz, ansiosa para falar com a garota o mais rápido possível. Era bobo o quanto ela queria simplesmente ver seu rosto e ouvir sua voz, só porque. Como ela queria segurar sua mão enquanto ia para as aulas, e... lhe dar um abraço sempre que quisesse, falar sobre qualquer coisa, não ter vergonha de falar com ela...

– Amity? –Willow perguntou tocando seu ombro, que parecia estar em chamas por causa do sol, com uma expressão um pouco preocupada. Ela e Gus estavam parados bem ali, na frente dela, sabe-se lá por quanto tempo.

– Willow, Gus! Oi! Eu não tinha visto vocês –A bruxa respondeu com uma risada envergonhada, assustando-se com o toque repentino.

Toda vez que ela se perdia nos pensamentos assim e alguém a tirava disso, ela ficava bastante consciente do que estava pensando... em quem estava pensando, e toda vez ela ficava um pouco assustada, temendo por um segundo que a pessoa poderia ler seus pensamentos e saber sobre o que ela imaginava.

Apenas o pensamento de alguém sabendo que ela gostava da humana... fazia seu coração praticamente parar de bater.

Ela afastou isso da cabeça e tentou manter sua atenção na conversa.

– Então... Por que você está parada na frente do portão, mesmo? –Gus perguntou, meio confuso.

– Eu estava só esperando a Luz. A gente concordou de se encontrar aqui 10 minutos antes da aula para que eu pudesse falar com ela sobre o que ela perdeu enquanto estava fora. –Amity explicou e depois olhou para o relógio, para checar. – Mas ela ainda não chegou –disse, um pouco preocupada. Com tudo o que havia acontecido com a humana nas últimas semana, era difícil não se preocupar com qualquer coisinha.

–Bem, é melhor que ela chegue rápido, então. A aula está prestes a começar.–Willow também olhou para o relógio gigante pendurado em uma das paredes externas da escola.

Então todos eles ouviram passos rápidos e pesados ​​se aproximando de longe. Alguém estava correndo bem rápido, como se desesperado para chegar logo.

– Estou aqui! Estou aqui! –Luz exclamou, finalmente chegando aos portões. Ela estava suando, sem fôlego e com uma expressão cansada. E ainda assim, de alguma forma, ela parecia absolutamente incrível.

A humana levou um momento para recuperar o fôlego, apoiando a mão nas coxas, provavelmente torcendo para que suas pernas não desistissem dela. Todos ficaram com uma expressão meio chocada, talvez porque ela literalmente tinha aparecido do nada.

– Ai meu Deus, desculpa Amity! – Ela se desculpou depois de se recompor – Acho que dormi um pouco demais – Sorriu, passando os dedos pelo cabelo para consertá-lo.

Mas Amity não conseguia nem prestar atenção direito no que ela disse. Aquele sorriso que ela deu poderia literalmente fazer a bruxa derreter de fofura, e a maneira como ela mexeu com o cabelo ...

Ah, Titã...

Amity ia desmaiar.

– Eu provavelmente não deveria ter ficado acordada até tão tarde – um sorriso envergonhado 'culpado' tomou forma no rosto da humana enquanto se explicava.

– Ah, não se preocupe, Luz... Gus e Willow me fizeram companhia –Amity se virou para eles, dando-lhes um sorriso.

A humana voltou sua atenção para seus outros amigos, aparentemente só então percebendo sua presença. Amity percebeu a mudança repentina em sua expressão, mostrando um sorriso adorável e brilhante ao vê-los ao seu lado.

– Willow, Gus! Bom dia! –Ela falou, feliz e animada como sempre.

– Ei, Luz! –Gus respondeu em nome de ambos - Fico feliz que você voltou à escola -Ele sorriu.

– Eu também. – A humana respondeu, mudando seu sorriso para um carinhoso e doce.

–Eu sei que só estive longe de Hexside por algumas semanas, mas eu senti falta disso. Ela colocou as duas mãos na cintura e olhou para a vista, contemplando a escola à sua frente. Enquanto isso, a própria Amity  contemplava ela.

Ela sempre se perguntou como poderia gostar de uma boba completa como Luz, mas ela sabia que fazia todo o sentido. Tudo sobre a garota lhe dava arrepios. Do bom tipo.

A bruxa simplesmente não conseguia explicar. Talvez fosse a maneira como ela agia ou reagia às coisas, ou sua maneira de ver o mundo... Talvez fosse porque sua risada fazia o mundo de Amity tremer, ou porque seu sorriso iluminava seu dia...

Ela não sabia, e para ser honesta, já havia desistido de tentar descobrir.

A única coisa em que ela podia se concentrar agora era em como o rosto da humana parecia lindo iluminado pela luz do sol, e como sua pele morena brilhava com a luz, por causa do suor. De repente, o calor já não parecia mais tão ruim assim.

– Eu perdi muita coisa? –Luz perguntou a Willow e Gus, honestamente curiosa, tirando a bruxa de seus pensamentos com suas palavras.

Willow e Gus se entreolharam e a olharam com expressões notórias de "é, você está ferrada".

– Bem... – Eles disseram ao mesmo tempo. Qualquer um poderia dizer apenas por seus rostos e tons de voz o que aquele "bem" significava. E eles não estavam exagerando.

Mesmo que Luz não tenha ficado fora por muito tempo, ela perdeu muito.

Para começar, eles tinham aulas conjuntas entre os Covens agora, provavelmente por causa do "desentendimento" de Eda e Lilith com o Imperador. Isso deu ao povo de Boiling Isles inspiração para promover mudanças na sociedade em que vivem, e o método de ensino não foi excluído disso.

Em conclusão, uma das mudanças feitas foi mais inclusão de cada Coven na programação de cada aluno.

Basicamente, eles teriam algumas aulas mistas de agora em diante.

Mas isso não era tudo.

Ah, nem deixe que ela comece com todos os deveres de casa e conteúdos que a garota tinha perdido ...

É, ela tinha muito a explicar para a humana.

Ainda assim, mesmo que  Willow e Gus tivessem expressões bastante desanimadoras em relação ao trabalho escolar que ela havia perdido, Luz não parecia nem um pouco abalada.

– Não se preocupem, gente... –Ela gesticulou com a mão como se quisesse tirar a importância do assunto. – Eu tenho a melhor professora do mundo bem aqui! –Ela apontou para a de cabelos verdes com as duas mãos, como se a estivesse apresentando ao resto do grupo, e a bruxa não pôde fazer nada além de abrir um sorriso bem peculiar e ficar rígida em seu lugar, automaticamente cruzando os braços sem perceber, como se para se cobrir, evitar mostrar suas emoções e constrangimento.

– Não é, Amity? – Luz perguntou, voltando-se para ela com um sorriso.

– Hehe – Ela deixou escapar um riso estranho e envergonhado como resposta.

Essa atitude estava começando a se tornar uma característica marcante dela. Ela simplesmente não conseguia controlar suas emoções perto da humana, e isso estava começando a aparecer. Ela descobriu isso porque podia ver Willow julgando-as silenciosamente com os olhos. Ela com certeza sabia que algo estava acontecendo. Gus e Luz, por outro lado, pareciam não ter consciência de suas mais novas atitudes peculiares. Isso só podia significar uma de duas coisas:

Luz e Gus são super desatentos

Ou

Willow é super perceptiva

Ambas as opções eram bem válidas.

Mas a questão era: Amity precisava tomar uma posição. Ela precisava descobrir o que fazer com essas emoções, ou isso poderia dar muito errado.

– Então... Professora Amity, você poderia me informar? – Luz a tirou desses pensamentos e perguntou com classe e postura formal de brincadeira, e aquele jeito esquisito da garota de fazer as coisas fez a bruxa sorrir, como sempre.

– Bem.. .–Ela começou, mas um grito longo e agudo, que a bruxa poderia reconhecer de qualquer lugar, a interrompeu. O sino da escola tocou.

– O quê? Nããão...Eu acabei de chegar! – Luz reclamou, com cara de mau humor.

– Desculpa Luz, vamos ter que fazer isso mais tarde... Mas eu já te falei sobre as aulas conjuntas ontem, né? Tenho certeza que você vai pegar o jeito.

Luz deu um sorrisinho desapontado em resposta.

– Posso te contar tudo na hora do almoço – A bruxa lhe assegurou, com um sorriso suave. E aí ela olhou para o relógio, percebendo as horas e ficando notavelmente preocupada.

– Podemos todos entrar agora, por favor? –Ela se virou para todo o grupo, um pouco ansiosa porque não queria perder a aula.–Eu realmente não posso me atrasar para o primeiro período–Ela disse pegando seus livros de sua abominação, que ainda estava parada ali, esperando ordens.

– É, eu também não. A Sra. Flincher é minha professora do primeiro período hoje – Willow falou, seguindo Amity para dentro da escola.

– Aghhh, aquela mulher me dá arrepios –Luz apontou, provavelmente se lembrando daquela professora aparentemente muito assustadora. Amity nunca teve aulas com ela, mas pelo que Willow e Luz acabaram de falar, ela não parecia alguém com quem se mexer.

Ela não pôde perguntar muito sobre isso, de qualquer modo, porque sua sala de aula era a mais próxima da porta de entrada. A bruxa despediu-se dos novos amigos e entrou.

Para ser sincera, nada de realmente interessante aconteceu, como sempre.

Como seu novo normal, ela não conseguia prestar atenção na aula. Sua mente ficava a levando para... certo alguém.

E isso não era nada bom, porque significava que ela teria que estudar o dobro em casa para não acabar com notas ruins... acredite nela, você não iria querer ver a reação de seus pais à piora de suas notas.

Sem mencionar o que isso faria com sua reputação.

Ela ficou um pouco surpresa ao notar que sua reputação não tinha ido pelo ralo depois que ela "abandonou" Boscha e Skara, mas ela deveria ter percebido o peso que seu nome carregava. Seu status era maior do que isso, e ela teria que mantê-lo se não quisesse que seus pais descobrissem sobre todas as coisas que ela vinha fazendo. Felizmente, seus irmãos não a delataram ainda, e ela não achava que o fariam  breve, então ela estava segura por enquanto.

Mas ela precisava ter cuidado.

Abandonar Boscha e Skara não foi suficiente para torná-la uma "perdedora", e os alunos não ousaram julgá-la por isso. Eles certamente acharam estranho, no entanto, e se ela escorregasse um pouco demais, essa informação poderia passar de orelha a orelha até que seus pais descobrissem, e ela realmente não poderia deixar isso acontecer.

Não importava se algumas vezes ela dormisse um pouco mais tarde ou se dedicasse mais aos estudos. Se era para manter seu segredo, valia a pena.

A aula acabou logo, ela quase não percebeu o tempo passando. A bruxa pegou seus livros e olhou para sua agenda ao sair, ela não teve tempo de decorar a nova programação ainda.

Agora ela tinha... poções com abominação.

Ela deixou um suspiro escapar enquanto colocava sua agenda no topo da pilha de livros novamente e saiu da sala para encontrar a nova sala de aula.

Essas novas aulas eram realmente confusas para ela. Não as aulas de fato, mas seu conceito.

É importante entender, Amity teve sua vida planejada para ela desde o início. Ela poderia escrever todas as etapas que teve que seguir para chegar onde está agora e aquelas que teria que seguir para chegar onde queria apenas de memória. Em todo seu tempo de existência seus pais lhe disseram tudo o que ela deveria fazer: Ela deveria ir ao coven da abominação, honrar o legado de sua família: deveria estudar 5 horas por dia, aprimorar suas habilidades nesse tipo de magia; ela deve se casar com ume bruxe poderose, para manter a reputação da família Blight; ela deveria ir para o Coven do Imperador, para ser como eles e deixar a família orgulhosa;

Tudo, cada passo que ela deu foi planejado desde o início. Mas agora tudo estava mudando:

Ela gosta de uma garota humana que definitivamente não deveria gostar, ela não está prestando atenção nas aulas e agora ela tem aulas conjuntas com outros Covens... ??

Nada disso fazia sentido! Tudo isso a estava confundindo tanto... todos esses sentimentos e sensações estavam tomando conta, e ela não sabia o que fazer com eles, porque a faziam questionar tudo que ela já havia aprendido em sua vida... Ela não sabia nem se ainda queria estar no Coven do Imperador!

Amity instintivamente arregalou os olhos, largou tudo o que estava segurando e cobriu a boca assim que percebeu o que acabara de dizer.

Se seus pais estivessem lá para ouvir isso agora...

Só de imaginar isso deu arrepios.

A bruxa sacudiu sua cabeça, voltando à realidade. Ela estava no meio do corredor, com todos os seus livros espalhados pelo chão. Ela se abaixou para pegá-los, abraçou-os com força e pensou,  tentando deixar pra lá aquela reflexão anterior:

O que você está pensando, Amity?! Claro que você quer! Este tem sido o seu sonho a vida toda!

A garota respirou fundo, reforçando esse pensamento.

Ela não podia não querer estar no Coven do Imperador. Ela simplesmente não podia. Ela passou a vida inteira se preparando para isso.

Ela continuou repetindo isso em sua mente até finalmente chegar à sua aula.

Como sempre, uma das primeiras a entrar. Ela escolheu um espaço vazio e se sentou, arrumando as coisas e esperando a professora chegar.

Ela estava arrumando tudo quando ouviu alguém chamando seu nome na porta.

– Amity, oi! – Luz gritou do outro lado da sala, acenando para ela com uma das mãos enquanto segurava desajeitadamente uma grande pilha de livros com a outra.

E em apenas um momento, tudo desabou. Literalmente. Todos os seus livros caíram, fazendo um barulho alto, e todos olharam para ela.

Amity não conseguiu evitar uma risada diante de toda aquela atitude desastrada dela, cobrindo a boca com a mão. O melhor dessa situação é que, em vez de ficar com vergonha de deixar seus livros caírem na frente de toda a turma, Luz apenas sorriu, feliz por ter feito a amiga rir.

Amity soltou um suspiro com isso.

Ela realmente era perfeita, não era?

A humana juntou seus pertences e caminhou até a bruxa, parecendo não se incomodar com os olhares estranhos que os outros colegas estavam dando a ela.

– Posso sentar aqui? –Ela perguntou.

E ao invés de responder como uma... humm... você sabe, PESSOA NORMAL, Amity apenas olhou para ela carinhosamente, apreciando o quão incrível ela era, com aquele corte de cabelo fofo e engraçado, que combinava perfeitamente com seu estilo e personalidade, além de torná-la ainda mais bonita do que ela já era; aquelas bochechas naturalmente um pouco rosadas, que davam à humana a aparência de alguém que estava realmente viva e vivendo plenamente; seus adoráveis ​​traços de rosto, que só fizeram Amity querer beijar ela ali mesmo e...

– Hã... Amity?

– Hããã... –Ela disse sem realmente prestar atenção, continuando a encará-la docemente por alguns segundos, antes de perceber o que estava fazendo. Ela ainda estava um pouco fora da realidade, então demorou um momento para processar a conversa que estava  tendo. – Ah, sim, claro! –  Ela finalmente acordou, dando à amiga um sorriso constrangedor ao abrir espaço para Luz se sentar ao lado dela.

– No mundo da lua de novo, né? – Ela perguntou sorrindo, se sentando.

Os olhos de Amity se arregalaram em um segundo.

 Ah, se ela soubesse ...

– Haha, sim, desculpa... –A bruxa respondeu, rindo constrangedoramente, já torcendo para que o assunto mudasse logo.

‐ Uau, o que quer que você esteja pensando deve ser muito importante para estar na sua cabeça o tempo todo, n... – Luz começou, mas parou no meio da frase, parecendo alguém que acabara de fazer a maior descoberta  .

– Espera!  É seu crush?  É seu crush, não é?!

A bruxa ficou cor vermelho vivo imediatamente.

– QUEEE, pffft, claro que não! –Ela tentou ignorar a ideia de Luz, bastante histericamente, gesticulando com as mãos para menosprezar o assunto, mas a humana não parecia nem um pouco convencida

– Amity Blight, não tente me enganar.  Eu conheço a cara de quem que está pensando em alguém que gosta, e você... –Ela chegou bem perto, perto demais até, olhou para sua amiga com os olhos estreitos, e tocou o dedo na ponta do nariz da de cabelos verdes enquanto falava:

– ...definitivamente está!

Você poderia ver Amity se transformando em um tomate da Lua, se quisesse.

Ela a chamou pelo nome completo. SEU NOME COMPLETO!

A bruxa estava apenas sendo louca?  Ela estava só sendo louca, não estava?  Ah, Titã ... Ela não conseguia nem falar agora.

– E-eu... –Ela fez uma tentativa de refutar, mas as palavras não estavam realmente saindo de sua boca naquele momento.

Ela ficou desajeitada e quase caiu da cadeira, endireitando-se embaraçosamente para não cair.

– Então... como essa pessoa incrível é? –Luz perguntou, se aproximando um pouco mais de Amity novamente, provavelmente sem perceber que elas estavam um pouco próximas demais uma da outra, apoiando seu rosto nas mãos e apoiando os cotovelos na mesa.

– Uh... Ela é... Bem... – Ela ainda estava um pouco em pânico, tentando se recompor e encontrar algo para dizer, mas felizmente a professora a salvou desta vez.

Ela chegou na hora certa e se apresentou a todos os alunos, caso alguns não a conhecessem, e a pergunta de Luz se manteve sem resposta.

Amity queria dizer que depois disso tudo correu bem e as duas se divertiram, mas infelizmente não foi exatamente isso que aconteceu.

A professora decidiu que a turma faria uma aula prática, e que os alunos deveriam formar pares com a pessoa sentada ao lado.

Bem, embora Amity e Luz fossem definitivamente uma boa dupla quando dança estava envolvida, esse não era exatamente o caso para aulas conjuntas. É que Luz era um pouco... desarrumada.  Resultado final: uma abominação monstro gigante, feio e assustador.  Nada para se preocupar, era inofensivo.  Mas causou uma grande bagunça, ou pelo menos grande o suficiente para a professora mandar elas irem à sala do diretor.

Não foi a viagem mais engraçada de sua vida, Amity teria que admitir.

– Uooouuu, isso foi tão legal! –Luz falou no caminho para a sala da diretora, citando o que aconteceu na aula.  – Aulas conjuntas tão DIVERTIDAS! –  Ela disse sorrindo e jogando as mãos para o alto, o mais despreocupada possível, saltando e olhando ao redor.

Como ela estava tão calma nessa situação?

A própria Amity estava pirando. Ela nunca tinha estado ali por um motivo como aquele e, para ser honesta, não estava realmente em seus planos. Ela estava começando a ficar realmente preocupada com isso. Uma sensação estranha estava começando a surgir. Era um formigamento em todo o corpo, mas não do tipo normal.  Não, esse era ruim.

 Ah, não... eles teriam isso em seus registros para sempre.  Ela não poderia ir ao Coven do Imperador com um incidente como aquele em seus registros!  Sua vida estava arruinada!  O que as pessoas vão pensar?  Uma Blight, assim.

Medo.  Era isso.  Essa era a sensação.

– Como você está bem com isso? – A bruxa perguntou à humana, completamente chocada com a atitude dela diante de tudo isso, sendo que ela mesma estava quase enlouquecendo. Ela estava bagunçando o cabelo com as mãos, estragando totalmente o seu penteado. A garota estava ficando completamente desesperada, tentando pensar em uma maneira de escapar daquela situação, fazer tudo desaparecer, e um estava pouco brava por Luz não estar na mesma situação.

 – Eles vão contar aos nossos pais –Ela acrescentou, só agora percebendo isso.  Essa informação só entrou em sua cabeça quando ela disse isso em voz alta.

 Eles iriam contar aos pais delas.

 Seus pais iriam saber.

Não... Ah, não.  Não, não, não, não, não... Isso... isso não poderia acontecer.  Eles não podiam saber.  Eles simplesmente não podiam.

Ela parou em seu lugar, bem no meio do corredor, e cobriu o rosto com as mãos, olhando para baixo.  Ela estava começando a entrar em pânico e uma sensação terrível percorreu seu corpo, trazendo uma sentimento horrível e avassalador que a sufocou por dentro.  Sua garganta ficou seca de repente e ela sentiu vontade de vomitar. Sua respiração agora estava instável e ela estava apenas tentando tirar o pensamento ruim de sua cabeça, mas não estava funcionando muito.

Flashes de memórias começaram a aparecer, atraindo toda a sua atenção. Sua respiração ficou pesada e seu corpo começou a tremer um pouco.  Ela só... não conseguia aguentar aquilo.  Ela estava apavorada.

Sentia arrepios só de pensar no assunto.

Essas memórias estavam realmente bagunçando ela.  De repente, ela não estava ciente de mais nada.  Tudo estava confuso.

Ela não deveria ser assim.  Ela estava acostumada a isso.  Ela sabia o que iria acontecer.

– Não... –Ela sussurrou, tentando empurrar aqueles pensamentos intrusivos para longe de sua mente e se acalmar aos poucos.  Ela tentou centrar sua atenção em si mesma, deixar todo o resto ir.

Sua respiração estava ficando estável pouco a pouco e seu corpo começou a ficar menos trêmulo.  Ela estava se acalmando.

Foi quando ela ouviu que Luz parou de andar.  Mas ela não tinha certeza.  Seus olhos estavam fechados, e aquela terrível sensação que ela estava sentindo tirava muito de seu foco.

Então ela ouviu uma voz suave e doce vindo de sua frente.

 – Ei, Amity ... não se preocupe. Vai ficar tudo bem... eu prometo. –A voz de Luz se destacou, forçando Amity a se concentrar na realidade.  A humana provavelmente tinha uma ideia do que estava acontecendo.

 A bruxa abriu os olhos com relutância, como se temesse que, quando os erguesse, veria seus pais, bem na sua frente, gritando como antes.  Ela não viu.

 Ela ficou confusa no início, tentando discernir as memórias da realidade, focar no presente.  Então ela olhou para o rosto de Luz e a raiva tomou conta.  Ela sentiu uma necessidade intensa de simplesmente descontar seus sentimentos em alguém. Ela ficou na defensiva, como sempre.

 'Vai ficar tudo bem'

Ela repetiu as palavras de Luz em sua cabeça com raiva.

Como ela poderia saber?

 Essa raiva estava borbulhando dentro da bruxa e, embora no fundo ela soubesse que Luz estava apenas tentando ajudar, ela não conseguia parar de empurrá-la para longe para se proteger.

 – Não... você não entende.– Ela sussurrou para a humana, estreitando os olhos com raiva, enquanto a afastava de si mesma.  –É fácil para você. Você pode fazer essas coisas sem ter nenhuma consequência.– Ela deixou as palavras saírem, sem realmente pensar no que estava dizendo, apenas derramando palavras dolorosas.

 – Que bom pra você! Mas infelizmente nem todo mundo tem a bênção de ser capaz de arruinar sua vida e a dos outros sem ter que lidar com o resultado! – Ela retrucou, olhando diretamente nos olhos chocados e tristes de Luz, sua atitude sendo uma mistura de ter que se deixar explodir de raiva de alguém e tentar afastar a amiga como se isso fosse melhorar as coisas.

Ao ver a falta de reação, ela apenas cruzou os braços e se abraçou forte, uma forma de se fechar ainda mais, e desviou o olhar de Luz, cheia de remorso.

O que ela poderia fazer?  Aquele era seu mecanismo de defesa, afinal.

Ela se fechava, era grosseira, rude, levantou suas barreiras... Era a sua maneira de lidar com as pessoas em momentos vulneráveis.

A bruxa não sabia por que fazia isso. Ela queria parar, realmente. Ela queria poder ficar triste e receber apoio de alguém de quem gostasse, mas era automático. Ela sempre fazia isso.

Ela não estava orgulhosa, mas não havia mais nada que pudesse fazer.  Ela já havia dito as coisas dolorosas, não havia como voltar atrás.

Mas Amity não conseguiu evitar.  Ela precisava saber se Luz estava bem.  Ela olhou um pouco para cima discretamente, para ver como sua amiga estava lidando com as coisas horríveis que ela acabara de dizer por impulso.

Ela parecia... magoada.  Isso fez a de cabelos verdes sentir um aperto terrível no peito, quase tão forte quanto o desespero que ela estava sentindo antes de estourar na pessoa que estava tentar ajudá-la.  Ela tinha estragado tudo de novo e agora estava se arrependendo de cada palavra dita.  Ela tinha certeza de que Luz iria embora, desistir dela, assim como ela 'queria'.

Mas então ela percebeu que a humana não o fez.

Ela parecia triste, ressentida, mas não como alguém que estava prestes a desistir.  Se qualquer coisa, ela parecia determinada.

E então ela falou:

– Eu sei que você não quis dizer isso –ela disse suavemente, aproximando-se de Amity novamente. - Você só está tentando me afastar - Ela tentou parecer confiante, mas Amity podia sentir uma pontada de dúvida e tristeza em seu tom, e isso doeu.  A bruxa continuou olhando para baixo, sem responder.

– Amity, olha para mim. –A humana disse, colocando ambas as mãos nos ombros da bruxa e apertando um pouco para chamar sua atenção. A de cabelos verdes ergueu os olhos diretamente nos olhos dela.  – Eu posso consertar isso. Você não vai ficar com problemas. Eu prometo. – Ela assegurou, confortando a amiga.

A garota ficou perplexa.

Por quê?

Por que Luz ainda estava ali?  Como ela ainda estava tentando ajudá-la?  Confortá-la?  Depois do que ela acabara de dizer... Por que alguém ainda ficaria?

A humana apenas a encarou carinhosa e preocupadamente, esperando por uma resposta, ou pelo menos... alguma coisa.

– Como? – Ela perguntou sobre a promessa de sua amiga, falando baixo, ainda olhando profundamente em seus olhos.

– Eu tenho um plano –A de cabelos cor chocolate respondeu com um sorriso, parecendo feliz que Amity acreditava nela. –Confia em mim.

A bruxa ficou chocada por um instante.  Ela estava tentando processar as coisas, entender tudo.  Mas olhar para o sorriso de Luz a fez se sentir mil por cento mais segura do que antes.  Ela sorriu docemente.

Ela confiava.

A garota de orelhas arredondadas se afastou um pouco dela e estendeu a mão, oferecendo-a à bruxa.

 – Agora vem. O diretor está esperando por nós. –Ela falou.

Amity pegou sua mão, grata por tudo o que ela fez.

– Obrigada, Luz. E desculpa por descontar em você.

– Tudo bem. É para isso que servem os amigos - Ela respondeu com um sorriso.

A bruxa sorriu de volta,, mas uma pontada de tristeza pintou seu coração

Ah, Luz ... Quando você vai entender que não quero ser sua amiga?

Ela pensou.

Mas ela sabia no fundo que era melhor assim.  Se ela não soubesse, haveria menos problemas.

 Ela tinha sorte de ter alguém como Luz em sua vida.  Mesmo que não fosse da maneira exata que ela realmente queria.

Elas caminharam de mãos dadas até o escritório do diretor Bump, e Amity de alguma forma se sentiu um pouco melhor com tudo isso.

A atmosfera estava muito mais leve e ela se sentia... mais segura.

Tudo parecia um pouco mais brilhante quando ela estava com ela.

 – Diretor Bump, eeeii! Como estão as coisas? – Luz disse meio sem jeito ao entrar na sala, largando as mãos de Amity e balançando seus dedos indicadores para ele, como se estivesse com duas arminhas.  Ela estava tentando tornar o ambiente melhor, como sempre.

 Enquanto isso, a de olhos cor âmbar apenas ficou ali parada, tímida e silenciosa, no meio da sala, em uma posição formal, com vergonha de estar ali.  Ela nem olhou em volta, com medo de erguer a cabeça.  As únicas coisas que ela podia ver eram seus sapatos, sujos com gosma monstro e o chão brilhante, que provavelmente tinha acabado de ser limpo.

– Luz... A Humana. Olá. –  Ele a cumprimentou, um pouco estranho.

– Olá –Ele então se virou para Amity, que o cumprimentou com a cabeça.  Ela estava nervosa demais para falar.  Ela estava com medo de vomitar por toda a sala se abrisse a boca.

– Eu ouvi sobre o incidente –o diretor estava sentado em sua cadeira, em uma pose de classe e falando em um tom formal, como se ele estivesse tentando ser cortês demais.

 – O queeee, incidente? Não foi um incidente! Foi só um pequeno... problema – A garota de cabelos escuros estava tentando minimizar o evento, deixar aquilo pra lá, mas estava falhando miseravelmente em fazê-lo.  De qualquer modo, era fofo, e Amity se viu sorrindo com sua positividade.

 – Vocês literalmente criaram um monstro que era uma mistura dos quatro elementos com uma abominação e quase destruíram a sala de aula de poções.

– Ahh, é... eu tinha esquecido essa parte – Luz falou, estreitando os olhos ao se lembrar, e deu um sorrisinho de 'desculpa'.
 O diretor manteve uma cara séria.  Ele se levantou da cadeira e caminhou até as meninas, primeiro se concentrando em Luz.

– Sendo sincero – Ele começou.– Já antecipei esse tipo de comportamento vindo da... Noceda - Parecia ter sido difícil para ele lembrar o sobrenome dela.  Fazia sentido, já que todos a chamavam de Luz, A Humana lá.  Ele apontou para ela, não muito surpreso com sua atitude.

Então ele deu dois passos agonizantes para a direita, voltando sua atenção para a bruxa. 

– Mas eu nunca esperaria isso de você, Senhorita Blight. –Ele continuou em um tom um pouco desapontado, parando na frente dela.  Ela se encolheu em seu lugar com suas palavras, envergonhada de suas ações e temendo o castigo que ele poderia dar.

 – O que deu em você? – Ele perguntou, agora em um tom preocupado e desapontado.

 Amity não conseguiu responder.  Ela queria chorar.

Ela odiava tudo isso.

– E-eu...

 Mas então Luz interveio, ficando na frente dela e usando seu braço como uma barreira, como se para protegê-la de alguma forma.

 – Diretor Bump, me desculpe, isso não é culpa de Amity. –Ela disse, de frente para o diretor.

– Como assim? –  Bump perguntou, intrigado.

– Fui eu quem colocou os ingredientes errados na poção que estávamos fazendo, e como Amity era minha dupla nesta tarefa, a professora colocou a culpa nela também, mas ela não fez nada! –  Ela disse como se tivesse certeza disso.  Bump olhou para ela, desconfiado.

 – Foi tudo minha culpa –ela colocou a mão no próprio peito, indicando que assumia a culpa por tudo.

Ela parecia muito triste na frente de Bump, arrependida do que fez, mas assim que ele se virou para o lado por um momento, ela sorriu e piscou para Amity, mostrando que a iria defender..

 A bruxa estava perplexa.  Ela não tinha nenhuma reação para isso. Ela estava simplesmente maravilhada.

Como ela pôde?  Como Luz pôde fazer isso por ela, sem esforço, num piscar de olhos assim?

 Seria preciso muito, muito mesmo para Amity fazer isso por alguém, e Luz simplesmente o fez por capricho, sem pensar duas vezes.

Aquilo intrigou Amity mais do que qualquer um poderia imaginar.

 – Muito bem –O Diretor cedeu, convencido. -Eu realmente imaginei que isso não seria algo que uma Blight faria.–Ele admitiu, parecendo mais orgulhoso, feliz por Amity não ter participado desse problema.

 – Senhorita Blight, você está isenta de sua punição. – Ele disse, e um grande suspiro de alívio escapou da boca de Amity sem que ela fosse capaz de controlá-lo.

Seus ombros aliviaram uma  tensão que ela nem sabia que tinha, e ela se sentiu mil vezes mais relaxada.  Ela podia finalmente respirar agora.

– Quanto a você... –Ele disse voltando sua atenção para a garota humana, que recuou um pouco com a atenção repentina que ela recebeu.  – Vou ter que relatar o que você fez para Edalyn. –  Ele cruzou os braços e continuou:

 – Não que isso fizesse alguma diferença. -Ele murmurou um pouco mal-humorado, infelizmente para ele, alto o suficiente para Amity e Luz ouvirem.

 Ele limpou a garganta e ajeitou as roupas, provavelmente percebendo que disse isso um pouco alto demais.

 – Caham... Continuando, você ficará aqui na detenção depois da aula pela próxima semana como uma punição pelo que você fez.

 Luz simplesmente concordou com um aceno de cabeça, um pouco triste com o castigo.

 A garota de cabelo verde se sentia tão horrível quanto era possível para uma bruxa se sentir.  Foi tão ruim que ela até considerou voltar atrás em sua palavra, mas então o pensamento de seus pais a fez reconsiderar.

 Ela não podia.

 – Bem, então... Está dispensada agora. Pode voltar para as suas aulas. Vejo você na detenção depois da aula, Luz Noceda. –Bump disse, olhando para a humana enquanto ela saía.  Amity estava pronta para segui-la, mas ele a impediu:

 – Senhorita Blight, espere um minuto, por favor. Há algo que quero discutir com você.

 Isso a fez congelar em seu lugar.

O que aconteceu?  Ela estava em apuros, não estava?  O que ela fez?  Ela disse alguma coisa errada?

Um milhão de pensamentos e possibilidades surgiram em sua mente em um segundo, fazendo-a começar a sua e se sentir ansiosa novamente.

 Ela olhou para ele, esperando que ele dissesse qual era o problema.  Ele fechou a porta atrás dela, caminhou até sua mesa, sentou-se em sua cadeira e, com um gesto, convidou-a a se sentar na cadeira do outro lado.

– Eu percebi que você vem conversando bastante com a garota humana.

– Sim, senhor. –  Ela disse, quase roboticamente.

Ele ponderou sobre isso por um momento, e então pareceu muito mais sério, focando sua atenção totalmente na jovem bruxa e se aproximando dela com sua cadeira:

– Amity, você é uma de nossos melhores alunos aqui em Hexside, e Luz... – Ele começou, tentando encontrar as palavras certas para dizer.

 – ...ela é uma garota muito boa, mas... ela é uma má influência, e causa muitos problemas. Eu só não quero que você vá pelo caminho errado.

Ah.

– Espero que você reflita sobre sua decisão de sair com ela.

 Ela engoliu em seco, sem saber o que dizer.

– Você pode sair e ir para a sua aula, agora. – Ele disse, poupando-a de uma resposta.

Ela saiu timidamente em um pouco em choque, sem dizer uma palavra.  Ela não sabia o que pensar, o que fazer com aquela informação.

 Ela realmente deveria apenas se distanciar de Luz?  Ela deveria ouvi-lo?  Seria mais fácil assim?

 Esses e vários outros pensamentos estavam correndo livremente em sua cabeça, fazendo tudo girar.  Ela tinha que resolver isso, e logo.  Todos esses sentimentos e sensações estavam se engarrafando por dentro, e ela precisava desesperadamente tirá-los, de uma forma ou de outra.  Infelizmente, ela não estava com seu diário por motivos de segurança, mas ela já sabia que no segundo que chegasse em casa passaria algumas horas escrevendo sobre ele e tentando se decifrar.

Luz estava esperando do lado de fora da porta.

– Então... O que ele te disse? –Ela perguntou assim que Amity saiu, balançando seu peso de um pé para o outro, curiosa.

 A bruxa foi pega desprevenida.  Ela ainda estava um pouco fora da conversa, tentando descobrir o que fazer com o que o Diretor Bump acabara de dizer.

– Hã... –Ela estava tentando pensar em uma mentira para contar, mas pensar em algo no calor do momento era difícil.

– Nada demais... Ele só estava me pressionando sobre minhas notas e tudo mais – Ela conseguiu inventar alguma coisa, falando um pouco sem jeito e suando um pouco por causa da mentira.

Ela era uma boa mentirosa (tinha que ser, por causa de seus pais), mas tinha que admitir:

Mentir para sua crush, sobre algo a respeito dela, na cara dela? Não era fácil.

 Luz assentiu com a resposta.  Aparentemente, ela acreditou.  Um silêncio constrangedor tomou conta por um segundo.

Foi a coisa mais estranha de todas.

 De alguma forma, em todo aquele tempo sendo amiga de Luz e tendo uma queda por ela, ela nunca teve um silêncio constrangedor com ela.  A conversa sempre... fluía.

 Mas ela não estava realmente capaz de puxar conversa no momento, então provavelmente foi isso que o desencadeou.

A atmosfera estava horrível e Amity não se atreveu a dizer nada.  Ela estava muito ocupada pensando sobre o que acabara de ouvir e o que deveria fazer com esse conselho.

 Então Luz deu o primeiro passo e quebrou o gelo, tentando aliviar o clima enquanto ela finalmente saía pela porta e começou a caminhar em direção à sua sala de aula:

 – Viu? Eu disse que tudo iria correr bem!

O corredor estava em completo silêncio, então sua voz se destacou completamente, atraindo toda a atenção da bruxa e também afastando-a daqueles pensamentos e dúvidas.

Ela riu do que a humana disse enquanto a seguia, esquecendo-se de suas preocupações. 

– Então esse era o seu grande plano? Ir para a detenção? – Ela disse com um sorriso, cruzando os braços.

– Bem, funcionou, não funcionou? – Disse Luz com um grande sorriso, saltitando pelo caminho despreocupada, quase dançando nos corredores vazios.

Aquela forma "Luz" de reagir fez com que tudo de ruim que estava acontecendo na vida de Amity desaparecesse por um segundo, e só por essa quantidade de tempo havia somente Luz e Amity no mundo, rindo de algum plano estúpido que a garota humana havia feito e se esquecendo das dificuldades de  vida.

Ela não entendia como ela podia mudar de preocupada pra caramba para mais feliz do que nunca tão rapidamente, mas ela sabia o motivo daquilo.  E embora naquele momento isso só a fizesse mais feliz, mais tarde ela perceberia o quanto isso tornaria sua decisão muito mais difícil.

Só quando elas se acalmaram a bruxa foi capaz de dizer novamente:

– Obrigada de novo, Luz... –um doce sorriso tomou conta das risadas, e elas compartilharam um momento de paz.

– E eu sinto muito que você tenha recebido detenção. –Ela acrescentou, se sentindo muito culpada.  Ela odiava o fato de que ela poderia ter evitado isso se ela assumisse a responsabilidade por algo.  Mas Luz não ligou muito, aparentemente:

– Não se preocupa. Detenção não é tão ruim assim... –Ela falou, sem dar importância ao assunto.  – Na verdade é até bem divertido se você pensar sobre isso... –Ela disse, e então ela pareceu se lembrar de algo, e ficou muito animada de repente:

 –Sabe, na verdade, tem uma porta sec--

Um grito alto tornou o que ela estava dizendo inaudível, e antes que elas pudessem se virar para ver de onde vinha, mais uma dúzia foi ouvida da mesma direção, seguida pelo som de muitos passos.

Acontece que Amity e Luz não foram as únicas que causaram alguns problemas nas aulas.  Infelizmente, a outra pessoa não teve tanta sorte quanto elas em fazer um monstro inofensivo, e agora o diretor anunciou em uma assembleia de última hora que o resto das aulas foram canceladas (isso incluía a prova que Amity gastou 5 malditas horas estudando apenas no dia anterior) por causa de alguma planta idiota que causou alguns danos consideráveis ​​na escola. Mas estava tudo bem, ninguém se machucou, e de acordo com o diretor, até amanhã tudo estaria resolvido.  Por enquanto, eles tinham o dia de folga.

Tudo aconteceu tão rápido. Em um minuto, Amity estava conversando com Luz e, no outro, elas foram separadas por uma multidão correndo em sua direção.  E agora Amity estava no pátio, cercada por um monte de gente, sem saber como ela havia chegado lá.

 E então, do nada, uma garota com cabelo castanho, quase roxo e uma pele de chocolate veio correndo em sua direção, educadamente afastando todos que estavam em seu caminho para chegar até a bruxa.

 –Graças a Deus... Amity, finalmente encontrei você!– Disse Luz, correndo para os braços de Amity e dando-lhe um abraço apertado, como se não a visse há séculos.

 A bruxa nem mesmo teve tempo de refletir sobre a palavra estrangeira que ela havia dito.

 Espera, o que ela disse?

 Deus?

 Que diabos é 'deus'?

 Bem, esse pensamento realmente não ficou em sua mente, porque o abraço da humana atraiu completamente sua atenção, fazendo com que todo o resto perdesse o foco.

 Como sempre, ela não sabia como reagir a isso.  Talvez ela realmente nunca fosse saber.  Ela simplesmente não estava acostumada com esse tipo de afeto.

Mesmo assim, aqueceu seu coração sentir Luz segurando-a daquele jeito... como se ela não quisesse se soltar, como se Amity fosse a pessoa mais importante do mundo.  Pelo menos era assim que os abraços de Luz faziam ela se sentir.

–Estava te procurando depois da assembleia, mas não consegui te encontrar em lugar nenhum com todas essas pessoas!– Luz falou, largando o abraço e se virando para olhar a multidão. Ela falava alto para que Amity pudesse ouvi-la bem (era difícil por causa de todas as pessoas no pátio) e parecia um pouco agitada, provavelmente por causa de tudo o que tinha acontecido.

–Pois é, nem eu! Tá tão cheio aqui!–Amity gritou de volta, também olhando em volta para examinar o ambiente.  Estava deixando-a desorientada ver tantas pessoas andando de um lado para o outro, fazendo ruídos altos e irritantes que eram impossíveis de entender.  Ela só queria ir para algum lugar sossegado, ser capaz de ouvir o silêncio pacífico novamente.

Felizmente, como as aulas foram canceladas, todas essas pessoas estavam tentando sair da escola, então o pátio já estava começando a esvaziar e logo eles poderiam voltar a conversar normalmente.

–Mas estou feliz por ter te encontrado, porque tive a melhor ideia de todos os tempos na assembleia!– Luz disse, jogando as mãos para o alto e ficando toda entusiasmada.  Aos poucos o pátio foi ficando mais vazio.

–Então... eu sei que ontem concordamos em fazer nossa primeira reunião do Clube da Boa Bruxa Azura no sábado, mas eu estava pensando... e se fizéssemos agora?–Ela disse, seus olhos brilhando de animação. Ela parecia super agitada com a ideia, como se fosse a melhor coisa do mundo, e não conseguia nem se conter enquanto falava sobre isso.

 Amity ficou completamente surpresa.

–Agora?–Ela perguntou, processando o que Luz acabara de dizer.

Isso era um pouco louco demais para ela.

Sim, ontem à noite, enquanto falavam ao telefone, ela e Luz combinaram de se encontrar no esconderijo de Amity na biblioteca no sábado, para lerem o último livro da Boa Bruxa Azura que finalmente tinha saído. E sim, Amity estava super animada para ler o livro que comprou o mais rápido possível, especialmente com a pessoa de quem ela gostava.  Mas, tomar uma decisão dessas, na hora, sem pensar duas vezes.

 Ela não sabia se isso era uma boa ideia.

 A bruxa sempre foi alguém que planeja as coisas.  Ela sempre pensou antes de agir, organizou as coisas com antecedência, estava um passo à frente.  Antes de Luz entrar em sua vida, ela nunca pensou em fazer algo no calor do momento por opção. Então dava para entender por que ela demorou um pouco para entender a pergunta de Luz.  Ela nem mesmo considerou essa possibilidade.

–Sim!–Luz confirmou, sorrindo, e então se explicou –É que... nossas aulas foram canceladas e não temos nada para fazer agora, então... por que não?– Ela deu de ombros.

 Por que não?

 Amity poderia pensar em um milhão de razões para 'por que não'.

 Isso era totalmente novo para ela.  Ela nunca teria esse pensamento sozinha.

Na verdade, agora que ela parou para pensar sobre isso,  tinha um monte de coisas que ela fez com a Luz nos últimos meses que ela nunca tinha pensado em fazer antes.  Desde a chegada da Luz, ela tem saído cada vez mais da zona de conforto e, surpreendentemente, tem acabado sendo bem divertido ...

 O que o diretor havia dito a ela mais cedo surgiu em sua mente, levando todos aqueles bons pensamentos embora.

 Não. O Diretor Bump estava certo.  Estar perto de Luz fazia Amity perder o controle sobre si mesma. Não que isso fosse culpa da humana, como Bump insinuou, nem tinha como ser. Era ela própria que era o problema. Ela se deixou levar por uma paixãozinha e não conseguiu controlar suas emoções. Ela ficou fraca. Ela estava saindo da linha, se perguntando sobre coisas das quais ela tinha total certeza antes. E isso ia acabar se voltando para a amiga humana no momento em que os pais da Amity descobrissem. Provavelmente iriam achar que era culpa dela, assim como o diretor. Desse jeito Amity iria acabar estragando a vida de Luz. Elas andarem juntas seria ruim para as duas.

 Mas então por que isso a fazia se sentir tão...bem?

 A bruxa suspirou, derrotada. Isso era confuso. Quer dizer, a resposta para seus problemas era óbvia, ou pelo menos seria, se ela fosse questionada sobre isso alguns tempos atrás.  Mas agora as coisas estavam muito mais embaçadas.

 Ela sabia que essa era uma pergunta simples de 'você deveria ouvir seu coração ou seu cérebro?'  por mais clichê que parecesse.
 Ela também sabia que a 'velha' ela não pensaria duas vezes em ouvir seu cérebro.  Mas muita coisa mudou desde os últimos tempos.

Era uma pergunta simples.  Era pra ser.  Afastar-se de Luz foi a coisa mais lógica e razoável a fazer. Não deveria importar o que isso a fazia sentir, era a coisa certa.

Deveria ser fácil.  Apenas se esqueça dela.

Mas aqueles sentimentos... Aquela sensação de calor em seu coração, as borboletas, a emoção, a empolgação ... Ela estava experimentando coisas que nunca havia sentido antes.  Ela sentia que estava crescendo como pessoa, sendo capaz de finalmente ser ela mesma.  Ela realmente deveria jogar tudo fora porque 'não era certo'?

 Ela tinha que tomar uma decisão.

 –Não sei, Luz... Isso parece um pouco... apressado.–Ela finalmente disse, fechando-se um pouco, sem olhar nos olhos da humana.

E cérebro será!

–Ahhh, vamos Amity! Vai ser divertido!– Luz tentou convencê-la.  Ela aparentemente percebeu que a bruxa parecia bastante hesitante, porque ela usou seu melhor truque para tentar mudar de ideia: olhos de cachorrinho abandonado.

–Por favorzinhooo–Ela pediu, juntando as mãos e fazendo beicinho, usando seu charme com força total para convencer a bruxa.

Claaro, esqueça ela.  Super fácil!

Ela zombou de si mesma.

O coração da de cabelos verdes disparou imediatamente e uma onda de adrenalina percorreu todo o seu corpo, dando-lhe alguma confiança.

 Ela respirou fundo e brevemente.

 Como Amity poderia resistir ao rosto mais bonito que ela já vira em sua vida pedindo algo a ela?  Era impossível.

E então, pela primeira vez na vida, Amity tomou uma decisão sem pensar.

Quer saber?

 –Certo, tudo bem!– Ela disse com um sorriso, agora também animada, curtindo essa sensação incrível de arriscar e finalmente fazer algo por impulso, trazida por não saber o que aconteceria a seguir.  Era novo e entusiasmante, e fazia Amity se sentir mais viva do que nunca.

 Luz parecia ainda mais emocionada agora que a bruxa concordava com a ideia, e abriu o maior sorriso de todos os tempos, que, novamente, fez o coração de Amity pular.

Bem, ela não podia voltar atrás agora.

A garota de cabelo verde fez o possível para não manter as palavras de Bump marcadas em sua cabeça, lembrando-se de que o que ela estava fazendo provavelmente não era muito bom para nenhuma das duas.

 Para ser sincera, não foi tão difícil esquecer, principalmente com Luz ao seu lado.

Nem passou por sua mente, quando ela tomou aquela decisão precipitada.

 Havia algo, entretanto... uma pequena pontada de queimação dentro dela... ela não conseguia reconhecer, mas podia sentir.  Não era bom.  Aquilo a fazia se preocupar, questionar tudo o que ela vinha fazendo.

Mas ela ignorou.

Ela decidiu que suas prioridades agora seriam em algo bom, não em alguma coisa estúpida que ela nem mesmo entendia.

–Sim, vamos... vamos fazer isso!–Ela repetiu em voz alta, convencendo-se de que faria aquilo, tentando assimilar que era real.

Enquanto isso, Luz apenas sorria, orgulhosa da amiga por ter saído de sua zona de conforto.

–Ah, mas não trouxe o livro comigo–Ela se lembrou assim que elaborou um pouco a ideia.  Isso tornou as coisas um pouco mais complicadas. 

–Eu tenho que voltar para casa para pegá-lo. Você pode me esperar na biblioteca?

–Claro!–Luz respondeu alegremente.

A de cabelos verdes abriu um sorriso.  Como aquela humana podia ter tanta boa vontade para fazer tudo?  Como ela poderia ser tão pura, tão positiva o tempo todo?

Amity já havia desistido de tentar entender.

–Ótimo! Te encontro lá em meia hora-–Ela disse com um tom determinado.  De alguma forma, ela se sentiu como se estivesse fazendo algo proibido ou algo assim, e isso fez uma onda de empolgação passar por seu corpo.

–Isso vai ser TÃO DIVERTIDO!–  Disse Luz, mais entusiasmada do que nunca, quase sem conseguir se conter.

Enquanto isso, Amity apenas admirava sua loucura, sorrindo docemente, completamente apaixonada pelo idiota que era essa garota humana.

Mas ela saiu desse transe.  Ela precisava ir para casa rapidamente se quisesse entrar na biblioteca logo.

–Vejo você lá–Ela falou, acenando para se despedir.

–Tchau!–A de olhos castanhos acenou de volta, e Amity se virou, andando a caminho de sua casa.
 

 


Notas Finais


Nuuu, vcs nn tem nem ideia do tempão que demorou para eu traduzir isso kkkk (eu faço em inglês pq é mais fácil pra eu escrever)

E foi isso! Finalmente, fim de capítulo. Mas não fiquem muito confortáveis agora, porque tenho quase certeza que o próximo capítulo será ainda maior.

De qualquer jeito, ainda não sei quando vou postá-lo. Já que vou postar enquanto escrevo, as coisas vão demorar um pouco mais agora.
Para ser honesta, não tenho certeza de onde estou indo com isso, mas até agora estou gostando e espero que continue assim.

Mas por favorzinhoo, me digam, o que vocês acharam deste capítulo? Adoro os comentários de vcs🥺

Ah, quase esqueci, vocês encontraram a pista oculta neste capítulo? Vou dar uma dica para os que ainda não conseguiram achar: chequem as palavras sublinhhadas.

Boca fechada agora🤐

Mais uma vez, espero que tenham gostado! Amo escrever pra vcs❤


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