(12/11) Um pouco antes da festa da Executiva
-Tem certeza que seus pais não chegam daqui a pouco? -perguntou Martin entrando na casa dela, um tanto receoso de encontrar o Sr. e a Sra. Ben Agoni ali.
-Eles foram ver minha avó em Brown Valley, e voltam mais tarde lá para ás 00:00. Aliás, qual foi a desculpa para eu não voltar para casa de noite quando eu tava desmaiada no laboratório?
-Liguei para eles e disse que dormiria na minha casa. Sorte que os seus pais acreditam em mim -disse ele entrando e ligando as luzes, pendurando seu casaco em um pendurador.
Caroline vai até o meio da sala e se espreguiça, levantando os braços para cima. No laboratório, ela retirou as faixas e curativos. Suas feridas diminuíram e estava já sem nenhuma dor.
-Como você tá? -perguntou o namorado.
-Se sentindo mais viva do que nunca -disse se aproximando e dando um beijo na bochecha dele.
-Amém… e agora?
-Bem… eu… eu fiquei pensando em muitas coisas após isso e… eu acho que deveria tentar relaxar por um tempo antes de voltar a ir atrás de outros jogadores. Por isso, eu quero aproveitar que ficaremos até às onze da noite sem meus pais aqui para aproveitar essas horas com você, Martin Rutherford -disse ela colocando suas mãos atrás do pescoço dele e o olhando com uma cara sugestiva.
-Ohoho… faz tempo que você não pede por uma noite romântica Caroline. O que será hoje? Um jantar? Uma sessão de filmes? Vamos terminar de assistir Donnie Darko?
-Eu… estava pensando em algo em um nível superior -disse ela se afastando, colocando a mão nas costas, depois de tirar seu casaco de Godspeed, todo rasgado.
-Algo em outro nível? Como em um jogo!? Não me diga que vem um boss fight! -disse ele nervoso.
Ela faz um movimento e enfia a mão por baixo da blusa, tirando seu sutiã e fazendo ele corar. Ela foi até o corredor e o chamou
-Eu preciso de ajuda no banho. E então? O que me diz de você me ajudar? -disse em tom levemente pervertido.
Martin, a observou, analisou, e disse:
-Você não é disso… -disse sincero- O que aconteceu?
…
Ela fez um rosto sério, olhando para o canto e o respondeu com toda franqueza.
-Eu… notei naquela noite que… mesmo sendo forte e tendo a ajuda de você e da Serena e do Nigel, um de nós pode morrer. Então… mesmo que isso não aconteça Martin, eu quero passar o máximo de tempo possível com você e fortalecer nossa relação.
Ele suspirou um pouco assustado e ela ficou vermelha.
-Se quiser fazer outra coisa… como jantar alguma coisa boa ou, vermos um filme juntos… -sugeriu ela escondendo um pouco os peitos, ressaltados pela blusa dela.
Martin esfregou a mão na testa, ajeitando o cabelo, e olhou para ela, e sem muita demora, começou a tirar a camisa, a deixando surpresa e ainda mais corada.
-Não vai ser um jogador ou alguma coisa do Admin que vai separar nós dois -respondeu jogando a blusa no sofá.
Ele segura na mão dela e a olha com um sorriso.
-Você tem noção de que eu vou ver tudo não é? -disse ela um pouco tímida.
-Por mim tudo bem. Vamos?
Os próximos minutos foram uma experiência estranha e ao mesmo tempo diferente para eles. Debaixo do chuveiro, puderam sentir o calor um do outro, o coração bater quando se abraçando, ambos nus e molhados, se divertindo embora tímidos. Lavaram os cabelos uns dos outros, conversaram um pouco, não falando nada sobre jogadores ou torneio, e se beijaram como se fosse a última vez que se veriam, como um casal normal.
-Melhor irmos para a banheira logo -disse ele fechando o chuveiro.
O banheiro era grande, com um chuveiro sem cobertura no fundo, uma banheira em um canto e um grande espelho na parede que parecia com uma entrada para outro cômodo. Caroline foi encher a banheira, colocando água quente nela, e Martin se olhou no espelho. Notou como seu corpo estava estranhamente mais em forma, ao contrário de antes, com uma postura muito mais firme e menos relaxada. Ficava se virando pelado, olhando suas costas e braços com a mão na cintura.
-Você acha que eu vou ficar mais em forma se lutar mais contra outros jogadores? -perguntou para ela vendo seu corpo um pouco musculoso pelo reflexo, fazendo posses de fisiculturista.
-Eu fiquei -disse ela- Talvez devêssemos treinar um pouco mais.
Ela termina de encher, e os dois entram juntos. Ela se deita sobre ele de bruços, colocando sua cabeça sobre seu tórax e o abraça, podendo ouvir seu coração enquanto ele a acariciava nas costas. Enroscou suas pernas nas dele, e ambos abraçaram seus corpos pelados ainda mais de uma forma excitante para ambos, para se aquecerem naquele dia frio.
-Ei… -murmurou Martin.
-O que foi?
-Você tá fria. Está bem mesmo?
-Nessa água escaldante?
-É… sua pele tá geladíssima. Você não tá com febre eu acho mas… -disse colocando sua mão na barriga e na testa dela.
-Eu estou perfeita Martin. Não se preocupa com isso não -disse ela alisando o peito dele com a mão.
Ela olha um pouco mais para seu corpo nu e nota a tatuagem de 009 que ele tinha na barriga, um pouco embaixo do lado esquerdo do tórax.
-Sonho pelo dia em que tiraremos essas tatuagens… -disse ele olhando para a dela sobre a clavícula esquerda.
Caroline se sentou sobre a coxa dele, ficando ereta, e suspirou em tom triste.
-As vezes eu me sinto como se fosse uma prisioneira com ela -disse colocando sua mão sobre os números- Como se a liberdade fosse tirada de nós. Qual motivo alguém colocaria inocentes como nós na linha de frente com a morte?
-Com certeza um grande idiota -disse Martin vendo ela nua sobre sua perna.
Ela se vira e se deita sobre ele, o usando como travesseiro. Ficaram relaxando por mais um tempo olhando para o teto. Martin colocou sua mão sobre a cabeça dela, fazendo um carinho, e a outra na barriga sobre o umbigo, e Caroline, um pouco corada, começou a relaxar com aquela água quente e o contato com o corpo dele, e a ficar com um pouco de sono, com os olhos quase fechados e pensando em várias coisas enquanto o namorado a acariciava como um gato manhoso.
…
Até que…
...
-Hm? -resmungou ela como se sentisse algo estranho em sua mente, como se recordasse de algo ou tivesse uma sensação.
-O que foi? -perguntou Martin calmamente olhando para ela.
-Que estranho eu… eu tive um dejá vu.
-É a primeira vez que estamos tomando banho juntos. A não ser que você captou sinais de um universo paralelo de uma outra você na mesma situação.
…
-Eu venho sentindo isso a algum tempo mas… está ficando mais forte. Uma sensação de que existe algo de errado, como se fossemos todos morrer e renascer em um momento próximo -dizia ela em voz baixa.
-Como assim? Tipo em Vingadores 3 e 4?
-Eu senti isso com toda força enquanto desmaiada depois da batalha contra o Alan. Eu sonhei que estava em um pátio gramado. Toda vez que acordava, eu estava deitada na grama olhando para o céu. Eu me levanto, ando pelo lugar e vejo um casarão que quando entro vejo uma menininha, ela não parecia entender o que eu falava e parecia estar sozinha ali. Aí então, depois de ficar observando ela por um tempo, alguém entra e nos devora como se fosse um monstro, e então eu acordo de novo no gramado e tudo se repete como um looping.
-Estranho. Deve ser alguma memória do subconsciente ou algum trauma desconhecido que veio a tona no sonho, mas não se preocupe com isso -disse cutucando a orelha dela.
-Hm… e como está o grupo da Chloe? -perguntou ela.
-Lembra de quando eles falaram sobre aquele caso na N.E.A.R? Então… não apareceu ninguém para matar o Smith.
-Sério? Mas tipo…?
-Não aconteceu nada. Nem teve plot twist ou alguma revelação bombástica -disse ele bobo.
-Será que eles vão conseguir mudar o futuro como falam que querem?
-Bom de uma coisa eu sei. Que eles são uma equipe poderosa isso é um fato.
-Arf… isso é um fato daqueles -disse ela rindo um pouco- Ah sim. Eu queria me desculpar de novo por ter te assustado com… aquele meu discurso suicida e…
-Escuta aqui Caroline! -chamou aumentando o tom- Você está viva, e aquilo é passado. Acabou?
-Queria só dizer que aceito qualquer punição. Eu nunca mais vou declarar minha própria morte ou coisa do tipo -disse ela realmente arrependida.
-Qualquer punição huh… então… que tal ISSO!!
Ele põe a mão na barriga dela e começa a fazer cócegas, e Caroline começa a rir e espernear.
-Agh a-ahahahahahah ohohoho- ch-chega! Mar-tin haahahaha!!
Ele exagera um pouco e acaba passando o dedo sobre o seio dela, e Caroline, vermelha, tem uma reação.
-IIIgh!!
Ela se assusta tampando os peito, se levantando e acidentalmente por reação, ativa seus poderes e eletrocuta todo o corpo do namorado com a água.
-UUUrg!!
-D-desculpa… foi sem querer! Você tá bem?
-Tudo bem… ugh… deve ser uma região sensível para você né…
-É claro que é! Não Toque neles sem avisar!
Naquela noite eles satisfizeram boa parte dos desejos carnais que tinham sobre o outro.
(Subterrâneo do centro) (13/11) 01:23 da manhã
-“Um será substituído… um morrerá… um trairá…” -pensava Simon olhando para o computador.
Evans, sentado em uma cadeira no canto, pensativo, acaba lendo a mente dele sem querer.
-É uma profecia né -disse ele.
-Sim. Não temos certeza se diz a verdade ou não mas… -ele termina dando de ombros, sem saber o que fazer.
Em seus quartos, cada um dos membros que foram dormir encaravam o teto sem sono. “Um será substituído, um morrerá, e outro trairá a todos”. “Será que eu estou nessa lista?” se perguntavam eles se revirando na cama. Apenas Simon, Evans, Charlotte, Kim e Alpha estavam acordados, pensando no que fazer. E enquanto isso…
-Pai… me diz por favor -insistia May na sala da biblioteca.
-Querida eu não posso te dizer. É algo que você não entenderia. Como você não tem idade para entrar na Executiva é assunto privado.
Ela olha para baixo, chateada de nenhuma tentativa sua de Charlotte contar à ela sobre os segredos terem falhado, e resmungou emburrada.
-Você diz que eu sou a menina mais inteligente que já conheceu. Eu vou entender -disse olhando para cima por Charlotte ser muito alto.
-Meu bem… não se trata de inteligência. Você é muito nova e não aprendeu tudo ainda.
-Então me ensina por favor. Aquelas coisas que a Sete disse, sobre vocês fazerem o mal, de machucarem pessoas…
-A Sete só quer nos assustar ok? Nada do que ela disse é verdade.
-Mas ela disse como se vocês fossem vilões, mas eu não sei quem é o herói -disse ela nervosa.
-A Sete machucou muitas pessoas. Ela é uma vilã cruel e impiedosa, e a maior inimiga nossa no momento May. Ela quer impedir que salvemos o mundo entende?
Ele a abraça forte se agachando e ela pergunta:
-Quando poderei saber? -disse em tom ansioso.
Ele se afasta desfazendo o abraço e põe a mão sobre o peito dela, e diz como um bom pai:
-Seu aniversário é daqui a três dias, nesse tempo, quero que pense para me responder no dia, qual é a coisa mais importante na vida?
-A coisa mais importante?
-Eu não vou te ajudar a descobrir e nem aceitar qualquer resposta. Quando você descobrir, eu vou mostrar toda a verdade para você. Tudo, sem segredos.
-Sério!? -disse em tom animado.
-Sim -respondeu o pai com um sorriso- Mas agora hehe…! -pegou ela e esfregou a mão sobre seu cabelo com força à divertindo- ...agora é hora de dormir guria! Tem sorte de não ter que tomar banho por estar tarde, então volta lá pra cima e vá se preparar!
-Tá tá hihihi!
-O papai vai ficar aqui mais um tempo ok?
Ela abre a porta da biblioteca e se despediu acenando, e Charlotte, sorrindo, se despediu também.
Depois de sair, ele se vira e vê Alpha em pé no meio da escada em espiral no meio da sala.
-Sabe que eu não aprovo totalmente isso não é? -disse ranzinza.
-Não se preocupe Charlotte -disse Alpha indo até ela- May pode ser uma criança, mas seu potencial em aprender e de se tornar uma jovem exemplar são mais do que visíveis. Ela é como você.
-Isso não acaba com o meu nervosismo -disse com a mão na nuca.
Enquanto isso, Simon ia desligando o computador central da base, e guardava suas coisas em um armário metálico cheio de trancas eletrônicas com a ajuda de Evans.
-B7 Montgomery… Montgomery… -pensava Simon- Tomara que a Nattalya descubra algo.
-Nattalya? -perguntou Evans ouvindo o pensamento dele.
-...
-...
Simon congelou, segurando um bloco de folhas antes de colocar na gaveta, e ficou olhando o professor olhando para seu rosto, imóvel.
…
-Simon… a sua irmã está… viva?
Simon o agarra pelo ombro e materializa uma espada com seu poder, Sandman, e o colocando contra a parede, finca a lâmina como uma estaca na parede a meio centímetro de seu pescoço. Evans arregalou os olhos e Simon, perplexo, os encarou furioso por ele ter descoberto.
-Eu sabia que teria que lidar com o fato de que você pode ler mentes agora professor! Aprenda a controlá-los… ou eu vou ter que arrancá-los de você! -disse segurando o cabo da espada, o confrontando- Acredite… remover a aura de um jogador é algo bem doloroso.
Evans, respirando pesadamente, acenou com a cabeça com uma expressão ainda assustada, com o coração batendo forte, e Simon desfez a espada com seu poder, a reduzindo a poeira energética que evaporou e se desfez no ar.
-Apenas eu, o Alpha e o Kim sabemos. Agora, dê o fora daqui. Temos um quarto livre no corredor sul na sala 132. Pode dormir lá -disse ele se apoiando de frente na mesa do painel de controle da base, visivelmente estressado.
-Me perdoe, eu… ainda não aprendi a controlar esse poder -disse Evans tentando não ler a mente dele.
-Vá dormir. Você tem que estar no seu colégio amanhã cedo.
-Não, eu não dou mais aula lá esqueceu? Para ajudar vocês eu tive que abrir mão de algumas coisas. Agora trabalho apenas na universidade.
Vendo Simon ainda com raiva, tendo pensamentos barulhentos demais para Evans, ele se vira e decide ir para o quarto que o Admin indicou na porta 132. Mas antes de sair…
-B7 Montgomery… Montgomery… será o nome de uma pessoa, de algum lugar ou região? -pensava Simon tateando a mesa, ainda se apoiando nela.
-Montgomery é uma rua no Norte de Alleys -disse Evans ouvindo os pensamentos dele.
-...
Simon, surpreso, se vira para o professor.
-Eu não havia pensado nisso antes, mas como você citou a escola onde eu dava aula agora eu liguei os pontos -disse o professor- Bloco Sete, Avenida Montgomery… lá fica a Granbell.
O Admin liga novamente o computador e ambos vão até o satélite, para olhar o lugar.
-Mas o que tem lá? -perguntou Simon.
-Se esqueceu? Os jogadores número 005 e 006 estudam lá. Axel Young e Mike Hargreeves, alunos meus.}
-Serão eles a ameaça que a Sete fala?
-Não eu acho que não -disse Evans- Existe um grupo de investigação de alguns alunos lá, e o líder deles, Theo Lovecraft do terceiro ano, é um gênio. Ele tem chance de ter descoberto sobre nós.
Simon pega o mouse e ativa o leitor de aura, e escaneia toda a escola, e então ouve um apito, indicando que o satélite detectou algo.
-Essa coisa pode detectar aura?
-Sim… naquela escola existe aura residual, deixada depois que eles usam seus poderes, e além da aura daqueles jogadores, existe outra, totalmente diferente.
Ele dá um zoom na tela e mostra para o professor.
-A aura residual de jogadores normais costuma emitir apenas uma fraca quantidade de luz infravermelha. Se alguém com óculos de visão de calor entrasse lá só veria vermelho. Mas a aura residual de usuários do poder do rei, além de emitirem infravermelho… emitem feixes de ultravioleta, por isso são tão brilhantes, mas além disso...
Ele coloca alguns dados na tela mostrando tudo para Evans.
-...elas emitem e geram táquions. Partículas que se movem mais rápido que a luz, e esse tipo de coisa só existe no mundo intangível. Professor… -disse ele se virando com um rosto inspirado e aliviado- Acabamos de encontrar mais um anjo. O Sexto Anjo n° 2!
-Espera um minuto aí! Se você pode detectar a aura residual de pessoas, porque não usou isso para detectar a aura da Sete ou da filha do Alpha? -perguntou Evans
-Alleys é gigantesca, e além disso está mais do que claro que eu já tentei procurar mas a Sete é inteligente e não deixa aura residual onde quer que vá -disse ele se levantando da cadeira- Precisamos avisar à todos.
(Manhã seguinte) 13/11
-Lee.
Ela não acordou no primeiro chamado.
-Lee…! -puxou o dedo mindinho do pé esquerdo, para fora do cobertor.
Apenas resmungou e se virou de lado na cama.
-Lee Hargreaves Wu! -chamou Mike pelo nome completo.
-Hmmm… tá, já vou -disse ela se descobrindo.
Mais uma manhã na casa dos Hargreaves começava. Os gêmeos faziam tudo em uma rotina repetitiva ao se prepararem para ir para a escola. Iam ao banheiro e escovavam os dentes juntos, se vestiam, se arrumavam um pouco, e iam comer. Seu pai, não acordava naquele horário, e nem se importava muito se os filhos estavam indo para a escola ou não. Para pelo menos demonstrar um pouco de preocupação e afeto, Lee e Mike deixavam para ele um pouco de pudim, que sempre compravam ali perto em uma padaria.
Tomaram café da manhã em silêncio para não acordar o pai, arrumaram suas mochilas e se prepararam para sair. Nevou mais um pouco de madrugada, e toda a rua estava coberta de branco, e a temperatura média estava próxima dos -13. Os dois colocaram suas botas e casacos quentes. Lee colocou seu cachecol e Mike um gorro, mas antes que saíssem…
-Mike, espera um pouco -chamou ela.
-O que foi?
Lee andou até o corredor na ponta dos pés, e chegando na porta do quarto do pai, espiou pela brecha da porta entreaberta, e voltou.
-Ele está dormindo -disse ela chegando.
-Ok. Vamos.
Nevou tanto de madrugada que todos os telhados e automóveis nas ruas ficaram brancos. Tiveram que remover a neve das ruas para os carros passarem. O inverno era a estação favorita de Lee. Ela odiava com todas as forças o verão, com aquele calor escaldante, pernilongos, aulas extracurriculares no campo, acampamentos escolares.
Já o inverno tem tudo o que ela mais gosta. Natal, neve, ficar em casa enrolada no cobertor vendo um filme… ela era alguém bem preguiçosa.
Depois de saírem de sua rua, atravessaram para a calçada à esquerda da avenida principal, que levava à Granbell.
-Hein. É verdade que o Theo pediu o diário da Chloe para a investigação? -perguntou Mike.
-Sim -respondeu a irmã- Eu não entendi direito mas pelo jeito pode ajudar na investigação. A Chloe me contou e disse que não deixou. Pelo jeito tem muita intimidade lá.
-Imagino. Já reparou como a Chloe é misteriosa?
-Como assim?
-Bem eh… não sei dizer bem mas às vezes ela parece esconder algumas coisas. Tipo… ela nunca me falou dos pais dela. Biológicos. E às vezes ela fica encarando o Trevor por um tempão. Não to dizendo no sentido de que ela esconde segredos mas… ela parece guardar muita coisa para ela mesma, e isso é um pouco idiota.
-I-isso é privacidade. Meio que… são os sentimentos dela. Talvez compartilhar eles seja ruim para os outros.
-Hmp. Que bobag-
De repente, antes de terminar a frase, em um pisar forte Mike parou no meio da calçada, deixando a irmã dar alguns passos. Ela nota o irmão agir estranho e para também o olhando para trás acima do ombro.
-Mike?
-...
Ele se vira para trás com um rosto levemente confuso e diz:
-Eu pensei ter ouvido a voz da Chloe -disse ele inexpressivo.
-Ehn? -murmurou ela confusa.
Mike esfrega a mão na cabeça com o gorro e se vira seguindo o mesmo caminho de sempre.
-Vai ver seja o fantasma dela de olho em nós -disse Lee em tom de brincadeira- Vai ver ela consiga sentir quando alguém fala do diário dela, tipo uma clarividência.
Eles chegam na escola, passando pela entrada. Lee estranhou pois sempre que nevava havia algum boneco de neve no meio do pátio, mas não havia nenhum.
Eles entram no prédio principal, no grande hall de entrada da academia, e uma voz os chama por trás, sussurrando.
-Mike, Lee -disse Chloe os chamando, encostada na parede.
-Chloe!
Lee vai até ela, e fofa, a abraçou sentindo o suéter felpudo dela e a aquecendo com o abraço.
-O que foi? A gente ia para o clube agora -disse Mike indo até ela, abraçada com a amiga.
-Não tem ninguém lá -disse Chloe- Eu até tentei procurar o Theo e o Trevor que disseram para eu vir mais cedo mas...
-Vocês três -disse uma voz.
Eles se viram e na porta da sala de química no corredor; no espaço entreaberto dela, veem Trevor os chamando em silêncio.
Eles olham para os lados, vendo que não haviam muitos alunos e professores andando ali e entram na sala.
-Trevor, o que foi? -questionou Chloe entrando na sala escura.
Theo aparece e fecha a porta por trás de Lee e Mike, e então, alguém liga uma lanterna, revelando que na sala estavam Petra, Tula, Axel, Ian e Clemont.
-Pessoal -disse Mike confuso.
-O que todos estão fazendo aqui? -perguntou Chloe.
-Eles estão fazendo o que nós sempre estamos fazendo, Chloe, mudar o futuro -disse uma voz no canto da sala, exatamente igual a de Chloe.
A Chloe que acabou de entrar olha para o lado e mesmo estando escuro, nota sua versão do futuro, a que viu com seus próprios olhos a morte de todos os outros membros da Timing Jump.
-Chloe…? -murmurou Chloe.
-Chloe -disse Chloe.
Ela; a do futuro, dá um passo na direção de seu outro eu, e tropeça, sentindo sua mente estalar.
-Agh!
-O-o que foi? Você tá bem?
-O momento tá chegando -disse ela.
-Vocês precisam se fundir logo -disse Trevor olhando para a do presente- Como o momento que ela voltou do futuro está chegando ela precisa se fundir se não ela vai ser apagada da linha do tempo, e aquele terremoto vai acontecer denovo. Rápido.
-O que acontece no futuro? -perguntou Mike para Tula.
-Todos nós morremos -disse Theo antes que ela respondesse.
Mike, Lee, e a Chloe do presente gelam.
-Nós… todos m-morremos… impossível -balbuciou Lee pálida.
-Rápido vai -disse Tula- Faz logo a fusão de Dragon Ball lá!
As Chloes se olham e acenam com a cabeça, e então se aproximam uma da outra.
-Chloe -chamou a do futuro- Independente do que ver em minhas memórias, continue em frente okay.
-Ce-certo!
Elas apertam suas mãos, e então um pequeno brilho seguido de um pulsar une as duas. Não foi como antes onde a fusão fazia a sala tremer ou levantava uma ventania forte. Foi algo simples e sem muitos efeitos especiais.
-Ué. Sem explosões? -notou Trevor.
Após a fusão, sobra apenas uma Chloe, parada ao lado da parede de olhos arregalados e pálida, com a mão na nuca. Algumas roupas caíram na frente dela e todos observaram.
-C-chloe -perguntou Lee em voz trêmula.
-Nós não temos muito tempo -exclamou Axel.
-É mesmo. Mike, abra um portal para a floresta negra com seu Yggdrasil -pediu Theo pegando no ombro da irmã, a fazendo despertar.
-Mas porquê?
-Estão vindo pessoas para nos matar -balbuciou Chloe em tom morto- Vamos fugir pela dimensão da floresta negra! -exclamou voltando com aquele seu olhar determinado de sempre.
Mike pediu espaço e abriu um portal no meio da sala. A luz do sol do outro lado na floresta negra iluminou toda a sala, e um a um, foram pulando pelo portal e entrando na outra dimensão. Theo foi o último.
Eles saíram debaixo de uma árvore deitada sobre uma grande rocha pontuda, inclinada para frente. Depois que sentiram a brisa quente da floresta, sob um sol de meio dia (o tempo ali passa em defasagem com a dimensão normal), suspiraram um pouco mais aliviados.
-Então essa é a dimensão da floresta negra.
-Svartalfheim, em referência ao mundo da mitologia nórdica. É como eu chamo -disse Mike- Mas como falar Svartalfheim o tempo todo é um saco, a Petra batizou de floresta negra.
-Amém -disse ela vendo Mike fechar o portal.
Era a primeira vez de Chloe naquela dimensão estranha com árvores e insetos que não existiam no mundo dela. Diferente de Alleys, coberta de neve até a tampa, ali estava quente e abafado, como uma selva. Não era uma mata tão fechada, haviam árvores bastante espaçadas e alguns arbustos com frutinhas estranhas que pareciam ser uma mistura de laranja com maçã. Ela havia ouvido algumas histórias de Mike, falando que ali havia um robô que eles derrotaram, e que possivelmente haviam mais. Isso a deixou preocupada, assim como Theo que sabia do risco.
-Caramba, já tô suando -disse Axel passando a mão ao lado da orelha.
-Vamos passar quanto tempo aqui? -perguntou Lee.
-Um dia ou só algumas horas para que voltemos sem ninguém na nossa cola para nos matar -disse Theo.
-Espera aí -chamou Ian- Eu conheço essa região. Tem uma lagoa aqui perto.
-Yahoo! Corrida até a lagoa! E quem chegar por último é gay! -disse Tula correndo para longe no pique.
-Amiga -chamou Petra- Tecnicamente, nós duas somos gays!
-Então quem for gay e chegar por último é hétero! -gritou ela correndo até a namorada.
-Ma-mas eu nem trouxe minha sunga ou uma roupa de banho! -gritou Axel vendo elas correrem.
-Ora, é a primeira vez que toma banho de lagoa Axel? Pra quê roupas? Eu não ligo de ver todo mundo pelado -disse Tula segurando Petra pela manga.
-Nem vem!! -gritou Axel com vergonha, junto com Chloe e Lee.
-Ah, por mim tudo bem -disse Trevor tirando seu casaco- Eu tomava quando morava na fazenda dos meus pais.
-T-Trevor! -exclamou Lee.
-Se for só com as roupas de baixo pra mim tanto faz -disse Theo.
-Gente… chamou Mike.
Em seguida, na frente de Mike que estava mais de fundo, um brilho violeta com alguns pequenos relâmpagos surgiu ao redor de uma pequena esfera flutuando a quase um metro do chão.
-Ué? Mike, fecha logo esse portal -disse Axel.
-Eu já fechei -disse ele confuso- Não sou eu.
A aura de Mike era laranja ruivo, quase avermelhado, mas aquela era violeta, e lentamente ia abrindo um portal. Após a esfera expandir e tomar um formato esférico como um bambolê gigante, arrepiando todos, um portal parecido com os de Mike se forma, e sai um homem.
-Todos para trás!! -gritou Theo de braços abertos, dando passos para trás.
Um senhor de barba curta, cabelo escuro encaracolado e alto. Alguém de provavelmente 50 e poucos anos em aparência, e um jeito estranho com seu olhar, um tanto analista e que dava uma sensação mórbida junto com aquele blazer e gravatas pretas, o dando um ar fúnebre. Um homem que combinaria totalmente com um filme dark ou de terror psicológico.
-Essa não… -murmurou Chloe.
-O que? -perguntou Petra ao lado dela.
Trevor olhou para todos eles e viu que Chloe, Axel e Mike estavam mais nervosos que o normal, puxando o ar pela boca e pálidos como se algo os sufocasse. Ao redor daquele homem havia uma aura tão ridícula… tão monumental… tão apavorante que quase tiveram delírios com a morte, ou com corpos humanos sendo moídos, triturados e transformados em massa de recheio para bolos. Fios luminescentes violetas e brancos de aura subiam em direção ao céu ao redor do homem, junto com feixes brilhantes como uma estrela de nêutrons, a mesma que tem o peso suficiente para distorcer o espaço ao seu redor. Era esse peso que parecia afundar os corpos dos três pequenos usuários de aura ao chão, mesmo estando ainda em pé. A superioridade dele se tornou ainda mais clara quando Mike vomitou na frente de todos, se ajoelhando no chão.
-*Agg, wogh!*
-Capitão! -gritou Tula assustada.
-Ah, perdão. Ele deve ter sentido minha aura -disse o homem.
-Quem é você!? -gritou Theo sério.
-Bem…
...
O homem começa a andar em passos ritmados, circundando eles.
-Eu busco por pessoas com poderes digamos… especiais. Acima dos usuários de aura comuns existem portadores do poder do rei, pessoas portadoras de habilidades épicas, dignas de epopéias, presumo que já saibam disso correto?
Caminhando, ele aponta para Chloe.
-Senhorita Lovecraft -diz ele com um sorriso- Ou em termos técnicos: O novo sexto anjo.
-Admin…? -perguntou ela com a mão no peito, sentindo o coração quase pular.
-Admin? Não não… digamos que eu sou o “chefe” dele. Meu nome é Platon Archen, mas podem me chamar de Alpha.
Chloe segurou na mão de Trevor e Lee, tensa, e encarou feio o senhor. Ele parecia olhar para a viajante do tempo como um tesouro muito procurado por ele, e tinha certeza de que estava declarada sua vitória, antes mesmo de algum combate acontecer. Olhava como um lobo para a menina, quase ignorando todos os outros nove membros da Timing Jump ao redor dela.
-Posso… lhe fazer uma pergunta, senhorita Chloe Lovecraft?-disse em tom jocoso.
-Já fez -respondeu Axel.
…
O homem olhou confuso, mas retornando com seu jeito imponente, disse:
-Então eu posso te dizer algo?
-Já disse -respondeu Tula.
-Q-Que!? Uai!? -exclamou Alpha com cara de trouxa- E-então me deixe fazer outra pergunta, por gentileza.
-Acabou de fazer -disse Axel novamente.
Chloe dá um tapa nas costas do pescoço de Tula e Axel e deixa Alpha finalmente perguntar.
-Você sabe como ganhou os seus poderes? -perguntou ele.
-Não… você sabe?
-Eu é quem pergunto.
Ele parou ao lado deles e começa a dizer.
-Sandman… Stuck In The Sound… Through The Fire and Flames… The Wizard… Guns n’ Roses… e agora o seu. Qual o nome dele?
…
O homem põe a mão no canto da orelha, e então uma chuva de faíscas desce o seu corpo e revela sua real aparência. Pele branca, corpo alto e esguio, usando um manto preto e com chifres na cabeça que subiam em direção ao céu como galhos. Quando Chloe o viu, enquanto todos se espantaram com a aparência dele, ela acabou se lembrando “dele”.
-Gaia…
…
-Snowman? -perguntou Alpha erguendo sua mão.
Uma luz brilhante surge na mão dele e Theo grita.
-Mike!
No momento em que Alpha foi atirar um raio de energia neles, Mike, ágil porém ainda um pouco enjoado abriu um portal, enviando o disparo para sabe-se lá onde. Ele abriu outro, de volta para o mundo normal no meio da sala do clube, e todos os outros correram para lá.
-Corram!!
Logo após isso, Alpha surge ao lado de Mike e dá um soco no meio de seu peito, o jogando como se fosse nada para uma árvore, batendo as costas e vomitando litros de sangue.
-MIKE!!! -gritou sua irmã.
Detrás de Alpha surgem pequenas esferas negras que voam em alta velocidade na direção de todos, matando Tula, Axel, Theo…
-Lee! Vem!!
Chloe entra no portal, saindo dentro da sala, e antes que Lee e os que ainda estavam vivos retornarem, para impedir que escapassem, Alpha expande sua aura como o big bang, tremendo tudo ao redor como um terremoto e destrói o portal, impedindo que o resto passasse por ele.
…
-...a…
Chloe ficou olhando para onde estava o portal com um rosto inexpressivo por alguns minutos, notando que novamente, ela falhou.
-...
Ela coloca a mão na cabeça, gemendo de ódio e culpa, e berra. Com pressa ela coloca a mão direita na frente da boca e dá uma mordida forte, afundando os caninos e os molares com força nela, e elevando ainda mais suas emoções e sua dor, ela ativa sua aura no limite e volta no tempo.
-Ghhhh!!!
~~~~
-AAAAAAAAAAAAAGH!!!
Um grito é ouvido, e após um brilho no meio da sala com alguns raios, sai um corpo de luz e bate no sofá, em seguida se revelando como Chloe.
-O quê?
Ela caiu de cabeça para baixo, com as pernas em cima do sofá e saia amarrotada, mostrando um pouco da meia calça que vestia por baixo. Trevor acordou assustado com o barulho, e se deparou com ela caída no sofá ao seu lado.
-Chloe!!?
Theo se esqueceu completamente do diário quando viu ela surgir ali do nada, como um anjo que caiu do céu. Respirando pesadamente, ela se levantou com a ajuda de Axel e Trevor, que foram de imediato ajudá-la. Ela colocou a mão no peito segurando o mal estar, e perguntou com pressa:
-Que dia estamos,e que horas são!?
-É dia 12/11! São 16:30!
-Então -ela fez o cálculo de cabeça- Eu voltei 15 horas!?
Então, outro brilho surge e uma outra Chloe surge no meio da sala, ofegante e com a mão esquerda com uma marca de dente na mão direita.
-O quê? -exclamou Theo.
-O-outra eu!? -exclamou a Chloe da rota da briga sobre o diário.
A nova Chloe, da rota da luta contra Alpha caminha em passos pesados, quase cambaleando e anda até a outra, a assustando e então se joga em cima dela. A outra Chloe se espanta por ainda não estar preparada para uma fusão, e vê sua outra versão bater de testa sobre seu seio, mas não houve fusão.
-Eh? N-não está funcionando? -perguntou a de antes.
-Porquê…? -perguntou a da batalha contra Alpha, enquanto a outra a segurava enquanto encostava a testa em seu ombro- Porquê não isso está acontecendo? Porquê não nos fundimos!? Droga!!
A da cena do diário começa a ficar assustada, e vendo ela mesma com uma cara de choro a abraçando enquanto tremia de nervosismo, pergunta:
-De qual futuro você veio?
…
-De um onde todos morrem novamente.
Os meninos ficam assustados, vendo as duas nervosas, mas então a da luta contra Alpha se ergue, fungando e exclama.
-Temos que tentar de novo Chloe! -disse ela- Trevor! Ligue para o eu que está em casa e chame ele aqui.
-O-ok! -exclamou ele.
Nesse momento, olhando para a mão machucada da Chloe da batalha contra Alpha, vê um brilho e lentamente, a marca vermelha de bocada se regenera, voltando com pequena e delicada mão de boneca dela.
-Precisamos pensar melhor -disse ela indo para a lousa para estudar todo o caso- Chloe -chamou a da cena do diário- Liga para a Lee e para o resto da equipe!
-Certo!
-Theo!
O irmão, confuso olha para ela e a vê com um olhar sério, se espantando um pouco, e vê ela dizer.
-Odeio dizer isso agora mais preciso da sua ajuda -disse ela.
Eles analisaram tudo o que as Chloes viram, e após a original chegar na sala e se fundir com as duas, o resto da equipe chega e todos discutem sobre o que seria no momento a maior crise enfrentada por todos eles.
Eles decidiram o que fazer, esperaram até a hora chegar, e às 6:45 da manhã, os algum membro da executiva surgiu ali para matá-los.
Novamente, todos morreram e Chloe foi obrigada a voltar no tempo novamente.
Ela retornou exatamente na sala do clube, se encontrando com as duas outras Chloes sendo auxiliadas pelos meninos. Eles analisaram tudo o que as Chloes viram, e após a original chegar na sala e se fundir com as duas, o resto da equipe chega e todos discutem sobre o que seria no momento a maior crise enfrentada por todos eles.
Eles decidiram o que fazer, esperaram até a hora chegar, e às 6:45 da manhã, os algum membro da executiva surgiu ali para matá-los.
Novamente, todos morreram e Chloe foi obrigada a voltar no tempo novamente.
Esse ciclo de desastre ocorreu denovo… e denovo… e denovo… com o mesmo final fixo: Todos os membros morrendo na mão de algum usuário de aura estranho, desde um samurai, um violeiro, um senhor de camisa xadrez que controla chamas da morte e até um homem que mata os outros transformando seus corações em gesso.
Chloe foi vendo os seus amigos morrerem de tantas formas diferentes que começou a se acostumar. Algumas vezes, quando voltava no tempo, não ajudava os outros a decidirem o que fazer, apenas ficava em um canto pensando, e em outros, lutava para valer ao ponto de perder um braço ou se ferir gravemente, concluindo que tinha poderes de regeneração.
Ela não conseguiu impedir nenhuma morte.
-Foram quantas vezes, Owens? -perguntou Laureline vendo ela sentada de pernas cruzadas no meio da sala sobre o tapete, vestida com roupas simples e com sua máscara escondendo os olhos, para se concentrar melhor.
-Vinte e oito vezes, e vão ser várias -disse a viajante do tempo.
-Quando nós iremos agir? -perguntou Laureline novamente.
-Em breve -respondeu.
Owens, por baixo da máscara, fechou os seus olhos, e se concentrou na imagem da Godspeed em sua mente.
-Tenho que me preparar para quando me reencontrar com ela.
Em seguida, tendo um arrepio, ela se lembra.
-Então parece que vai ser como na outra vez. Certo. É bom estar preparada, pois as coisas vão congelar um pouco mais… “Chloe”.
Um dia, Owens se olhou no espelho e disse para si mesma que sempre falaria, pensaria ou escreveria o nome daquela menina entre aspas. “Chloe”. Afinal, Owens sabia quem “Chloe” realmente era, e o que ela estava para se tornar. Do ponto de vista dela, “Chloe Lovecraft” era uma farsa. Uma mentira digna de vergonha, e que merecia ser uma piada ao invés de uma verdade.
(Fim do capítulo 35)
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