- O que você acha dessa roupa, Taehy?
O mesmo olha de cima a baixo.
- Tá legal.
Jungkook se olha novamente no espelho - Aish, isso tá muito chamativo. Jimin não gosta de coisas que chamem tanta atenção.
- JungKook, qualquer coisa que você colocar o Jimin vai gostar.
- Mas hoje é um dia especial, hyung. Não é todo dia que se faz 3 anos de namoro. Ainda mais numa ocasião como esta.
- Que ocasião? - O moreno pergunta, já confuso com o tal comentário feito pelo "amigo".
Jeon respira fundo e se senta na cama, à frente do Tae - Eu vou pedir o Jimin em casamento, Taehyung.
A boca do mais velho se abre, mas não sai uma sílaba sequer. Sentiu o sangue congelar e sua mente ficar em branco de repente. Casamento? Se já achava complicado conviver com os amigos estando em um namoro, agora seria muito pior.
- Tae? Você está bem? Ficou branco de repente! - O mais novo põe a mão esquerda na testa do amigo, ficando instantaneamente preocupado com a reação do mesmo.
Parece que na mesma hora, o Kim tem um choque de realidade e finalmente consegue reagir - A-ah… eu não esperava por isso… - ele ri, completamente sem graça e desvia o olhar.
- Eu já estava pensando nisso há uns meses mas nunca achei uma oportunidade certa. Agora parece ser o melhor momento - ele sorri - Eu e Jimin sempre pensamos em constituir família e eu sei o quanto ele quer se casar, mas eu não me sentia pronto. Agora eu quero, mais do que qualquer coisa. Eu o amo, e acho que casar com ele vai ser a maior prova desse amor.
O coração do pequeno bebê Kim se quebra e se rasga totalmente em pedaços, mas ele continua firme por fora. Se sentia triste por ouvir isso de alguém que amava tão profundamente, amava até mais que Jimin, mas sentia pena por saber que seu amigo era traído - descobriu há 5 meses quando encontrou o Park aos beijos com um homem misterioso em um restaurante de alta classe. Claro que não deixou ser visto, e nem contou para JungKook por ter medo de vê-lo machucado por conta de seu melhor amigo.
- Você é contra, hyung? Acha que é muito cedo ainda? - Jeon pergunta, um pouco receoso.
Sim. Taehyung gostaria de responder isso.
Porém, querer não é poder.
- Sou a favor de sua felicidade, dongsaeng.
Não disse nenhuma das duas opções. Deixou a resposta vaga, porém, cada um interpreta como quer.
Foi instantaneamente abraçado - Obrigado, hyung. Você é a melhor pessoa que já conheci na vida.
Sentiu mais vontade de chorar, porém se segurou.
- Nada, dongsaeng.
.
.
.
.
- Esta noite está sendo tão… incrivelmente incrível… - Jimin exclama com um grande sorriso - Eu estou tão feliz, Kook. Não esperava por uma surpresa dessas.
O de cabelos pretos sorri, orgulhoso - Faço isso por você, por nós. São três anos, Jiminnie.
Um garçom chega à mesa e serve a cada um deles mais uma taça de vinho, recebendo em troca um sorriso meigo de agradecimento do loiro.
- Sendo assim, vamos aproveitar a ocasião e brindar por uma ótima notícia - Jimin diz e JungKook faz uma cara de confuso, mas ainda sim sorri.
- O que é tão bom a ponto de te deixar tão feliz?
O loiro sorri, balança levemente a taça com o líquido escuro e finalmente diz - Eu fui promovido. Irei trabalhar com a parte monetária e financeira da empresa, irei mexer com contratos das mais altas classes.
Ambos se abraçam fortemente, e Jeon o parabeniza várias vezes - É claro que minha carga horária irá aumentar e eu mal irei dormir, mas vai valer a pena. Eu quis tanto isso, não posso desperdiçar essa chance.
- Nem irá desperdiçar, amor. Está vendo como tudo está dando tão certo? Isso só me deixa mais certo do que eu quero - ele diz, deveras misterioso, o que atiça o loiro.
- O que você quer, dongsaeng? - ele pergunta, rindo da forma como JungKook pronunciou a frase.
- Feche os olhos.
O Park estranha, mas fecha. O que dá ao mais novo o tempo de pegar a caixinha de seu bolso direito e abrí-la na frente do mais velho.
- Abra - Jimin abre e dá de cara com dois anéis dourados, envoltos de pedras de rubi - Sempre conversamos sobre casamento e nunca colocamos nada a frente, mas quanto mais o tempo passa mais eu percebo que o namoro já não é mais suficiente, e agora eu me sinto pronto. Agora eu quero saber de você, Park Jimin, se quer casar comigo.
O loiro, de boca aberta, ri nervosamente - JungKook, o que deu em você? Você dizia que não queria tão cedo se prender à alguém assim.
- Eu dizia aquilo porque ainda não compreendia o que o amor é capaz de fazer - JungKook pega em suas mãos e as entrelaça - Eu era um moleque que não entendia o que é casar, constituir família. Felizmente eu pude amadurecer e entender o que é. Eu finalmente sei o que é amar e eu te amo, Jimin. Mas eu preciso ouvir de você, se quer isso tanto quanto eu.
Ele sorri.
- Por que não? Eu quero sim! - ambos se abraçam e se beijam. JungKook exalava alegria depois de ter suado frio com medo de ser rejeitado, mas agora estava feliz. Iriam concretizar o amor deles em um laço. Naquela noite, realizaram mais um sonho. Naquela noite, se amaram.
A última noite de amor.
.
.
.
.
.
Uma garrafa de soju.
Essa foi a companhia de Kim Taehyung por aquela noite toda.
Se fosse há alguns anos atrás, cairia facilmente ao dar apenas um mísero gole. Mas já estava acostumado ao efeito da bebida. Mesmo se fosse derrubado, não ligaria, mais na merda do que já estava não ficaria.
Esperava por uma ligação do homem que amava, mantendo esperanças de que Jeon mudasse de ideia, aparecesse em sua casa e lhe beijasse com toda possessividade existente. Mas sabia que isso não aconteceria, e teve mais certeza ainda quando trocaram as tão esperadas mensagens.
Eu:
08h53
E aí, o que deu?
Esperou, pensou até que JungKook estaria dormindo por não ter dado certo como queria. Mas, conhecem aquela frase…
Nem tudo é como a gente quer.
Kookie:
09h01
Está falando com um futuro casado.
.
.
.
.
- Taehyung, você precisa superar essa. Não vai me dizer que não sabia que ia dar nisso! Jimin nunca largaria Jeon. Porra, nem eu largaria. Um homem bem-sucedido, lindo, bom de cama e fiel. Quem não quer? - Jackson diz enquanto entorna uma lata de refrigerante.
- Você acha que é fácil? Ver o cara que você ama prestes a se casar com seu melhor amigo! E ainda por cima sendo traído pelo mesmo e você não pode nem abrir a boca! - o moreno bagunça os cabelos que já estavam embolados o suficiente - Você fala como se superar fosse algo como dormir, acordar e de repente falar "Não gosto mais do Jeon", mas infelizmente não funciona assim, querido Wang.
O hyung revira os olhos - Você não é o único que já teve um coração quebrado, Taehyungie. Não falaria isso se não tivesse passado por essa situação também - Jackson observa o moreno se lamentar silenciosamente - Se não quer ser infeliz e ver o seu coelhinho triste, então faça algo para mudar essa história, chorar pelo soju derramado não vai trazer o Jeonzinho pra você - Se levanta e vai até a cozinha de sua casa - Ah, mais uma coisa, você está fedendo à bebida, vá tomar um banho, levo umas roupas e toalha pra você daqui a pouco.
O mais novo se arrasta - ou se levanta, como preferir - até a porta do banheiro e antes de adentrar a mesma, diz algo que bate no estômago do mais velho tão forte quanto um martelo de amassar carne.
- Não adianta eu tentar virar o jogo se no fim do dia o Jungkook vai correr de volta para o meio das pernas de Jimin, hyung. Você só se liberta de um vício quando passa a lutar contra ele, e se tem algo que o Jungkook faz, é correr feito um cachorro atrás do Park. Eu apenas me limito a olhar de fora, não posso fazer nada além disso, não posso forçar JungKook a enxergar a verdade quando ele mesmo já se contentou com a mentira.
Taehyung tranca a porta e seu amigo suspira, encostando as mãos na bancada que separa a sala da cozinha.
- É, JungKook. Você se envolveu numa furada. Ninguém mandou ser foda - dá um último gole em seu refri e joga certeiro a lata no lixo.
.
.
.
.
- Não fique por tanto tempo sem falar comigo assim, hyung. Até pensei que estava bravo comigo - Jeon diz ao se sentar no sofá de sua casa.
Depois de um pouco mais de duas semanas, Taehyung finalmente arranjou coragem para encarar seu amigo. E quando olhou em seus olhos tomou um bom susto.
- Olheiras, Kookie? Você não está dormindo bem? - Pergunta o mais velho, já se preocupando.
- Não é nada demais, hyung, são apenas noites mal dormidas.
- Por que mais de uma noite? O que está acontecendo?
Jeon sempre amaldiçoou a forma que o Kim o lia com tanta facilidade, e odiava nunca conseguir esconder suas frustrações.
- Digamos que o pai do Jimin não recebeu a ideia do casamento tão bem, o que faz com que os preparativos atrasem muito mais.
Espera. Preparativos?
- Pra quando é esse casamento, JungKook?
- Início de Março, hyung.
Senhor. Eles vão se casar em míseros cinco meses?
Os olhos do mais velho queimam e ele sente uma necessidade jamais sentida de chorar, e para espantar a vontade, desesperou-se em piscar rapidamente os olhos. Taehyung já estava chegando no pico de todo o seu limite. Já não aguentava mais ouvir JungKook falar de Jimin, de seus momentos, de suas manias. Já não queria saber mais se eles estavam bem um com o outro, ou o que iriam fazer em tal dia, o que compraria de presente apenas para agradar. Taehyung nunca teve problemas em ouvir seu amigo, até ver seus dois amigos a caminho de um casamento, um laço sem volta.
Odiava Jeon. Odiava-o com todas as suas forças. Odiava a forma que ele o tratava tão bem, odiava a forma como ele o chamava, que cantava para ele. Odiava vê-lo dar amor a outro alguém que não fosse ele. Odiava se tocar em madrugadas frias pensando no quão bom deveria ser se JungKook estivesse o tocando, o estimulando, gritando e gemendo seu nome. Odiava querê-lo tão intensamente e odiava mais ainda não poder tê-lo apenas e exclusivamente só para si.
Já pensou tantas vezes em perguntar ao melhor amigo sobre como Jeon era na cama, mas sabia que isso não cairia nem um pouco bem. O que aquilo lhe dizia respeito? Nada. Também, não era difícil deduzir. Jimin no início do namoro contava tudo ao Kim, mas parou devido ter se afastado do amigo e ter achado que estava se expondo demais. Já quase havia pego o Kim gemendo o nome de seu noivo, mas o mesmo havia abafado os sons logo quando ouviu ser chamado pelo loiro.
E mais… Se perguntava se JungKook lhe dava todo amor necessário, se bem que não precisava da resposta. Apenas com o olhar, ele já tinha tudo.
Tudo que Taehyung nunca terá dele.
- E é claro que você estará em destaque, já que é o nosso padrinho de casamento preferido - ouviu o mais novo dizer e imediatamente voltou à órbita.
- P-Padrinho? - Se engasgou com a própria saliva.
- Óbvio, Taehyung. Você é o nosso melhor amigo, não poderia ser menos valorizado.
Riu, sem graça.
- Não sei se deveria aceitar…
- Mas a gente não te convidou, é uma convocação. E se você negar, a gente nunca mais olha na sua cara. Isso é muito importante pra gente - O dongsaeng chantageia.
- Ok… - Aceitou, mas por dentro, se esfaqueou novamente.
(…)
Faltavam apenas 1 mês e 3 semanas para o grande acontecimento. Seria uma cerimônia para poucas pessoas mas JungKook quis fazer tudo conforme Jimin pedia, apesar de estar saturado.
Já faziam 3 meses que não dormia como antes. Depois do Park ter sido promovido, eram raras as vezes que via o marido chegar à noite, só o via de manhã e rapidamente por ter que ir à empresa de seus pais logo cedo. Não confessavam seu amor um pelo outro como faziam e não transavam com tanta vontade. Há três meses que Jeon achava Jimin completamente estranho, porém não dizia nada.
E é meio claro que Taehyung tem percebido e visto essa mudança repentina nos dois, ainda mais em Jimin que, antes, quando chegava em casa, fazia questão de beijar seu namorado e perguntar sobre seu dia, o que nem acontece mais. Apenas chega e se deita, reclamando do cansaço e estresse extremo. Não que tudo isso seja ruim aos olhos do Kim, mas odiava ver JungKook tão mal.
Aproveitou para chamar seu dongsaeng para sair. Passeavam pela floresta de Seul em plena sexta-feira, aproveitavam os poucos raios de Sol que iluminavam o local. Pela primeira vez em semanas, Taehyung se permitiu respirar com facilidade, como se estivesse largando um fardo, e JungKook apreciava isso.
Amava ver Taehyung se misturar com a natureza. Apreciava esse lado explorador e encantador do mais velho, tal como não deixava de mão seus acompanhamentos às visitas à casa de acolhimento da tia Haneun. Amava ainda mais esse lado dele, que virava uma completa criança e se divertia com os pequenos órfãos do local.
Será um ótimo pai - Pensou.
E por um momento, o comparou a Jimin. Seria o Park tão bom para as crianças como Taehyung? Bufou na mesma hora ao lembrar que o futuro marido não dormiu em casa por ter passado a noite na empresa. Não entendia no que as coisas se tornaram nem porque mudaram tão rápido.
Já Taehyung, passou a arriscar sua pele para conseguir descobrir que é o homem que tem colocado um par de chifres em seu amigo. Por um momento, imaginou grandes galhos na cabeça de JungKook e riu, mas logo se recompôs. Iria descobrir.
- Faz semanas que não me sinto assim.
JungKook solta as palavras.
- Assim como?
- Livre.
Tae se manteve calado.
- Sinto como se a cada dia Jimin estivesse mais livre, mais solto e eu estivesse mais preso, enclausurado em um cubo. Sinto como se o casamento já não fosse uma boa ideia.
E mais uma vez, o mais velho não soube o que dizer. Algo que tem acontecido com tamanha frequência desde que o casal de amigos decidiu unir os trapos. Mas sentiu que naquele momento deveria dizer algo, mesmo que fosse algo contra a sua própria vontade.
Abriu a boca, sendo interrompido de imediato - Não diga nada, Taehyung. Sei que não tem nada a dizer.
Suspirou - Acho que vocês devem conversar, Jimin só anda ocupado demais, 'saeng.
- Não é apenas isso, Taehy - abaixou a cabeça e respirou fundo - Nada mais é como antes. Os beijos, os carinhos, as conversas… Nem tesão a gente sente como antes.
- Então converse com ele, esclareça as coisas - O moreno diz com firmeza e JungKook decide.
"Iremos conversar"
.
.
.
.
Eram 23h37 e Jungkook já estava deveras impaciente com a demora extrema do mais velho. Já era para estar em casa às 21h, como foi informado, mas até agora a única coisa que sabe é do trânsito horrendo que toma todas as ruas de Seul. Batia os pés em movimentos bagunçados, impacientes, desesperados. Não conseguia pensar direito, apenas queria tirar toda a incerteza e medo que sentia.
23h52, 15 minutos depois, ouviu a porta ser destrancada e aberta por um corpo pequeno, branco e cansado.
- Caramba! Nunca vi Seul tão agitada como hoje, ainda peguei uma chuva daquelas! - comenta enquanto tira seus sapatos, se desfaz de seu blazer preto e abre os primeiros botões da blusa azul. Após finalmente conseguir estabilizar a respiração, pôde observar melhor seu companheiro - O que houve, querido? Está tão estranho.
O garoto suspirou pesadamente e proclamou - Precisamos conversar.
O loiro bagunçou os cabelos enquanto seu semblante se tornava sério - Diga.
JungKook passou as mãos nos joelhos em sinal de nervosismo enquanto pensava na forma certa de iniciar a conversa. Enquanto esteve sozinho, pensou em todas as palavras que deveriam ser pronunciadas, mas ao seu futuro esposo chegar a mente simplesmente esbranquiçou. Não sabia mais o que dizer e o silêncio já estava a se tornar desgraçadamente irritante.
- O que está acontecendo com a gente? - pergunta, e recebe um franzir de sobrancelhas como resposta.
- Como assim? Está tudo normal, não? Tem algo errado nos preparativos do casamento? - Jimin pergunta enquanto desabotoa a blusa.
- Tem algo errado com a gente. Não sente que estamos diferentes um com o outro?
Jimin olha para JungKook e ri - Não. Olha… - O loiro se levanta e senta no colo do moreno - Você deve estar se sentindo assim por puro nervosismo. Agora que falta pouco tempo é normal que noivos se sintam inseguros. Nada mudou, JungKook.
O moreno olha para o chão e suspira. Talvez seja só uma cisma minha - pensou.
Beijou o noivo e novamente transaram. Entregou todos os seus sentimentos, tendo uma barreira levantada pelo próprio Park que o impedia de retribuir o sentimento.
Talvez não fosse apenas uma cisma.
(...)
- Tae-yah, deixe de ser egoísta e me dê esse pedaço da pizza agora!
- Nãaaoo… - ambos riem com a brincadeira implicante ao quererem o último pedaço da pizza que compraram no shopping.
- Você comeu mais da metade, e quem normalmente come mais sou eu. Você está grávido? - Zombou.
- Claro, JungKook, o pai é você, não lembra?
- Babaca. Deve ser lombriga.
- Teu rabo.
De propósito, Taehyung enfia o pedaço todo dentro da boca.
- Taehy! Você é um egoísta de primeira! Vou comprar outra pizza e não vou te dar nem as sobras das bordas.
O moreno ri abertamente e JungKook sorri - Seu sorriso é muito bonito, Tae. Gosto de vê-lo.
Taehyung ruboriza fortemente e sorri totalmente sem graça - Kookie, não fale essas coisas, eu odeio ser elogiado.
- Você adora, mas fica sem jeito. Você é fofo, hyung, apesar de ser um cavalo - Na mesma hora, tomou um chute - Viu!
- Idiota.
Mal sabia JungKook que o termo "Idiota" era extremamente usado quando o tal idiota era amado por alguém.
Como já era tarde da noite e o estabelecimento estava prestes a fechar, tiveram que se levantar e sair do local, mesmo que à tapas trocados entre os dois. Estavam sem carro e não tinham pressa, tampouco vontade de chegar em casa, então seguiram a pé. Taehyung subiu o capuz de seu casaco para esquentar suas orelhas e escondeu suas mãos dentro dos bolsos, JungKook não fez diferente. Era uma noite fria, porém o céu estava estrelado e as ruas estavam tranquilas.
Andavam grudados um no outro para se esquentarem mais, apesar de toda hora de esbarrarem e beliscarem um ao outro. Riam horrores ao passarem por um bar onde tocava uma música ridícula e pessoas bêbadas dançavam perdidamente desengonçadas.
- Parecem aqueles bonecos infláveis de posto de gasolina - Tae comenta ainda aos risos e JungKook fazia questão de imitá-los, causando mais risos da parte do mais velho.
- Faz tempo que não me divirto assim, hyung - Confessa - Mesmo depois de conversar com Jimin, as coisas continuam na mesma, ou até pior, mas deve ser coisa de noivos.
"Não é, Jeon" - Pensou em dizer.
- Obrigado, Taehy, minha vida não teria a mesma graça sem você - Ele diz e abraça o mais velho, que retribui.
- Kookie, você acha que seria capaz de viver sem o Jimin? - Soltou a pergunta sem conseguir controlar.
Um silêncio de morte pousou naquele momento e Jeon voltou a andar acompanhado do mais velho. Tae começou a se sentir mal pela pergunta mas logo ouviu a voz do dongsaeng - Eu não me imagino sem o Jimin, hyung, mas confesso que viver sem ele, neste exato momento, não seria impossível para mim. Apesar de o amar, viver sem ele não seria algo inalcançável ao meu ver.
Uma raiz de esperança brota no coraçãozinho do Kim.
Olha para o outro lado da rua, tentando não mostrar seu rosto satisfeito para o mais novo, e vê algo que nem sequer cogitava ver naquele momento. Continuou a andar para que aquilo não chamasse a atenção de JungKook, o que não adiantou muito.
- Hyung, aquele carro não é o carro do Jimin? É idêntico.
Congelou e olhou novamente. Era o carro de Jimin, um Hyundai Santa Fe 2018 preto, placa TJM-0997, em frente à uma entrada de um motel 5 entrelas.
- É o carro dele sim, Taehyung. Não confundiria a placa nem se minha visão fosse ruim.
O mais novo fica vermelho e Taehyung começa a tremer de nervoso - Calma, JungKook, pode ser um engano seu.
- Não é, Taehyung. Eu vou lá agora.
- NÃO! - Ele o impede, segurando o touro bravo que era seu dongsaeng naquele instante. Podia até dizer que via a fumaça sair de seus ouvidos - JungKook, não! Você está nervoso e pessoas nervosas perdem a cabeça.
- Taehyung, eu não comecei a porra de um namoro para tomar um chifre e ficar sendo feito de trouxa porque quero. Se não for ele, a gente vai descobrir agora. Vamos - Voltou a puxá-lo.
O Kim estancou no lugar e Jeon puxa os cabelos - Se você não for, irei eu sozinho.
Taehyung pensou uma, pensou duas, pensou três, pensou muitas vezes. Aquela poderia ser a chance que tanto queria de desmascarar o próprio amigo, apesar de o amar. Não queria se meter, mas seu coração o impulsionava a ir e dar forças ao mais novo. Por tantos meses segurou sua língua atrás dos dentes, suportou ver seu amigo viver um "amor" falsificado, viu Jimin enganá-lo sem ter um pingo de consideração pelo garoto de cabelos negros e olhos cor de ônix.
Seguiram juntos até o motel, e JungKook estava decidido a sair dali apenas quando conseguisse a resposta que tanto almejava.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.