P.O.V. Clementine
Eu tinha apenas oito anos quando os mortos começaram a andar. Naquele dia, meus pais tinham passado férias em Savannah e me deixaram em casa com uma babá, Sandra. Eu sobrevivi nos primeiros dias... Ela não.
Fiquei esperando meus pais chegarem ao quintal, dentro da minha casa da árvore com meu walkie talkie na esperança deles me responderem... Sei lá. O lugar mais seguro que eu pensei para aquelas coisas não subir e me pegarem, como pegaram a Sandra.
Ouvi disparo de tiro e um homem gritando por ajuda... Eu ignorei porque estava com medo. Este mesmo homem me achou sozinha em casa e começou a cuidar de mim. Seu nome era Lee Everett.
Lee cuidou de mim por um longo tempo. Ele foi meu protetor, e a razão por eu estar viva até hoje.
Lee era um bom homem que sempre cuidava de todos nós. Um verdadeiro líder que olhava mais para mim e para o grupo do que si mesmo.
A nossa primeira noite juntos, nós dormimos em um celeiro. Cheirava a esterco! É... eu aprendi essa palavra com ele. Se ele estivesse aqui eu falaria “cheiro de merda” sem pensar! Eu odiava palavrões, mas isso agora é tão comum quanto respirar.
Quando eu acordei conheci uma bela família. O pai dessa família se chamava Kenny, um bom homem com caráter forte, que nem sempre tomava as decisões pacíficas, mas sempre cuidava de nós não importa como!
Kenny era um pai protetor! Ele salvou a vida do filho junto com Lee, mas como resultado, deixaram o filho do fazendeiro morrer. A primeira morte que eu presenciei por errantes foi àquele pobre coitado.
Depois que fomos expulsos da fazenda, nós viajamos por mais alguns quilômetros até encontrarmos uma farmácia. Essa farmácia pertencia à família do Lee, e lá ele descobriu que eles já estavam mortos.
Lá dentro encontramos sobreviventes, e um deles é uma mulher. Uma mulher que fazia de tudo para ajudar o pai. Ela era forte e determinante para sobreviver e cuidar de todos nós. Essa mulher... Era a Lilly.
A farmácia, assim como qualquer lugar, não durou muito. Lee salvou várias vidas de dentro daquele inferno, inclusive a minha. Mas, infelizmente, ele não conseguiu salvar todos.
Com passar do tempo, nós passamos a viver juntos dentro de um motel. Barricamos tudo com carros velhos, latas de lixo e fortificamos com madeiras e outros materiais. O problema não era mais os errantes... Era a fome!
Dois rapazes nos encontraram naquele motel. Eles queriam fazer trocas: Alimentos por gasolina, e nós tínhamos gasolina para dar. Resultando de que todos nós fomos visitar essa fazenda com uma cerca elétrica que os defendia dos errantes. Era incrível, devo admitir!
Acontece que não era simples: Eles estavam tendo problemas com bandidos nas florestas. E um amigo meu chamado Mark tomou uma flechada. Achávamos que ele ficaria bem, mas então, foi revelado algo sombrio naquela fazenda: As pessoas que nos acolheram não gostavam de desperdiçar... Nem carne humana!
Foi Lee quem descobriu a verdade. Ele interrompeu um banquete onde serviam carne humana... As pernas do Mark!
Vocês se lembram no meu primeiro dia nessa escola e eu disse que eu comi as pernas de um cara? Bom... Eu não comi! Mas eu QUASE comi. Lee me salvou do meu primeiro ato de “canibalismo”.
Depois dos planos serem revelados, eles nos trancou dentro de um refrigerador comigo, Lee, Kenny, Lilly e seu pai, Larry. O pai de Lilly teve um ataque cardíaco muito feio com o risco de estar morto. Por precauções, Lee e Kenny certificaram que ele não iria reanimar, e esmagaram a cabeça dele com um lambedor de sal. Foi naquele dia que tudo mudou. Lilly não podia mais cooperar com ninguém.
Resumindo a história, nós escapamos. Lee teve oportunidade de matar todos eles pelo o que eles fizeram. Mas repetindo, Lee era um bom homem, o que o fez poupar suas vidas. Esse era um ato nobre, mas hoje percebo que poupar seu inimigo nunca trará resultados positivos.
Mais algumas semanas no motel caçando comida e fomos atacados pelos bandidos. Escapamos, mas esse ataque foi causado por um traidor do nosso grupo, e Lilly enlouquecida apenas apontava dedos para os próprios companheiros.
Lilly não podia mais aturar tanta traição. E sem pensar duas vezes, ela puxou o gatilho em uma mulher a sangue frio, chamada Carley. Lilly tirou a vida que Lee salvou. Kenny queria abandoná-la já que ela representava ameaça ao grupo, mas Lee demonstrou gentileza e a perdoou.
Na primeira oportunidade da gentileza de Lee, ela roubou nosso veículo e fugiu... Nunca mais a vi até os dias de hoje.
P.O.V. Kaiatsu
- Então esse é o motivo dela ter mudado. – Argumentou Violet.
- É... Lilly nunca mais foi à mesma depois disso. – Disse Clementine com expressão baixa. - Essa é a prova de que as pessoas podem mudar para pior, mas eu sempre estive com ela! E isso não significa que ela pode andar livremente e planejar ataques em comunidades na qual ela poderia fazer parte.
- Presenciar tudo isso com 8 anos deve ter sido um inferno, Clem. – Louis demonstrava compaixão. – Eu sinto muito por você ter que passar por isso.
- Valeu Lou, mas isso é só o começo.
P.O.V Clementine
Nós chegamos a Savannah! Era onde eu iria encontrar meus pais.
Nesse walkie talkie eu ouvi a voz de um estranho dizendo que havia meus pais. E adivinha o que a garota burra e ingênua fez? Simplesmente o acreditou. E acabou me sequestrando.
Lee me procurou por muito tempo, mas me encontrou!
Ele matou aquele estranho. Ele salvou minha vida depois de tudo o que fiz.
Tínhamos que sair de Savannah, mas havia uma horda do lado de fora. Antes de sairmos, um errante apareceu bem na sua frente, mas não o atacou. Foi aí que ele descobriu a estratégia contra os errantes: Cobrir-se com seu cheiro para não ser detectado. A mesma estratégia que usamos para invadir o barco do Delta.
Quando finalmente saímos, eu encontrei meus pais. Mas era tarde demais. Eles eram meros errantes.
Essa não foi a pior parte. O homem que eu mais admirava e aquele que me protegia foi mordido durante a minha busca. Ele me ensinou muitas coisas. Me ensinou a sobreviver, e me ensinou a cortar meu cabelo bem curto. E seu último desejo foi que eu atira-se nele... E eu fiz isso.
P.O.V. Kaiatsu
-Eu sinto falta dele todos os dias. E a única coisa que eu fico pensando é que nunca o agradeci por tudo. Eu o amava, e nunca disse isso. - Clementine quase chorava.
-Depois do que você nos contou, ele com certeza sabe disso. E ele com certeza te amava também. - Disse Violet segurando a mão de Clementine.
-É... Espero mesmo que sim! - Clementine levantava um sorriso.
Todos estavam em silencio como um momento pensativo sobre o que acabaram de ouvir. Eles pensavam de que com apenas 8 anos, Clementine passou por muita coisa. Mais do que eles passaram a vida inteira.
-Você conheceu meus pais, certo Clem? - AJ quebrou o silencio.
-Conheci sim. Eram boas pessoas. Bom... Sua mãe era bem assustadora no começo, mas ficamos amigas com passar do tempo.
P.O.V. Clementine
Dois anos se passaram. Um casal, Omid e Christa, cuidaram de mim por um tempo, antes deles se forem. Estávamos indo para um lugar seguro chamado Wellington.
Fiquei sozinha até encontrar um cachorro faminto. Tão faminto que, quando eu achei comida, ele me atacou. Agora vocês sabem de onde veio meu medo por cachorros.
Eu o matei acidentalmente, e ganhei essa cicatriz no braço esquerdo.
Mais tarde eu encontrei um grupo de fugitivos. Eram boas pessoas, mas não aparentavam dessa forma quando eu cheguei. Não os culpava, pois eles tinham seus próprios problemas. Tudo o que fiz foi não fuder com as coisas! Um desses membros do grupo eram um casal, cujo homem era gentil e forte e a mulher grávida tinha caráter, mas era insegura. Seus nomes eram Alvin e Rebecca. Eles eram seus pais, AJ.
Como eu disse, eles estavam sendo caçados por um homem mal, então fugimos por um tempo.
Depois de alguns dias fugindo, encontramos um outro grupo de sobreviventes com o destino de ir para Wellington. E adivinha: Um desses sobreviventes era um velho amigo que pensei que tinha morrido.
Era o Kenny! Um dos primeiros sobreviventes que conheci nos primeiros dias, e a única família que me restava.
Conversamos e jantamos juntos, e acabei decidindo ficar com eles para irmos à Wellington. Mas a paz foi destruída! O homem que estava nos caçando nos achou! Um homem perigoso chamado William Carver! Ele nos levou para seu acampamento.
Sofremos um trabalho pesado. Parecíamos escravos ou pior. Mas tínhamos um plano de escapar e essa mulher, Jane, nos ajudou. Eu sabia sobreviver, mas a Jane adicionou nossas ferramentas para meu arsenal. Em outras palavras, ela também me ensinou a sobreviver.
Fomos apanhados! Tentei me revelar dizendo que eu tinha a culpa de roubar um rádio, crucial para o nosso plano de fuga, mas Kenny me protegeu. E como punição por ter me protegido ele... Ele foi espancado até quase morrer! E perdeu um olho!
No final escapamos, mas nem todos saíram de lá. Alvin foi morto me protegendo de um dos capangas de Carver. Kenny se vingou de Carver antes de sairmos, com intensas batidas em sua cara com um pé de cabra, até não sobrar pele alguma. Aquilo foi difícil de assistir, mas valeu a pena!
Estávamos livres, mas outros problemas surgiram! Rebecca estava perto de dar à luz e Kenny era o único que podia ajudá-la.
Foi trabalhoso, mas deu tudo certo no final, pois um lindo bebê nasceu naquele dia. Uma criança saudável e maravilhosa, na qual Kenny batizou de Alvin Júnior. Eu o segurei pela primeira vez, e naquele momento eu prometi que eu cuidaria e amaria aquela criança com todas as minhas forças. Infelizmente, depois de algumas horas, a mãe não sobreviveu por perda de sangue. Meu primeiro ato de proteção ao AJ foi colocar uma bala nela.
Perdemos muitas pessoas no caminho. Pessoas boas. E no final só tínhamos eu, AJ, Kenny e Jane.
Jane e eu olhávamos escuridão na alma de Kenny, mas eu ainda acreditava em salvação e não desisti dele! Nunca! Mas Jane queria me mostrar que o Kenny que eu conhecia não estava mais lá, então ela o fez surtar! Ela forjou a morte de AJ, e aquela era a última gota para Kenny.
Resultado: Kenny matou Jane.
Mas então descobrimos que AJ ainda estava vivo! Isso significava que ela não precisava morrer! O Kenny se demonstrou perigoso, mas eu ainda queria que ficássemos juntos. Pelo bem do AJ, eu o perdoei e seguimos a estrada.
Mais alguns dias se passaram, e encontramos o nosso objetivo: Wellington!
Era tudo o que imaginávamos: Segurança, comida, água e um frio rigoroso para manter os errantes longe de nós. Mas algo inesperado aconteceu. Eles não estavam mais aceitando novos membros para a comunidade. E isso não impediu que Kenny implora-se para incluir AJ e eu.
Kenny implorou muito, e deu certo. Eles aceitaram... Aceitaram somente AJ e eu.
Pelo bem do AJ, eu aceitei ficar em Wellington com ele. E Kenny foi embora... Sem olhar para trás.
P.O.V. Kaiatsu
-Tantas coisas que você fez por mim... - Disse AJ olhando para baixo com desprezo.
-E faria ainda mais! Você vale muito a pena. - Clementine levantava a cabeça de AJ colocando sua mão em seu queixo. - Kenny me deixou o boné dele mas... Bom... Não cabe em você, por isso está na minha mochila desde então.
-Por que não me lembro dele?
-Você era um bebê. Não iria se lembrar dele. Mas ele foi um pai para nós dois. Um ótimo pai.
-Você conheceu pessoas incríveis lá fora. - Disse Aasim. - Pessoas que nem sabia que existiam.
-Elas existem aqui nessa escola. - Clementine sorria para todos.
-Esse lugar, Wellington, não deve ter durado, não é? - Perguntou Ruby.
-Não... Não durou.
P.O.V. Clementine
Dois anos de paz em Wellington se passaram. O lugar era muito bom onde AJ e eu podíamos ser crianças de novo. Mas fomos atacados, e tivemos que fugir.
Estávamos sozinhos e desesperados. Mas a solidão não durou por muito tempo. Uma mulher chamada Ava nos encontrou e nos deu uma oportunidade. A oportunidade de fazer parte de uma comunidade de novo. EU aceitei pelo medo de não ter um futuro sem ajuda de outros. Fiz isso pelo AJ.
Fiz parte de uma comunidade chamada Nova Fronteira. O começo foi bom. Eles cuidaram de mim e me senti parte de uma família, mas isso não durou muito. Assim como tudo, nada durou.
AJ adoeceu naquela época, e tive que tomar precauções para ajuda-lo. EU quebrei as regras deles para tentar salvá-lo, e me pegaram na traição. Como resultado, eles me expulsaram e tiraram AJ de mim! Disseram que eu era jovem demais para cuidar dele, e que ele não iria sobreviver nas condições que estava. Dizer adeus ao AJ foi uma das coisas mais difíceis que fiz na vida... Mas tive que fazer.
Conheci um bom homem no meio da estrada. Bom... Pra falar a verdade eu salvei a vida dele e ele salvou a minha mais tarde. Esse homem fez coisas por mim que nunca imaginei que alguém faria de novo. Ele demonstrou lealdade quase todo o tempo. Também falava algumas coisas como “Essa garota é minha amiga” ou “Ela me salvou e devo a minha vida a ela”. Ele sempre me defendia e se preocupava comigo. Esse homem, em alguns momentos, me lembrava do Lee, principalmente pela compaixão e carinho. Seu nome é Javier Garcia! Um homem de bom coração.
Mais tarde, eu descobri que AJ tinha sobrevivido! Ele se recuperou da doença e estava bem, mas não estava mais com a Nova Fronteira. Falaram-me que eles o mandaram para outro lugar. Um rancho chamado McCarroll. Eu me despedi do Javier e segui meu caminho para resgatar AJ.
O rancho estava destruído quando eu cheguei. Era uma zona de guerra! Fiquei desesperada, mas ignorei meus instintos, pois só pensava em salvá-lo.
Eu consegui sobreviver aquele inferno... Tirei o AJ de lá... E passamos anos atrás de algum lugar para chamar de lar e pessoas para chamarmos de família.
E encontramos... Vocês!
Ter encontrado vocês e está escola apenas me deu mais propósitos para viver, pois novas relações foram abertas. Consegui amigos, irmãos, uma namorada... Uma família. E farei de tudo para protegê-los, mesmo que me leve a tomar medidas drásticas.
Infelizmente, uma inimiga saiu das sombras. Uma pessoa conhecida está lá fora com o perigo de nos pegar. Nossa família está sendo ameaçada, pois tudo que é necessária para a destruição total de uma comunidade inteira é a determinação e ódio de uma única mulher.
E com esse mesmo vigor irei estabelecer um único objetivo para o Texas Two.
Lilly... Deve... Morrer!
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