Thomas e seus amigos: A maldição do parque
Eu passei por uma experiência terrível em um rolê aleatório, onde eu não esperava que minha vida mudasse tanto por causa de uma descoberta... Meu nome é Ryan, tenho dezesseis anos e irei relatar sobre tudo o que aconteceu naquela terrível noite de terça-feira, onde tudo aconteceu...
5 de maio de 2020
Eu estava exausto depois de ajudar meu pai á carregar blocos para a laje de casa. Ele decidiu começar uma obra lá e construir uma lanchonete para que minha mãe possa vender seus lanches e ter um pouco de dinheiro á mais para pagar suas dívidas no banco. Ainda estava de tarde, e o sol ainda não se pôs, então após eu tirar uma soneca rápida, decidi olhar meu e-mail e ver se alguma empresa na qual eu entreguei currículos decidiu me chamar para alguma entrevista. Porém, não havia nada, estava bastante chateado com isso.
Meu melhor amigo, Alex, me convidou para ir em um rodízio de pizza hoje á noite, e é claro que eu não perco nenhuma oportunidade de comer pizza gratuitamente! Marcamos o rolê com mais outros dois colegas, Peter e Isaque, e combinamos de nos encontrar na frente de uma creche.
Dado sete horas em ponto, eu sai de casa para encontrar meus amigos, e lá estavam eles me esperando. Fomos á uma pizzaria onde toda terça-feira tem um rodízio pela metade do preço (em vez de cinquenta reis, na terça é vinte e cinco reais). Alex pagou o rodízio e nos sentamos em uma mesa de quatro pessoas. Conversamos bastante sobre como está sendo o ensino médio, garotas, planos para o futuro, etc... Até que o Peter tocou em um assunto familiar, sobre o seu irmão mais novo de seis anos. O garoto se chama Bob, tem alguns problemas psicológicos e seus pais suspeitam que ele esteja possuído por algum demônio, pois o garoto é muito perturbado e sempre diz coisas pesadas como ‘’aquele maldito trem amaldiçoado cortará sua garganta assim como suas laminas deceparam um corpo em duas partes, e todos saberá do que há por trás de toda essa farsa idiota...’’, confesso que tenho um pouco de medo dele.
Depois de eu e meus amigos comermos diversas fatias de pizza até nosso estomago não aguentar mais, saímos da pizzaria e ficamos andando em lugares aleatórios da cidade. Já estava meio escuro, e mesmo assim, continuamos á caminhar.
Tem uma parte da cidade que só tem matos queimados e arvores derrubadas, mais um monte de entulhos de brinquedos e barracas. Dizem que aquele lugar era um parque de diversões, mas por motivos econômicos tiveram que abandonar tudo, só não entendo o porquê da prefeitura não ter recolhido os entulhos, pois o lugar estava literalmente destruído. Eu e meus amigos entramos nesse lugar, só pra explorar um pouco e também estávamos entediados. Acabamos nos separando ao longo da nossa caminhada, já que o lugar todo era um tanto curioso de se explorar. Encontrei madeira queimada, plásticos e ferros espalhados, seringas vazias, embalagem de camisinha, garrafas de vidro e tudo o que poderia imaginar quando um adolescente vem aqui. Mas uma coisa me chamou muito a atenção, havia também roupas infantis queimadas, que estavam meio enterrados perto de um trilho que serviria de base para um pequeno trem de brinquedo. Eu escavei um pouco a terra com a mão, e senti tocar em algum plástico ou gesso, mas quando eu fui puxar essa tal coisa, mais parecia uma mão em decomposição... Eu me assustei muito com isso, mas a curiosidade falou mais alto, então fui cavando mais e mais a terra que ali havia.
Encontrei um cadáver em decomposição, que parecia ser de um homem. O corpo estava com alguns trapos de roupas queimadas, e uma bolsa de couro. Eu peguei a bolsa e me afastei do corpo pelo mal cheiro, e quando abri a bolsa, havia folhas com símbolos satânicos, documentos que provavelmente seria desse cadáver, folhas amassadas de algum projeto de animatronic e um pequeno caderno, que parecia ser um diário.
Gritei o nome dos meus amigos, mas com certeza eu já estava muito distante deles. Mandei uma mensagem pro Alex no meu celular dizendo a minha localização, caso ele esteja procurando por mim, e voltei á ler tudo o que havia naquela bolsa.
No caderno, havia relatos de surtos de ansiedade, planos de construir um imenso parque de diversões, desabafo sobre depressão e desejos anormais em ter relações com crianças. Os documentos diziam que o homem se chamava Thomas, e era um maquinista que conduzia trens em uma ferrovia da cidade. Nos outros papeis, onde estava os símbolos satânicos, estava descrito um ritual de sacrifício para realizar um pedido, e atrás dessa folha havia uma lista. O que mais me chocou, foi um item que estava riscado: uma menina de doze anos...
Eu olhei para aquele pequeno trilho e depois para o corpo, totalmente horrorizado. Continuei á vasculhar os papeis que ainda sobrara e tentei compreender as folhas dobradas que continham um projeto do animatronic. Basicamente, o projeto consistia em um trem de tamanho real automatizado e com controles manuais de emergência fácil de controlar. Também tinha alguns detalhes sobre o tipo de trilho que serviria de base para esse trem, e os desenhos eram iguais aos trilhos que tinha aqui. Tinha um mecanismo de trava para um alçapão descrito nas folhas, onde teria que puxar uma pequena alavanca especifica para abri-la, então decidi testar naqueles trilhos perto de mim.
Andei até os trilhos e procurei por uma mini alavanca no meio do trilho, e lá estava ela, bem enterrada em meio á madeira e a terra. Puxei ela com toda a minha força até a mesma ficar por cima dos trilhos, e depois de muito esforço eu consegui. Esperei por algum som de mecanismo ou qualquer outra coisa, mas nada aconteceu, então apenas fiquei abaixado ao lado dos trilhos esperando alguma coisa acontecer, até que uma mão tocou meu ombro e eu levar um tremendo susto, mas era apenas o Isaque e meus outros amigos. Eu estava prestes á esmurrar o ombro dele, até eu começar á escutar alguns ruídos ocos.
Expliquei tudo o que eu vi para meus amigos e os mesmos concordaram em explorar mais essas coisas comigo, tiraram fotos de todas as folhas, do cadáver, escavaram mais a terra para ver se encontrava mais alguma coisa enquanto os ruídos ainda não haviam sumido. Depois de alguns minutos, os trilhos se partiram ao meio e afundaram em degraus, como uma escada subterrânea. Peguei meu celular e liguei o flash dele, e então desci essas escadas e meus amigos vieram logo atrás.
No fim das escadas, havia um túnel de metal empoeirado, e luzes se acenderam ao longo do mesmo. Caminhamos adentro dele, e quanto mais andávamos, mais ficava alto uma musica que aparentava ser daquele desenho infantil do Thomas e seus amigos, só que de uma forma mais antiga e instrumental. No final daquele túnel, havia uma espécie de garagem que continha inúmeras caixas com papéis, velas e giz, e também muitos refrigeradores encostados nas paredes, e bem no meio daquele lugar, tinha uma coisa enorme que estava coberto por uma lona vermelha. Deixei meu celular no bolso e começamos á retirar a lona, e ao retirá-la por completo, vimos um vagão de trem igual naquele desenho que citei, totalmente idêntico! A diferença é que a ‘’face’’ do trem não havia olhos, e a boca foi esculpida em um sorriso maléfico.
Alex abriu alguns refrigeradores e dentro deles havia restos mortais de criança, como pernas, crânios, cabelo, mãos... E a música continuava tocando, e não fazia ideia de onde. Comecei á sentir muita energia negativa naquele local, e estava com muito medo. Eu encarei a frente daquele trem macabro, bem no lugar onde deveria ter os olhos, e do nada eu senti um impulso para me aproximar daquele trem. Me aproximei mais e mais, e estiquei minha mão para dentro do buraco do olho direito, até eu sentir uma coisa gosmenta e pulsante na minha mão, e com isso, eu fechei os olhos contra minha vontade e caí em uma espécie de sonho... Não sei explicar bem o que aconteceu nessa parte, só sei que do nada eu comecei á ver coisas.
Eu vi um homem alto chorando no mato, vi pessoas o–chamando de Thomas. Esse homem se entupia de pílulas toda hora, e se cortava o tempo inteiro. Thomas convencia crianças á ir em um porão em troca de doces, mas depois ele as-estuprava e decepava seus corpos derramando todo o sangue em um pentagrama desenhada no chão. Ele não estava sozinho, mas os outros rostos ficavam sem foco. Ele controlava trens e puxava vagões, e ao final do dia planejava construir o seu próprio trem. Vi pedaços de carnes sendo misturadas com plásticos e cabeças decapitadas sendo queimadas. Seu trem estava sendo construído por ele mesmo, e ninguém o ajudava. Thomas levava as folhas com o projeto do seu trem para vários empresários donos de parques locais, porém todos o rejeitava. Uma hora, o homem cansou de ter esperanças e pesquisou mais á fundo sobre feitiçaria e rituais, até ele ver uma capa de um livro onde estava escrito ‘’um sacrifício, um desejo realizado’’, depois ele passou á sequestrar os filhos dos empresários que rejeitaram seu projeto e os matava dentro do maquinário de seu trem, todos sendo mortos por estrangulamento. Thomas queimava os corpos e jogava as cinzas junto com um balde de gesso líquido e os misturava, formando um circulo onde ele ia esculpindo um rosto para seu trem. Aparecia os rostos das crianças em todos os flashbacks, suas risadas e seus gritos agonizantes antes de suas mortes... Um parque novo surgiu na região de onde ele havia feito os sacrifícios, fez um alçapão para esconder todas as provas de seus assassinatos e rituais, escondendo tudo debaixo dos trilhos da pequena ferrovia onde ele inaugurou seu brinquedo, e o batizou com seu nome. Nas visões, os olhos do trem eram feito de silicones, e as pupilas giravam em círculos, o sorriso esculpido era normal, igual ao desenho. Mas depois de alguns meses, a polícia descobriu tudo o que ele havia feito, e antes dele ser preso, a cidade reuniu um pequeno grupo para espancarem Thomas pelos seus crimes. Ele foi açoitado, espancado e apedrejado, e a multidão arrancara seus olhos com uma faca. Thomas revoltado, pediu para que seus irmãos que participava com ele nos cultos, escondesse o seu trem no alçapão subterrâneo e incendiasse todo parque, e se ele morresse, que subornasse a polícia para não investigar aquele parque, pois tudo o que a policia descobriu foi que Thomas estuprou crianças inocentes e as queimou no mato. Após ele ir para a prisão, o mesmo se enforcou com sua própria roupa de presidiário deixando um bilhete escrito em sua cela, onde dizia: ‘’aquele trem estará amaldiçoado para sempre, ele cortará sua garganta assim como suas laminas deceparam um corpo em duas partes, e ninguém saberá do que há por trás desse grande sonho realizado, idiotas...’’ E então, antes do trem ser escondido no alçapão subterrâneo, os homens arrancaram os olhos de silicone do trem em homenagem ao verdadeiro Thomas, e colocaram um coração de uma criança que estava sendo armazenada dentro de cada olho, selando um pacto com o demônio onde qualquer um que tocar dentro do olho daquele trem, essa pessoa estará amaldiçoada para sempre com o espirito do verdadeiro e assassino Thomas...
6 de maio de 2020
Acordei no hospital com meus três amigos e minha mãe hoje. Alex me disse que eu havia ficado louco após eu ter enfiado minha mão no olho daquele trem, como se eu estivesse possuído, depois de horas eu desmaiei e me levaram na emergência. Também me disseram que já tinham tirado foto de tudo, recolheram vestígios das roupas que estavam queimadas e dos documentos que encontrei na bolsa.
- Os médicos disseram que eu só tive uma crise de pânico, e eu quis muito acreditar nisso mas essa experiência foi muito perturbadora pra mim, tanto que quando eu fecho os olhos eu só vejo aquela face macabra do trem sem os olhos.. Eu continuo escutando os gemidos das crianças que foram mortas e tudo isso inspirou aquele maldito desenho do Thomas e seus amigos! Não sei como isso virou um desenho animado mas o senhor precisa investigar mais aquele local para que outras pessoas evitem passar pelo mesmo trauma que eu passei...
- Historia muito interessante, Ryan... – disse o delegado onde eu estava dando meu depoimento – Mas na realidade, aquele é um local restrito, se você e seus amigos perambularam por lá, então restringiram uma lei municipal! E outra, quando a policia foi acionada para ir lá, não havia nenhum alçapão, trilhos, tuneis e um trem sem os olhos, não havia corpos e nem nada do que você me disse. Só havia entulhos dos brinquedos antigos de lá e ainda não foram recolhidos simplesmente porque o saneamento básico da prefeitura está passando por uma crise de funcionários há anos, e ninguém nunca abriu uma reclamação contra isso. O desenho ‘’Thomas e seus amigos’’ foi inspirado por uma criança que sonhava em ser maquinista mas o garoto morreu de câncer no fígado, em homenagem, criaram esse desenho á partir das ilustrações do garoto. Eu lamento Ryan, mas nada do que você me disse faz sentido.
- Eu estou falando a verdade, eu lhe juro! Não fiquei louco, pode perguntar para os meus amigos...
- Eles falaram isso também, e mesmo assim, nada do que disseram faz sentido.
- Confie em mim, investigue isso mais uma vez! É tudo verdade cara, eu te imploro!
- Está liberado, garoto.
- Mas...
- AGORA! Pode sair da minha sala.
Levantei-me da cadeira e sai daquela sala. Eu não estou louco, tudo isso realmente aconteceu, e não custaria nada investigar tudo isso mais á fundo... Estou profundamente irritado com isso, e ao mesmo tempo, assustado com todas aquelas visões.
/***/
- O garoto já saiu? – disse o monge que estava por trás do armário de arquivos.
- Já sim. – respondeu o delegado.
- Ótimo... – o mesmo jogou uma pilha de dinheiro na mesa do delegado – faça sua parte e você continua vivo, isso é apenas uma pequena recompensa por ficar de boca fechada.
- Vocês são monstros! – disse o delegado com rispidez.
- Obrigado pelo elogio, delegado, espero não te encontrar no meu caminho...
- Só me responde uma coisa?
- Diga.
- A história do garoto é verdade?
- Sim.
- Então como o corpo do homem foi parar enterrado e com todas as paginas na bolsa?
- A irmandade espirita sempre é encarregada de enterrar os corpos dos fiéis, com coisas que marcaram a vida dessa pessoa, é uma tradição. Mais alguma pergunta?
- Não...
- Ótimo! – disse o monge se esvaindo na sombra da porta sumindo completamente.
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