• Goodbye Orphanage •
I
O ônibus da um solavanco, parando na beira da estrada, agora não há mais volta.
Pego minha mala depositada no acento ao meu lado e vou em direção a porta dianteira do ônibus.
Caminhava pela cidade em busca de um banco onde eu poderia desbloquear minha conta, agora eu tinha minha liberdade, estava livre daquele orfanato, mas o que havia acontecido nas últimas horas não saia da minha cabeça, seria certo o que fiz?
|10 horas antes|
— Crianças! — A irmã nos chamava. — Hoje, o orfanato irmãs da luz, conseguiu reservar equipamentos para montar um mini cinema, estará tudo pronto as 21 na sala 34, podem voltar a suas atividades. — O alvoroço estava feito, crianças pulando e gritando de alegria enquanto eu pensava em apenas uma coisa: seria hoje o dia de fugir desse maldito lugar.
Corri para o meu quarto e tirei minha mala de baixo da cama, comecei então colocar tudo que era importante e minhas roupas ali.
— O que você está fazendo? — Perguntou Loise, uma garotinha de 6 anos do orfanato.
— Ah, eu estou apenas arrumando algumas coisas para colocar em outro lugar, e você, o que faz aqui? — Perguntei me sentando na cama.
— As meninas não me queriam na brincadeira, então vim ver você. — Loise era uma garota esperta e alegre apesar de tudo que passou, me pergunto como alguém teve coragem de abandonar uma garotinha como ela, e como outras família eram capazes de devolvê-la ao orfanato.
— Tudo bem, senta aqui. — Bati de leve na minha cama a chamando, vi ela se sentar ao meu lado. — E quem é esse aí? — Perguntei sobre seu urso de pelúcia que segurava.
— Esse é o Terry, ele perdeu um olho quando estava protegendo sua família de um tigre. — Me respondeu brincando com o urso.
— Terry é muito corajoso.
— Sim, um dia quero ter a mesma coragem que ele. — Ela falou, Loise para mim era como uma irmã mais nova, estava me arrependendo de fugir deixa-la.
— Mas você é a garota mais corajosa que eu conheço. — Falei a pegando no colo.
— Mas não como Terry. — Ela fez uma pausa e me olhou nos olhos. — Por que você ainda está aqui? É quase adulta e não tem mais ninguém da sua idade aqui. — Era verdade, eu era a mais velha, mas sabia que seria despejada ao completar 18 anos, mas eu não esperaria mais.
— Eu vou em pouco tempo. — Falei com a voz triste.
— Vai me deixar aqui?
— Prometo voltar para te buscar.
— De dedinho? — Ela me mostrou o seu dedinho.
— De dedinho. — Apertei seu dedo com o meu.
|30 minutos antes da fuga|
Chegou a hora, sempre foi proibido ir para o pátio da frente, mas o portão principal sempre estava aberto, diferente da saída do edifício para o pátio, porém seria hoje, todas as irmãs estariam na sala de cinema, eu teria tempo para sair daquele lugar.
Peguei minha mala já pronta e corri para a porta principal, e como esperava estava trancada, tentei então abrir a porta do escritório ao lado da porta principal, sem sucesso, então minha última esperança estava na porta para a sala de estar das irmãs, que estava aberta.
— Clary? — Escutei a voz de Loise.
— Oi pequena.
— A gente não pode entrar nessa sala, as irmãs vão te deixar de castigo. — Me agachei a sua frente.
— Loise, lembra quando me perguntou quando eu iria embora? — Ela assentiu. — É o que estou fazendo, mas vamos fazer um acordo 'ok'?
— Qual?
— Eu prometo te tirar desse lugar o mais rápido possível se você prometer para mim que tudo isso será o nosso segredinho. — Falei com a mão em seu ombro.
— Eu prometo. — Eu a abracei deixando uma lágrima teimosa escorrer.
— Melhor você voltar para a sala, logo vão perceber nossa falta, tudo bem? — Falei limpando a lágrima com as costas da mão.
— Nosso segredinho. — Ela me deu um beijo na bochecha e saiu correndo para a sala de cinema.
— Nosso segredinho. — Falei para mim mesma e entrei na sala de estar.
Fui até a janela guilhotina e a abri, joguei minha mala pela mesma e depois me posicionei para saltar da janela que tinha a altura de um metro e pouco até encontrar o chão.
Respirei fundo de saltei, peguei minha mala e sai correndo para o portão sem olhar para trás.
Estava feito, finalmente estava livre.
|Tempos atuais|
Um senhor havia mencionado um banco próximo, agora eu já estava com minha conta liberada e um cartão na mão.
Caminhei sem rumo até encontrar um hotel, o dia seguinte seria longo, achar um apartamento e me inscrever em uma escola.
Acabei encontrando um hotel próximo ao banco, peguei a chave de um quarto e me deitei na cama.
|Sábado 7 da manhã|
Acordei cedo para arrumar as coisas o mais rápido possível, sorte a minha de ter um despertador no hotel.
Fiz minhas higines matinais, tomei um banho e coloquei uma calça jeans preta, uma regata soltinha branca e meu all star preto sem cano.
Horas depois eu já havia comprado um celular, pois no orfanato era proibido, e já tinha conseguido comprar a cobertura mobiliada de um prédio.
Estava rodando a cidade atrás de uma escola perto do meu apartamento, acabei por então encontrar uma chamada Sweet Amoris, entrei e fui em busca de alguém que estivesse no colégio em pleno sábado.
— Senhorita? — Uma mulher mais velha me chamou.
— Olá, queria saber se as inscrições para a escola esse ano ainda estão abertas.
— Estão sim, me acompanhe irei te levar até o grêmio estudantil.
Acompanhei ela até uma sala onde lá estava um garoto de cabelos loiros e olhos âmbar, com milhares de papéis sobre a mesa.
— É... Olá? — Falei fechando a porta atrás de mim.
— Desculpa não tinha te visto, me chamo Nathaniel. — Falou ele se levantando e esticando a mão, apertei.
— Me chamo Clary Morg, queria fazer minha inscrição para a escola.
— Seu responsável?
— Não tenho.
— Então preciso de um documento confirmando sua emancipação.
— É complicado eu ter isso sendo que meus parentes estão todos mortos. — Falei fria.
— Eu sinto muito, mas não posso fazer muito quanto a isso.
— Sério? Quantos adolescentes estão por aí sem seus pais e não fazem questão nenhuma de vir estudar, eu estou aqui, depois de tudo que eu passei querendo estudar e você não permite isso? — Falei com raiva.
— Tudo bem. — Suspirou. — Irei fazer sua inscrição, mas vou precisar de uma foto 3x4 e que pague a taxa.
Algum tempo depois, já estava com meus horários e a senha do meu armário em minhas mãos.
— Até segunda. — Ele falou.
— Até. — Respondi saindo da sala e voltando para o meu apartamento.
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