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História Thresh e a ilha das sombras - Thresh o senhor das correntes


Escrita por: conangusmao

Notas do Autor


Atenção: Está é uma releitura do Teaser lançado para o campeão Thresh no jogo de cartas legends of Runeterra.

Capítulo 1 - Thresh o senhor das correntes


Fanfic / Fanfiction Thresh e a ilha das sombras - Thresh o senhor das correntes

Um barco atravessa as silenciosas águas escuras que circundam a ilha das sombras. 

Nele encontram-se uma mulher de meia idade, cabelos escuros e presos, olhos cor caramelo, trajando uma roupa ritualística branca e um garoto de olhar penetrante que acabara de se tornar um homem.

 A mulher rema com cuidado, fazendo com que a embarcação se move vagarosamente como se estivesse acompanhando o ritmo fúnebre e silencioso daquele lugar inóspito. Dentro da embarcação ambos são protegidos por uma esfera luminosa, cujo a luz sai de um totem fixado no meio do pequeno barco; existe tensão no ar.

O garoto põe as mãos para fora da barreira, sente o ar gelado e áspero cortando sua pele e nota que existem criaturas que não se vê a olho nu, exceto quando são iluminadas pela lua cheia no céu. Parecem um reflexo ou lampejo de algo que não poderia estar ali, mas sua presença pode ser sentida através de calafrios e dos arrepios que o corpo sente. Logo que ele nota um desses seres iluminado por um fio prateado do luar, recolhe as mãos para dentro da barreira, enquanto a criatura desaparece nas sombras; apesar de ele ter tido a impressão de que aquele ser amaldiçoado se dirigia em sua direção. 

— cuidado Haziel (nome fictício), não se exponha desta maneira! Este é um lugar perigoso de verdade, muito diferente das encenações e ritos de que você participou até agora. — diz a sacerdote com um tom de reprovação que também envolvia temor. 

— Este lugar é impressionante, não importa quantas vezes eu o veja, fico imaginando como teria sido antes da queda. — comenta Haziel tomado de assombro, mas também de certa curiosidade. 

A sacerdotisa continua remando, a noite está clara, mas naquela região, mesmo com a luz da lua cheia, todo o lugar parece ameaçador como se a morte se escondesse em cada sombra produzida ali. 

O barco atravessa um pequeno rio ainda unido a praia, há um pequeno cais de pedra, rústico, parece não ser usado faz anos, o barco é amarrado ali. 

A sacerdotisa parece apreensiva, o garoto pega um objeto que contém chamas douradas dentro dele, se concentra por alguns segundos; ele sente o medo, respira fundo e se prepara para sair, mas antes que pudesse descer a mulher segura em seu ombro: 

– Você não devia ir, não está preparado! Podia ter deixado que o próximo sentinela fosse escolhido pela própria tribo, foi imprudente agir tomado pela emoção.

O semblante do rapaz mudou, ficou sério : 

– Era meu pai. É meu dever, sei o que tenho de fazer, já estivemos aqui antes... 

– antes de ele ser levado - interpôs a mulher

– Sim… Antes de ele ser levado – concordou o garoto, com ar de tristeza e mágoa. 

– Escute meu filho – a voz dela agora carregava um tom de alerta, mas se misturava com apreensão e amor – Eu tenho medo. Medo de que algo lhe aconteça como aconteceu a seu pai, esse não devia ser nosso trabalho. 

– mas é... Eu tenho de ir - Haziel olha pra mulher e ambos se abraçam, ela sabe que ele precisa ir e mesmo contra a própria vontade o deixa.

O jovem sacerdote sai do barco segurando um objeto esférico com um líquido dourado dentro e fogo. As chamas cor abóbora parece estar suspensas, envoltas em dois anéis que giram  e dançam entre si, enquanto que o líquido escorre por entre os anéis rúnicos, sem nunca transbordar, há um pequeno canal lacrado por onde o líquido sai no fundo da esfera. 

Ele caminha rapidamente por entre a estrada de pedra passando por ruínas, sua respiração é curta e rápida, seus passos são cautelosos, ele não deseja ser notado, especialmente no caminho onde, sem a luz, não poderia enxergar o inimigo. Existem algumas marcas no chão, similares às do objeto que ele carrega,  iluminando os escombros e alguns pedaços daquela precária estrada. 

– Se eu me mantiver nessa estrada estarei seguro – pensa consigo mesmo, mas está sozinho e se sente apavorado, pois mesmo ali podia escutar vozes de tormenta e choro, vozes de pessoas pedindo por ajuda, pessoas que ele sabe que não estão ali, pelo menos não mais. É uma armadilha. 

Passando pela floresta está a entrada de um antigo palácio. Ele sobre suas escadas e se encontra no que um dia foi um salão de entrada, há bancos carcomidos, mobílias enferrujadas cobertas de poeira, trepadeiras e insetos. No final do salão tem uma escadaria à direita, ele sobe as escadas do átrio e um grande disco se ergue a sua frente com cinco sentinelas dispostas em cinco pontos como se pudessem formar um pentagrama, dali de cima se pode ver o mar. O jovem sacerdote pega a esfera guardada em uma espécie de bolsa e abre sua tampa derramando o líquido na primeira sentinela; um recipiente comprido que lembra uma pequena pira cujo topo é largo e aberto, seguido de um corpo esguio e a base arredondada ligado ao círculo no chão através de fendas feitas com cutelo desde a ponta da sentinela até o disco no chão unindo-as entre si através de todo o disco, enquanto pronuncia um cântico que parece ser mais antigo que a própria tribo. Logo que termina o líquido começa a escorrer por entre as fendas, por entre as pedras e um feixe de luz ascende em direção aos céus, de repente, a primeira sentinela produz uma chama dourada e abóbora flutuando acima de si. O jovem repete o mesmo processo nas outras três sentinelas chegando a última delas. 

Ao se preparar para a última, Haziel nota alguém familiar passar por entre escombros, alguém que parecia vigiá-lo, sua presença foi rápida, mas não o suficiente para que não fosse notado. Então o garoto vê um um homem descendo as escadas que se ligam a um corredor destruído e se abre para floresta. 

– Pai? - exclama ele.

Por alguns segundos sua respiração se perde, seu corpo começa a soar, não poderia ser verdade, havia testemunhas e eles disseram que ele ficou para trás para que eles escapassem, mas eles não o viram morrer... 

um pensamento perigoso agora emerge do fundo da mente do jovem aprendiz: e se? Um pensamento imprudente, mas insuportavelmente irresistível; sua mente começa a se planejar para seguir o homem, é loucura, estupidez e ele sabe disso, mas e se for seu pai? E se ele estiver vivo? E se de alguma maneira ele sobreviveu e esperava por ajuda? Ele pode ter se assustado, pode não ter reconhecido o filho. A mente está processando muitas coisas, o coração acelerado, então o garoto tomba o objeto próximo da pira e segue por entre o corredor, Haziel precisava vê-lo, precisava ter certeza de que não era seu pai.

O jovem sacerdote corre por entre um salão, desce uma pequena escada que dá em um gigantesco cômodo, escuro, catacumbas, restos mortais em buracos, sepulturas por toda a parede e logo à frente um portal com outra escadaria larga, acima das escadas, piras acesas, mas com chamas esverdeadas e uma estátua do que pode ter sido um rei ou talvez um deus totalmente tombada, em pedaços.

O garoto congela, tem algo errado, sua mente grita pra que ele saia dali, mas seu pai está bem a sua frente. 

- PAI!! - Haziel grita, deixa escapar esse som agonizante. 

O homem se vira e o sacerdote o reconhece, certamente é a imagem de seu pai, mas os olhos não possuem vida. O corpo tomba no chão e começa a desaparecer, transformando-se em uma cortina de fumaça esverdeada que rodopia subindo pelo ar e se dirige para onde está a estátua tombada. 

Haziel estava atônito, confuso e um choque de adrenalina corria por seu corpo, ele dava ordem aos pés que corressem, mas o corpo não conseguia responder, medo o paralisava. Ele não notou que ao lado da colossal estátua uma criatura cingindo uma armadura negra como ébano o aguardava, um demônio, um ser gigantesco, cujo a luz do próprio corpo contrapunha o brilho negro do metal que o vestia. A fumaça de luz que antes era seu pai, se dirige para o ser e entra em um receptáculo que se parece com um antigo candelabro negro brilhante em sua mão direita, a luz da lanterna é verde, bem como o corpo do ser, labaredas verdes sustentam a armadura e em sua mão esquerda uma corrente com um grande gancho em sua ponta. 

Haziel agora sabe que está em perigo, tendo contemplado esse ser, ele sabe que pode morrer ali. Então num impulso instintivo corre para trás, se vira e sobe as escadas refazendo o caminho para o círculo. O jovem corre com todas suas forças, nenhum outro espírito que espreitasse as sombras lhe causaria mais horror do que aquele que ele vira no salão da morte. De volta ao grande disco procura pelo objeto que deixará ali e nota que ainda falta uma sentinela. Haziel se abaixa e pega o objeto, suas mãos tremem, não há muito tempo ele abre o lacre e o líquido começa a descer lentamente, ele tem de esperar que a sentinela se acenda para que o ritual esteja completo, para que a névoa seja retida. O som metálico da armadura ecoa por entre os grandes salões, parece estar vindo de todos os lugares. Thresh é o nome de seu perseguidor, o demônio parece cantarolar enquanto caminha. A última sentinela é acessa, o grande disco emite uma luz em direção aos céus que a sacerdotisa pode ver do barco, mas algo está errado, está demorando muito. 

O grande disco protege o garoto, mas para voltar pra casa ele precisa sair de lá, seu corpo começa a sentir os efeitos de estar na ilha, ele dispara em direção a descida, mas não reconhece a escada pela qual está descendo, ela está em espiral, não é a mesma escada por onde veio, mesmo tendo sido, segundo ele mesmo, o lugar por onde havia chego. Sua mente parece um pouco confusa, ele escorrega enquanto desce pela escada se precipitando pra frente, se recompõe e termina a descida, está de frente pra uma enorme quadra ligada por corredores e um abismo a sua frente com diversos corredores em cada andar seguindo o mesmo padrão, aquilo é um labirinto. 

Haziel começa a entoar uma canção e, de repente, um fio de ouro emerge por entre suas mãos, assim que ele assopra o fio se transforma em uma pequena ave de luz prateada que o guia por entre o labirinto até a saída do lugar, até sua mãe. Ele corre desesperadamente, mas tem a impressão de que o espírito está brincando com ele.

– Eu não passei por esses salões – comenta consigo mesmo.

Saindo de um grande portal que liga uma estrada de pedra a floresta a lua se encontra escondida, o sacerdote corre por sua vida e, logo atrás de si ouve o barulho de correntes sem se atrever a se virar para olhar. 

Ele corre com todas as suas forças, não enxerga direito, a escuridão é densa, ele passa por entre arbustos, árvores velhas, alguns espinhos cortam sua pele. O garoto consegue ver o barco a sua frente parado no cais, é a única luz que ele tem em toda a escuridão, imbuído de força e desespero ele salta por entre as pedras para o começo da praia, está próximo, pode sentir a proteção da luz e o abraço da mãe. A escuridão, porém, é um obstáculo mortal, ele tropeça em algo ao mesmo tempo que sente uma dor aguda nas costas, caindo no chão, o barulho do metal é apavorante, suas costas ardem, uma dor fria, mas tomado pelo pânico ele se levanta e se põe a correr novamente, sua mãe está ali estendendo as mãos para o filho, seus olhos estão cheios de desespero e lágrimas, Haziel chega até o barco: 

– estou salvo – ele pensa, mas ao tocar a barreira seu corpo sente um baque enorme como se tivesse se jogado contra a parede, ele cambaleia para trás arfando, apesar de não sentir a respiração ou a dor. 

Nesse momento vê sua mãe de joelhos no barco, ela parece estar olhando para algo além dele, em choque, como se não estivesse vendo o filho. 

A luz da lua aparece e o garoto olha para trás. Thresh está lá, mas percebe um corpo caído no chão. Ele olha pra mãe novamente como se estivesse pedindo por socorro, não há mais tempo, seu corpo se desintegra no ar exatamente como viu seu pai desaparecer. 

 – HAZIEEEL!! – a mulher grita no barco estendendo as mãos para tentar alcançar as do filho fora da barreira. 

Thresh se aproxima lentamente rindo e olha para a mulher, ele está se divertindo:

 – Essa é a verdade sobre a ilha – ele começa, e continua: os mortais vem a ilha atraídos pela esperança e nós? Nós estamos sempre os esperando. 

Ao dizer isso se vira e desaparece nas sombras enquanto a sacerdotisa, chora amargamente ajoelhada no pequeno barco, incapaz de se mover, a escuridão engole a ilha exceto pela luz que arde nas sentinelas acessas, um ponto de esperança que ainda haveria de atrair muitos para a própria ruína. 


Notas Finais


Espero que eu tenha transmitido um pouco do desespero de um encontro com o terrível carcereiro de almas!


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