História Tinha que ser logo você? #Borusara (Reedição) - Os desafios de uma paixão

Vivenciar plenamente uma paixão não era tão fácil assim. Como o Uzumaki havia cogitado ser, quando conversou com a mãe sobre o delicado tema, na manhã que antecedeu aquela fatídica partida de basquete. 

– Mãe, quando foi que você teve certeza absoluta, sem sombras de dúvida que estava apaixonada pelo papai? – o garoto perguntou, sem rodeios, durante o desjejum, aproveitando a distração dos irmãos com a televisão. 

E extremamente corada diante da pergunta nada discreta do filho do meio, Hinata gaguejou. As palavras lhe fugindo dos lábios de forma atrapalhada.

– Bo-Boruto! Eu... eu não sei te responder com exatidão meu bem. Mas acho que gostei do Naruto-kun desde sempre. Em meu coração nunca houve espaço para outra pessoa poder habitar. 

A Hyuga sorriu, de um jeitinho tão doce e contagiante, que fez com que Boruto sorrisse inevitavelmente. As bochechas levemente ruborizadas e os olhos azuis acesos, ao pensar em Sarada. Da mesma maneira como a mãe pensava no pai. 

"Gostar desde sempre...é bravinha... com você foi assim também" 

Ele suspirou, reflexivo. Perdido nos próprios devaneios, até ouvir a voz da matriarca o indagar. 

– Porque essa curiosidade toda agora, querido? Há alguém especial mexendo com o seu coração? 

Hinata o instigou a contar, mas sem colocar pressão e o loiro soltou um arzinho pelo nariz, cruzando os braços acima da cabeça, numa postura despretensiosa. 

– Sabe mãe, tem essa garota... de olhos cor de ônix tão escuros e intensos que parece ser possuidora de um poder ocular poderoso. Que só de olhar pra ela, minhas mãos ficam suadas, meu cérebro congela, meu coração dispara e meu estômago se revira. Como se eu ficasse hipnotizado e totalmente refém. Desejando sentir essas coisas cada vez mais e mais e mais...

O garoto loiro começou sua narrativa e a mãe deu uma risadinha tímida, levando uma das mãos até a boca, parecendo compreender exatamente sobre o quê ele se referia. 

Paixão. 

Ou até mesmo amor puro e genuíno. Daquele tipo duradouro. Perpétuo. 

Sim,  definitivamente era sobre isso. 

Era sobre amor verdadeiro. 

– E essas sensações que você descreveu são boas, correto? 

– As melhores do mundo. Quando estou com ela é como se eu andasse pisando em nuvens e o mundo parasse de rodar. Só existindo no universo todo eu e ela. 

Boruto respondeu sem titubear. Os pensamentos todos voltados para a Uchiha e o coração pulsando desenfreado. 

– E você sente tudo isso somente pela Sarada, certo? 

Hinata perguntou retoricamente, já imaginando qual seria a resposta que receberia do filho. 

– Sim... só pela Sas... Eiii mãeee! Eu não te falei o nome da garota... Como você sabia que era da Sarada que eu tava falando? 

Boruto arregalou as orbes azuladas tão surpreso consigo mesmo, por ter se entregado com facilidade, que decidiu não negar o óbvio, diante da mais velha. 

– Querido... não me entenda mal. Mas desde quando você me contou que acertou com a sua bola de basquete uma menina na pracinha... eu só ouço o nome "Sarada" ou a alcunha "bravinha" sair pela sua boca e sempre acompanhado de um sorriso. 

Hinata se aproximou do filho, que exibia um bico acanhado e bagunçou os fios loiros dele de modo maternal. Bem ciente da real identidade da garota, porém optando por não revelar que já a conhecia desde pequenininha. 

Sarada Uchiha.

Filha de Sakura e Sasuke. 

Um querido casal de amigos que haviam se mudado de Konoha para Nova York, muitos anos atrás por conta de uma estratégia na empresa em que o Uchiha presidia em conjunto com um sócio. 

– Não sabia que tava tão na cara assim... – ele resmungou. – Será que todo mundo já percebeu? – emendando logo em seguida. 

– O que, meu bem? Que você está apaixonado pela Sarada?– a Hyuga complementou, achando uma graça o jeitinho envergonhado do filho. 

– É mãe... O problema é que eu nunca gostei de ninguém como eu gosto da Sarada. E às vezes não sei direito como agir... fico parecendo um idiota... querendo ser o cara mais legal, ou o cara mais interessante aos olhos dela... você me entende?– Boruto confessou sem esconder seu embaraço, coçando a nuca e desviando o olhar para os próprios tênis. 

– Ohh meu querido! Eu te compreendo perfeitamente, pois quando amamos alguém, desejamos ser para a pessoa amada a única fonte de alegria dela. E nos esforçamos ao máximo para isso...muitas vezes colocando os pés no lugar das mãos. 

Hinata sorriu, lembrando-se de suas próprias desventuras amorosas com Naruto, emendando na sequência.

– Todavia, apenas o que deve fazer, Boruto... É ser você mesmo e seguir a voz de seu coração. E quando sentir que está pronto, seja sincero e fale sobre seus sentimentos para ela. 

A Hyuga piscou um dos olhos perolados, como se soubesse de um grande segredo. 

– Pode ser intuição feminina... mas algo me diz que você irá se surpreender e descobrir que Sarada também é completamente apaixonada por você. 

– Sério? Você acha mamãe? – o loiro abriu um daqueles sorrisos gigantes. Tão brilhantes e vibrantes que Hinata sentiu seu coração se aquecer com a energia contagiante do filho. 

– Digamos por momento que um passarinho cor de rosa de olhos verdes cantou no meu ouvido... 

Ela respondeu de forma misteriosa, logo mudando de assunto ao avistar Kawaki se aproximar carregando Himawari nas costas feito cavalinho. 

– Oeee Boruto! Você vai querer carona para o jogo mais tarde ou vai de moto? Preciso saber pois vou sair mais cedo pra buscar uma coisa pra Sumire no shopping. Vou leva-la pra jantar depois da partida. – o moreno informou ao sentar-se à mesa ao lado da irmã mais nova.

– Hããã... tá namorandinho Ka-wa-ki?– Boruto escolheu provocar o irmão, antes de responder ao que fora perguntado. 

– É verdade irmãozão? Você tá namorando? Quem? Quem? Ela é bonita? 

E a caçula dos Uzumaki se empolgou, entrando também na brincadeira. 

– Acho que você conhece ela Hima... É a representante da nossa classe no colégio. Uma menina de cabelos roxos, bem tímida. 

Boruto explicou fazendo pouco caso e Kawaki apenas estalou a língua, já acostumado com aquele tipo de zoação fraternal. 

– E quanto a carona... Valeu! Mas nem vou precisar... Vou usar o carro da mamãe porque vou levar a Sarada num rolê depois do jogo. Também tenho algo planejado para a minha gatinha. – emendou o loiro de forma irônica, antes de se retirar da mesa do café da manhã, todo apressado. 

– Ahh então essa tal de Sarada é a sua namorada não é mesmo, maninho? – conclui Himawari, sorrindo assertiva, na direção do loiro. 

– Talvez sim... talvez não... tudo vai depender de hoje a noite. Torça por mim,  piveta! – gritou Boruto, enquanto subia as escadas da residência feito um raio. Ansioso por ajeitar tudo para aquela noite especial. 

– Mas eu nem vou poder ir no jogo de basquete... – cruzando os bracinhos emburrada, a menor resmungou. 

– Acho que Boruto quis dizer para você torcer por "outra coisa" ... 

Hinata comentou sorrindo cúmplice, gostando de ver os seus dois meninos, começando a trilhar os caminhos sem volta dos assuntos do coração. 

(...) 

Naquela noite, Boruto fez exatamente como havia sido aconselhado pela mãe. 

Ele venceu a partida de basquete e dedicou a vitória para a Uchiha, com direito a um beijo cinematográfico na frente de toda a torcida e uma bola com dedicatória especial. 

Também seguiu seu coração e confessou os sentimentos mais puros e secretos para a garota. 

E imitou o gesto que tio Neji havia feito quando jovem, para uma moça misteriosa, dona de uma loja de armas colecionáveis. 

O loiro nomeou oficialmente uma estrela no céu de Konoha, a registrando com o nome de "Estrela Sarada Uchiha, a paixão de Boruto Uzumaki". 

Tudo minimamente planejado com intuito de fazer de Sarada a sua garota. 

Finalizando a noite, sob o céu estrelado, deitado de conchinha, grudado ao corpo da Uchiha a envolvendo por trás. Em um abraço pra lá de especial. 

Boruto mantinha o rosto enterrado na curvatura do pescoço de Sarada. Inebriado com o cheiro floral vindo dos cabelos curtinhos dela. Os lábios dele explorando cada pedacinho da pele macia da garota que conseguia alcançar, deixando um rastro de beijinhos carinhosos. 

– Bo-Boruto... você falou que a gente só ia dormir... 

A Uchiha protestou de repente.

A voz toda trêmula, contendo um gemido tímido ao sentir as mãos quentes, tão quentes quase febris do loiro passeando por dentro da camiseta, brincando com algumas áreas sensíveis demais do corpo dela.

– Mas eu tô dormindo linda... e você tá sonhando comigo... um sonho delicioso.... 

O Uzumaki respondeu cinicamente em forma de sussurro. E apesar de não conseguir ver, Sarada teve a certeza de que ele sorria todo safado. Os lábios úmidos ainda sugando a pele da nuca dela a fazendo arfar. 

– Ahh...tá-tá... então acho melhor você parar de me provocar, Bo-ru-to... antes que esse sonho se torne um pesadelo pra você!

E astutamente, utilizando-se das técnicas de artes marciais aprendidas em Nova York, Sarada o segurou por um dos braços, imobilizando-o no chão e invertendo as posições. Ficando sentada por cima, estrategicamente na  virilha de Boruto. 

– Sass.... Sarada...porra! 

Ele gemeu. As bochechas pegando fogo, o coração quase pulando pela boca. E um enorme incômodo no meio das pernas, principalmente ao sentir a morena dar uma leve mexida "sem querer" 

– Que foi? Algum problema Bolt? Você de repente parou até de respirar... – Sarada inclinou o corpo para frente, praticamente deitando-se no tórax dele. 

– Nada não amor... 

Ele sorriu travesso, cruzando os braços acima da cabeça e ajeitando seu corpo no chão, como se estivesse se colocando à disposição para que a Uchiha fizesse o que quiser com ele. 

E semicerrando os olhos ônix. Lançando um olhar meio selvagem, meio ameaçador na direção do Uzumaki, a morena se aconchegou deslizando o corpo um pouquinho para o lado e mantendo a cabeça encostada no peito do garoto. Sentindo os batimentos acelerados do coração dele. 

– Viu? Ele bate desse jeitinho todo descontrolado por você...Sarada 

Boruto murmurou, fazendo menção as batidas disparadas de seu coração. 

– É... deve ser de medo... de apanhar. 

E Sarada retrucou sorrindo de canto, antes de beliscar levemente a barriga gostosinha do loiro. 

– Aiaia bravinha! Isso doeu! Tô aqui me declarando e você me agride? Poxa... – o Uzumaki exibiu um biquinho e a Uchiha revirou os olhos. Embora o coração dela tenha errado uma ou duas batidas, achando a coisa mais fofa do mundo a expressão de molequinho birrento dele. 

– É pra você aprender e parar com essas gracinhas Boruto! Nem era para eu estar aqui com você... – ela suspirou. – Já tive que mentir pra mim mãe e eu não gosto disso... 

Franzindo o cenho, não gostando do que tinha acabado de ouvir, o loiro ergueu levemente a cabeça para poder encará-la diretamente nos olhos. 

– Mas porquê você não contou a verdade? Porque teve que mentir pra sua mãe, Sarada? É tão ruim assim assumir que tá aqui comigo? 

Boruto bufou contrariado, mas de um jeito diferente. Um jeito magoado. E isso machucou de certa forma a Uchiha, que sentiu-se culpada. Levando o olhar até os olhos azuis dele, arrependida das palavras proferidas. 

– Bolt... não é bem assim! É só que... – Sarada mordeu o cantinho da boca em dúvida de como prosseguir. – Imagina a minha situação... Como que eu ia explicar pra minha mãe que eu vou passar a noite no meio do mato com um menino que ela descobriu pelas câmeras de segurança que eu conheço, ao ver você entrando pela varanda do meu quarto?

A morena tentou se explicar, apelando para o bom senso. Todavia o semblante do loiro permanecia entristecido. 

– Tá... você tem um bom ponto. 

Boruto desviou o olhar de forma desgostosa, mas logo voltou a procurar os olhos ônix de Sarada ao sentir a pontinha dos dedos dela acariciando seu rosto. 

– Boruto... larga de ser manhoso! – ela pediu. A voz saindo mais carinhosa que o habitual. – Mas e você? Contou o que na sua casa. 

– A verdade ué... – ele deu de ombros. – Minha mãe já sabia de tudo. – contou com um ar triunfante. 

– Você falou de mim pra sua mãe? – a Uchiha perguntou incrédula e até um pouco envergonhada. – O-o que você disse... sobre mim? 

– Que você é uma ladra... – Boruto deixou um selinho nos lábios dela. – E que roubou o coração do filhinho querido dela. – ele complementou depositando outro selinho, um pouco mais demorado. Impedindo Sarada de retrucar a cantada barata. 

– Besta! – ela mordeu devagarzinho a parte inferior da boca dele. – Tô falando sério, Bolt! O que você falou? 

– Nada demais bravinha... mandei uma mensagem avisando que passaria a noite com a minha garota, Sarada Uchiha. – ele sorriu ladino, antes de dizer – E Dona Hinata respondeu: "Ahh então tá bom! Se você vai estar com a Sarada eu fico mais tranquila." 

O Uzumaki contou, imitando o tom de voz feminina da mãe, arrancando uma risadinha furtiva da morena. 

– Sua mãe não falou isso... – ela arqueou uma das sobrancelhas. 

– Que teimosa você! Lógico que ela disse! Tá duvidando de mim? Quer escutar o áudio da minha mãe? – o loiro replicou encenando um falso drama.

E voltando a se aconchegar no peito de Boruto, suspirando longamente, os olhos pesados de cansaço. Sarada respondeu em um fio de voz. 

– Não precisa... Posso ter te conhecido a pouco tempo... mas sei que você não é um mentiroso, Boruto. 

Passando os braços ao redor do corpo da Uchiha, o loiro respirou fundo. O rosto corado e um sentimento quente o aquecendo por dentro. 

Sarada o deixou assim. Ela sempre o deixava assim. Como um vulcão de emoções prestes a entrar em erupção. 

– Boa noite...

Boruto sussurrou bem baixinho, ao notar a respiração cadenciada dela, indicando que a garota havia adormecido. Emendando logo em seguida após deixar um beijo rápido no topo da cabeça de Sarada.

– Minha garota. 

(...)

Incrível como uma simples confirmação de sentimentos pode mudar tantas coisas entre dois adolescentes e ao mesmo tempo não alterar coisa alguma perante o mundo exterior. 

Como se nada verdadeiramente tivesse acontecido, aos olhos de terceiros

Atrasado, com a cabeça latejando após ter dito mais uma noite mal dormida por conta de um pesadelo recorrente. Boruto corria, todo esbaforido naquela manhã de segunda-feira, rumo à área das piscinas. Xingando-se mentalmente de mil e um nomes impronunciáveis por ter perdido a hora de se levantar justo naquele dia tão importante para a Uchiha. 

– Opa! Opa! Opa! Devagarinho aí rapaz! – o inspetor do colégio chamou atenção de Boruto, o fazendo desacelerar contrariado e parar imóvel no meio do corredor. 

– Bom dia para o senhor também, Udon sensei. – o loiro respondeu sarcástico, já prevendo que estaria encrencado. 

– Feche os botões dessa camisa e arrume essa gravata, Uzumaki! – o mais velho exigiu autoritário, reclamando do desleixo com o uniforme. – E me responda o que está fazendo fora da sala de aula? 

– Tava justamente tentando chegar no ginásio aquático para a aula de educação física, quando o senhor me chamou. – mentiu descaradamente, o garoto. 

– Sei... 

O inspetor consultou seu relógio de pulso, confirmando que o loiro estava vinte e três minutos atrasado, antes de fita-lo por alguns segundos em silêncio. Medindo suas expressões.

– Posso ir? Detesto me atrasar, sabe... Sou um aluno exemplar.– Boruto falou irônico, fazendo menção de seguir seu caminho. Já nervoso por saber que perdera mais alguns preciosos minutos ali.

– Vou deixar você ir desta vez... mas na próxima, saiba que irá direto para detenção. – informou Udon, anotando em um caderninho os dados da infração do Uzumaki. 

E sem perder tempo, Boruto mal se deu o trabalho de responder ao inspetor, antes de voltar a correr feito um louco em direção às piscinas. 

(...) 

Não era que Sarada estivesse buscando entre os presentes na arquibancada, pelos olhos azuis que sempre estiveram fixos nela. 

Não era sobre isso. Definitivamente não era. 

Era só que, Boruto havia prometido estar ali, para torcer por ela. E o fato dele estar ausente a incomodou. Mais do que ela gostaria que incomodasse. 

– Uchiha! Não posso mais adiar a prova! Preparada? – perguntou a treinadora. 

– Ela tá sim! Tenho certeza de que Sarada vai nadar igual uma sereia. 

Foi Code quem respondeu, tocando atrevidamente no ombro da garota, a fazendo estremecer com o toque gélido em sua pele. 

– Huh... eu tô pronta, treinadora. Senju. – Sarada murmurou levando o olhar uma última vez até os bancos de concreto, na esperança de ver Boruto por lá, suspirando derrotada ao não encontrá-lo. – Eu vou dar o melhor. 

Disse a morena entre dentes, antes de mergulhar na piscina e se posicionar na borda concentrada,  aguardando o sinal. 

Faria exatamente como Itachi a ensinara. Iria canalizar a frustração do momento e transformar em energia dentro d'água para vencer aquela prova classificatória.

E ao ouvir a sirene da largada, Sarada nadou de costas como se sua vida dependesse daquilo. Cada pernada, cada braçada, a virada do outro lado na piscina. Tudo executado com a máxima perfeição. E muito embora a Uchiha competisse contra si mesma, a distância aberta para as demais atletas era enorme. 

No cantinho superior da arquibancada, todo suado, descabelado e com as bochechas vermelhas por conta do esforço da corrida. Boruto acompanhava feito um gavião, cada movimento preciso que Sarada fazia. Orgulhoso de sua garota. Com vontade de gritar o nome dela, feito um fã número um. 

Os olhos azuis vidrados e o pulmão cheio de ar. A respiração presa e o coração acelerado, até o último segundo em que a Uchiha bateu a mão na borda da piscina, completando a prova e registrando o melhor tempo da equipe. 

Um novo recorde para o colégio, para alegria da treinadora que esboçou um sorrisinho discreto, protocolar ao cumprimentar a menina. Não querendo demonstrar o quanto estava verdadeiramente orgulhosa de sua mais nova pupila. 

– Muito bom Uchiha! Mas sei que pode fazer melhor que isso. – disse a Senju com certo desdém, para espanto da maioria das colegas de equipe, com exceção de uma em particular, que gostou da reação fria da treinadora. 

– Talvez Sarada não seja essa estrela que tanto falam... e um dia vai cair do pedestal... se afogando na piscina. 

Murmurou Hikari, bem baixinho, quase inaudível. Todavia Wasabi que estava logo ao lado, ouviu cada palavra proferida recheada de veneno.

– Tá doida? Sarada é nossa companheira de equipe! A melhor que temos em três modalidades individuais e no revezamento livre. Pare jogar olho gordo pra cima dela.

A Izuno esbravejou semicerrando os olhos verdes de um jeito ameaçador, como uma verdadeira felina.

– Eiii! Foi só uma brincadeirinha. Eu adoro ela. – a loira sorriu falsamente. Os olhos acompanhando atentamente os movimentos de Boruto que ensaiava se aproximar de forma hesitante da Uchiha, com uma toalha em mãos. 

Hikari então, enxergou uma boa oportunidade. Uma excelente oportunidade, na verdade. Sorriu maliciosa. 

– Já volto. – disse a loira, retirando o roupão que cobria seu corpo úmido e desfilando de maiô na direção do Uzumaki de um jeito sensual, atraindo diversos olhares e assobios. 

Distraído, a cabeça ainda dolorida, sendo torturado pelas lembranças do terrível sonho que sempre o assombrava, feito uma premonição. Segurando com os braços abertos a toalha, a fim de envolver o corpo molhado de Sarada, Boruto arregalou os olhos azuis. As pupilas dilatadas e a boca aberta em espanto diante da cena que via. 

Tinha chegado atrasado. 

E era Code quem enrolava uma toalha envolta do pequeno corpo de Sarada feito uma cobra peçonhenta, cheio de intenções duvidosas, sem que a morena percebesse. 

– Ahh gatinho... não precisava se preocupar comigo! Você é sempre tão gentil. 

Hikari falou melosa, ao se aproximar de Boruto e abraçá-lo, aproveitando para puxar os braços dele e fechar em volta de si. Como se o garoto tivesse a coberto com a toalha. Intencionalmente.

Foi uma mera fração de segundos, antes que ele reagisse repulsivo. Dando um pulo para trás.

Mas foi o suficiente para que os olhos ônix de Sarada flagrassem a cena inusitada e mirassem nos azuis de Boruto em busca de algum de tipo de explicação. 

E atordoado com tudo aquilo, o loiro fez a única coisa que podia para o momento. 

Ele murmurou um pedido de desculpas dolorido. Talvez mais dolorido em si mesmo do que na morena. Pois Boruto sabia o quanto era difícil para Sarada lidar com decepções. 

Mesmo que fossem mal entendidos banais. Mesmo que fossem algo minimamente digno de um "desculpa". Sincero e direto. 

Sarada era uma Uchiha. E os Uchiha eram intensos demais quando se tratava das questões do coração. 

Continua...