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História Um coração. Duas vidas - JEONG YUNHO - Em reedição - Permita-me te beijar, Choi?


Escrita por: IMJacks

Notas do Autor


Oi. Jack aqui.
Tudo bem com vocês? Espero que sim.

•Terá beijo? Sim, mas não se animem tanto;
•Terá flashback da Seo com o Kangdae? Sim;
•Terá Yunho conversando com Yerin? Mas é claro.

Aproveitem o capítulo, minhas estrelas.

Capítulo 8 - Permita-me te beijar, Choi?


Fanfic / Fanfiction Um coração. Duas vidas - JEONG YUNHO - Em reedição - Permita-me te beijar, Choi?

CHOI SEOYUN 

Tenho que dizer que pela primeira vez desde que minha vida virou de ponta cabeça, eu estou realmente animada. Minhas manhãs, de uns anos para cá, passaram a ser monótonas e solitárias, mas hoje foi totalmente diferente. Ter como acompanhantes de mesa Mingi, Yeosang, Hongjoong, Yohan e Yunho era mais do que incrível e claro, engraçado. Superou as minhas expectativas.

Yunho tentou de todas as formas me esquivar das perguntas impróprias do Song, mas seus esforços foram em vão. Eu apenas ria da situação, por mais que muitas dessas coisas que Mingi falou tivessem me deixado envergonhada. 

Depois que terminamos o café da manhã, os meninos começaram a limpar tudo e me proibiram de ajudar e sequer me aproximar da cozinha. "Você é a nossa convidada ilustre e não precisa se esforçar em uma coisa que nós devemos fazer". Foi o que o Kim me disse. 

Então deixei eles sozinhos e vim para a sala, que, por sinal, é bem grande e perfeitamente decorada e colorida. Eu não havia reparado nisso na noite passada. Sorri de canto enquanto analisava os diversos quadros presos à parede que possuiam fotos dos cinco em várias ocasiões diferentes. Era bem nítido que eles formam uma família unida, por mais que eles não compartilhem do mesmo sangue. 

Em uma dessas fotografias, o Yunho está com Yohan na piscina, ambos sorrindo, e no fundo dá para ver Hongjoong dando um mata leão no Yeosang, enquanto o Mingi ria. O que o Kang teria feito para o Kim agir dessa maneira consigo? Eu não sabia, mas pensei em várias hipóteses.

Esses meninos são bem animados.

Ri, e me peguei segurando o pingente, que mantenho por dentro da minha camiseta, com uma foto minúscula do Kangdae e outra do Hwan. Também mantenho presa nela as nossas alianças de casamento. 

— Seo? — ouvi o Hong me chamar.

Me virei e dei de cara com todos eles me encarando.

— Oi — falei, me sentando no sofá. — Estava vendo suas fotos.

— São fotos bem aleatórias, não é? — Yunho indagou, e eu assenti com a cabeça.

Iniciamos mais uma conversa e, assim como antes, me diverti e não parei de rir das coisas contadas por Yunho que já aconteceram com todos eles na adolescência. Yohan apoiou sua cabeça na minha perna, totalmente alheio ao que estávamos conversando. Iniciei um cafuné no seu cabelo e senti o olhar do Jeong mais velho queimar sobre mim. Ele estava nos olhando com um sorriso minimalista no rosto. Sorri de volta e dessa vez ele passou a me encarar de maneira mais profunda.

Tão profunda que quase me senti hipnotizada.

Yunho é um homem alto, posso afirmar que é muito bonito e seu sorriso e carisma o deixam tão… 

Atraente.

— Seoyun, eu sei que posso estar sendo bem  invasivo, mas de quem é essa aliança? — Mingi perguntou, fazendo-me voltar à realidade.

Olhei para baixo e me dei conta que não havia colocado o colar para dentro da minha roupa novamente.

— Song Mingi — Yunho advertiu o amigo. — Isso é pergunta que se faça?

— Desculpe-me por ser tão curioso, Seo — Song se desculpou.

— Ah, não tem problema — sorri. — Bom, claramente uma dessas alianças é minha.

— Você é casada! — Yeosang gritou, assustando todos nós, inclusive a pobre criança que pulou do meu colo.

— Que susto, tio Yeo — Yohan falou, colocando sua mão sobre o peito.

Ele era fofo sem se esforçar.

— Desculpa, Yo — Kang falou, e voltou a olhar para mim. — É que eu pensava que você e o Yu estavam se relacionando, sabe?

— Ai, meu Deus, Yeosang! — Yunho exclamou, tapando o rosto com as mãos.

— Eu e o Yu, bom, eu e ele — tentei dizer algo, mas qual resposta daria, afinal? — Enfim, respondendo a sua pergunta, Yeo, eu não sou casada. Não mais.

— Oh, entendo. Então por que você continua usando elas? — Mingi perguntou, novamente.

— Não, Song. Não pergunte mais nada — Yunho disse, rapidamente.

Jeong devia estar tentando me poupar de falar sobre isso.

— Yu, relaxa — falei, sorrindo. — Somos amigos agora e uma hora ou outra eles perguntariam sobre isso. Ou acabariam por descobrirem sozinhos.

— Se falar sobre isso te deixa mal, não precisa responder esse ser — Yunho falou, apontando para o amigo. — Não se force a dizer algo, por favor.

— Não, sério. Está tudo bem — Mordi meu lábio inferior, soltei um suspiro e voltei a falar: — Bom, meninos, eu não sou divorciada e, não, não estou traindo meu marido. Longe disso, tudo bem? 

— Então, se me permite perguntar — Hongjoong me olhou —, se você não está se relacionando com alguém, por que você carrega essas alianças consigo?

Hesitei por um momento. 

— Sou viúva — falei, baixo. — É, é isso, sou viúva.

Todos, com exceção do Yunho, estavam me encarando com suas bocas entreabertas. Hongjoong tentou falar algo, mas desistiu e engoliu em seco.

— Papai, o que é "viúva"? — Yohan perguntou, roubando a nossa atenção.

— Depois eu te explico, filho — Yunho disse, sorrindo para ele.

— Certo, agora eu entendi o porquê do Yu não querer que eu faça perguntas — Mingi falou, de cabeça baixa. — Sinto muito, Seoyun.

— Tudo bem — falei, crispando os lábios. — Ele se chamava In Kangdae e nós nos conhecemos aos oito anos de idade e desde daquela época não nos separamos mais. Bom, infelizmente tudo mudou há quatro anos atrás — sorri fraco.

— É, realmente é muito tempo — Hong falou.

— Sim — assenti. — Ele foi meu melhor amigo, meninos, e meu primeiro e único namorado. 

— Choi, é sério, não precisa dizer nada para nós — Yunho insistiu.

Encarei ele, balançando a minha cabeça em negação. Eu realmente estava bem com isso.

— Certo, podem fazer perguntas. — Voltei a falar. — Prometo que irei responder todas.

Olhei para cada um deles e eles desviaram seus olhares do meu. Eu sabia que desejavam me perguntar mais alguma coisa, entretanto estavam receosos. 

— É sério, podem fazer — sorri. — Yeo?

— É, bom, qual o motivo da morte dele? — ele perguntou, baixo. 

— Ele estava doente — respondi, simplista. — Sendo mais precisa, Yeo, Kangdae lutou contra a leucemia.

QUATRO ANOS ATRÁS

Cansaço, exaustão, choro… Câncer. 

O tratamento do Kangdae estava no começo, completou-se exatas três semanas que ele começou a fazer, porém parece que já estamos nessa há anos. É nítido para todos que ele já está passando pelos efeitos colaterais da quimioterapia, tudo está sendo muito rápido. Ele não é um homem magro, mas também não é dono de um corpo repleto de músculos gigantescos, acompanhados de um peitoral definido e uma barriga trincada, seu porte físico estava no meio desses dois tipos, mas já era evidente que ele havia perdido muito peso.

— Linda — ele me chamou.

Me virei, ele estava se aproximando da cozinha.

— Sim. 

— Perdi o sono — falou, sentando-se em uma das banquetas. — Onde o Hwan está? Fui ao quarto dele e ele não estava no berço.

— O Woo passou aqui e o levou para um passeio — respondi.

— Ah. — Ele ficou cabisbaixo.

Me aproximei dele e levantei seu queixo de forma delicada, fazendo-o me olhar.

— O que foi? — perguntei.

— Ironia, não? Meu filho fica mais com os outros do que comigo — riu, sem a mínima vontade. — Eu quero ele aqui comigo, nos meus braços, enquanto ainda…

— Nem ouse terminar essa frase — o interrompi, de forma calma. — Olha, meu bem, o Woo o levou porque estava com saudade dele. Quando menos esperar ele volta para os nossos braços, assim como você deseja.

— É que tudo está ficando diferente por aqui, amor. Não foi esse o futuro que planejei para nós dois — suspirou pesadamente. — Eu só queria fazer você e o Hwan felizes. Queria viajar para vários lugares com vocês dois e eu...

— Ei, escuta, nós podemos fazer quantos planos quisermos, mas também temos que ter em mente que nem tudo sai como queremos — falei. — Infelizmente.

— Eu sei, tento enfiar isso na minha cabeça todos os dias desde que fui diagnosticado com essa doença maldita.

— Não fique se martirizando por isso, Kang.

— De coração, estou tentando, mas é difícil, sabe? — ele proferiu, em tom baixo.

O abracei e ele retribui meu gesto no mesmo instante. Seus braços me envolveram com o pouco de força que ainda possuiam e ele afundou seu rosto no meu pescoço, depositando selares no local. Levei minha mão até seu cabelo, acarinhando ele. 

Kang reclamou quando cessei meus movimentos e eu dei risada. Olhei para minha mão e percebi que nela havia alguns fios de cabelo. No mesmo instante, uma ideia passou pela minha mente. 

— Amor, posso te fazer uma proposta? 

— Se a proposta for ficar deitado no seu peito enquanto você continua fazendo cafuné em mim, sim.

— Eu posso fazer isso também, sempre, mas é outra coisa — ri.

— O que é, então?

— Posso raspar seu cabelo? — perguntei, mostrando os fios que estavam na minha mão.

— Nossa, está caindo bastante — ele falou, surpreso. — Bom, pensava que iria demorar mais um pouco para isso acontecer, mas vou deixar você fazer o que deseja.

                                      ★

— E aí? Está ruim ou horrível? — ele perguntou, sem querer olhar no espelho.

Limpei a maquininha e me sentei na pia, encarando-o de forma apaixonada. 

Esse homem tirava meu fôlego. 

Puxei ele para ficar de frente para mim e depositei um selar demorado nos seus lábios.

— Com ou sem cabelo você é lindo. 

— Não precisa mentir.

— Não estou — sorri. — Como pode, hein? Essa é a prova que Deus tem seus preferidos. — Beijei o local onde minutos atrás ainda tinha fios escuros, o que o fez, finalmente, rir.

E esse som sempre iria ser como música para os meus ouvidos.

— … e horas depois, quando eu já estava em casa, recebi uma ligação do hospital dizendo que ele havia falecido — Terminei de contar, tentando inútilmente controlar um soluço. — Dói até hoje, mas eu sei que foi melhor assim. Ele estava sofrendo.

— Seo — Yeosang sentou ao meu lado e me abraçou fortemente, afagando o meu cabelo.

— Ele sofreu tanto. As dores eram excruciantes e eu não pude fazer nada — falei.

— Calma, está tudo bem — Yeo sussurrou, próximo do meu ouvido.

— Sabe, não é apenas isso — tornei a olhar para eles. — Eu também era mãe.

— Era? — Hong me encarou. — Não me diga que…

— Sim, Hong — ri, sem vontade. — Eu falei para você ontem, Mingi, sobre um acidente que sofri no ano passado. 

— Caramba — Mingi suspirou.

— Eu não havia prendido o cinto da cadeirinha dele corretamente. Estava chovendo forte e tinha uma árvore na estrada. Meu carro capotou e… — abaixei minha cabeça e coloquei minhas mãos no meu rosto. Eu já havia deixado de controlar meus soluços e minhas lágrimas. — Ele sofreu uma lesão gravíssima na cabeça, sem contar as escoriações.

Senti os braços de outra pessoa nos meus ombros. Era o Yunho dessa vez. Mingi e Hong se aproximaram também e fui envolvida em uma abraço coletivo. 

— Eu perdi a minha família. Não tenho mais ninguém aqui em Changwon — falei, com a voz trêmula.

— Tia, Seo — Yohan me chamou.

— Hum? — Olhei para ele, que estava na minha frente com um biquinho nos lábios.

— Eu posso ser sua família agora — ele disse, deixando todos, principalmente eu, surpresos.

— Como é? — indaguei.

— Você me tem, tia — ele reforçou seu comentário. — Sou sua família agora. Não precisa chorar.

— Yo — murmurei.

— Sim. Yohan tem razão — Mingi disse, animado. — Pode contar conosco de agora em diante, Seo. Te trataremos como um membro da nossa família.

— Podemos ser doidos, ter uns parafusos a menos, mas somos confiáveis — Hongjoong disse.

— Exatamente — Yunho me olhou.

Sim, definitivamente eles eram doidos e tinham uns parafusos a menos. Mas esses doidos estavam aqui, me ouviram e fizeram eu me sentir confortável. 

Me fizeram esquecer um pouco da solidão. 

— Obrigada — falei. — Muito brigada por isso, meninos.

                                     ★

— Está mais calma agora? — Yunho perguntou, entregando-me uma xícara com café.

— Sim. Obrigada.

Cada um dos meninos tomou seus rumos para seus respectivos quartos e o pequeno Yohan estava tirando seu tão precioso cochilo da tarde. Sendo assim, a casa estava silenciosa demais.

— Posso te abraçar? — ele perguntou, sentando-se ao meu lado.

— Não precisa perguntar, acredito que já saiba a resposta — falei. 

Ele sorriu e me aninhou em seus braços. Depois de nos separarmos me aconcheguei em seu ombro.

A pergunta que rondava a minha cabeça era: Por que eu estou tão confortável com um homem que acabei de conhecer? 

Eu nunca fui assim, não mesmo. Isso me assustava.

— Yu?

— Sim.

— Ontem quando fui dar banho no Yohan eu não deixei de reparar na cicatriz dele — falei. 

— Foi uma cirurgia demorada, sabe? — ele falou. — Quando estavam operando ele eu realmente senti medo. Foi a segunda vez em que me peguei assustado e ansioso. Esperando pelo pior.

Eu entendia ele. De uma forma inexplicável.

— E a primeira vez foi em que ocasião?

— Quando ele teve mais uma das suas paradas cardíacas — respondeu. Eu engoli em seco. — Eu vi, diante dos meus olhos, meu menino desfalecer. Foi a pior cena da minha vida. Não desejo isso para ninguém.

— Deve ter sido difícil essa fase — suspirei.

— Muito. Pensei em desistir de tudo na época, para falar a verdade. — revelou. — Eu vi algumas crianças com o mesmo problema que ele receberem seus tão esperados transplantes e a vez dele nunca chegava. A morte, então, parecia ser a solução para seu sofrimento e eu só parei de pensar nisso quando recebi o apoio desses três desnaturados que me acolheram nesta casa. Não sei o que seria de mim e do meu filho sem esses meninos. 

— Fico feliz por saber que você não desistiu. Acredito que a obrigação dos pais é lutar as guerras que nossos filhos não conseguem lidar. Você fez isso por ele, Yunho. Yohan tem muita sorte por ter você como pai — falei, sorrindo. — E sobre os meninos, eles realmente são ótimos amigos.

— Sim, você tem razão — sorriu. — Sabe, não é que eu não tenha família, mas meus pais e irmã moram em Gwangju e meu irmão foi morar na Noruega por conta do trabalho.

— Oh, entendo — falei. 

— E você? Seus familiares moram aqui em Changwon? — ele perguntou.

— Não. Não mais, na verdade — respondi. — Eu não nasci aqui, sabe? Depois que eu me casei, meus pais voltaram para Ulsan, meus avós maternos moram em Jeju e meu irmão caçula, bom, ele não decide onde quer ficar. Choi Seungwoo é um homem bem indeciso e já se mudou milhares de vezes. Por conta disso, são raras as vezes que eu o vejo.

— Então, resumindo, você não tem mais nenhum parente aqui? 

— Apenas o meu primo. Somos bem próximos.

— Somos dois, então — ele sorriu. — Fora o Yo, também não tenho mais ninguém da família morando perto.

— Às vezes é bem solitário — falei. — Para falar a verdade, sempre é. Já pensei em arrumar minhas coisas e ir para Ulsan, mas há algo que me prende aqui. 

— Mas você ainda pensa em se mudar?

— Sim — respondi.

A resposta saiu bem rápido. 

Essa era a verdade, eu ainda pensava em ir embora. Para mim, não tinha mais sentido ficar aqui, mas como eu disse para ele, algo me impedia de sair daqui. Talvez sejam as memórias do meu filho e marido, nossos momentos juntos e tudo o que construímos nesses anos que vivemos juntos, ou sei lá, alguma outra coisa. Mas sei que deve haver um motivo, embora eu não tenha descoberto. 

— Todos os dias essa ideia passa pela minha cabeça — continuei. 

— Ah — ele desviou seu olhar do meu.

— Entretanto, percebi que sou indecisa igual ao meu irmão — ri.

— É, talvez você seja — ele disse, sorrindo de canto.

Sustentei meu olhar na porta que dava acesso ao quintal e voltei a fitá-lo. Jeong mantinha seus olhos fechados enquanto fazia círculos sobre a pele do meu braço.

Eu estava confortável. Confortável até demais.

— Yu, você está nervoso em relação ao seu encontro com a Lee? — perguntei-lhe, quebrando o silêncio.

— Sim — ele respondeu. — Muito.

— Está com receio?

— Você nem imagina. Tenho medo do que isso possa dar.

— Talvez você deva apenas seguir a onda — falei. — Mantenha o pensamento positivo. Eu acredito que algo bom vai sair dessa conversa com ela.

— Espero.

— Vai dar tudo certo, confia.

— Seoyun, como que você faz isso? — Yunho perguntou.

— Isso o quê? — indaguei.

— Suas palavras são tão simples, mas de alguma forma elas deixam qualquer um tranquilo, sabia?

— Na verdade, não — ri. 

— Acredite, você consegue fazer isso muito bem.

— Devo começar a usar isso a meu favor? — brinquei. — Talvez eu deva.

— Por que eu fui dizer isso? — rimos.

— Enfim, você já decidiu quando irá conversar com ela?

— Sim — ele respondeu. — Irei acabar com isso hoje. Por falar nisso, acho melhor eu ir me arrumar. Preciso encontrá-la daqui a pouco.

Cortamos o nosso contato e nos levantamos do sofá.

— Ah, você me espera chegar? Eu quero te deixar em casa, pode ser? — ele perguntou.

— Claro — respondi.

— Ótimo.

— De qualquer forma, não tem ninguém me esperando lá — balbuciei.

Yunho me encarou por alguns segundos, com os lábios crispados.

— Eu ouvi isso — ele se aproximou e um segurou minhas mãos. — Estamos com você agora. Se precisar de companhia pode ligar para mim ou para os meninos, eles realmente gostaram de você. 

— Certo, certo — sorri. — Agora vá se arrumar Jeong.

— Como quiser, Choi.

JEONG YUNHO

Cheguei no ponto de encontro que falei para a Yerin me esperar. Especificamente, era uma cafeteria bem calma e aconchegante e nesses horários costuma-se estar com menos movimento.

Adentrei no estabelecimento e comecei a buscar pela mulher que foi a razão de anos de sofrimento e lágrimas. Avistei Yerin sentada à uma mesa pequena, um pouco distante da porta de entrada e próxima de uma janela grande que dá acesso ao lado de fora, encarando a rua com o queixo apoiado em uma de suas mãos.

— Lee — falei, sentando-me na cadeira oposta da dela.

— Jeong — me encarou. — Não sei se ainda é o seu favorito, mas pedi um americano gelado para você.

— Obrigado — dei um gole na bebida. — Bom, temos muito o que conversar.

— Sim, você tem razão.

— Hong me disse que você contou coisas para ele das quais o surpreenderam. O que exatamente você disse? — perguntei, direto.

Yerin puxou o ar dos pulmões e começou a contar o seu lado da história. Desde o fato que estava assustada, embora feliz, por ser mãe. A pressão que sofrera de sua família em relação ao nosso namoro naquela época. Sobre as ameaças que seu pai fez. E que se odiava por ter sido tão fraca ao ponto de sucumbir aos desejos das duas pessoas que lhe deram a vida. 

Assim como Hongjoong, eu também fiquei surpreso, tinha que admitir isso. Eu poderia simplesmente dizer que não acreditava nas suas palavras, mas a maneira que ela falou, sua expressão e a entonação de sua voz, mostrava que ela não estava mentindo. 

Pelo menos eu desejei que ela não estivesse.

Todavia, eu não baixei totalmente a minha guarda.

— Então esse foi o motivo da sua fuga — falei, me sentindo um pouco patético por ter amaldiçoado ela durante todos esses anos.

— Embora "fuga" seja uma palavra forte, sim, esse foi o motivo — Yerin disse.

Ela continuava encarando o lado de fora, com um semblante triste e ao mesmo tempo sério. Ela não chorou em momento algum, o que me deixou intrigado. Porém, olhando bem para seu rosto, abatido por sinal, eu soube da verdade. Seus olhos estavam inchados e ela não se preocupou em esconder isso.

Eram resquícios de alguém que passou a noite inteira se debulhando em lágrimas.

E por Deus, que eu também não estivesse errado sobre isso. 

— Você me disse que não suportava crianças, isso também foi uma mentira? — perguntei, depois de breves segundos.

— Yu, digo, Yunho — se corrigiu rapidamente. — Eu sempre gostei de crianças, mesmo não aparentando, mesmo sendo dona de uma antiga personalidade fechada e um pouco fria. Era tudo uma fachada.

— E eu posso acreditar nisso?

— Por Deus, eu sofri tanto tendo que escolher entre ficar ao lado do meu filho, deixando ele em risco, ou entre abandoná-lo, porém, sabendo que ele ficaria bem. 

Lee não se aguentou e desabou na minha frente. 

Comecei a me sentir mal por ela. 

— Yerin…

— Você consegue entender meu lado, Yunho, pelo menos um pouco agora? — ela perguntou. — Custei, mas no fim eu escolhi ser odiada por vocês dois, sabendo que com essa decisão vocês viveriam tranquilos, em um ambiente acolhedor, sem correr quaisquer tipo de perigo. Sem serem perseguidos pela sombra do meu pai. 

— Eu te entendo agora — falei, surpreendendo ela. — Sendo sincero, ainda é difícil olhar para você e não sentir raiva, mas agora eu te entendo um pouco.

— Já é um começo, não é? — ela indagou. — Sei que a raiva vai levar um tempo para desaparecer e, na verdade, eu não ligo se você continuar me odiando. Só não quero que nosso filho se sinta da mesma forma.

— Você acha que ele te odeia? — perguntei.

— Você não? — me encarou. — Sinto que vocês me pintaram para ele como o pior ser humano que já habitou este planeta. 

Suas palavras eram como socos no meu estômago. 

— Não dessa forma. Admito — falei, me odiando também. — O Yohan é uma criança inteligente demais, aprendeu a falar cedo demais e percebe as coisas rápido demais. Há um ano e meio, ele foi no meu quarto e falou que sabia que a mãe não o amava.

— Ele falou isso mesmo? — Ela perguntou, abaixando a cabeça.

— Sim — respondi. — Sendo levado pela vontade mordaz de excluir a existência da sua família, eu disse que era isso mesmo. Fui imaturo, eu sei.

— Talvez tenha sido, mas eu te entendo.

— Desculpe-me por isso.

— Está tudo bem — ela disse.

Foi minha vez de encarar a rua. Não sabia mais o que falar ou fazer. Recebi informações demais em poucos minutos e isso me deixou desnorteado. 

Sem contar pelo fato de me sentir envergonhado por ter sido tão infantil quando citava a Lee para o Yo. Eu realmente comecei a me odiar por isso.

— Sabe, Jeong — ela falou, chamando a minha atenção. — Sei que não falava muito na época em que estávamos juntos, mas eu te amava.

Okay. Literalmente era muita informação para apenas um dia.

— Como é? — encarei ela.

— É como você ouviu, eu te amava. Amava o nosso relacionamento, nossa amizade, a gravidez. Tudo mesmo. 

— Não sei o que dizer, Lee, realmente não sei.

— Não precisa dizer nada. — ela começou a brincar com os dedos. Estava nervosa, eu sentia isso. — Eu estou tão, mas tão desesperada. Não quero morrer sem ser perdoada pelo meu filho.

— Lee.

— Nem começa, Jeong.

Sorri minimamente. Ela me advertiu da mesma forma que costumava fazer há cinco anos atrás.

— Não fique se martirizando mais. Vou conversar com ele sobre isso — falei. — Daremos um jeito em tudo.

— Mas é difícil. Eu já me sentia como uma escória por ter o abandonado e aí você revela que ele ficou doente e que eu não estava ao seu lado.

— O importante é que ele está bem.

— Não é tão simples assim. 

— Você pode ficar despreocupada, o nosso filho está muito melhor agora.

— Eu te invejo tanto, Yunho — ela revelou, apoiando seus cotovelos sobre a mesa e colocando seu rosto sobre suas mãos. 

Com isso, eu percebi que havia uma aliança em seu dedo anelar. Ontem eu não havia reparado nesse detalhe.

— Yerin, e essa aliança? — Movido a curiosidade, eu resolvi mudar de assunto.

— Ah — ela secou suas bochechas e voltou a falar: — Eu estou noiva. 

— Oh, sério? — indaguei.

— Sim — respondeu. — Três anos depois de desaparecer, eu fiquei amiga de um colega da faculdade. Hoseok demonstrava ter interesse em mim, mas a princípio eu não queria entrar em um relacionamento novamente. Depois de ter contado para ele sobre meu passado, principalmente sobre você e o Yohan, eu jurava que ele iria me julgar e desistir de tentar algo, mas foi o oposto. Ele começou a me apoiar e para falar a verdade, foi graças a ele que eu não desisti de encontrar o Yo. 

— Nossa. Por essa eu não esperava — falei, atônito pela revelação.

— Eu também tenho outro filho, Yunho. 

Certo, agora, sim, eu posso dizer que estou realmente surpreso.

— Ele tem um ano e se chama Minseok — completou.

— Então o nosso Yohan é irmão mais velho.

— Sim, ele é — ela respondeu, sorrindo.

— Jeong? Você é Jeong Yunho? — uma voz masculina perguntou.

Olhei para trás e me deparei com um homem, que aparentava ter a minha idade, segurando uma criança em seus braços.

— Sim — falei. 

— Oi, amor — Yerin falou, pegando a criança no colo. — Yunho, esse é meu noivo, An Hoseok, e o garotinho é meu caçula.

— Ah, claro. Prazer, sou Jeong Yunho — apertei a mão dele.

— Yerin falou muito de você. Espero que você possa entender o lado dela. 

— Seok, não se preocupe comigo — ela falou, segurando a mão do noivo.

— Preciso, sim — Hoseok disse. — Yerin teve seus motivos para ter ido embora. Por favor, não odeie minha noiva — ele se curvou.

Eram poucas as pessoas que faziam algo assim por alguém. Essa atitude dele me deixou mais despreocupado, não sabia ao certo o motivo, mas fiquei aliviado por saber que Yerin achou alguém que se importava e que cuidava dela. 

— Não precisa se curvar, por favor — falei, sorrindo minimamente. — Eu não odeio ela. Não mais. Yerin me contou tudo e agora eu entendo o que aconteceu naquela época. Por mais que seja difícil, darei uma chance para ela se redimir, principalmente com o Yohan. 

— Sério? — Hoseok indagou, sorrindo. — Fico feliz então. Você ouviu, amor? Agora você pode dormir em paz.

— Sim, Seok — Yerin assentiu, sendo abraçada por ele. 

Ficamos mais um tempo conversando sobre nossas vidas e sobre o passado. Reparei neste tempo que Minseok era uma criança calma, calma até demais, o oposto do irmão mais velho. Olhando atentamente, percebi que ele tinha os olhos e alguns outros traços do Yohan, além de ser dono de bochechas gordinhas, o que o deixava muito fofo. 

Hoseok me contou que é voluntário e que ajuda financeiramente um orfanato e, por ser sua parceira, Yerin acabou decidindo que faria o mesmo. "É como eu falei antes, Yunho, eu sempre gostei de crianças". Foi o que ela me disse, depois que eu a encarei. Não deixei de sorrir com isso. Talvez, eu tenha me precipitado em achar que ela retornou para levar nosso filho para longe de mim, quando tudo o que ela queria era vê-lo pelo menos uma outra vez antes de morrer. 

Lee realmente temia que ele não ia querer vê-la, por conta da reação que ele teve ontem, mas eu sabia que com uma simples conversa ele entenderia que sua mãe não era o monstro que eu, infelizmente, fiz ele achar que ela era. 

Por fim, eu posso dizer que eu a desculpei, embora o perdão em si, só virá com o tempo.

— Temos que ir agora, amor — Hoseok disse.

— Certo. — Yerin se levantou e entregou seu filho ao noivo. — Colegas, então? — perguntou.

Meu olhar viajou de sua mão, erguida na minha direção, para seu rosto. Eu sorri, puxando-a para um abraço.

— Amigos — falei.

                                     ★

— Cheguei! — gritei, já na sala de estar.

Yeosang e Hongjoong apareceram.

— Como foi lá? — Yeosang perguntou.

— Deu tudo certo — respondi. — Fizemos as pazes um com o outro. 

— Isso é bom — Hongjoong falou. — Continuar evitando e discutindo com ela faria mal para vocês dois. 

— Sim. Ah, e eu descobri que ela vai se casar — falei, deixando-os surpresos. — E o Yohan subiu de cargo.

— Como assim? — Hongjoong perguntou.

— Bom, ele se tornou irmão mais velho agora, hyung — respondi. 

— Caramba! — Yeosang exclamou. — Isso é uma coisa boa, não é? 

— Sim — suspirei. — A julguei de forma errada. Ela seguiu em frente, vai se casar e deu ao Yohan o irmão que ele tanto pede para mim. 

— Viu? Eu disse que era o certo vocês conversarem novamente — Kim disse. — Eu sempre tenho razão aqui.

— Idiota — falei, em tom baixo, sorrindo em seguida.

— Você pode me levar agora, Yu? — Seoyun perguntou, adentrando na sala.

— Claro — falei.

Ela se despediu dos meninos e nós fomos para o meu carro. Durante o percurso, contei sobre minha conversa com a Lee e sobre tudo o que descobri a respeito dela. Choi disse que eu deveria levar o Yohan para passar uma tarde com eles pois não seria bom manter distância da família, principalmente do irmão. E eu concordei, afinal ela tinha razão.

Entre conversas aleatórias, piadas sem graça e risadas animadoras nós chegamos em sua casa.

— Prontinho, está entregue — falei. 

— Obrigada por hoje, foi bom me abrir com vocês — ela falou, olhando para mim. 

— Não precisa agradecer. Ah, e sobre aquilo que o Yo disse, não podemos substituir sua família, mas pode ter certeza que a partir de agora cuidaremos de você. Então, não se sinta mais sozinha.

— Certo — sorriu. — Conto com vocês, tudo bem?

Bendito seja esse sorriso, não me cansaria de dizer isso. A mulher não só sorria com a boca, mas com os olhos também e eu me perdia toda vez em que eles se fechavam 

O que está acontecendo contigo, Yunho?

Me aproximei dela e levei minha destra a sua bochecha, acarinhando-a, enquanto encarava suas belas orbes escuras. Meus lábios roçaram os dela de forma suave e eu percebi que o meu desejo e vontade de tê-la ao meu lado só aumentava. 

Espera. Eu realmente a desejava?

Novamente, ela não recuou com meu contato. Isso me deixou em êxtase.

— Permita-me te beijar, Choi? — sussurrei, rente ao seu ouvido.

Ouvi um "sim" em tom baixo e arrastado murmurado por ela como resposta. 

Acabei com a pouca distância que tinha entre nossos corpos e tomei posse de seus lábios. Deslizei minha língua para dentro de sua boca e ela retribuiu meu contato, timidamente. 

Me perdi outra vez, completamente inebriado por uma possível paixão que estava me assustando.

Me assustava porque eu não achava possível alguém se sentir assim em relação a alguém tão rápido. Isso era coisa de ficção. Coisa de novela, filmes e livros.

Levei minha outra mão para a sua cintura, apertando-a com delicadeza. Choi agarrou a minha nuca e o beijo ficou mais ávido. Estava incrível. Eu poderia ficar assim por muito tempo; não me enjoaria, tenho certeza. 

Lentamente, findei nosso contato, dando uma sequência de selares castos em seus lábios, agora inchados.

— Isso foi incrível, linda — falei, mas me arrependi no mesmo instante. 

Seoyun estava com sua boca entreaberta e com os olhos arregalados.

— Eu, eu… 

— Seo, o que foi? — perguntei, temendo sua resposta. — Eu fiz ou falei algo que não deveria? 

— N-Não! Não — ela falou, balançando as duas mãos no ar de forma rápida. — É só que eu… Eu vou entrar agora. É, é isso. Adorei passar o dia com você. Obrigada pela carona, Yu. Até mais.

— Espera!

Mas ela não esperou. A Choi saiu do carro às pressas e entrou em sua casa, me deixando sem entender o motivo da sua reação repentina. 

— O que eu fiz de errado agora? — Dei um soco no volante, descontando a raiva, ou seja lá o que eu estava sentindo no momento. — Eu estraguei tudo. De novo, Yunho.

CHOI SEOYUN

— Isso foi incrível, linda — Jeong disse.

Paralisei. 

Por que justo agora? Por que as memórias com ele vieram à tona neste momento? A vida gosta de brincar com a minha cara. 

"Isso foi incrível, linda."

Kangdae falava a mesma coisa sempre que eu fazia algo para ele ou com ele.

— Eu, eu...

— Seo, o que foi? — ele perguntou. — Eu fiz ou falei algo que não deveria?

— N-Não! Não — falei, balançando as minhas mãos no ar de forma rápida. — É só que eu… Eu vou entrar agora. É, é isso. Adorei passar o dia com você. Obrigada pela carona, Yu. Até mais.

— Espera!

Não esperei. Não consegui.

Saí às pressas do carro e entrei em casa. Rodei a chave no trinco e, depois de inspirar e expirar algumas vezes, encostei a minha cabeça na porta e escorreguei de encontro ao chão frio. 

— Droga. Por que ele teve que dizer logo isso? 

Senti meus olhos arderem. Não era possível que eu iria chorar por isso.

— Kangdae — A primeira lágrima deu o ar da graça. — Eu estraguei tudo.

Continua...


Notas Finais


Mas, genteeee, vocês acreditam que eu já sei as duas frases finais dessa fic? Uma dessas frases será uma pergunta do Yohan (já adulto) para a Seo, e a outra será a resposta dela. Fica no imaginário de vocês agora.

Espero que tenham gostado.

Fiquem bem, lavem as mãos e bebam água. Bjsss de luz ♥️

Até o próximo capítulo.


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