Me despedi de Eve no aeroporto e fomos cada uma para o nosso voo. Ela ia pra Alemanha e eu daria um pulo na Itália, queria conhecer o lugar onde minha avó morou depois que saiu de casa.
O voo até Nápoles seria longo, mais de dez horas e com conexão em Paris, eu ia dormir até não poder mais. Baixei um documentário sobre Amalfi, na costa italiana onde minha avó morava, queria conhecer sobre o lugar e porque ela o escolheu.
De Nápoles até Amalfi, seria mais uma hora e vinte e minutos de viagem, teria que pedir um Uber na saída do aeroporto e torcer pra achar vaga em algum hotel da cidade, não fiz reserva. Ainda bem que não está em alta temporada.
Comecei a assistir o documentário assim que o avião decolou, mas o sono me pegou e não consegui manter os olhos abertos.
...
Saí do Aeroporto Internacional de Nápoles arrastando minhas malas e tentando pedir um Uber, não sei falar uma palavra em italiano, felizmente achei um abençoado que fala inglês.
A corrida ficaria um absurdo de cara, mas não tenho alternativa.
— Moça você colocou no aplicativo que quer ir pra Amalfi, mas não disse o lugar específico. — o motorista disse olhando pra mim depois que entrou no carro.
— Então, eu não fiz reserva em nenhum hotel, mas vou pesquisar aqui e aviso você.
— Certo, mas o preço da corrida pode variar.
— Tudo bem.
A paisagem italiana era esplêndida. Nápoles ficava no sul da Itália e era a terceira maior cidade do país. O monte Vesúvio, bastante famoso por destruir Pompéia séculos atrás, era visível de qualquer lugar da cidade. Fiquei literalmente babando pela janela do carro.
O motorista pegou a estrada E45, ela tem quase cinco mil quilômetros de extensão e liga a Finlândia à Itália.
— Você quer parar pra comer alguma coisa? — ele perguntou gentil me olhando pelo retrovisor e levantei a cabeça.
— Não obrigada, eu como quando chegar ao hotel.
Continuei pesquisando hotéis em Amalfi e achei um perfeito. O Santa Caterina Hotel, um dos mais procurados na cidade, encravado em uma colina e com vista para o mar Tirreno. Consegui fazer a reserva pelo celular mesmo.
— Moço eu consegui um hotel.
— Qual? Me fala pra eu colocar no GPS.
— O Santa Caterina Hotel, fica na costa.
— Já achei.
Não tinha trânsito e enquanto eu olhava a paisagem italiana pela janela do carro, acabei adormecendo.
Um tempo depois, acordei com o motorista me chamando e pisquei os olhos desorientada.
— Já chegamos. — ele disse saindo do carro e me espreguicei saindo também.
Um funcionário do hotel veio me atender e dei uma boa olhada na fachada toda branca.
— Bem-vinda signorina.
— Obrigada, que horas são? — perguntei ao rapaz que consultou o relógio no pulso.
Eu tava toda confusa com esse negócio de fuso horário, nem sabia se meu celular tinha atualizado e tava certo.
— Quase duas horas da tarde.
— Obrigada.
Ele foi ajudar o motorista do Uber com a minha bagagem e a levou para dentro. Paguei ao homem e mandei ele ficar com o troco, de Nápoles até aqui foi uma corrida longa.
— Muito obrigada e boa estadia na Itália.
— Obrigada, boa viagem de volta.
— Grazie. — respondeu em italiano e acenei virando em seguida e entrando no hotel.
Fiz o check-in e pedi alguma coisa pra comer, tava morrendo de fome. O rapaz me levou até a minha suíte e lhe dei uma gorjeta depois que ele descarregou minhas malas.
Adorei meu quarto, uma cama enorme com dossel e cortinas brancas e uma varanda com vista para o mar. O banheiro então nem se fala, com banheira de hidromassagem e uma mega ducha. Liguei a banheira para encher e coloquei sais perfumados, eu precisava relaxar.
Bateram na porta do quarto, era o mesmo rapaz que trazia uma farta bandeja que fez meu estômago roncar. Pãezinhos, bolo, suco, geleia, peito de peru, queijo, frutas, eu já tava babando.
— Grazie. — agradeci e ele sorriu.
— Prego. — disse e eu não entendi nada. — Significa de nada.
— Ah tá, entendi.
Rimos novamente e ele saiu fechando a porta.
Dei uma olhada na banheira que ainda não tava cheia e levei a bandeja para a mesinha na varanda e peguei um pãozinho, cortando e colocando uma fatia de peito de peru e uma de queijo.
Peguei meu celular e decidi ligar para minha mãe, há essa hora ela devia tá na empresa. Chamou duas vezes.
— Lara filha! Que saudade!
— Oi mãezinha. — meu coração apertou de saudade.
— Como você tá meu amor? Já chegou a Amalfi?
— Tô bem mãe, cheguei sim. Tô fazendo um lanche antes de ir tomar banho.
— Que ótimo. Melissa me disse que Eve ainda não chegou, o voo dela tinha uma conexão em Lisboa.
— O meu teve conexão em Paris, um saco.
— É mesmo. — ela disse rindo. — Vai ver a casa da sua avó amanhã?
— Vou sim. O advogado falou que achou um bom preço por ela e me aconselhou a vender, eu só quero vê-la do jeito que a minha a avó deixou, antes da venda.
— Você está certa meu bem, é um modo de se despedir dela.
— Sim, e o doutor Stein disse que eu posso pegar o que quiser, o resto vai ser doado pra caridade. Eu só quero conhecer mesmo.
— Quer que eu vá ficar com você? Posso pegar o primeiro voo e estou aí de manhã.
— Não precisa mãe, eu tô bem.
— Então tá. Seu pai sempre pergunta por você, ele sente sua falta Lara.
— Ele tá bem?
— Sim. Ele mudou muito filha depois que você foi embora, percebeu que estava tendo atitudes questionáveis e sempre tenta melhorar, vocês dois precisam conversar.
— Nós vamos, quando eu voltar.
— Eu vou falar isso pra ele.
— Certo, agora eu vou tomar banho e descansar, tô moída.
— Tudo bem meu amor, vá dormir sim. Beijo.
— Beijo mãe.
Esqueci completamente da banheira e ainda derramou um pouco, mas cheguei a tempo.
Entrei naquela água morna e tentei relaxar o máximo possível. Eu não pretendia ficar muito tempo na Itália, era só o tempo de ver a casa da minha avó e ir embora, não tô no clima pra turistar.
...
Eu estava perdida, literalmente. Não falava italiano e não conseguia entender as placas. As ruas eram todas parecidas, pavimentadas com pedras e pareciam dar todas na mesma direção. Eu deveria ter ligado para o advogado e avisado que estava indo para Amalfi, ao invés de só pedir o endereço.
— Droga! — resmunguei comigo mesma e me virei para voltar pelo mesmo lugar por onde tinha vindo.
Esbarrei com um cara que vinha na minha direção e meu celular caiu no chão.
— Mas que merda! — falei irritada e me abaixando pra pegar.
Ele também abaixou e nos esbarramos de novo.
— Hei!
— Tudo bem moça?
Levantei o olhar e o encarei. Usava boné e óculos escuros.
— Ta, eu espero que meu celular não tenha quebrado.
Ele riu de leve e levantou estendendo a mão pra mim.
— Foi você que esbarrou em mim, mas se quebrar, eu te dou outro de presente.
Olhei pra ele novamente e levantei sem a sua ajuda depois de pegar meu celular.
— Não preciso de um presente seu.
— Você não precisa ser grossa, eu só queria ser gentil. Quebrou?
Conferi o celular e não tinha quebrado, só arranhado a tela.
— Não, só arranhou, mas está com a película.
— Você parece brava.
Olhei pra ele me sentindo frustrada e tive vontade de chorar de raiva. Tudo estava dando errado hoje.
— O universo está conspirando contra mim hoje, dormi demais, tomei um banho de café na recepção do hotel, não consigo achar uma porcaria de um endereço e acabei de ser derrubada no chão! — soltei tudo de uma vez e percebi que ele se segurava pra não rir. — Se você der risada...
— Relaxa ruiva, quer ajuda?
O encarei desconfiada arqueando uma sobrancelha.
— Pra achar o endereço que tá procurando.
— Fala italiano?
— Não totalmente, mas me viro bem.
Mostrei a foto do endereço a ele que ergueu a cabeça olhando ao redor.
— Esse lugar fica depois da Piazza, do outro lado. É um bairro residencial.
— Você mora aqui? — perguntei o olhando.
— Moro em Turim, ao norte, mas já vim aqui algumas vezes.
— Eu tô vindo pela primeira vez, vim conhecer a casa da minha avó.
— Nossa, você nunca tinha vindo visitar sua avó?
— História de família complicada. — comentei de um jeito engraçado e ele riu. — Muito obrigado pela ajuda.
— Na verdade, eu tô indo para o mesmo lado que você.
— Ah legal.
Começamos a caminhar lado a lado e ele ia me explicando algumas coisas sobre a Itália.
— Desculpe, eu comecei a falar e nem me apresentei, eu sou o Paulo.
— Muito prazer, Lara.
Ele tirou os óculos e me encarou, seus olhos eram verdes e seu rosto estranhamente conhecido.
— Seu rosto não me é estranho Lara, você é modelo?
— Não, quem me dera. — respondi rindo. — Mas você também é familiar.
Ele sorriu e colocou a mão no rosto como fosse uma máscara e aí eu me lembrei de onde eu o conhecia.
— Não acredito!
— Não faz alarde, por favor! — ele pediu colocando os óculos novamente e eu assenti rindo.
— Pode deixar, Paulo Dybala, não é? Você é jogador da Juventus.
— Isso aí. Mas e você? Eu já vi seu rosto em algum lugar.
— Não faço ideia, tenho certeza de que a gente nunca se viu antes.
— Eu ainda vou me lembrar.
— Boa sorte.
Continuamos andando e conversando, ele era uma pessoa muito divertida.
— Então a sua prima Eve é minha fã?
— Pode se dizer que sim. Ela é metade merengue e metade bianconera.
— Legal, mas e você, torce pra algum time?
— Não sou muito ligada em futebol, mas já assisti alguns jogos do Bayern de Munique.
— É claro! — Paulo disse empolgado e eu o olhei. — Lembrei de onde eu te conheço. Você namora um dos jogadores do Bayern, eu vi fotos de vocês na internet.
— A gente não tá mais junto.
— Desculpa, eu não quis ser indelicado.
— Tudo bem, é passado.
Ajeitei meus óculos e continuamos andando até chegar a uma rua menos movimentada, com muros altos e elegantes portões de ferro.
— A rua é essa, vamos olhar os números.
Fui seguindo Paulo até pararmos diante de uma enorme mansão branca, contrastando com o céu azul.
— Tá entregue.
— Não quer entrar comigo? — perguntei de súbito e ele me encarou surpreso. — Se você não tiver mais nada pra fazer, é claro.
— Eu aceito seu convite.
Sorrimos um para o outro e empurrei o portão de ferro que abriu fazendo um pouco de barulho. O jardim estava mal-cuidado, ervas daninhas cresciam por todo lado, uma roseira estava quase morrendo junto a escada da varanda.
— Então, eu não quero ser indelicado novamente, mas tô curioso pra saber por que essa é a primeira vez que você vem à casa da sua avó, e a julgar pelo estado do imóvel, não mora ninguém aqui a um bom tempo.
— Minha avó morreu.
— Sinto muito.
— Eu não a conheci, meu pai e meu avô me impediram de conviver com ela.
— Que coisa triste Lara.
Paulo tirou os óculos pendurando-os na gola da camisa e se aproximou apertando meu ombro.
— Muito triste.
O doutor Stein me disse que tinha uma chave extra estava escondida em uma das plantas que ficavam penduradas na varanda. Procurei em todos os vasos até achar em uma samambaia. Peguei a chave dourada e fui até porta inserindo na fechadura e antes de abrir olhei pra ele.
— Até cinco meses atrás eu não sabia o quanto ela me amava e o quanto queria se aproximar de mim. Esse lugar tá a venda, mas eu quis vir aqui antes, pra me despedir, mesmo sem a ter conhecido.
— Eu entendo completamente, vai lá, eu espero você aqui.
Sorri pra ele agradecendo e empurrei a porta entrando.
Os móveis estavam cobertos por lençóis brancos e cheios de pó. Pude perceber em alguns pequenos detalhes que minha avó gostava de decoração vintage. A um canto da sala tinha um piano branco de cauda, uma peça maravilhosa.
Me aproximei levantando a tampa e passei os dedos sobre as teclas imaginando quantas vezes ela não sentou naquele banco e tocou melodias maravilhosas. Eu nunca tive vontade de aprender, mas gostava de ouvir.
— Seria maravilhoso sentar ao seu lado nesse banco e ouvi-la tocar vovó. — falei emocionada.
Subi a escada observando os quadros na parede e vi várias fotos do meu pai quando criança, ela nunca deixou de amá-lo. Gostaria que ele pudesse ver isso.
Tinham quatro portas no corredor e abri uma a uma, dois eram quartos de hóspedes, um banheiro e a última porta era o quarto dela. Parecia estar exatamente do jeito que ela deixou.
A cama enorme com dossel e cortinas de renda e laços, os lençóis de seda cor de salmão e várias almofadas. Um armário enorme e cheio de roupas, peguei alguns looks e gostei do estilo dela, a maioria eram vestidos em tecidos esvoaçantes e cores suaves, alguma ou outra peça escura. Eu teria adorado a minha avó.
Toquei o pingente em meu pescoço enquanto ia até a penteadeira, com vários itens de beleza. Perfumes, cremes, maquiagem. Algumas bijuterias, as joias verdadeiras estavam guardadas em um cofre no banco. Tinha um porta-retrato com uma foto dela mais jovem em preto e branco e eu pude reconhecer os meus traços em seu rosto, nós éramos idênticas. Peguei aquele objeto e coloquei na bolsa, eu o levaria comigo.
Já estava aqui há bastante tempo, Paulo deve ter cansado de me esperar e foi embora.
Voltei para a sala de estar e dei mais uma olhada ao redor antes de ir para a porta. Abri e fiquei surpresa em vê-lo sentado em um banco na varanda.
— Achei que tinha ido embora. — falei trancando e guardando a chave no mesmo lugar.
— Eu disse que ia esperar você. E aí, como foi?
— Um pouco doloroso. Só me toquei que perdi muita coisa com ela longe de mim, eu e o meu pai, e não dá mais pra recuperar esse tempo perdido.
— Eu realmente fico triste por você.
— Vai passar em algum momento, muito obrigada por ter vindo comigo.
— Imagina, eu gostei. Vai fazer o que agora? A gente podia ir almoçar, conheço um lugar incrível.
— Eu aceito sim.
No fim da rua um táxi ia passando e Paulo fez sinal e nós entramos. Rodamos pelo centro de Amalfi e ele ia me contando algumas coisas. O carro parou em frente a um restaurante italiano e fiquei encantada pela fachada, parecia aquelas tavernas antigas, na época da Idade Média.
— Que tal uma típica macarronada italiana? — perguntou me olhando e sorri assentindo.
— Acho uma ótima ideia.
Escolhemos uma mesa mais ao fundo para que ele pudesse ficar à vontade e de entrada pedimos refrescos e bruschettas ao molho de tomate.
— Gente isso tá muito bom! — falei provando uma e realmente o sabor era divino. O molho de tomate estava bastante temperado e tinha pedaços de queijo e presunto para acompanhar.
— Tá mesmo. — Paulo concordou provando também. — Eu adoro comida italiana, é a minha preferida.
— Então você está no lugar certo.
— Com certeza. — ele disse piscando o olho e rindo. — Mas e você, qual a sua comida favorita?
— Eu não tenho um tipo preferido, gosto de tudo que é bom, mas não sabia que sentia tanta falta da comida brasileira até recentemente.
— Sério?
— Sim. Eu comi uma feijoada que você não tem noção, tava muito boa. E tem um prato que eles chamam de feijão tropeiro que é tudo de bom, eu repeti duas vezes.
— Eu conheço esse prato, minha mãe faz quando vou pra casa e realmente é muito bom.
— Eu peguei até a receita com a dona Olívia pra fazer pra mim, só não sei se vou conseguir achar os mesmos ingredientes.
— Isso vai ser um pouco complicado.
— Pois.
O garçom trouxe a macarronada e o cheiro tava delicioso. Peguei o garfo e tentei enrolar o macarrão levando à boca, o gosto também estava ótimo.
— Mas então, de que lugar você mais gostou de conhecer?
Eu tinha contado pra ele sobre a viagem.
— Difícil escolher um só, foram tantas experiências boas, mas alguns realmente marcaram. Acho que as Ilhas Maldivas, Dubai, Cartagena na Colômbia, a Grande Barreira de Corais na Austrália e a Grécia que era o meu sonho conhecer, ah e a Tailândia, gostei muito também.
— Eu fui pra Grécia de férias uma vez com uma ex-namorada, fui pra Mykonos.
— Linda demais, eu conheci Atenas, Santorini, Mykonos e Zakynthos.
— Deve ter sido uma viagem muito boa.
— Foi ótima e melhor ainda porque a Eve foi comigo, parceira para todas as horas.
— Você tirou fotos né? Vou te seguir no instagram pra ver essas fotos.
— Tirei sim, tá tudo lá registrado, fotos, vídeos, stories.
— Beleza.
Continuamos comendo a macarronada e conversando.
— Quando pretende ir embora?
— Acho que vou voltar logo pra casa, meu objetivo era conhecer a casa da minha avó. Vou matar as saudades dos meus pais antes de arrumar as malas e me mudar pra Madri.
— Por que fazer faculdade na Espanha? Podia ter escolhido a Itália.
— Engraçadinho. — joguei um farelo de pão nele que deu risada. — A Eve escolheu Madri e eu tive que prometer que iria estudar lá para ela viajar comigo.
— Nossa que malvada essa sua prima.
— Queria que ela ouvisse você falando isso.
Não aguentamos e começamos a rir. Era incrível a sintonia que havia sido criada entre nós dois, nos demos bem logo de cara e temos muita coisa em comum.
— Ainda cabe a sobremesa?
— Se eu disser que sim, você vai me achar um saco sem fundo?
— De jeito nenhum, o que quer?
— Mousse de maracujá.
— Eu quero de limão.
— Vai pedindo, eu vou ao banheiro rapidinho, olha minha bolsa, por favor.
— Claro, vai lá.
Eu tava muito apertada pra fazer xixi e suspirei de alívio. Lavei as mãos e voltei para a mesa. Paulo mexia no celular totalmente à vontade.
— Voltei.
— Foi rápida.
— Eu sou rápida meu bem.
Era fácil dar risada com ele. O garçom trouxe nossas mousses, a minha tava muito boa.
— Paulo você não deveria tá treinando em Turim pra algum jogo?
— Esse fim de semana não tem jogo, um descanso merecido.
— E por que você não foi pra Argentina? Visitar sua família.
Então seu olhar antes tão alegre perdeu um pouco do brilho e percebi que ele estava sofrendo por algo, ou alguém.
— Não é um bom momento pra ir lá agora.
— Tem a ver com aquela cantora que aparece em várias fotos no seu perfil?
— Você me segue?
— Não, mas Eve sim, e ela comentava vez ou outra. Essa cantora tem um nome diferente.
— Oriana.
— Isso mesmo. Vocês brigaram?
— Não, a gente terminou mesmo depois de uma discussão, é difícil manter um relacionamento à distância, a vida dela é em Buenos Aires e meu trabalho aqui. Mas e você, por que terminou com o carinha lá?
— Ele me traiu. — falei simplesmente e Paulo me encarou surpreso.
— Sério?
— Sim, na noite da minha formatura.
— Que filho da puta! Desculpa falar assim, mas ele foi muito escroto.
— Não tem problema. — falei rindo e percebi que aquela era a primeira vez em muito tempo que eu falava sobre aquele assunto sem sentir uma dor no coração. — São coisas que acontecem.
— Você não merecia isso Lara, eu te conheço há pouco tempo, mas te acho uma garota bacana, muito legal mesmo. Se eu encontrar esse cara na minha frente, com certeza eu vou socar a cara dele.
— Por favor, não faça isso! — pedi rindo e ele acabou dando risada também.
O tempo foi passando e nós continuávamos conversando completamente esquecidos da hora.
— Se você fosse ficar mais tempo na Itália, ia te convidar pra ir assistir um jogo em Turim semana que vem.
— Quanta honra, mas fica pra próxima, eu preciso ajeitar minha vida antes de mudar pra Madri.
— Certo, mas prometa que não vamos perder o contato, eu gostei muito de conhecer você. — sua mão apertou a minha que estava em cima da mesa e pisquei pra ele.
— Promessa feita.
Eu quis rachar a conta, mas ele não aceitou e insistiu em pagar tudo, e ainda me deixou no hotel, por mais homens como Paulo Dybala no mundo, por favor.
O dia tinha sido cansativo, mas bom. Peguei o celular e já reservei minha passagem para Munique para amanhã à tarde, estava morrendo de saudades de casa.
Uma notificação do instagram chegou e abri para ver. Um sorriso surgiu em meus lábios.
“paulodybala começou a seguir você.”
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