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História Um neném para o idol (Jeon Jungkook) - Capítulo 1


Escrita por: Harry-sofrida

Capítulo 1 - Capítulo 1


Respirei fundo, juntando cada partícula de coragem para encarar a varetinha dentro do copinho, há mais de quinze minutos pronto em cima da pia do banheiro. 

Faziam pelo menos duas semanas que eu me sentia estranha. Os seios muito mais sensíveis do que o normal, uma cólica interminável que nunca resultava em uma menstruação e por último os enjoos cada vez mais frequentes. 

— Vamos lá, S/N. Coragem. — Falei para mim mesma. 

Peguei o teste e fechei os olhos com força, enchendo e esvaziando o pulmão de ar antes de encarar o resultado assustador. 

Positivo.

Puta que pariu. 

E agora? 

Deixei o medo ultrapassar as barreiras, jogando o teste longe e segurando meu rosto entre as mãos durante o choro desesperado. 

Eu não posso ser mãe agora, meu deus. 

Como vou fazer isso? 

Eu sequer estou com o pai dessa criança! 

Pai. 

Meu deus, ele vai surtar. 

Esperei mais três dias para finalmente ter coragem de contar para Jeon sobre o resultado das nossas aventuras. Com o resultado do exame de sangue em mãos, mandei uma mensagem, querendo saber quando ele voltaria de mais uma das suas viagens para podermos conversar. Não era o tipo de notícia que gostaria de dar por mensagem. 

S/N:
Ei, sei que está viajando, mas podemos conversar?
 

JK:
 
Estou ocupado

S/N:
Eu sei. 

Mas é muito muito importante

Tem data pra voltar?

JK:
Não.
E também não tenho tempo para gastar com você

S/N:
Aconteceu alguma coisa?

Você está estranho

JK:

Só estou de saco cheio

S/N:

De quê?

JK:

De você

Foi só uma foda, S/N

S/N:

Uma foda?

Vc tá louco?

JK:

Você é que está

S\N:

Você entra e sai da minha cama há meses e diz que "foi uma foda"?

Não dá pra acreditar em você

JK:

Se vai ficar surtando aí, vou bloquear você

Foi divertido mas acabou

S/N:

Eu tô grávida, Jeon

Era isso que eu queria falar

JK:

Tá louca?

Não tinha um golpe menos manjado não?

S\N:

Golpe?

Qual o seu problema?

JK: 

Vc é o meu problema

acabou, aceita.

S/N:

E o seu filho?

JK:

Que filho, acorda

Eu não quero saber de você nem dessa coisa aí

É bom que você não apareça mais na minha frente

Senão eu acabo com a sua vida

Entendeu?

S/N:

Você não está falando sério

jeon?

*Você foi bloqueado por este contato*

O mundo sob os meus pés pareceu ter sumido. O ar faltou em meus pulmões e por dois dias inteiros tudo que consegui fazer foi chorar. 

Meu deus, o que fiz para merecer isso? 

Coloquei a mão sobre a barriga ainda não crescida, me desculpando um milhão de vezes com aquela vidinha que acabara de se iniciar ali. 

Eu estava acostumada a precisar ser forte. Ser mulher na indústria do entretenimento não era nada fácil. Mas agora, eu tinha um novo motivo para seguir em frente e encarar o mundo. 

Jungkook podia não querer aquele bebê, mas eu definitivamente o queria. 

Estava apavorada e não sabia o que fazer, mas o queria e de alguma forma já o amava profundamente. 

— Chega de chorar, S\N. Você tem um filho agora. — Me ergui da cama.

TRÊS ANOS DEPOIS.

Cumprimentei a equipe assim que entrei no estúdio. Um burburinho estranho se instalava e com certeza não era sobre a minha volta das férias. 

— Chase? — Chamei meu assistente. — Aconteceu alguma coisa? 

— Ah, não. — O garoto recém formado sorriu, me oferecendo um copo de café. — Os convidados de hoje chegaram e estão todos animados. 

— Ah… — Cocei a nuca, envergonhada ao notar que havia simplesmente esquecido de checar o cronograma da semana. — E quem são? — Perguntei baixinho. 

Chase nem precisou me responder, pois novamente o burburinho se instaurou, cada vez mais alto. Entrando pela porta da frente do estúdio, conversando alto como um grupo de crianças em um coreano alto, quase berrado. 

Senti meu corpo congelar, não precisava sequer olhar para seus rostos para reconhecer. As vozes que por quase dois anos me acompanharam todos os dias no emprego anterior. 

Um dos diretores se aproximou da algazarra, acompanhado por James, o apresentador. Fiquei estática no lugar, sem saber o que fazer. Até que um par de olhos castanhos se fixou em mim e um sorriso de orelha á orelha se abriu.

— S\N! — Jin gritou, chamando a atenção dos outros seis amigos. 

Sem se importar com os olhares, o mais velho do grupo correu como uma criança em minha direção, me apertando em um abraço forte. Fiz o meu melhor para retribuir, mesmo sendo tirada do chão. É impossível não sorrir, uma das coisas das quais senti falta era a animação de Jin e o quão amigo ele poderia ser. — Ah, senti tão a sua falta. — Falou me balançando, como uma boneca. 

— Eu não acredito! — Jimin disse com animação, se juntando ao abraço. 

— Meninos, ar, eu preciso de ar! — Falei um pouco mais alto, fazendo-os rir.

— O que está fazendo aqui? — Yoongi perguntou depois de me dar um abraço calmo, típico de si.

— Sou uma das produtoras. 

— Você nos largou para trabalhar com o James? — Jin disse alto, colocando a mão sobre o coração como se estivesse profundamente ofendido.

— Ei! — James reclamou, fazendo-os rir alto mais uma vez. 

 O líder do grupo passou o braço sobre meus ombros, murmurando um “bom ver você”. Todos da equipe observavam com atenção a comoção que havia se formado à minha volta, me deixando ainda mais desconfortável. 

— S/N? — Virei para um dos staffs que vinha em minha direção com o telefone geral do estúdio. — É do berçário. — Agradeci, pegando o aparelho.

— Alô? 

 S/N, Liz comeu amendoim. — A voz feminina do outro lado disse desesperada. 

— O quê? Eu deixei claro que ela não pode! — Quase gritei, sentindo meu coração reverberar por todo o meu corpo, e meu nervosismo fez os sete à minha volta prestarem atenção. 

— As meninas se descuidaram e outra criança ofereceu um doce. — Lamentou.

— Traz ela pra mim. — Desliguei. Engoli com dificuldade, sentindo minhas mãos suarem e tremerem. 

— Aconteceu alguma coisa? — Namjoon perguntou baixo, mas não consegui responder. Entrando pela porta lateral, uma das responsáveis pelo berçário andava rápido em minha direção. Corri até ela, pegando a minha filha pálida nos braços e me desesperando ainda mais quando vi sua dificuldade em respirar. 

— Matt! — Gritei para o paramédico que sempre ficava de plantão no estúdio, correndo em sua direção. — Ela comeu amendoim, é muito muito alérgica. — Ele me ouviu com atenção, pegando-a nos braços e caminhando até a maca já instalada. 

Ele fez um exame rápido, checando sua garganta e respiração, então abriu uma maleta, retirando uma seringa. Liz arregalou os olhinhos que encheram de lágrimas. 

 — Vai ser só uma picadinha, pequena. — Matt prometeu, retirando a proteção da agulha e me olhando, pedindo em silêncio que eu me aproximasse. 

A cena toda já havia chamando a atenção de quase todos os presentes, que se aproximavam, fazendo um tipo de roda à nossa volta. 

Peguei minha garotinha, erguendo com cuidado a saia para que sua coxa ficasse exposta. Liz soltou um gritinho dolorido, seguido de um choro sentido após ser medicada. Balancei minha filha nos meus braços, quase chorando junto com ela. 

— Vai melhorar logo. — Matt prometeu, colocando um curativo sobre a marquinha vermelha. 

Poucos minutos se passaram, mas percebi que a respiração de Liz havia melhorado consideravelmente, o que me deixou imensamente aliviada. Ela ainda chorava com o rostinho apoiado no meu pescoço, magoada demais para olhar para o “titio médico”. 

— Ela não vai me perdoar tão cedo. — Matt brincou quando notou que as coisas já estavam um pouco mais calmas. Sorri pela primeira vez, assentindo com a cabeça. 

A multidão havia dissipado quase totalmente, podia ouvir os comentários aliviados das pessoas. Seis dos sete coreanos me encaravam com surpresa, mas Hobi se aproximou, tendo um sorriso enorme aberto nos lábios. 

— Liz? — Chamou baixinho. A pequena se encolheu no meu colo, virando para olhar que lhe chamava. Seu rosto se iluminou com o reconhecimento. Mesmo com os olhinhos inchados e as bochechas vermelhas, ela sorriu, se jogando para o colo do quase desconhecido. 

— Titio! — Hoseok a segurou rápido, tomando cuidado para não apertar a perninha machucada. Liz espalhou as mãozinhas minúsculas pelas bochechas dele e então deixou um beijinho na ponta do seu nariz, seguido de um abraço apertado e certamente gostoso. 

— Você cresceu muito, hum? — Ele disse afastando o pescoço para olhá-la melhor. 

Fazia pelo menos nove meses desde a última vez em que os dois se viram pessoalmente, e como uma criança, Liz crescia rápido. Seus cabelos escuros e lisos estavam agora chegando aos ombros, e ela havia crescido consideravelmente. 

— Sou mocinha agora. — Fez um biquinho. Não consegui evitar de sorrir, “mocinha” era uma das minhas palavras favoritas do momento, pois soava como “moxinha”. Hobi também pareceu adorar, pois riu alto e balançou a garota. 

— S/A? — James me chamou de lado. — Ela está melhor? 

— Está sim, obrigado pela preocupação. — Sorri. 

— Você quer levá-la para casa? Pode ir se quiser. 

— Tem certeza? 

— Claro que sim. — Disse colocando a mão sobre o meu ombro. — Imagino que ainda esteja um pouco nervosa, eu sei como esses pequenos nos assustam de vez em quando. 

— Um pouco. — Admiti. 

— Então pode ir. — Sorriu. 

— Obrigado, James. — O abracei de lado. 

James murmurou um “de nada” e caminhou até Hobi, deixando um beijinho na bochecha de Liz que reclamou da sua barba, como sempre fazia. Minha breve conversa foi tempo o suficiente para que alguns dos meninos se aproximassem. Jimin e Jin faziam brincadeiras e falavam com a voz afinada, enquanto a garotinha adorava a atenção. 

Meu coração deu mais um salto ao perceber como Jungkook olhava com atenção para o meu bebê. 

— Vamos para casa? — Perguntei para a pequena, ignorando a sensação que estava tendo. 

— Já? — Ela perguntou fazendo um beicinho e deitando a cabeça no ombro de Hoseok.

— Ela quer ficar com o titio Hobi. — Disse orgulhoso.

— Os outros titios também. — Ela disse manhosa, fazendo Jin e Jimin comemorarem e provocarem o amigo. 

— Eu sei, mas você precisa descansar um pouquinho. — Falei para ela. — E os titios precisam gravar. 

— Vai cantar titio? — Ela perguntou e ele assentiu. Jin e Jimin soltaram algo como “tão fofa” em coreano.

— Vou. — Ele disse deixando um beijo na bochecha gordinha. — Posso ir na sua casa mais tarde? — Perguntou me olhando. Eu sabia que ele não iria desacompanhado, mas também sabia que se não dissesse que sim, Liz não aceitaria ir embora. 

— Claro. 

Aceitando a minha resposta, a garota estendeu os braços gordinhos em minha direção. Dei um tchau geral, saindo de lá o mais rápido possível. 

Acomodei Liz em sua cadeirinha no carro e antes mesmo de sairmos do estacionamento ela dormiu. 

Despertei minha garotinha quando chegamos em casa, dei um banho longo e relaxante nela e fiz uma mamadeira gostosa, deixando que ela voltasse a dormir. 

Patrick chegou no horário de sempre, entrando na cozinha enquanto tirava a gravata preta e desabotoava o paletó. 

— Chegou cedo. — Comentou, dando um beijo em minha testa.

— Liz teve uma crise alérgica. 

— Ela está bem? — Disse em tom preocupado.

— Sim, Matt a socorreu. 

— Graças a Deus. — Suspirou. 

— Pac, ele estava lá hoje. — Encarei as frutas que estava lavando. 

— Quem? 

— O pai da Liz. — Meu comentário fez a caneca de café parar no meio do caminho para a boca. 

— Ele a viu?

— Sim. — Suspirei. — E talvez venha aqui mais tarde. 

— Você não está falando sério. — Falou incrédulo. 

— Todos os meninos estavam lá, Liz não quis desgrudar do Hobi. — Cocei a nuca com a mão molhada. — Então tive que prometer que deixaria eles virem. 

— S/N! — Seu provável discurso foi interrompido pela campainha. — Eu abro. 

— Não faça uma cena. 

Acompanhei em passos curtos o caminho até a sala, vendo-o abrir a porta para os sete que entraram. Como sempre, Hobi o cumprimentou com um toque de mãos e um sorriso. Se fazendo de bom anfitrião, Patrick estampou um sorriso falso no rosto e os guiou até a sala. 

Coloquei a tigela de frutas na mesinha de centro, sentindo os seis pares de olhos sobre mim. 

— Papa, você chegou. — Uma Liz sonolenta anunciou sua presença, agarrando na perna do padrinho que a ergueu no colo. 

— Fiquei sabendo que você deu um susto na mamãe hoje. — Ele comentou cheirando seus cabelos bagunçados. Abrindo os olhos e finalmente prestando atenção nas visitas, Liz sorriu. 

— Titio, você veio mesmo. — Estendeu os braços para Hobi, que se levantou para pegá-la. 

— Eu não prometi? — Ele disse com a voz doce e ela assentiu. 

— Você é o titio Jin e você o titio Jimin. — Ela apontou o indicador gordinho para os dois, que sorriam. — E os outros titios? Não querem dizer o nome para a Liz? — Tombou a cabecinha para o lado. 

— Liz ainda fala algumas coisas na terceira pessoa. — Patrick explicou. 

— Eu sou o titio Namjoon. — O líder se pronunciou primeiro. 

— Nam… joooon? — Perguntou fazendo um biquinho fofo, o que fez o coreano sorrir abertamente e assentir. 

— Eu sou o titio V. — Taehyung disse segurando a mão pequenininha entre os dedos. Liz repetiu o nome. 

— Eu sou o titio Suga. — Yoongi declarou, acenando por estar um pouco longe no sofá. 

— Açúcar? — Ela disse surpresa, o que causou gargalhadas nos outros. 

— Você pode chamá-lo de titio docinho. — Hobi sussurrou, causando uma carranca no amigo e uma risada em Liz. 

— E ele? — Apontou o dedinho para o último, que até agora apenas a encarava. 

— Esse é o titio Jungkook. — Patrick falou alto, dando ênfase no honorífico. 

— Não sei falar isso. — Ela lamentou depois de testar o nome e errar algumas vezes. 

— Pode chamá-lo de JK. — Hobi falou, desconfortável com o clima que havia se instalado. Liz tombou a cabeça para o lado, encarando-o com os olhos iguaizinhos aos seus.

— Pode? 

Jeon a encarou por mais alguns segundos, como se gravasse na mente a primeira vez que ela falava com ele diretamente, e então sorriu. 

— Você pode me chamar como quiser, querida. — Liz também sorriu, ficando ainda mais parecida com o pai. Derretendo todos eles com seu jeito encantador. 

Precisei voltar para a cozinha, tentando controlar a vontade de chorar que estava me atingindo.
Liz já era um lembrete constante da paixão unilateral e da decepção que Jungkook havia me causado, mas ele estar sentado em meu sofá, rodeado pelos seus amigos e interagindo com a nossa filha era demais para mim. 

— Você está bem? — A voz de Patrick soou atrás de mim.

— Estou. — Funguei. 

— Posso mandá-los embora. Liz vai esquecê-los rápido. — Massageou meus ombros. 

— Você sabe que isso não é verdade. — Lamentei. 

— O que vamos fazer?

— Jantar? — Tentei brincar. 

— Você me entendeu. — Bufou. Me virei, enterrando o rosto em seu peito e sendo abrigada por um abraço.

— Um passo de cada vez. — Pedi. Patrick respirou fundo antes de concordar. 

Eu sabia que ele estava odiando aquela situação. A presença, mesmo que mínima, de Jungkook nas nossas vidas parecia de alguma forma ameaçar sua posição na vida de Liz. Desde seu nascimento, o padrinho foi o único pai que ela conheceu. Patrick se dedicou a nós duas, sacrificou madrugadas para embalá-la, comemorou os primeiros passos, trocou mais fraldas do que se poderia contar.

Mesmo sem nenhuma obrigação. Ele não apenas cumpriu um papel que não era seu, mas o assumiu com amor e orgulho. E eu entendia o medo que estava sentindo agora, porque eu também estava com medo. 

Jungkook tinha dinheiro e recursos o suficiente para conseguir tirar de mim o meu bem maior se assim quisesse. 

— Não vou deixar nada acontecer. — Patrick sussurrou, como se lesse os meus pensamentos. 

Um pigarro chamou a nossa atenção. Na porta da cozinha, Hobi sorriu fraco. 

— O jantar chegou. — Explicou antes de virar de volta.

Sequei as lágrimas e forcei um sorriso. Patrick deu um beijo em minha testa e segurou minha mão, me puxando para a sala. 

Saindo do corredor dos quartos, Liz puxava Jeon e Jin pelas mãos, o mais velho usando uma coroa de princesa. 

— Por isso a Bela é a minha princesa peferida. Ela é inteligente. — Os dois assentiram, curvados para conseguir segurar as mãozinhas. 

— Gostei do seu novo estilo. — Briquei, fazendo Jin sorrir de forma envergonhada. 

— Vou contratar Liz como minha nova figurinista, ela tem futuro. — Brincou de volta. 

— Vamos comer? — Patrick perguntou. Liz soltou a mão dos dois, estendendo os braços para que o padrinho a pegasse. — Se comer tudo, vai poder assistir um pouquinho de desenho hoje. — Ele disse seguindo para a mesa. 

— Só um pouquinho?

— Só um pouquinho, mocinha.

 



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