*Buá! Buá! Buá!*
De noite se escutava um choro, ainda que parecesse sofrido, era uma expressão de alivio. Era meu choro aos meus 2 minutos após nascer, meus 2 minutos viva. Tudo um só borrão. Minha mãe, de lágrimas felizes e tristes ao mesmo tempo, talvez, eu – Filha de uma Kuran – tivesse também, algo parecido com meu pai, o puro-sangue que foi escolhido para ser o líder e representante dos vampiros e que foi morto há 15 dias de eu nascer. Me sobrara minha mãe, filha de Kuran Yuki e Kuran Kaname, meu tio filho da mesma mãe, porém de pai diferente – Kiryu Zero. E meu próprio avô, transformado pela minha avó em humano – Kuran Kaname, ainda assim, com seu rosto jovem de sempre, ainda não envelhecera, pois não se passou tanto tempo dês que despertara.
- É uma bela criança. – Disse Kaname, gentilmente
- O...Obrigada... – Disse minha mãe, meio fungando, meio gaguejando.
E assim, minha vida começou. Na noite em que a neve começava a se acumular, parecendo, não flocos, mas gotas que enchiam um vasto oceano e transformavam a densa floresta verde em uma imensidão branca e fria, porém aconchegante.
*5 anos depois*
Eu me lembro dos meus sorrisos e do meu avô de orelha a orelha. Enquanto meu sorriso era de alegria, ânimo, “Vovô” Kaname me entregava de mãos beijadas seu sorriso mais doce e gentil.
- Esse definitivamente vai ser o melhor Natal! – Eu disse quase saltitando
- E qual tipo de bolo você pediu para sua mãe, Yuuka? – Perguntou Kaname, quem sabe... toda sua gentileza fosse gerada de meu nome, ou até mesmo meus olhos e cabelo... Kuran Yuuka... Kuran Yuki...
- Monte Blanc! – Sorri, com minha doce inocência.
Meu relacionamento com Kaname...? Eu seguro sua mão, ele me guia, talvez seja isso. Uma reles admiração, um caminho no meio da mais densa neve.
- E... – Eu comecei a dizer animada, porém, minha mãe chegou, totalmente... desesperada.
- Kaname! Se esconda! Leve a Yuuka! – Ela estava suada, desgastada e cheirava a sangue.
Kaname estava com os olhos arregalados, mas logo voltou a seu estado pacifico, seu natural. Ele me pegou no colo saindo logo em direção a um quarto dos fundos... Um mausoléu...?
- Kana...
- E então, Yuuka? – Disse Kaname com indiferença aos fatos. Sempre... Sempre fingindo o sentimento em que é mais falso
- Não! Kaname! A minha mãe! Kana...
- Me morda. – Ele disse finalmente
Fiquei surpresa, horrorizada e inquieta com o que ele me pediu. De tudo que passou na minha pequena cabeça, que fielmente, acreditava que ele sempre pedira aquele mundo belo e estonteante dos humanos, praticamente se dissipou daquela ideologia. “Por quê?” – Eu me perguntava, mas os olhos... os olhos castanho-avermelhados dele me prendiam a seu olhar de maneira mórbida e fria. Engoli em seco. Nunca aprendera a usar direito minhas presas... e ele sabia disso.
- Yukka... sinta o cheiro do sangue. Ele lhe guiará, apenas... siga e sinta seus sentidos. – E mordeu seu lábio inferior até o sangue escorrer.
Meu coração começou a bater mais forte, era como se a minha pulsação e a sua se tornassem uma batida só. Sangue. Eu quero seu sangue. De qualquer maneira. – Isso não só era o que apenas passava pela minha mente, estava sendo bombeado para todo o meu corpo. Cheguei perto de seu pescoço, apreciei seu cheiro – era entorpecente – e comecei a lambe-lo. Minha boca clamava em ansiedade para por completo morde-lo, e foi o que fiz. Seu sangue era suculento... delicioso. Passava pelo meu corpo, misturava-se ao meu, definitivamente uma sensação anestesiante, ao ponto de me deixar fraca. Eu poderia viciar nisso. A não ser... pelas memórias de um garoto e uma garota idêntica a mim brincando nessa casa... – Me tirando de meus devaneios, me separei relutante ao ouvir o gemido de Kaname.
- Eu... Desculpe...! – Meus olhos, totalmente marejados com pesadas lágrimas salgadas.
Ele respirou fundo e me puxou, sendo agora a sua vez de se alimentar. Sua presa se fundiu a minha pele, aquela sensação... tão dolorosa e talvez quente... isso foi o que lhe causei...? E o que ele sente...? É o mesmo que senti...? – Mas não havia como pensar em tudo isso, sentir seu sangue esvair do corpo é uma sensação horripilante. Meus gemidos de protesto foram um pouco mais altos que os de Kaname, porém ele não parou até estar satisfeito. Minhas pálpebras se comprimiam em meio a tudo – “Minha cabeça está girando” – Todas as minhas memórias... de histórias que minha mãe contava sobre Kaname, seu sacrifício pelos caçadores – tornar seu coração o novo metal das armas anti-vampiros – e depois ser ressuscitado pela minha avó – que deu sua vida para mostra-lo um mundo de luz, ou de todos os meus natais observando seu sorriso mais que puro... Sumiram e finalmente... Kaname se separou.
- Lembra-se de mim...? – Ele me perguntou
- Onii-sama...? – Sussurrei
Eu agora era aquela garota, porém... de mente, corpo e alma diferentes. Eu era ela, mas ainda mantinha um pouco de mim.
- Yukka... – Kaname dizia meu nome com ternura, porém, houve um estalo e sua atenção voltou para o lado de fora.
Me deixou no mausoléu e partiu para ver o que aconteceu. Fiquei parada por uns estantes e lembrei de minha mãe, algo que me fez sair correndo, mas... quando cheguei... era tarde demais... Meu tio havia lutado bravamente e morrido como um guerreiro, minha mãe, que fez o possível, agora estava na neve enrubescida e embebedada com seu sangue. Kaname... Onii-sama a olhava de bochecha úmidas com um tom mudo.
- Onii-sama a mamãe... – Comecei a murmurar alto o bastante para que ele ouvisse
Apesar de quem se virou bruscamente e horrorizada foi minha mãe.
- K-Kaname...! – Disse ela em meio a soluços e tosses - O que você...?!
- O que lhe prometi. Se você morresse eu cuidaria dela... mesmo que, a causa dessa desavença toda, seja minha. Precisarei domestica-los, mais uma vez.
A expressão de minha mãe se suavizou e ela disse calmamente
- Por favor... Kaname... Cuide bem, muito bem, dela... – E então, seu olhar veio em minha direção – Se dê bem e obedeça seu irmão, ok...? – Ela disse com um sorriso gentil, mas receosa.
Ela respirou fundo mais uma vez e nos olhou com um sorriso gentil
- Mãe?! – Gritei desamparada
- Cresça linda e feliz... Yuuka – Disse suas palavras em suspiros e logo após se tornou poeira.
Eu comecei a chama-la. Primeiro calmamente e fui aumentando a intensidade de minha voz até se tornar algo incontrolável. Kaname-onii-sama me abraçou fortemente, enquanto eu chorava ao leito de minha mãe.
E foi assim em que acordei na primavera de 10 anos depois. Apenas recordando de tudo como se Kaname fosse meu irmão.
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