— Naruto! — Sasuke gritou irritado, já perdendo a paciência com a demora excessiva do namorado — adianta o lado, idiota!
— calma, vampirinho, já 'tô chegando! - respondeu do andar de cima, fazendo o Uchiha revirar os olhos perante o apelidinho ridículo, mas que no momento fazia total sentido.
Tudo isso começou com a notícia da festa à fantasia que Kiba estava organizando para comemorar seus tão almejados dezoito anos. Sasuke estava feliz pelo amigo, e mais feliz ainda por si mesmo, já que finalmente deixaria de ser o único maior de idade do grupo e enfim, pararia de passar sozinho todas as bebidas no caixa sempre que planejavam alguma social.
Isso sempre acabava rendendo olhares estranhos da atendente, que o encarava como se dissesse: “Coitadinho, tão jovem e já é alcoolátra!”.
Seria uma reuniãozinha mais fechada na casa do aniversariante, já que a mãe do Inuzuka conhecia muito bem o filho sem noção que tinha, e se Kiba por si só já era um perigo para a sociedade e bons costumes, imagine como seria ele estando legalmente alterado pelo álcool no meio de uma multidão? E como se já não bastasse, ainda contaria com a presença de Naruto e Rock Lee para incentivar qualquer ideia que passasse pela cabeça de jerico do garoto.
Sentia calafrios só de pensar nessa hipótese.
Até aí tudo bem, se tratava de uma festa sem muita gente, onde poderiam beber despreocupados com as consequências desastrosas que enfrentariam no dia seguinte, o que mais Sasuke poderia querer?
Mas é como dizem, alegria de pobre dura pouco, e por bem ou por mal — principalmente por mal nesse exato momento — Sasuke namorava com Naruto, e é óbvio que o Uzumaki não o deixaria ter uma noite tranquila e em paz.
Naruto estava insistindo há semanas para que ele mesmo escolhesse a fantasia dos dois, e por mais que Sasuke achasse fantasia de casal uma tremenda breguice, se o namorado fazia tanta questão, não iria matar ninguém deixá-lo se divertir, não é?
Errado.
Quando Naruto surgiu em sua casa na noite da festa, apresentando os trajes de Mavis e Johnny de Hotel Transilvânia, o Uchiha riu incrédulo, achando se tratar de uma brincadeira feita pelo idiota que chamava de namorado, e entrou em choque quando percebeu uma risada nervosa despontar no rosto do loiro, denunciando a seriedade da situação. Não sabia como e porque havia cedido — claro que sabia, nunca conseguia negar nada a Naruto — entretanto, quanto mais Sasuke encarava a fantasia composta por meias listradas e um vestido tubinho preto que que estava usando, mais tinha vontade de cometer um homicídio.
Iria matar Naruto.
— tá lindo, Sasukezinho. — disse Obito adentrando a sala com um balde de pipoca em mãos, apertando as bochechas de Sasuke em seguida, enquanto ignorava o olhar repleto de raiva que recebia.
— se você não tirar suas patas de mim eu arranco sua mão fora. — o Uchiha mais velho se afastou assustado com a resposta.
— cruz credo, hein, pra quê esse mau humor todo? Se for falta de sexo eu posso falar com o Narutinho. — respondeu em um tom provocativo, e o adolescente, mais uma vez, revirou os olhos.
Que os deuses o dessem paciência para lidar com Obito, já que aparentemente Naruto havia morrido naquele quarto.
— eu não sou obrigado a te responder, e aliás, você não tem casa não? — resmungou abrindo um sorriso maldoso, observando a cara de tacho do primo sentado ao seu lado no sofá da sala de estar. — só porque Kakashi e Rin te deram um fora, não significa que eu tenha que aturar suas besteiras.
— cruel como sempre, Sasuke. Cruel. — Obito resmungou ressentido, lembrando o motivo de ter ido até a casa dos primos.
Kakashi e Rin foram até uma palestra importante da faculdade de ambos, que cursavam psicologia, enquanto que Obito, um estudante de história da arte, havia ficado de fora da programação dos namorados.
Infelizmente, isso deixou o Uchiha sem alternativas, a não ser é claro, irritar Sasuke e Itachi.
— pronto, amor, agora já pode parar de amaldiçoar todos os meus antepassados. — Naruto desceu as escadas correndo, enquanto exibia o típico sorriso torto.
Uau. Foi a única palavra que passou pela cabeça de Sasuke enquanto encarava o namorado.
Naruto era lindo, ele mais do que ninguém tinha plena consciência disso, e não importa quanto tempo passasse, jamais deixaria de admirar a beleza do Uzumaki. O que não conseguia acreditar era que, de alguma forma, a camisa em tons vibrantes junto com a bermuda cargo e aqueles tênis ridículos haviam ornado perfeitamente com o loiro, o que na opinião de Sasuke, era um ultraje. Fala sério, Naruto conseguia ficar lindo sempre, por mais esquisita que a roupa fosse.
— você tá uma gracinha. — o loiro surgiu em sua frente e sussurrou no seu ouvido.
Se aproximou do rosto naturalmente pálido, mas que agora possuía um tom enrubescido, e então, quando estava prestes a selar seus lábios, sentiu uma mão surgir entre os dois.
— podem parar, odeio casais felizes. — Obito declarou ainda pressionando a palma de sua mão contra o rosto do Uzumaki, o impedindo de ter um contato mais íntimo com o Uchiha caçula.
— você também namora, Obito. — Naruto respondeu incrédulo, afastando-se com brusquidão do homem.
— é, mas eles não estão aqui. Além disso, eu disse que odeio casais felizes, não trisais felizes.
Naruto entreabriu os lábios, pronto para iniciar uma discussão, e honestamente, Sasuke não estava com paciência para mais outra competição de "sem noçãozisse" entre os dois, então decidiu interromper.
— ele tem razão, dobe — Sasuke concordou, percebendo o rosto de Naruto adquirir uma expressão emburrada. — além disso, você me obrigou a usar esse maldito batom preto, se me beijar vai borrar minha cara toda.
Naruto deu um gemido de frustração, o que fez Sasuke sorrir ainda olhando o rosto bonito em sua frente, logo dando um selar de leve na bochecha que continha as adoráveis marquinhas de nascimento, e isso fez o loiro poucos centímetros mais alto corar e Obito imitar um barulho de vômito.
— Tobi, você não tem casa não? — Itachi resmungou descendo as escadas e indo em direção à cozinha, que era separada da sala por um balcão.
Sasuke sorriu ao notar que o irmão tinha feito a mesma pergunta que si.
— nossa, eu venho aqui na maior boa vontade visitar meus priminhos queridos 'pra ser tratado assim? Se vocês não me querem aqui, avisem logo. — retrucou, dramaticamente ofendido.
Itachi riu com escárnio mexendo no piercing prateado que tinha na sobrancelha enquanto levava uma garrafa de água aos lábios, só então notando a presença do pai também surgir no cômodo principal, o fazendo se perguntar internamente se aquilo iria virar uma reunião familiar.
Ele realmente esperava que não, sua paciência para aturar Madara e Obito no mesmo ambiente já havia se esvaído a tempos.
— você fala como se fosse embora quando alguém pede. — Fugaku respondeu em um tom divertido, enquanto uma expressão de choque adornou o rosto de Obito, e os outros três gargalharam da situação. — levou um fora do Kakashi e da Rin de novo?
— cruel, titio. Cruel. — utilizou a mesma frase que já havia dito para Sasuke anteriormente.
O patriarca riu revirando os olhos — era tão parecido com Sasuke que chegava a assustar — e depois passou as mãos pelos cabelos do sobrinho, bagunçando-os, e repetindo o mesmo gesto nos outros três jovens presentes no local. Isso fez Sasuke corar emburrado, não querendo admitir o quanto gostava dos carinhos do pai, enquanto Itachi se limitou a um repuxar de lábios discreto e Naruto abriu o sorriso característico, tão brilhante que seria capaz de cegar qualquer um.
O celular no bolso de Naruto vibrou, e o Uzumaki não tardou de ir verificar de quem se tratava, por mais que já presumisse.
— ah, Sasuke, o Kiba acabou de mandar mensagem dizendo que só falta a gente lá. — falou atraindo a atenção de todos, enquanto olhava a mensagem no celular.
O Uchiha suspirou, questionando a própria sanidade mental.
— pai, qualquer coisa avisa 'pra mãe que hoje eu volto mais tarde. — respondeu arrastando o Uzumaki até a porta, parando prestes a abri-la após ouvir uma exclamação surpresa do homem.
— Sasuke! — provavelmente só nesse momento havia notado as vestes do caçula. — você virou e-girl?
Sasuke deu um suspiro frustrado ouvindo as gargalhadas altas — e em sua opinião, exageradas — de seu irmão e de seu primo. Virou o rosto em direção a Naruto e franziu o cenho ao notar que o namorado segurava a risada com tanta força de vontade que até mesmo seus ombros tremiam.
— tchau, pai! — gritou arrastando Naruto para fora do apartamento, onde ainda era possível ouvir as vozes de Obito e Itachi.
Pela vigésima vez somente na última hora, suspirou. Seria uma longa noite.
(...)
Sasuke achava que estava rídiculo, mas ao chegar na festa e ver fantasias tão genéricas, como mulher maravilha e superman, além de pelo menos dois palhaços bizarros que ele suspeitava se tratar de tentativas falhas de Pennywise, sua preocupação em ser quem estava com a pior fantasia passou rapidamente.
Mas entre aquele show de horrores, ainda haviam fantasias surpreendentemente bonitas, como a de Ino, que se aproximava sorrindo.
— vocês dois! Chegaram tarde, achei até que não viriam. — a loira colocou as mãos em um dos ombros de cada um, como um sinal de cumprimento, e Sasuke então pôde notar as vestes da menina mais de perto.
Tecidos esvoaçantes e brilhantes compunham uma saia curta em um tom de rosa pastel, que era complementada por um corset de mesma cor, além de um salto lilás com amarração. Seus cabelos normalmente presos, estavam soltos, no rosto da menina também era possível ver muito glitter, e em suas costas a presença de asas bem trabalhadas, em um tom de rosa mais vibrante que o da saia. Ela era uma bela fada, afinal.
— hm, queria eu ter faltado, melhor do que presenciar e passar por essa vergonha. — Sasuke murmurou mal humorado, ouvindo Naruto rir e dar um selar de leve em sua bochecha, o que fez Ino sorrir também.
— você é sempre tão dramático, Uchiha. - Ino revirou os olhos, achando graça. — convenhamos, poderia ser bem pior. Além disso, vocês dois estão adoráveis.
Assim que a Yamanaka finalizou a frase de consolo e deu as costas, ressoou por toda a casa um barulho muito alto, interrompendo a música que já estava tocando. Logo foi possível ter a visão de Kiba descendo as escadas em direção à sala principal, que devia ter umas vinte pessoas. O Inuzuka usava uma fantasia que parecia ser de lobisomem, e era possível ouvir um remix de “Só as cachorras” ao fundo.
Naruto riu com gosto da cena. Sasuke quis morrer.
— problemático. — conseguiu ouvir a voz arrastada de Shikamaru, que estava conversando com Gaara e Temari, há poucos metros de si.
— puta que pariu. — a exclamação incrédula da garota em questão também não passou despercebida. Sasuke decidiu que não poderia ter escolhido palavras melhores.
Não havia sentido tanta vergonha alheia na vida desde o dia em que pegou Itachi e Shisui fazendo voz de bebê um pro outro.
— já tenho um trauma pra debater com a psicóloga durante a sessão de terapia da próxima sexta. — Sasuke declarou observando o Inuzuka ir empolgado na direção de Shino, o que fez Naruto rir, ainda incrédulo.
— não sei porque você se surpreende, é o Kiba. - o Uzumaki disse como se fosse óbvio. — é a cara dele fazer algo assim.
— é, e a sua também.— o Uchiha reclamou, ressentido. — não sei por qual milagre você ainda não me obrigou a ir cantar contigo aquela músiquinha idiota no karaokê.
O loiro franziu o cenho em confusão, e em seguida, arregalou os olhos e deu um sorriso provocativo na direção do namorado ao entender do que se tratava.
Se aproximou do Uchiha, agarrando sua cintura e afundando o rosto no vão de seu pescoço, em um abraço caloroso. Sasuke então pode sentir leves selares serem distribuídos no local sensível, e uma mão atrevida apertar sua bunda com certa força e possessividade.
O moreno corou, não acostumado com esse tipo de contato em público, mas não verdadeiramente desconfortável, já que todos estavam tão preocupados em outras atividades que sequer prestavam atenção na interação do casal.
— oh, você quer que eu declare meu amor na frente de todo mundo, bebê? —Sasuke fez uma careta para o apelidinho forçadamente meloso. — felizmente, seu namorado é o último romântico do mundo, então o farei com muito prazer.
Sasuke não conseguiu evitar um gemido baixo de satisfação ao ouvir a voz rouca e suave sussurrar contra seu ouvido.
Maldito Naruto, ele sabia que esse era seu ponto fraco.
— se você fizer isso, eu juro que termino contigo aqui mesmo. — ameaçou sem falar sério, o que fez o Uzumaki rir baixinho.
O loiro se afastou levemente do abraço do Uchiha, só para então, tomar seus lábios com tanta vontade que fez o mais baixo dar um sobressalto, correspondendo na mesma proporção em seguida.
Afinal, não é como se pudesse evitar.
O gosto de Naruto, os leves sorrisinhos que dava conforme o beijava, a forma em como o pressionava contra si, o cheiro cítrico, a sensação da pele dele contra a sua. Cada detalhe que compunha o Uzumaki fascinava Sasuke de tal forma que em certos momentos, sua mente só poderia ser preenchida por ele.
Naruto era tão unicamente Naruto que Sasuke tinha vontade de permanecer em seus braços para sempre.
O loiro findou o beijo dando selinhos suaves em seus lábios, que logo passaram a percorrer por todo rosto do Uchiha, finalizando com um beijinho estalado na ponta do nariz, o que fez Sasuke sorrir abertamente, não se importando de estarem no meio de outras pessoas.
Sentiu Naruto pressionar a própria testa contra a sua, sorrindo da mesma forma apaixonada e brilhante de sempre.
— você é meu tchan, Sasuke. — poderia parecer uma frase boba, mas a seriedade no tom de voz do Uzumaki mostrava que não era só isso. Era também uma promessa, e Naruto o olhava com tanta adoração que Sasuke sentiu vontade de chorar.
— você também é meu tchan, idiota. E eu tenho sorte que seja.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.