SASUKE
Depois desse final de semana, confesso que os sentimentos ficaram um pouco confusos em mim, é claro que sempre tive uma queda por Sakura e ter ido procurá-la no domingo para me desculpar foi fundamental, mas até agora não entendo como fizemos até chegar naquele beijo... E por que ela correspondeu tão rápido? Pelas suas caras e bocas, suas respostas atravessadas e o sorriso de deboche que sempre me lançava, eu jamais imaginaria que ela fosse se derreter tão fácil em meus braços.
O seu cheiro de perfume de flor de cerejeira (óbvio), ainda estava impregnado em minha mente, todos os toques, todos os sentimentos transmitidos, as palavras ditas e não ditas... Tudo foi perfeito, o encaixe foi perfeito, como se nós dois já esperássemos muito por aquele beijo e ele só aconteceu.
Hoje eu fui para o internato pela manhã, mas à tarde tive aulas na Universidade, apesar disso não a encontrei. No começo imaginei que a turma dela talvez tivesse tido a aula cancelada por algum imprevisto, mas cheguei a ver Ten Ten e Hinata conversando animadamente dentro do Starbucks, então logo presumi que não a vi porque coincidência... Ou porque ela está me evitando...
Quando sai da faculdade a noite, recebi uma ligação de um número desconhecido. Geralmente eu recuso essas chamadas logo que as recebo, mas algo me disse que esse eu deveria atender.
— Alô?
— Estou falando com Sasuke Uchiha?
— Quem quer saber? — Não vou confirmar a minha identidade para um estranho a menos que eu saiba exatamente do que se trata... Nunca se sabe.
— Sou do Hotel Fazenda Konoha, gostaríamos de falar com o senhor Uchiha a respeito de um brinco que foi perdido nas dependências do Hotel, como não sabemos quem é o verdadeiro dono, mas sabemos que é da sua Universidade, decidimos contactá-lo.
— Ah, certo, vocês têm alguma novidade sobre o brinco?
— Temos sim, tivemos que drenar a piscina ontem por causa de alguns problemas de manutenção e um dos funcionários o encontrou. Ele está disponível para a retirada no lobby do hotel.
— Vocês ficam abertos até que horas hoje? — Perguntei olhando para o relógio. Se eu saísse um pouco mais cedo da aula hoje provavelmente conseguiria buscar o brinco.
— Às 21h fechamos a recepção, senhor.
— Perfeito, eu estou indo então.
— Certo, muito obrigada!
Saí da aula 20 minutos antes de ela acabar, peguei o carro e fui em direção a rodovia que ligava as duas cidades. Se me perguntarem porque estou saindo para uma viagem de ida e volta, sozinho, numa sexta-feira à noite ao invés de estar em algum bar com meus amigos, eu confesso que não saberia responder.
Acho que agi no impulso, só de imaginar o sorriso caloroso e os olhos brilhantes de Sakura ao ver que o brinco foi recuperado, já foi motivação mais do que o suficiente para enfrentar a rodovia intermunicipal sozinho.
(...)
Quando cheguei ao hotel, anunciei meu nome no lobby e perguntei sobre o brinco. Eles o haviam colocado em uma caixinha vermelha de veludo. Sorri agradecendo mentalmente o capricho que eles tiveram, isso tornaria a hora da devolução para Sakura em um momento muito mais especial.
Todas as mulheres que conheci eram detalhistas e se eu quisesse realmente tentar algo com a Sakura, precisava jogar com todas as cartas que eu conhecia.
Enquanto estava na estrada para voltar à capital comecei a me perguntar sobre qual seria o momento ideal para devolver o brinco. Eu poderia passar pelo apartamento de Sakura agora e devolvê-lo o mais rápido possível, mas eu também quero que esse brinco faça ela me enxergar com olhos diferentes... Talvez entregá-la agora não fosse o momento ideal.
No final das contas decidi que o guardaria no meu guarda-roupas até a segunda ordem, assim, quando eu quisesse impressioná-la eu teria essa carta na manga. Até porque eu sinto que o clima está meio frio entre nós... Não a vi hoje na faculdade apesar de saber que sua turma tinha aula. Sakura raramente faltava, pelo que Hinata contava através de Naruto, Sakura era tão obcecada pela faculdade que fazia o possível para se alimentar bem para garantir que seu sistema imunológico estivesse sempre forte o suficiente para que nada a impedisse de ir para a faculdade, nem mesmo um resfriado.
Senti um calafrio agudo ao pensar que se ela tivesse realmente faltado, o motivo pode ter sido mais grave e automaticamente uma imagem de Sakura em uma cama de hospital apareceu. Chacoalhei a cabeça de um lado para o outro como se estivesse apagando algo que escrevi errado. É claro que isso não aconteceu. Sakura era muito forte e se cuidava. Nada de ruim iria acontecer a ela... Nada de ruim poderia acontecer a ela.
SAKURA
O familiar ar gelado de São Paulo que conseguíamos pegar na parte externa da faculdade me trazia uma leve sensação de paz. Depois do final de semana caótico que tivemos com a Atlética eu aprendi a minha lição e entendi que o melhor mesmo que eu faço é ficar deitada na minha caminha enquanto leio livros e faço carinho na Chloe.
Durante o horário da manhã soube, através de Hinata, que Naruto estava no internato, ou seja, Sasuke também estaria, então passei a manhã com o espírito leve. Mas quando o período da tarde chegou eu comecei a me esconder de Sasuke e realmente acho que me dei bem, ele não me viu.
Sasuke é atraente, fisicamente e, o beijo de ontem, despertou sentimentos que eu jamais achei que sentiria novamente e é justamente aí que mora o problema. O amor não vale a pena, é um desperdício de tempo e muitas vezes de dinheiro também. Homens decepcionam mulheres, mulheres decepcionam homens, mulheres decepcionam mulheres e homens decepcionam homens... Em todos os tipos de relação amorosa, seja ela compostas por quem for, pessoas sempre irão decepcionar pessoas e isso ficou muito claro para mim depois de conhecer Sasori.
Por tanto, ninguém merece o meu amor, ninguém merece meus sentimentos ou minha entrega, porque vão fazer o que sempre fazem: brincam com meus sentimentos e depois me jogam fora, mesmo que Sasuke seja provavelmente o homem mais atraente da Terra, ele não vale a pena e ninguém mais vale a pena o meu esforço e devoção.
Hoje à noite teríamos o nosso típico encontro de Netflix e fofocas, decidimos em consenso que não poderíamos deixar de ter o encontro mesmo em época de provas, nossa cabeça pegaria fogo se não fizéssemos alguma outra coisa interessante além de estudar. O resto do final de semana passou tranquilo e logo iniciaríamos a segunda semana de provas.
Infelizmente, não consegui evitar Sasuke para sempre, na quarta-feira daquela semana nossos olhares se cruzaram, estava sentada em um dos puffs atrás de uma coluna na praça de alimentação e aquele cara conseguiu me ver de alguma forma. Eu mantive minha feição fechada, sem nenhum tipo de emoção no rosto. Tentei conscientemente transmitir a mensagem de que não estava interessada, mas não obtive sucesso.
— Por que está me evitando? — Sasuke perguntou com decepção e algum outro sentimento nos olhos que eu não conseguia decifrar.
— E por que você acha que eu estou te evitando? — Perguntei. Eu não iria admitir nada tão fácil assim.
— Você claramente está fazendo isso. Você está se escondendo, princesa. Agora a pergunta é: você está se escondendo de mim ou dos seus sentimentos? — Ele disse se inclinando para mais perto de mim. Foi como se ele lesse meus pensamentos. Não gostei nada dessa psicologia barata que me fazia sentir tão vulnerável.
— Longe de mim — empurrei-o suavemente — eles podem ver.
— E quem são eles? — Perguntou com um sorriso debochado no rosto.
— Eu não quero que ninguém me veja com você, pouco importa quem é.
— Você não respondeu à minha pergunta: de quem ou de que está fugindo? Está com medo que descubram que a sua reputação está arruinada? Que a princesinha ficou com o mal exemplo? — Ele disse se aproximando novamente.
— Eu não estou fugindo de nada — disse me levantando — aliás, para a sua informação que já faço terapia e essa sua psicologia fajuta não quer dizer nada para mim. Você está tentando me manipular para conseguir alguma resposta e... — Fiz uma pausa dramática — eu sinto muito, senhor Uchiha, mas você não terá essa resposta — dessa vez fui eu que me aproximei mais ainda de seu rosto e olhei para os seus lábios antes de dar um sorriso e sair.
— Essa conversa ainda não acabou — disse Sasuke um pouco mais alto para que eu pudesse ouvir da distância que já estava dele.
— Acabou sim. — disse andando já perto do elevador para subir até a biblioteca. Lá é o meu santuário e pelo menos lá eu sabia que estaria segura cercada de estantes cheias de livros e estudantes que estavam mais interessados em aprender o conteúdo dos livros do que fofocar sobre a vida alheia.
Os dias que se seguiram foram todos bem parecidos, provas, muito conteúdo para estudar, em alguns momentos ainda encontrei Sasuke, mas dessa vez ele estava sempre tão absorto nos livros que não dava muita bola para a minha presença, o que queria dizer que eu não teria também que criar formas de despistá-lo.
No sábado à noite, para comemorarmos o fim das provas, eu e as meninas combinamos de ir ao shopping. Estava doida para conhecer o novo restaurante que abriu e as meninas concordaram que era uma ótima oportunidade para se distrair. Resolvi encontrá-las de Uber porque eu não queria dirigir, então a noite seria realmente uma noite de relaxamento.
Chegamos ao restaurante e fomos bem atendidas, escolhemos as mesas que ficam próximas à parede porque as “cadeiras” dela são um sofázinho que parecia ser extremamente confortável.
Pedimos nossa comida, começamos a atualizar umas às outras sobre nossa vida pessoal porque nas últimas duas semanas a nossa conversa na faculdade era sempre sobre prova ou sobre a matéria da prova. Até que algo me chamou a atenção: um homem de cabelo preto, olhos pretos e assustadoramente parecido com o Sasuke recebeu um bolo de aniversário e todos em sua mesa começaram a cantar parabéns. Junto com ele havia um senhor e uma senhora com um pouco mais de idade e um cara que parecia ser da nossa idade. Como a luz do ambiente estava baixa eu não reconheci direito até que o seu rosto foi iluminado pela vela do bolo. Sasuke estava no mesmo restaurante e era questão de tempo até ele notar a nossa mesa.
Fingi que não havia o visto e continuei conversando com as meninas bebendo e me divertindo. De repente o garçom me trouxe uma sobremesa com brownie, sorvete de creme e doce de leite, todos os meus doces favoritos em um prato só. Perguntei a ele por que estava recebendo aquilo e ele só me disse que “um garoto de cabelos negros havia comprado para mim”. Depois que o garçom saiu imediatamente olhei para a mesa ao lado em busca de Sasuke, mas ele não estava lá, provavelmente já teria ido embora, o que me deixou triste porque confesso que parte de mim queria que ele tivesse me procurado um pouco mais essa noite, mas também, não posso culpá-lo, eu estava agindo como desinteressada... Por que eu não estou interessada, né?
Claro que não consegui fugir do interrogatório das meninas, me perguntando quem havia me dado essa sobremesa. Por sorte, o garçom disse que alguém havia me mandando bem baixinho e como elas estavam ocupadas conversando, elas não ouviram essa parte, então eu simplesmente disse que eu mesma havia pedido a sobremesa.
Quando saímos do restaurante a brisa fresca da noite brincava com os meus cabelos, as meninas começaram a chamar Ubers e eu fiquei ali esperando o meu que estava demorando bastante a aparecer... Fiquei sozinha e, ainda por cima, ele cancelou a corrida... Eu precisava encontrar outro rapidamente porque a noite começava a cair e não era bom que uma menina ficasse sozinha à noite no estacionamento de um shopping. Fiquei mais perto da entrada e recebi uma mensagem.
NOVA MENSAGEM DE SASUKE
“Já encontrou um Uber?”
Li a mensagem pela barra de notificação e estranhei, como ele sabia que eu estava esperando um Uber?
“Como você sabe disso?”
Perguntei completamente confusa.
“Sei não apenas isso, mas que você fica impecável de roxo”
De fato, o vestido que eu estava usando hoje era roxo, ou seja, ele estava em algum lugar do estacionamento me vendo.
“Cadê você?”
Perguntei e logo depois um carro parou ao meu lado, Sasuke abaixou o vidro e sorriu para mim.
— Está perdida, princesa?
— Por que você sempre me chama de princesa?
— Entra aí, já está muito tarde para as princesas ficarem sozinhas na rua.
Ele fez menção para que eu entrasse e assim o fiz. Eu não iria recusar uma carona sendo uma mulher sozinha àquela hora da noite.
Entrei no carro e percebi só tinha nós dois. Não contive a curiosidade e perguntei: cadê aquele pessoal que estava jantando com você?
— A princesa é observadora. — Ele disse com um sorriso amigável que retribui. — Aqueles eram meus pais e meu irmão, fomos comemorar o aniversário dele e decidimos parar para comer naquele shopping.
— Você e o seu irmão são muito parecidos. — Comentei.
— A genética dos meus pais é forte. Eles são do mesmo clã, mas de famílias diferentes. Por isso temos todos os mesmos olhos e a mesma cor de cabelo. — Ele disse e eu assenti, entendi que o assunto havia morrido.
— Deixa eu colocar o cinto pra você. — Sasuke se inclinou na direção do meu cinto e ficou com o rosto a centímetros do meu. Ele sorriu e eu fingi que não vi isso.
O caminho para o meu apartamento foi tranquilo, eu estava com um pouco de sono e acabei cochilando um pouco, o carro dele era preto e discreto, por ser um modelo esportivo antes de entrar não imaginava que seria confortável, mas quando sentei no banco mais parecia que era um banco que tinha sido feito para dormir.
— Chegamos ao seu castelo, princesa. — Ele disse.
— Por que você me chama de princesa?
— Por que você é uma. Linda, cheirosa, intocada... — A cada adjetivo que dizia ele chegava um pouco mais perto e dessa vez eu não estava nem um pouco interessada em recuar — angelical e uma beleza pura. Sem julgamentos, sem críticas... Apenas uma alma pura dentro de um ser de luz.
Confesso que apesar de brega, me peguei sorrindo a cada um dos elogios, Sasuke uniu nossos lábios fazendo carinho com o dedo polegar em minha bochecha. O beijo começou suave e me enganou por alguns segundos. Sasuke pareceu se dar conta de que eu não havia o empurrado e segurou o meu rosto com as duas mãos e me puxando para perto de si, o que trouxe mais intensidade ao beijo. De repente, sua boca começou a viajar depositando leves selinhos traçando um caminho que vai da minha bochecha até o pescoço. Ele alternava entre beijos e pequenos chupões no meu pescoço o que me fez arfar.
Voltou a unir nossos lábios e com uma das mãos livres começou a fazer carinho nas minhas costas por baixo da minha blusa, o toque de suas mãos em minha pele me fez arrepiar, o que o fez sorrir durante o beijo. Quando ele tentou descer a mão para mais perto da minha bunda eu sorri e quebrei o beijo.
— Muito obrigada pela carona, príncipe. Nos vemos – disse e saí do carro rapidamente enquanto sorria e caminhava em direção a portaria. Dei uma última olhada para trás enquanto fechava o portão, Sasuke estava completamente atônito sem entender o que aconteceu, ou talvez, sem acreditar que eu tive a coragem de sair sem olhar para trás daquela situação.
Era melhor que mantivéssemos nossos desejos controlados por enquanto, ambos sabíamos que não ia passar disso ou, pelo menos, eu sabia.
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