Pela primeira vez na vida, Simon se encontrava completamente sem palavras. Sabia muito bem que deveria falar alguma coisa, afinal, Jeanette acabara de lhe dar um beijo, mas tudo que o garoto conseguia fazer era abrir e fechar a boca repetidas vezes. Jeanette ergueu as sobrancelhas, esperando por uma resposta que muito provavelmente não seria nada coerente. Apesar disso, foi ela quem quebrou o silêncio.
- Estou perdoada?
- Sim – respondeu Simon, os olhos azuis arregalados. Jeanette sorriu em resposta, satisfeita com o sucesso de seu plano. Enfim tudo se resolvera.
***
Alvin sempre se considerou um garoto muito confiante, porém agora, a caminho de seu primeiro treino de futebol após a suspensão, estava se sentindo nervoso. Realmente não queria encarar o treinador, e muito menos Chris, que também voltava do castigo. Como já previra, teve que encarar ambos, já que o Sr. Macmillan estipulou um intervalo de dez minutos para o time inteiro, obviamente querendo falar com Alvin e Chris em particular. Ele sinalizou para os garotos o seguirem até as arquibancadas, tentando ignorar os olhares curiosos dos outros jogadores.
- Meninos, acho que vocês sabem porque eu quis conversar com vocês dois, sozinhos – começou o Sr. Macmillan, e ambos assentiram. – Eu vou deixar vocês aqui enquanto o resto do time vai treinar normalmente, e vocês não vão sair daqui até fazerem as pazes.
- O QUÊ? – Os dois garotos gritaram em uníssono, e o treinador massageou as têmporas, tentando afastar a dor de cabeça que o acometia como um furacão.
- Alvin, Chris, por favor, colaborem! Vocês sabem que são meus caras mais habilidosos, e eu preciso que vocês trabalhem em equipe – implorou o treinador – Eu preciso de vocês dois na melhor forma possível se quisermos ganhar a final. É o último ano de vocês no colégio e eu sei que vocês querem ganhar dessa vez.
Com isso, o treinador se levantou e voltou até a quadra, e o resto do time fingiu estar se aquecendo, disfarçando o fato de que estavam tentando ouvir a conversa.
Depois de cinco minutos de um silêncio extraordinariamente tenso, Alvin se manifestou.
- Então...
- Então. – Chris respondeu. Era evidente que ele esperava um pedido de desculpas, mas Alvin não estava disposto a isso.
- Desculpa por ter lhe dado uns socos na cara, mas acho que você mereceu.
Chris riu, incrédulo, mas Alvin manteve a falta de expressão, impassível, em seu rosto.
- Alvin, me diz que você está brincando. Se tem alguém que mereceu uns socos na cara nos últimos meses foi você. – Chris retrucou, e Alvin levou as mãos ao peito, indignado.
- Eu? O que foi que eu fiz?
- Faz um tempão que você tá colocando o time na segunda mão, gastando toda a sua energia nessas viadagens de grupinho musical, e...
- Uou, uou, uou – interrompeu Alvin – Tá bom que eu não dei toda a minha atenção pro time, mas não tem nada de errado em gostar de cantar também.
- Ah, qual é, Troy Bolton, isso aqui não é High School Musical, onde você tem que escolher entre basquete e cantar e todo mundo vai lhe apoiar no fim! Cresce e faz uma escolha!
- Por algum motivo, eu não estou nada surpreso por você saber a história inteira de High School Musical. – Alvin brincou, e Chris enrubesceu, furioso. – Chris, acho que quem tem que crescer é você. A única promessa que eu posso fazer é que eu vou me esforçar mais com o time, mas eu não vou largar a competição. Se você abrisse essa sua cabeça oca e tentasse entender o que eu e meus irmãos estamos fazendo, talvez você aceitasse melhor minhas decisões.
Chris pareceu pensar por alguns segundos, tirando os cabelos castanhos do rosto.
- Acho que eu posso lidar com isso. – Respondeu por fim, e Alvin assentiu.
- Então nós estamos bem o suficiente pra voltar pro treino, não? – Alvin se levantou, desesperado para acabar com aquele diálogo constrangedor.
- Sim. – Chris respondeu, estendendo a mão, e Alvin apertou.
Ao descer das arquibancadas, mesmo um pouco de má vontade por ter sido forçado a fazer as pazes com Chris, Alvin não pôde evitar de se sentir muito confiante. Pelo menos sabia que não estava fora da grande final. Para ficar ainda melhor, precisavam passar pela fase de Associações Musicais, e com isso, finalizaria seu último ano escolar em grande estilo.
***
Eleanor guardava seus materiais no armário mais alegre do que nunca. Apesar de ficar mortalmente ofendida se alguém lhe chamasse de fofoqueira, não podia negar que adorava uma boa fofoca. Jeanette havia lhe contado que beijara Simon na escadaria da sala de música, e Eleanor não podia esperar para contar para alguém. Sua vítima fora Theodore, violentamente puxado pelo pulso.
- Ai, Eleanor, o que foi? Precisava me matar de susto? – Theodore perguntou, assustado, e Eleanor saltitava, risonha.
- Você ficou sabendo? Você ficou sabendo? Você ficou sabendo?
- Do quê? – Theodore quis saber, visivelmente curioso.
- Simon e Jeanette... embaixo da escada... se beijando! – Ela gritou, e Theodore arregalou os olhos.
- Sério?
- Seríssimo. Juro de dedinho.
- Embaixo da escada? Isso não dá sete anos de azar? – Theodore questionou, e Eleanor riu.
- Acho que não, a superstição não funciona pros apaixonados – ela cantarolou.
- Eleanor, como você fica sabendo dessas coisas? Você instalou câmeras pelo colégio ou o quê?
- A Jeanette me contou, bobinho.
- Ah, e você não pôde esperar pra contar para alguém. – Theodore ironizou, e a garota o fulminou com os olhos.
- Tá me chamando de fofoqueira? – Eleanor perguntou, e Theodore ergueu os braços em sinal de rendição.
- Por que vocês dois estão fofocando aí? – Perguntou Simon. Eleanor e Theodore saltaram de susto, pegos em flagrante, e Eleanor sorriu, na maior cara de pau.
- Estamos falando de você!
Simon ergueu as sobrancelhas, questionador, mas decidiu ignorar.
- Theodore, você está pronto pra ir? O Dave tá esperando lá fora.
- Sim, sim – Theodore respondeu, apressado. – Até amanhã, Ellie.
- Tchau, Theo! – Ela respondeu, antes de olhar maliciosamente para Simon. – E tchau, Simon...
Enquanto saíam pelo portão, desviando de massas de alunos esperando por carona, Simon resolveu sondar seu irmão.
- Por que vocês estavam falando de mim?
- Eu não acredito que você não me contou nada. O que é isso, você não me ama mais? Aposto que você contou pro Alvin e eu sou o último a saber. – Theodore ignorou suas perguntas.
- Contei o quê, criatura?
- De você e a Jeanie. – Theodore respondeu em um tom ofendido. – Namorando.
- Theodore, primeiramente, eu... eu não contei pro Alvin, você é o primeiro a saber. – Ele começou a responder. – Provavelmente o segundo, porque a Ellie sempre sabe de tudo. E a gente não está namorando.
- Não? – Questionou Theodore, surpreso.
- Eu ia pedir ela em namoro, mas eu meio que não consegui dizer nada a não ser “ahn”.
Theodore riu.
- Logo você, que sempre tem uma resposta pronta pra tudo.
- Aliás, de onde veio esse interesse súbito pela minha vida? – Retrucou Simon. – Até onde eu sei, você nunca gostou de fofocas.
- Acho que eu estou passando muito tempo com a Eleanor. – Theodore respondeu com uma careta, e Simon assentiu. Dave buzinou para ambos, já que estavam demorando demais, e eles entraram no carro sem mais delongas.
***
Brittany se levantou, tristonha, dos bancos do ginásio, onde teve que apenas assistir o treino de cheer novamente. Era algo que realmente lhe chateava – antes, estava no topo da pirâmide, mas agora, não iria nem participar da temporada de competições por estar com o joelho lesionado. Teria que se contentar em apenas, se tivesse sorte de melhorar até lá, dançar na final do futebol. Mas era tão frustrante! Era seu último ano de colégio e não poderia competir com a equipe, o que era infinitamente mais desafiador do que dancinhas simples em um jogo escolar. Além do mais, Brittany era muito competitiva. Logo, lhe restava apenas uma competição para ganhar.
A garota levantou devagar, cuidando para não se machucar mais, mas com fogo nos olhos. Eles precisavam vencer as finais.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.