A madrugada chegava devagar, o vento que passava pelas persianas era maldoso de tão frio, do vidro enorme da janela eu podia ver as árvores quase dançarem pela ventania. Lá fora o tempo estava instável, mas não mais que eu naquela casa de madeira, tudo isso porque eu sentia que meu alfa poderia chegar a qualquer segundo.
Nossa alcateia passava por um mau momento, o que levou nosso Lúpus a tomar uma decisão difícil, nossa aldeia precisou se dispersar para não ser tomada por outra maior. Foi uma decisão corajosa, poucos líderes teriam essa coragem e humildade para colocar seu povo acima do orgulho, mas Namjoon sempre foi um bom Lúpus. Meu alfa, sendo seu braço direito, teve que acompanhá-lo nas inúmeras viagens em busca de aliados e ajuda, durante esses vinte dias que ele esteve fora eu rezei para que as outras aldeias tivessem sido misericordiosas para lhe oferecerem abrigo e comida.
Desde que partiu, ele não recebeu e nem fez nenhuma ligação, o único rastro que eu tinha dele era a voz robotizada de sua caixa de mensagens e mais nada. Porém há duas noites atrás eu senti minha marca gelar e meu corpo se aquecer, ele havia me marcado na costela, não era algo ruim, a marca me dizia que ele estava próximo, porém eu não conseguia destinguir o quanto.
Desde então não consigui mais dormir, o chalé que ele havia conseguido para nossa morada temporária era grande, mas se tornava minúsculo com as minhas crises de insônia e ansiedade. Eu esperava a cada minuto, a cada segundo, a cada instante para sentir seu cheiro de avelã, mas nada acontecia.
Eu o sentia perto, mesmo sem nenhum rastro físico de sua presença.
Saí do quarto enrolado em um lençol, trazendo o travesseiro dele comigo, as luzes estavam apagadas, mas o escuro não me incomodava. Havia uma poltrona marrom próxima a janela, acompanhada de uma mesinha de madeira escura - como o restante dos móveis dessa nossa nova casa - onde se encontrava um pequeno abajur bege que acendi só pelo costume.
Era ali que ele lia e escrevia suas canções, era bom na rima e me desafiava quando tinha vontade. Naquela poltrona eu me sentava em seu colo, tentava rimar em seu nível, ganhando beijos interminável e afagos, sendo depois de um sucesso ou de uma falha.
Ah, sim, fazíamos amor ali também, quando surgia a vontade de colocar algo promíscuo nos versos curtos.
"Por onde será que anda o nosso alfa?" - Era a pergunta que o meu lobo interior fazia todos os dias.
Sentei-me naquela poltrona memorável, encolhi neu corpo no lençol e agarrei o travesseiro. Apesar de vinte dias sem ele, seu cheiro ainda estava na fronha, na roupa de cama e na camisa que eu havia roubado do seu lado do guarda-roupa.
Pingos grossos de chuva riscaram o vidro da janela, seguidos de um clarão no céu. O pântano estava inquieto, por causa doz ventos fortes, pequenas ondas se formavam no lago em frente ao chalé o que trazia o cheiro de terra molhada e fragrâncias misturadas das plantas. Forcei meus olhos um pouco mais, para tentar ver algo além do breu que se instalou quando a lua se escondeu, mas foi em vão.
"Será que ele tem onde se abrigar?" - Meu lobo, Naro, queria fugir de meu interior para fazer uma busca, eu podia sentir, mas eu não podia permitir que ele saísse. Era perigoso eu ficar literalmente sozinho, sendo um ômega, sem meu alfa e sem o meu lobo por perto.
Eu podia sentir pela marca que ele estava bem, mas isso não era o suficiente para me tranquilizar, até porque o meu medo de tempestades atrabalhava meu plano de me manter calmo. Mesmo tendo a audição pouco aguçada por seu um ômega, eu conseguia ouvir os bichos da floresta ao redor procurarem por abrigo. Corujas entravam nas ocas das árvores, os sapos se enterravam na lama, os jabutis entravam nos cascos e os mamíferos se escondiam embaixo das árvores de folhas esparsas. Em todas as espécies, alfas protegiam seus ômegas.
"Onde está o meu alfa?" - Dessa vez ele foi mais possessivo, pois, consequentemente, o lobo do meu alfa era o alfa do meu lobo.
- Calma, Naro, calma. - Sussurrei esfregando a palma da mão em meu tórax, conversando e tentando acalmar meu lobo interior, eu fazia isso desde que éramos filhotes.
Puxei o travesseiro para ainda mais perto, colando meu nariz na fronha azul para intensificar o aroma de avelã em mim, fechei os olhos e me concentrei apenas naquilo. Meu lobo pareceu gostar, diminuindo o ardor que causava em meu peito toda vez que se agitava. O cheiro conseguiu me entorpecer e ficou mais forte e úmido, o que fez meu corpo se aquecer e se arrepiar ao mesmo tempo.
Fui tirado do meu transe por duas batidas extremamente fortes na porta do chalé, o ardor no peito voltou, pois Naro entrou em alerta. Tentei ouvir algo, mas a chuva, agora torrencial, atrapalhava minha audição. Por instinto, fui correndo atender, abrindo a porta sem nem hesitar uma vez sequer.
Então ali estava ele, meu alfa, ensopado dos pés a cabeça, com as roupas pesando o dobro por causa da chuva que pegara em sua jornada. Ele parecia cansado, os fios negros grudados na testa, com as gotas escorrendo por todo seu rosto.
- Seokie! - Chamou.
Puxei seu corpo para mim, notei que o cheiro forte e úmido não era da fronha e sim de sua presença. Suas mãos geladas alcançaram minhas costas, adentrando minha camiseta, e seu nariz grudou em meu pescoço. Ele estava matando a saudade do meu cheiro.
- Por onde esteve? Você vai ficar doente com essas roupas. - Digo por cima de seus lábios que já estavam colados nos meus. - Eu sabia que estava perto, Naro sentiu você, a marca sentiu. - Deixo pequenos selares antes de me afastar.
- Eu sei, Zao também sentiu. - Afastou-se e segurou meu rosto.
Atrás dele, as patas pesadas do lobo negro gigante fizeram força na pequena varanda para uma breve reverência para mim. Zao era um lobo um tanto galanteador, sempre foi.
- Você o deixou sair? - Sorri para Yoongi, indo até o lobo.
"Não é como se ele tivesse escolha sobre o meu paradeiro." - Zao disse para mim calmamente, sua voz era real apenas em meu pensamento. - "Bom ver você, Hoseok, senti saudades."- Bufou pelas narinas, aproveitando minhas carícias. - "Liberte o meu ômega, preciso vê-lo."
Sorri ainda mais, aquela frase aqueceu meu coração, não só por Naro, mas por mim também. Alfas não dominavam seus lobos como os ômegas, eles é quem eram dominados.
Fiz um carinho entre as orelhas de Zao, seu focinho ficava bem na altura do meu rosto, dando-me uma bela visão de seus olhos cinzentos e brilhantes, ele amava meus carinhos. Então eu me concentrei, sem precisar de muito esforço, para que Naro pudesse sair de mim e participasse desse reencontro.
Em instantes a figura do meu lobo pardo se fez ao meu lado, ele cheirou Yoongi em desespero e logo foi de encontro a Zao. Eles uivaram e rosnaram um para o outro, significando que haviam sentido saudades também, eu conseguia ouvir os pensamentos de Naro em minha mente, era desesperador. A ligação dos lobos era muito mais forte, nós híbridos possuíamos apenas uma porcentagem significativa disso, bastante significativa, aliás.
- Não, Zao, está chovendo e nós podemos adoecer. - Yoongi diz de repente.
- O que foi?
- Zao queria levar Naro para a floresta, eles queriam curtir a chuva e matar a saudade. - Tossiu um pouco. - Mas não acho uma boa ideia, se eles ficarem na friagem a gente pode gripar, não seria bom ficar doente sem a alcateia reunida e...
"Eu sei, só foi uma suposição." - A voz grave do lobo negro ecoou alta e firme em minha mente.
- Então volte para dentro, eu preciso de um banho quente e do meu ômega agora. - Yoongi pediu, Zao rosnou. Seu lobo tinha um temperamento difícil, assim como ele.
"Eu sou seu lobo, não você o meu." - O alfa avisou em tom rude. - "Não esqueça disso, Suga."
Zao ainda o chamava pelo apelido que o dera quando ainda eram filhotes, mesmo quando brigavam, uma demonstração de amor involuntária que ambos os alfas negariam se alguém os acusasse. Teimosos!
- Eu preciso de você para não adoecer por causa dessa maldita chuva, era isso que você queria ouvir?- Yoongi elevou a voz e, assim, tossiu novamente. - Não seja tão prepotente, Zao! - Apertou o punho, estava mesmo irritado.
Eu sabia que aquilo era só pirraça entre os dois, que no fundo eles pensavam do mesmo modo, mas uma tensão com o lobo interior podia assustar, ainda mais uma tensão de alfas.
- Zao. - Decidi, então, me meter. - Entre por favor. - Pedi com a voz fraca pelo frio. - Eu preciso cuidar do meu alfa, hm? Preciso cuidar de você. - Afago suas orelhas felpudas novamente.
Nessa hora Naro não estava mais presente, coloquei-o para dentro antes que pudesse se manifestar, ele não ficou muito contente com isso, então começou a esquentar meu corpo de dentro para fora. Ofeguei um pouco, sentindo uma vontade impulsiva de ter o meu alfa ali mesmo, sobre aquele temporal, mas tratei de me controlar, pois aquela vontade não era minha, era do meu lobo birrento.
Dessa forma, para tranquilizar minha respiração, acarinhei Zao de leve para que ele me ajudasse a acalmar seu ômega.
"Vou fazer por você, ômega." - Disse por pensamento, mesmo sabendo que Yoongi podia ouvir também. - "Por você."
Zao me amava do mesmo tanto que amava Naro, assim como eu o amava e amava Yoongi. Uma ligação mútua.
Então, em questão de segundos a figura negra foi se desmanchando em minha frente, passando do corpo sólido para uma fumaça densa, até desaparecer por completo. De relance, olhei para Yoongi e sorri, ele tinha um vestígio de cinza em seus olhos escuros, como um filete de luz fosca, revelando a agitação de seu lobo que tinha acabado de se recolher em si.
Suspirei e fui até ele, abracei seus ombros, utilizando meu calor dobrado de ômega para esquentá-lo. Yoongi não era alto, não tinha uma super força ou o físico padrão de um alfa, mas sua personalidade forte, seu lobo rebelde e sua boca suja supriam tudo isso, tanto que ele era o alfa de confiança do nosso líder. Por esta razão, era surprendente vê-lo tremer sob meus braços, batendo dentes, com os lábios trêmulos e roxos raspando um pouco abaixo do meu queixo.
- Vamos. - Sussurro quando um trovão ecoa ao sul do pântano. - Você precisa de um banho quente.
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O dia já estava clareando, mas não havia aquela luz amarelada dos raios de sol, o céu estava completamente fechado por nuvens cinzas e ainda chovia muito. Yoongi estava no banho fazia alguns longos minutos, havia me deixado encarregado de arrumar a nossa cama para que eu pudesse esquentá-lo. Espiei mais uma vez a floresta pela cortina e vi que o nível do rio havia subido bastante e que a chuva já estava alagando o pântano aos poucos. Era assustador.
Fui até a cama, afastei o edredom, apalpei os travesseiros e me sentei no seu lado com os joelhos dobrados, queria que sua parte estivesse quente o suficiente quando ele viesse se deitar. O que não demorou muito, pois a porta do banheiro se abriu, revelando meu alfa que vestia apenas uma calça de um pijama meu, justo o que tinha a estampa mais ridícula, mas que o deixava bonito mesmo assim.
Yoongi veio correndo em minha direção, mas não me empurrou para se deitar plenamente em seu lado da cama como eu esperava, melhor que isso, ele foi arrumando espaço entre o colchão e meu corpo, até estar encaixado entre minhas pernas, com as costas coladas em meu peito. Não perdi tempo, logo agarrei seu corpo e alisei seus braços com as mãos para passar meu calor para ele.
Encostei minhas costas fechei meus olhos, inspirando e expirando com força e de maneira lenta. Repeti várias vezes e isso pareceu ajudar Yoongi que agora aparentava estar mais tranquilo.
- Está melhor? - Cheiro seu cabelo úmido.
- Agora estou. - Beijou meu braço.
Ficamos ali, ouvindo o barulho da chuva e apreciando a presença um do outro. Vez ou outra, grunhidos ou rosnados escapavam de Yoongi, eram seus sinais involuntários de satisfação. Isso me fazia sorrir e apertá-lo ainda mais contra o meu corpo.
O tempo passava, o clarão do dia ia ficando mais forte, mas o sono não chegava para nós dois. Por diversas vezes eu tentei fechar meus olhos, em todas essas eu falhei, talvez pudesse ser nossa euforia ainda acesa em nosso peito, ou o cansaço excessivo que não nos deixava pregar os olhos.
O som dos pingos grossos havia diminuido, agora apenas uma garoa fina era ouvida no telhado. Acariciei a região do pescoço do meu alfa para ver se ele conseguia adormecer, seguindo de leve por sua nuca e clavícula com minhas unhas curtas. Apenas um carinho.
- Seokie. - Murmurou, levantando a cabeça para me olhar.
-Hm. - Olhei para baixo, vendo seu rosto um pouco mais de perto.
- Seokjin está esperando um filhote. - Revelou com a voz falha.
Aquela notícia era tão boa, mas ao mesmo tempo muito preocupante. Seokjin era o ômega do nosso Lúpus, meu melhor amigo, ele já havia engravidado uma vez, mas o filhote se foi antes de nascer, antes mesmo de ter um cheiro. Foi aí que o nosso problema começou, nossa alcateia ficou de luto por um bom tempo, foram os piores meses que rondaram a nossa aldeia.
Lembro de como Namjoon ficou quando soube da notícia, fui eu quem lhe contei após ajudar Jin a se recuperar do aborto espontâneo naquele banheiro apertado. Namjoon teve problemas sério com seu lobo, perdeu a direção em sua liderança e foi obrigado a deixar a alcateia nas mãos de Yoongi, abandonando seu posto por um certo período. Mesmo se sentindo honrado por este cargo, meu alfa - assim como todos os outros membros de nossa aldeia - se sentiu extremamente triste por nosso líder ter tomado aquela decisão.
Durante todo o tempo Yoon se sentiu um traidor em sua liderança temporária, como se a lealdade que tinha jurado a Namjoon tivesse sido ferida - Zao foi o primeiro a se incomodar - como uma traição, pois ali não era seu lugar. Ele era um apoiador do Lúpus, esse era o seu cargo.
- Hoseokie, Jin está no terceiro mês e Namjoon já está tendo problemas com o Kira. - Kira era o lobo do Lúpus. - Eles estão com medo, Kira não se manteve no interior dele em nenhum momento da nossa viagem. - Sua voz era baixa e temerosa.
- Como Kira estava? Ele es-estava bem, irritado ou triste? - Pergunto, já assustado.
- Não sei. - Suspirou e voltou a olhar para frente. - Ele se mantinha sempre distante, mas acho que Zao conseguiu algumas palavras quando eles iam fazer a ronda de segurança do nosso acampamento. - Bufou magoado. - Namjoon chorou nessa última noite, chorou sozinho quando tivemos que nos separar para voltar para casa. - Minha boca já estava aberta pelo choque e meus braços apertavam Yoongi com mais força. - Ele tentou esconder, mas eu ouvi, Seokie!
- É só uma fase. - Digo imediatamente. -Quado ele sentir o cheiro, hm, é isso, quando ele sentir o cheiro do filhote tudo irá melhorar. - Beijo seu ouvido cim minha boca trêmula pela ansiedade. - Vamos ficar bem, reunir nossa alcateia e dar a volta por cima disso tudo. - Pisco para espantar as lágrimas. - Você vai ver, alfa, vamos ser prósperos novamente.
Eu sabia que em algumas reações minhas havia muito do jeito de Naro, ele era assim, calmo. Tinha sido ele a me ensinar a ser otimista, alegre e compreensivo, éramos o encaixe perfeito para Yoongi e Zao que eram impulsivos, com um humor peculiar e bastante realistas.
Yoongi foi afrouxando meus braços de leve, virando-se de frente para mim, seus olhos estavam marejados e suas bochechas pálidas agora tinham um tom quente. Ele estava sentado sobre os joelhos e com as mãos apoiadas nos meus, em um movimento rápido, puxou minhas panturrilhas para frente, o que fez meu corpo deslizar pela cabeceira. Agora eu me encontrava completamente deitado no colchão macio, com seu peso sobre mim.
Suas mãos sustentavam seu corpo, apoiadas entre meus ombros, em seus olhos negros haviam filetes de cinza e sua respiração estava tão pesada que me lembrava as bufadas de Zao. Esse era o meu alfa.
- Senti sua falta. - Sussurrou. - Obrigado por ser o meu ômega, não sei o que faria sem você ao meu lado.
- Yoongi...
- Shh, não proteste, essa é a verdade e ela precisa ser dita. - Beijou o meio dos meus olhos. - Eu amo você, Jung Hoseok. - Sussurrou e riu baixinho. - Muito.
Seus lábios finos tocaram os meus, foram dois selares até sua língua invadir minha boca, ele fazia tudo sem pressa, causando um tremor em minha barriga. Com um das mãos acariciava meu cabelo, enquanto me beijava, ia descendo aqueles dedos espertos pelo meu pescoço até chegar no cós da minha camiseta - que na verdade era dele.
Yoongi se sentou na cama e me puxou para si, sem cortar nosso beijo, conseguiu tirar minhas roupas, deixando só a cueca fina. O frio lá fora já não me incomodava, pois nosso quarto estava fervendo, ele grunhia de lábios colados e apertava minhas costas e cintura como se eu fosse fugir. Para mostrar que eu não iria a lugar algum, arranhei sua nuca com a ponta dos dedos, deixando mordiscadas em seu maxilar. A intensão era tranquilizá-lo, mas não foi bem isso que aconteceu.
Regulando sua força de alfa, Yoon me empurrou de volta ao colchão para que ele pudesse se despir. Descubri que ele não vestia cueca quando seu pau teso se revelou ao baixar a calça, sorri contido, pois ele nunca fazia isso. Yoongi voltou para cima de mim, rasgando o tecido branco da cueca que eu vestia, rindo baixinho no meio do nosso beijo afoito, mas logo o divertimento teve seu fim. Uma fricção loucamente gostosa se fez presente entre nós, gemidos baixos sairam de minha boca como se fossem um segredo, enquanto ele se manteve mudo, mas com a boca aberta.
- Yoon-ah. - Resmunguei, revirando meus olhos.
Minha costela ardia, era marca reconhecendo os toques do meu alfa, mas não era algo ruim, era intrigante sentir aquelas fisgadas, era prova de que Yoongi era vivo em mim. Arfei e gemi arrastado quando senti seu toque abaixo do ventre, era firme e lento, do jeito que eu gostava, do jeito que eu sempre gostei. Entres mais gemidos e arfares, Yoongi falava como eu o deixava duro e como ele queria me foder, hm, sim, ele amava me dizer promiscuidades na nossa transa.
Envolvi minhas pernas em seu quadril e xinguei algum palavrão quando senti meu líquido escorrer entre minhas nádegas, seu lobo sentiu o cheiro forte e o fez arregalar os olhos, já completamente cinzentos. Eu sabia que ele não iria poder esperar um pouco mais e tive a certeza disso quando se posicionou em minha entrada.
- Ah, Seokie. - Fechou os olhos e encostou a ponta em mim, sentindo o escorregadio do meu líquido em nossa pele. - Eu nem coloquei e você já está me sujando. - Sorriu travesso.
Yoongi estava brincando comigo, matando toda a saudade. Senti sua glande procurar espaço em mim, mas recuar antes de achar, era esse o seu jogo. Ele foi colocando aos poucos e tirando tudo, não se importando com as minhas suplicas, com o meu cheiro forte, ou com os meus olhos alaranjados pelo meu lobo agitado. Nada disso parou Yoongi que estava ainda fora de mim, encarando-me com um humor sombrio nos lábios. Eu ia dizer algo, mas, sem avisar ou dar indícios, ele colocou tudo de uma vez, fincando os dedos em minha coxa, gemendo rouco e xingando sabe lá Deus quem.
Estocou uma vez e parou, gemi pela onda de prazer e agarrei o lençol com os dedos dos pés, embriagando meu alfa com o meu desespero. Então ele fez de novo e repetiu os movimentos bem devagar, nossos gemidos já estavam sincronizados e nossas presas estavam expostas também. Ele continuou, seguindo seu próprio ritmo, aumentando a velocidade tão sutilmente que eu sequer notei como as estocadas se tornaram intensas e os gemidos altos.
- Isso, Seokie. - Ele não conseguia me beijar devido aos movimentos rápidos, por isso só encostávamos nossas línguas e lábios. - Goza comigo.
Fechei os olhos com força e puxei Yoongi para mim, meu corpo respondeu ao seu pedido, tremendo e jorrando toda minha tensão em nossos abdômens, mas também se retraindo e gritando quando meu alfa gozou e seu nó se fez dentro de mim. Eu tremia dos pés a cabeça, agarrado a Yoongi, com meu corpo dormente, apenas resmungando pelo orgasmo intenso.
- Ca-Calma, hm, já vai passar. - Beijou minha testa, enquanto sua glande inchada ainda estava unida a mim, causando uma dor leve.
Quando o nó se desfez, ele saiu de mim com cuidado, se jogou seu corpo mole ao lado e me pucou para si. Fechei os olhos quando senti beijos leves em meus cabelos e suspirei.
- Bom dia, Seokie. - Foi a ultima frase que ele disse, antes de bocejar e me apertar um pouco mais.
Quase na altura da porta aberta do quarto, vi a figura do lobo negro se formar como uma miragem de costas para mim, seu pelo estava arrepiado e bilhoso, estava lindo e elegante naquela negritude sedosa. Eu podia advinhar que sua língua estava para fora pelo ritmo de sua respiração, quase da altura da porta, ele caminhava para a cozinha em busca da saída mais proxima da casa.
Zao não se viraria para pedir que eu libertasse Naro, pois ele respeitava o meu momento, mas ao mesmo tempo eu sabia que ele queria ter o momento dele com seu ômega após o orgasmo dessa madrugada. Eu era marcado por Yoongi, sentia tudo que ele sentia, que o meu lobo sentia e, por consequência, o que Zao sentia. Então eu apenas permiti que Naro se externasse antes de fechar meus olhos e, finalmente, dormir.
| ♧ | ♧ | ♧ |
Chegamos na casa do campo atrasados, todos já estavam lá comendo, conversando e se divertindo. Na caminhada pela entrada gramada da propriedade, tomei um susto grande quando senti a cabeça de Haru, o lobo do meu filhote, trombar em minha coxa ao passar corrento. Olhei para Yoongi que apenas riu e apertou minha mão, antes de soltar Taehyung de seu colo, que logo saiu correndo atrás de seu lobo.
Nosso Taetae e nosso Haru eram pequenos alfas, o que nos preocupavam um pouco, pois eram muito novos para saber quando um lobo devia, ou não, se expor. Meu filhote ainda tinha quatro anos, mas já era bem bagunceiro, além de que seu seu lobinho de pêlos caramelados era bastante curioso e tudo queria explorar.
- Tae, cuidado. - Peço, mas só ouço seus gritinhos eufóricos mais a frente. - Haru, vá com calma!
"Haru." - A voz grave de Zao se fez presente em nossa mente.
Taehyung e seu parceiro pararam a brincadeira de imediato, causando divertimento em Yoongi. Zao foi até eles e abocanhou seu filhote pelo pescoço, sacudindo-o de leve, enquanto o levava até a entrada do sítio. Meu alfa também não perdeu tempo, deu dois passos largos e tomou nosso filhote nos braços.
- Papai, o Haru achou formiguinhas. - Sorriu.
- Eu vi, mas vocês têm que tomar cuidado, grandes exploradores. - Riu da careta de Taehyung. - Não podem sair correndo desse jeito.
- Sim, vocês podem se machucar. - Aperto o narizinho dele. - Agora vamos, hoje Jeonggukie faz aniversário, hm?
- Ya! - Bateu palmas. - Bolo!
- Sim, bolo. - Yoongi olhou para frente. - Olha lá o Kira, Taetae, ele quem veio nos receber.
Desde que Namjoon sentiu o filhote, ele e Kira se acertaram, no fundo, aquilo tudo era apenas mágoa pela perda do primeiro. - Ele e o lobo se sentiam impotentes por não ter conseguido salvá-lo, mesmo isso não estando em seus alcances - Daí em diante tudo prosperou, nossa alcateia ganhou uma nova aldeia que era em volta dessa casa de sítio, de Namjoon e Seokjin, conseguimos aliados para nos manter fortes e muitos filhotes vieram depois; como o pequeno Jeongguk, o meu Taehyung e o filhote de Jaebum e Yongjae, que nem tinha cheiro ainda no ventre do ômega. Acabou que tudo deu certo, assim como eu desejara.
O lobo marrom estava parado bem na frente da festa, sentado em uma pose elegante, esperando nossa chegada. Assim que nos viu, fez um reverência ao dobrar uma pata dianteira e se levantou, ele era centímetros maior que Zao e tinha os olhos amarelos, mas um tanto avermelhados.
"Vejam só quem chegou." - Sua voz forte veio em nossa mente. - "Bem-vindos, só faltavam vocês."
"Olá, Kira." - Zao diz com Haru na boca. - "Desculpe o atraso."
"Onde está Naro?" - Olhou em volta. - "Hoje é um festejo, mas eu não o vejo por aqui."
- Eu não o libertei hoje. - Estalo a língua. - Tehyung tomou, praticamente, todo o meu tempo, Kira.
"Então o faça agora, toda a família deve estar reunida, hoje estamos em festa." - Ordena.
Eu não seria capaz de me negar a uma ordem do Lobo Lúpus, ele era o nosso real alfa, a decisão dele era lei. Por isso respirei fundo e deixei que meu lobo se fizesse presente, este que cheirou Zao e tomou seu filhote para si, tirando-o dos dentes do alfa e o colocando entre suas patas. Naro sentiu o meu temor por um possivel esporro do nosso líder, por isso cheirou minha cabeça para me mostrar carinho e confiança.
"Bom, agora sim, sejam bem-vindos ao aniversário de cinco anos dos meus filhotes, Moon e Jeongguk." - Deu espaço para que nós passassemos e nos seguiu.
Havia muitas cores naquele jardim, além de alguns convidados, incluindo os lobos. Assim que nos viu na entrada, meu hyung veio em nossa direção com um sorriso de orelha a orelha, sua barriga de oito meses estava marcada pela blusa, mas ainda assim ele estava incrível.
- Até que enfim. - Riu, abraçando Yoongi e eu ao mesmo tempo. - Pensei que nunca fossem chegar.
- Está tudo tão bonito. - Olho em volta. - Não está, Taetae?
- Sim! - Meu filhote gritou e bateu palminhas, era a sua mania de bebê.
- Seokie, eu já volto, ok? - Yoongi beija meu ombro. - 'Me dão licença por um momento?
- Claro, claro. - Jin responde. - Fiquem à vontade.
Yoongi me entrega Taehyung e se afasta, indo em direção aos velhos amigos. Nossa alcateia não era grande, apesar de crescer a cada dia, então havia apenas algumas mesas, apenas os íntimos. Jin se sentiu confortável e foi me puxando para a sua que descobrir ser a minha mesa também, nela estava Namjoon que segurava o aniversariante no colo.
- Oi, Hope. - Sorri pelo apelido. - Bom ver você.
- Oi, Namjoon. - Olho para Jungkook. - Oi, meu pequeno ômega.
- Oi. - Escondeu-se em Namjoon.
- Não quer dizer ao seu papa Jin e ao tio Hope o que você decidiu? - Namjoon pergunta ao seu filhote tímido. - Diga, lobinho.
- O quê? - Jin pergunta, já sorridente.
- Ele escolheu o nome do nosso pequeno alfa, amor. - As covinhas do Lúpus era como uma camuflagem para seu real instinto.
- Jura? Então diga, filhote, qual é o nome do seu irmão? - Jin estava prestes a chorar. - Você escolheu?
Jungkook assentiu, coçou os cabelos lisos de maneira acuada e se escondeu no peitoral do pai alfa. Taehyung olhava tudo bastante curioso, com um sorriso sapeca escondido, alguma coisa ele estava pensando.
- Diga, querido. - Encorajo o pequeno ômega.
- Meu irmãozinho alfa é Jimin! - Sorriu colocando as mãozinhas no pescoço de Namjoon. - Jimin é um nome bonito e meu irmão vai ser bonito.
- Vai nada. - Tae reclama. - Chimin' não vai ser bonito.
- Vai sim. - O ômega faz um beiço de choro. - E você não sabe falar.
- Sei sim! - Tae cruza os braços
Nesse instante, os filhotes, Moon e Haru, vieram correndo ao longe, entrando por debaixo das mesas, jogando tudo que viram pela frente para o ar, causando um alvoroço só. Duas bolinhas - talvez um pouco grande demais - de pêlo, uma branca e outra caramelada. Mark olhava tudo com seu filhote recém nascido nos braços, tentando entender, assim como Baekhyun que escondia o rosto no peitoral de Chanyeol, seu alfa, para não rir na cara dura.
No canto da festa, meu olhos cruzaram com o perigo, Yoongi, Zao e Kira observavam a cena com a pior das expressões. Os filhotes estavam tão temerosos, com os rabinhos entre as pernas, assim como Tae e Kookie que estavam encolhidos e escondidos em seus respectivos colos, que ninguém se aguentou. O jardim foi preenchido por risadas frenéticas de todos, jovens, crianças e idosos, até mesmo os lobos riam em pensamento. Olhei novamente para o meu alfa, ele agora apenas mantinha um sorriso bobo e um olhar engraçado sobre mim.
- Eu te amo - Falou sem emitir som e deu uma piscadela. - You're my hope. - Soprou um beijo e foi em direção ao lobo do nosso filhote, que fazia sua melhor expressão com o olhar para tentar reverter sua situação com Zao.
Estávamos em paz.
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