O caminho até o local onde Carmen Sandiego pretendia ir foi silencioso e bem desconfortável, diga-se de passagem, enquanto Devenour prestava atenção na estrada enquanto Júlia observava a Ladra pela tela do aparelho instalado no carro.
Julia a observava mas não prestava atenção no que realmente deveria fazer com ela, se a encontrasse, deveria prende-la sem hesitação, mas será que conseguiria? Não sabia, na verdade não queria saber, estava torcendo para que, quando chegassem no local, a garota não estaria mais lá, e se estivesse, que conseguisse fugir.
Não queria caçar Carmen Sandiego, não queria correr atrás dela, Júlia sentia que isso não fazia sentido, que já não era uma questão de bem ou mal, era só uma questão de vingança, a Ladra rubra (teoricamente) traiu a A.C.M.E, então ela precisava ser capturada, sem mais nem menos
Não era isso que Júlia queria, ela queria sentir que está do lado certo, do lado dos mocinhos, até porque estão perseguindo uma ladra internacional, mas não se sentia bem, nada parecia certo, sentia que só estava crumpindo ordens de um superior, como se fosse uma máquina
Estava odiando isso
Julia só queria poder dizer pra si mesma que estava tudo bem, que estava fazendo o bem, mas não dava, já tentou, mas não se convencia
Largou um suspiro pesado quando percebeu que chegou ao seu destino. Um estádio de luta livre, não acreditava que tinha perseguido a garota até aqui.
"isso não faz sentido, o que Carmen Sandiego estaria fazendo em um estádio de luta livre? Não tem nada pra roubar aqui"
"Aham" seu parceiro pigarreou e apontou para os troféus dourados presentes na estrada do estádio.
Ah claro, os troféus
Mas pra que? Por que Carmen iria querer levá-los? Eles não parecem serem tão valiosos ao ponto da Ladra querer pegá-los para si, então, talvez fosse outra coisa, talvez ela realmente esteja tirando umas férias e só veio aqui pra assistir a luta, provavelmente ela gosta desse tipo de coisa.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo homem anunciando o início da luta, sinceramente, não queria estar lá, mal prestou atenção nas coisas que estavam acontecendo, até que, de novo, seus pensamentos foram interrompidos pelo seu parceiro
"La femme Rouge!!" Ouviu o agente gritar ao mesmo tempo que apontava para a garota correndo em direção às portas do fundos daquele lugar, Júlia suspirou mentalmente, sabendo onde isso tudo ia dar, ou melhor, já deu
"Vá atrás dela! Vamos encurralá-la!"
Claro meu querido parceiro, é claro que, mais uma vez, eu vou começar uma perseguição inútil e sem contexto porque ela é nossa inimiga número um, a A.C.M.E odeia ela, consequentemente eu odeio ela, certo?
Errado
Argent não odeia, nunca odiou e provavelmente nunca ousaria odiar a ladra rubra, não sem motivos óbvios aparentes
Mas tinha motivos óbvios aparentes
Ela enganou a chefe e invadiu o sistema de uma agência secreta, tinha motivos de sobra pra odiá- lá
Mas então por que não conseguia? Por que sentia que aquele ocorrido foi um mal entendido? Por que queria dar outra chance a Carmen? Por que confia tanto nela?
Suspirou, não sabia, e odiava isso, odiava não ter uma resposta, precisava entender o que estava acontecendo consigo mesma, e sabia que pra entender deveria ser imparcial, deveria parar de agir como se Carmen Sandiego fosse a inimiga.
Notou só agora que tinha perdido a ladra de vista, e de novo ela tinha sumido, como sempre fazia. Suspirou cansada, não estava no pique pra procurá-la agora, talvez nem nunca.
Avisou então a Devenour que tinha a perdido, e que se ela, em algum momento esteve aqui, já tinha se safado.
Outra caçada, outra derrota
Era sempre assim, localizavam Carmen Sandiego, iam atrás dela, ela corria e desaparecia, sempre falhavam, mas sempre tentavam de novo, era um ciclo vicioso, e não aguentava mais esse ciclo vicioso.
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Os agentes voltaram para o hotel onde estavam hospedados em silêncio total, era melhor assim, Júlia não estava com vontade de falar sobre nada, ela só queria deitar e dormir, descansar um pouco seria ótimo pra sua cabeça agora.
Por que tudo tinha que ser tão complicado na vida dela? Era tão frustrante, porque sabia o que queria.
Sabia que seu coração não estava mais naquele jogo estúpido de gato e rato que nunca resultava em nada produtivo
Suspirou, a jovem agente queria gritar e sumir pra nunca mais ser encontrada, e consequentemente não precisar lidar com esse dilema.
Chegou ao apartamento e já foi correndo pro quarto e se jogou na cama, tinha pensado demais.
Queria dormir, precisava dormir
.
.
.
Não conseguia dormir
Pegou o travesseiro e jogou na parede pra descontar a raiva, estava ficando paranoica, precisava se decidir, precisava de uma resposta, então faria ela aparecer agora
De um lado, a gente tem a razão e o óbvio, trabalhava para uma agência que estava a procura da maior ladra internacional que já existiu, era o coreto a se fazer, prender uma criminosa
Mas do outro lado tinha sua intuição e seu coração, sentia que nada daquilo era certo, que deveria continuar acreditando na inocência de Carmen Sandiego, sem motivo aparente, era só o que o seu coração dizia, e era o que queria.
"Eu não posso decepcionar a chefe desse jeito" disse a si mesma, sentia que, dessa forma, estaria traindo tudo o que trabalhou pra conseguir.
"Mas não me é o que eu quero"
Não é o que queria
Não gostava daquilo
Não queria mais aquilo
Suspirou de novo, levantou da cama e se olhou no espelho, sabia o que deveria fazer.
Não aguentaria nem mais um dia tendo que brincar de gato e rato mais uma vez, há tinha se decidido
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