No hospital, em um dos quartos do segundo andar, havia um garotinho a beira da morte, ele havia sofrido um traumatismo craniano e sua cabeça estava quase inteiramente enfaixada. Conseguia respirar apenas com aparelhos, não sabiam mais quanto tempo ele vai resistir.
Do lado da cama, havia um garoto de uns 16 anos, ajoelhado ao lado do irmão. O sentimento de culpa era muito grande, não sabia se aguentava. Por um momento observava o vidro que separava o leito do corredor, via o pai conversando com um dos médicos que estava atendendo seu filho mais novo.
“Ele não vai durar muito, já pode ir se despedindo dele, sinto muito... Mas fizemos tudo o possível”
Foi o que o garoto ouviu antes do seu pai se derramar em lágrimas agarrando o médico e gritando que não era justo, que o seu filho não merecia. O que obviamente era uma hipocrisia, sabia que seu pai não sentiu remorso quando viu o que aconteceu. A frase que disse a Michael entregava quem ele era de verdade, uma pessoa muito ruim.
“Eu estou orgulhoso de você filho! Seguindo os passos do papai, agora entendo o motivo de dizerem que você se parece tanto comigo” foram com essas palavras que fez o adolescente despertar, parecia ligar os pontos, mas ainda precisava de mais provas. Mas no fundo sabia que diferente do pai, ele tinha empatia, tinha arrependimento. Voltou a olhar ao irmão e então começou a falar com uma voz embarcada:
— Você pode me ouvir? Eu não sei se você pode me ouvir. — Michael pega na mão do seu irmão, talvez na esperança dele responder. — Onde quer que esteja... Eu sinto muito...
Michael chorava quando viu que não tinha respostas, foi aí que percebia que os batimentos do garotinho diminuíam pelo monitor. Era algo desesperador, não queria o perder, mas já era tarde de mais. Era possível ver que não havia mais atividade cerebral, tudo formava uma linha infinita, por último o coração.
Uma lágrima escorria no olho que não havia sido enfaixado, ele estava morto. Mesmo assim os médicos entravam desesperados para tentar o reanimar, mas era inevitável a resposta. Seu irmão estava morto, por sua culpa, prometeu para si mesmo que pararia de ser um cara arrogante e que tentaria ajudar os outros.
No subconsciente do garotinho morto, ele parecia não querer morrer, mas não tinha mais forças, queria desistir. De repente escutou uma voz vindo do além, era a mesma voz do seu ursinho de pelúcia, aquele com a voz do seu pai.
“Eu vou te reconstruir!”
“Eu juro que irei!”
Parecia ser uma promessa, o garoto apenas escutava a voz da tal entidade, não sabia se acreditava. Ele não tinha conserto, ele estava morto, talvez se tornando uma alma penada. Evan queria paz, não queria mais sofrer, mas parecia que algo segurava a sua alma, parece que ele não terminou a sua missão.
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William já havia notado elementos estranhos, depois de já ter derramado aquelas lágrimas falsas pela morte do filho. Realmente estava triste por perder uma peça do seu tabuleiro, mas estava mais para frustração, ele não se importava com o filho sem ser por interesse próprio.
William notou que de alguma forma seu filho ainda vivia dentro do animatronic, isso ele também havia ligado com o comportamento estranho de Puppet que sempre atacava ele ou qualquer adulto sem ser o Henry. Ele ligou os pontos, de alguma forma as crianças estavam vivas, vivas dentro daqueles robôs. Mas por quê crianças? Será que ele deveria ir atrás? Seria uma forma de imortalidade?
Para achar essas respostas, William pesquisou em todos os lugares possíveis, pesquisou estudos de grandes químicos e físicos. Parecia andar em círculos procurando por algo realmente importante, passava dias em seu escritório tentando procurar uma possível respostas para esse fenômeno, precisava estudar eles.
Enquanto isso, a Fredbear’s Family Diner havia se fechado depois de três anos aberta, mas outra havia se aberto. Uma pizzaria que prometia ser a maior, com novos animatronics, muitas novidades. Nesse momento já iria fazer dois anos da última tragédia naquele antigo estabelecimento que se encontra agora abandonado, mas todos fingiam que aquilo nunca existiu.
Henry havia voltado, mas ficava mais quieto em seu canto, não que não fosse assim. Estava isolado em seu escritório enquanto era o seu sócio que gerenciava tudo como sempre, voltaram a ser aquela velha dupla, compartilhando as mesmas dores.
William já planejava algumas formas de recriar o experimento, iria sempre a sua empresa e ficava talvez uma semana inteira por lá, como se tivesse construindo algo. Ninguém realmente sabia o que se passava na cabeça daquele homem, o mesmo que parecia muito chateado em não continuar com a Freddy's, forçando abrir uma nova.
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Em um sábado, William havia decidido visitar o amigo que não saia de casa fazia um bom tempo, talvez fosse o seu ego falando mais alto para ver aquele que tinha chamado de amigo se destruindo por ele mesmo. William se divertia com aquilo, parecia gostar de ver a melancolia, gostava de assistir a morte, era algo misterioso e observar a dor era o que queria para pesquisar.
Ele fingia acolher o amigo, o jeito que ele agiu quando a Charlotte havia desaparecido, um jeito que também parecia se preocupar com a criança que ele sabia que estava morta escondida entre os sacos de sacos de lixo e sucatas que havia atrás do restaurante. Era até engraçado a demora da polícia de conseguirem a encontrar enrolada nos braços robóticos de Puppet, estava tão óbvio que talvez fosse o cheiro dos restos de comida que desmascararam o cheiro do pequeno corpo se decompondo.
Havia apagado todas as provas que poderia o incriminar: as câmeras estavam em mal funcionamento por conta da chuva, as roupas que usou para cometer o assassinato haviam sido descartadas, deu um jeito de sumir com a arma do crime. Sem contar que havia montado a imagem de bom moço, ninguém iria suspeitar de um homem viúvo criando sozinho três filhos e que ajudava a comunidade de alguma forma.
Quando chegou na casa de madeira onde o amigo morava, bateu em sua porta esperando o amigo abrir. Depois de alguns minutos, uma mulher aparecia, era a irmã de Henry, provavelmente estava lá para cuidar do irmão. Jen era uma mulher um tanto complicada, se preocupava muito com o irmão mais novo e tinha suas suspeitas com o cara em sua frente.
— Não é um bom momento para você vir aqui.
— Apenas vim ver o meu sócio. — respondeu o homem.
— Você sabe que não é muito bem vindo por aqui. — disse Jen.
— Mas o que eu fiz? Sou só um homem de negócios. — William disse de forma pomposa, precisava manter seu disfarce.
— O jeito frio que você agiu depois da morte do seu filho me deixou com uma leve suspeita de você, forçado de mais para um pai que perdeu o filho.
— Bobagem, cada um tem seu jeito de lidar com o luto, tenho o meu jeito. — respondeu o homem. — Quer saber, vou embora. Outra hora tento conversar com o Henry, mas diga a ele que eu passei por aqui.
O homem então deu meia volta e se dirigiu ao seu carro novamente, entrando nele e indo embora logo em seguida. Jen fechou a porta, não se sabe depois disso se ela conversou com o irmão sobre a visita repentina do amigo. Bom, aquele início de verão havia começado a ficar mais mórbido com o passar do tempo.
Os pais de Susie estavam em um processo de divórcio, isso talvez fosse um problema para uma garota de 10 anos como ela que tem uma imaginação bastante fértil. Sua irmã mais nova, Samantha, se incomodava com isso, achava que a irmã vivia positiva até de mais a maior parte do tempo. Tudo isso por causa da sua mãe que sempre lhe contava histórias e inventava fantasias sobre o divórcio dos pais, o que Samantha já não acreditava.
Susie também tinha um cachorrinho de pelagem creme, um labrador filhote, era o seu melhor amigo depois da ida do seu amigo Evan. Seu companheiro que tanto adorava e sempre esteve do seu lado nos piores momentos, ela adorava aquele cachorrinho, seus pais fizeram bem em adotar aquele animal para fazer a filha feliz.
Só que houve um acidente, enquanto Susie estava na escola, o cachorro conseguiu fugir talvez para seguir a dona. Mas um carro vinha em alta velocidade, não viu o cachorro, quando freou já era tarde, o cachorro já estava morto. Os pais de Susie quando viram aquilo não sabiam como contar a filha sobre isso, talvez inventar que ele foi para o céu de cachorrinhos, mas talvez seria bobagem.
Seus pais contaram para ela, cada um uma versão. A mãe contou que o cachorro fugiu, que estava em um lugar melhor agora. Seu pai foi mais cético falando que ele foi atropelado, que ele morreu.
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Cassidy ainda sentia falta do seu amigo, tinha raiva do que Michael fez, mas de alguma forma o encontraria, seu aniversário estava próximo e era como o destino levando os dois a se encontrarem no mesmo teto. A garota com a pouca idade que tinha era bem teimosa, seus amigos tinham um certo medo dela por ser bastante temperamental.
Seu aniversário seria comemorado na Freddy's, ao lado de seus amigos, deveria estar feliz por ganhar um bolo enorme de chocolate e com recheio de morango, além de cerejas o enfeitando, mas sentia que algo ruim iria acontecer. Talvez ela estivesse certa, algo ruim estava por vir, algo perigoso rondava ela e seus amigos, alguém que queria o seu mal.
Jeremy era outro que estava sofrendo com o divórcio dos pais, eles ignoravam sua existência, só estavam interessados em brigar. Tinha oito anos quando seu pai bêbado o deixou na Freddy's, no aniversário de um dos seus amigos, ao mesmo tempo o garoto gostava de lá.
Seu pai não parava de falar durante o caminho que iriam se mudar, iriam se resolver, na inocência o menino pensou ser sério. Mas foi largado de qualquer jeito na pizzaria, esperava o pai voltar, já havia se passado horas e nenhum sinal dele. Ficava nos arcades, era um lugar mais isolado onde poderia ficar em paz.
Fritz era um garotinho agitado, gostava de visitar a Freddy's com sua família, amava brincar nos arcades. Adorava o Foxy, era o seu animatronic favorito, estava com a sua família na festa de aniversário de um colega na Freddy's minutos antes da sua vida ser interrompida.
Era um menino alegre, cheio de vida, cabelos ruivos e muito encantado com as coisas. Sua vida sempre foi incrível, vivendo aventuras junto com seus pais. Tinha só nove anos, seu maior sonho era ser um grande explorador, mas infelizmente não teria essa chance.
Gabriel era um garoto de dez anos, pele negra e sempre foi bem tímido, nunca foi de sair muito de casa. Único lugar que ele gostava era a Freddy's, afinal qual criança não iria amar aqueles animatronics fofos?
Ou pelo menos era o que todo mundo achava, mesmo depois de tudo, mesmo depois da filha do proprietário aparecer morta atrás da antiga pizzaria, mesmo o filho do outro dono acabar na cabeça de um dos mascotes do restaurante. Ainda assim a pizzaria continuava de pé, todos amavam.
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Talvez fossem as crianças...
Talvez elas fossem uma ótima contutora dessa energia tão desconhecida por ele...
O dia que planejou chegou, era uma quarta-feira, durante a noite. Eram duas festas de aniversários, um lugar bastante movimentado na Freddy's, mas não impediria seus planos. Havia se trancado em seu escritório, pegando o traje do coelho amarelo para cometer o ato, tinha planejado cada passo. Seria difícil indentificar o causador, afinal ele estava mascarado, não geraria suspeitas.
Saiu do seu escritório diferente, vestindo o traje do Bonnie amarelo, iria abordar as crianças mais fáceis. Avistou Susie que estava na área dos arcades, parecia triste, tinha acabado de receber a notícia que o seu cachorrinho havia morrido, mas sua mãe disse que ele fugiu. William se aproximou da sua pressa, a garota percebeu e mesmo assim tentou o ignorar.
— Olá doce garotinha, o que houve? — perguntou o coelho de forma animada.
— Não quero responder...
— O que posso fazer para animar a senhorita? Será que balões, bolos?
— Não tem nada que me anime...
— Então me conte o que te deixa tão abalada, prometo que guardo seu segredo.
— Quero o meu cachorrinho de volta...
— E se eu te dizer que eu sei onde ele está?
— Mas papai disse que ele morreu.
— Bom, papai mentiu, eu sei onde você pode o encontrar!
Essa foi fácil, ele a levou para os fundos, para a partes e serviços, trancou a porta, pegou uma faca e perfurou a sua garganta para a impedir de gritar, a golpeou novamente só que no coração. Não pretendia se sujar tanto de sangue, mas parecia gostar daquilo, de ver a vida dela ir embora. Ele deveria continuar, deveria pegar novas crianças, apenas a deixou encostada em algo de metal, no escuro não dava para distinguir tão bem, logo foi atrás da próxima vítima.
Jeremy foi o segundo, ele também estava na área dos arcades. Foi mais difícil de o convencer, mas conseguiu chamar sua atenção dizendo que seu pai veio o buscar, infelizmente era mentira. Foi trancado naquela sala, esfaqueado da mesma forma que Susie e largado naquela sala para morrer no frio e sozinho.
Não se sabe quem foi sua terceira vítima, alguns contam que talvez seja Fritz, outras que foi Gabriel. Mas só se sabe que ele apareceu na frente do palco e chamou a atenção de um garoto, o levou para os fundos, o esfaqueou e o largou lá dentro de algum dos animatronics reservas.
William estava adorando, mas sabia que deveria parar, já começou com a paranóia de ser um dos principais suspeitos. Iria terminar o serviço, retirando a fantasia, mas antes de saiu se encontrou com uma das aniversariantes. Cassidy apareceu em seu caminho, aquela garota que sempre esteve do lado de seu filho mais novo, ele foi mais rápido que ela antes que ela fosse contar para alguém, a jogou para dentro da sala.
A golpeou com a faca já ensanguentada, mas via que ela ainda resistia. Viu uma solução, o traje do urso amarelo estava ali bem na sua frente, a colocou ali, seu corpo pequeno mal se encaixava dentro, mas era uma armadilha fatal. Era a única solução de William, não queria se sujar mais de sangue, apenas vestiu o traje novamente e passou o resto da noite como se nada tivesse acontecido.
Saiu ainda com a fantasia, sabia que seria suspeito, mas ninguém saberia quem realmente estava por baixo da máscara e o motivo de sair tão rapidamente. Apenas refez todos os seus passos, voltando para casa e tentando limpar o que conseguia daquele traje, sua criação.
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