História You Know I'm No Good - Yoonmin - Primeira parte

Yoongi não sabia ao certo quando se tornou um hábito suas longas tardes na pedreira esquecida da cidade, afinal, ele, sendo o ômega impecável que era, sempre tinha algum recital de música clássica para comparecer ou alguma partida de golfe, em que ele ficava olhando para o seu pai e mais um grupo de alfas velhos e rico correrem atrás de uma bola minúscula, para ir e fingir satisfação. 

No entanto, ali estava o filho único do prefeito Min, encolhido em seu moletom grosso e se protegendo do frio do fim de outono, enquanto Jackson e Bogum, dois betas, riam de algo estúpido que só os dois entendiam.

Suas fugas para a pedreira começaram há cerca de 3 meses atrás, quando o moreninho teve uma discussão estúpida com Hoseok, seu melhor amigo desde a infância. O baixinho mal conseguia se lembrar como exatamente tinha começado o mal entendido, mas se lembrava do porque havia acontecido, pois a medida que sua mãe ficava mais fraca e doente, seu pai ficava mais interessado em sua campanha eleitoral e, enquanto isso, a grande casa de boneca dos Min continuava aparentemente perfeita para os de fora. Também o frustrava o fato de seu pai lhe proibir de cursar a faculdade de Artes que tanto sonhou desde criança, ele dizia que só poderia iniciar os estudos superiores se fosse para Economia, para ter uma perspectiva de futuro grande.

Isso fazia Yoongi guardar tanta raiva dentro de si e naquele dia ele escolheu liberar um pouco do fardo em Hoseok, que apesar de ser um ômega cabeça de vento, que mais se preocupava com qual coleção de roupas de grife iria comprar, ainda era seu amigo querido e não merecia sua explosão. 

Assim que terminou de gritar, o ômega se sentiu tão envergonhado com as coisas que disse e o olhar magoado nos olhos do Jung quebrou seu coração, principalmente quando o mesmo saiu furioso de seu quarto. Ele se desculpou mais tarde, ainda sentindo-se culpado e o amigo lhe entendeu, pois sabia que tudo o que vinha acontecendo com a sra. Min estava deixando Yoongi frustrado, e eles nunca mais falaram sobre isso. 

O sentimento de ter a morte rondando sua casa deixava o Min tenso, sentia os olhos encherem de lágrimas sempre que ia ao quarto visitar sua mãe e o cheiro, que sempre fora doce e reconfortante, da ômega era encoberto pelo cheiro de seus remédios. Mesmo assim, ele sempre se esquecia do mundo exterior quando ouvia as queridas lembranças da juventude da mulher, que tinha vivido uma vida plena antes da doença a ter confinado em uma cama. Min Inah sempre foi uma mulher bonita e feliz, e a maneira com que ela contava suas aventuras antes de casar, como viajar por um continente inteiro de mochilão com alguns amigos, incitava o moreninho a procurar sua própria liberdade, mas agora ela estava morrendo lentamente enquanto seu pai apenas se preocupava com ser reeleito. 

Yoongi se sentiu sufocando nas paredes de seu quarto e correu para seu carro, rodando pela cidade sem rumo e estacionando no primeiro lugar em que viu um grupo de betas e alfas fumando. Ele nem entendia o porque saiu de seu carro e se aproximou, nunca tinha colocado um cigarro em sua boca e sabia que era perigoso para um ômega, principalmente de sua posição, frequentar um lugar daqueles cheio de desconhecidos. Mas quando se deu conta, já estava jogando conversa fora com os dois betas que estavam afastados do grupo maior de alfas e curiosos do motivo que fizera o filho do prefeito Min Hyunsuk, conhecido como príncipe de Daegu, se juntar à ralé. 

O Min apreciava a companhia de Jackson e Bogum porque eles não esperavam nada de si e se ele estivesse tendo um dia ruim, eles não o julgavam por isso e nem iriam se importar. Yoongi gostava de estar livre de toda a pressão e expectativas que os outros jogavam em suas costas e ter uma conversa besta com alguém que não iria lhe perguntar sobre os próximos passos políticos de seu pai ou sobre a saúde de sua mãe. 

Mesmo assim, o baixinho imaginava o rosto de seu pai se pudesse vê-lo agora entre dois betas sem estirpe e sem dinheiro, olhando discretamente para o bad boy alfa que vinha tonteando sua cabeça.

Park Jimin não estava em Daegu há muito tempo, ele se mudou de Busan há poucos meses e o ômega sabia muito pouco sobre si, só que ele morava em um quartinho minúsculo em cima de um bar de beira de estrada, onde ele trabalhava preparando bebidas e servindo mesas, pelo menos foi o que os betas lhe contaram quando ele perguntou tentando não se mostrar muito interessado. 

O alfa era uma grande incógnita, mas ele se destacava com seu corpo pintado por tatuagens e esculpido por músculos, um rosto atraente e com maxilar bem acentuado, cabelos loiros, quase mel, e olhos intensamente penetrantes, que parecia perfurar sua alma a cada encarada. 

Jimin exalava uma aura perigosa com todas suas tatuagens e piercings, diversas pessoas nem o olhava nos olhos por receio e puro preconceito, mas o Park secretamente excitava Yoongi, que sempre sentiu como se sua vida estivesse em um looping sem fim, com seu pai planejando tudo desde antes de seu nascimento, fazendo do ômega um personagem seguindo um roteiro ao pé da letra e não um jovem tentando descobrir os prazeres da vida por si só. 

Por isso, um pouco de perigo e excitação parecia o remédio perfeito para a vida tediosa do doce Min Yoongi.

Jackson se inclinou e puxou Yoongi para perto pela cintura, segurando a bituca do cigarro entre os lábios e dando uma boa tragada enquanto sorria para ele. O baixinho lhe observou com os lábios cerrados, se perguntando mentalmente o motivo do homem de fios cinza estar lhe agarrando daquele jeito em público, pois agora ele conseguia sentir os olhos de um certo alfa sobre a cena. 

Logo depois que o ômega começou a frequentar a pedreira, Jackson Wang começou a flertar consigo descaradamente e deixar claro que queria uma chance de ser o perigo e excitação que o menor procurava. Yoongi não correspondia e tentava se esquivar, porque além do fato dele ser completamente inexperiente nesses assuntos, não era pelo beta que ele produzia lubrificação natural e passava noites em claro imaginando cenas comprometedoras. 

Claro que uma parte do moreninho se animava toda vez que imaginava o pai o flagrando aos pegas com alguém “inferior”, o grande prefeito Min Hyunsuk com certeza teria um ataque de pelancas, mas ele queria que esse alguém fosse o Park e sentia seu ego inflar toda vez que queimava sob os olhares afiados do mesmo, vendo como os olhos de Jimin escureciam perigosamente enquanto Jackson apertava sua cintura e como ele parecia prestes a pular no pescoço do beta, como um nato alfa territorialista.

Bogum empurrou o ombro de Jackson, que rapidamente desviou a atenção de Yoongi e agarrou a bituca do cigarro, olhando com o cenho franzido para o amigo beta. — Olha quem está vindo para cá. 

O Min ficou confuso até olhar em volta e ver ninguém menos que Park Jimin andando na direção deles, se movendo como um leão prestes a atacar um cervo indefeso. Nesses três meses, o alfa nunca havia feito nada além de lhe olhar pelo canto do olho, então era uma grande surpresa sua aproximação e por isso não conseguia evitar que seus pelinhos se arrepiassem e seu coração acelerasse, batendo no mesmo ritmo dos passos do loiro.

Jimin parou na frente deles, olhando superficialmente para os dois betas antes de se virar para Yoongi, lambendo os belos lábios voluptuosos antes de perguntar com a voz melodiosa. — Você tem fogo? 

Yoongi ficou um pouco atordoado por Jimin estar falando diretamente consigo, mas remexeu no bolso de sua calça jeans apertada em busca do isqueiro de prata que roubou do escritório de seu pai e estendeu a chama para ele com a mão pálida ligeiramente trêmula. O alfa pegou o maço que estava no bolso de sua jaqueta e agarrou um cigarro, sorrindo para o moreninho enquanto acendia suavemente a ponta com seu isqueiro, fazendo tudo de uma forma fácil e sexy demais. 

O ômega não fumava, ainda tossia quando um dos betas soltava a fumaça perto de seu rosto, mas ele quase ficou com inveja da bituca por estar abrigada entre os lábios carnudos e fodidamente beijáveis do Park.

— O que quer, Alfa? Ou acha que alguém aqui compra a história de que você não tem um isqueiro no seu bolso.

Jimin manteve contato visual inquebrável com Yoongi por mais um tempo antes de se virar para os outros presentes com um sorrisinho debochado no canto dos lábios. Yoongi não tinha certeza de qual dos betas havia se dirigido ao loiro, mas ambos o encararam com carrancas e se afastaram um pouco como se estivessem sendo distanciados pela aura do mesmo, temerosos com seu aroma de alfa exótico e inebriante de Sândalo, que começava a preencher o local. 

Yoongi não pôde evitar se envolver pelo perfume quente e aconchegante que o Park liberava, deixando os betas perturbados e subjugados pois claramente era uma tentativa de marcar território e se o Min respondesse, liberando um pouco de seu aroma doce e frutal de Cassis e Jasmim, deviam obrigatoriamente se afastar e deixá-los sozinhos.

— Achei que aqui fosse um local público onde eu pudesse circular sem ter que dar satisfações a dois betas enxeridos — Jimin deu outra longa tragada no cigarro e liberou a fumaça perto demais do rosto delicado de Yoongi, que teve o cheiro afrodisíaco do Sândalo interrompido pelo odor da nicotina, sendo obrigado a olhar para cima em choque ao ver o sorriso no rosto do loiro e o ligeiro aperto impaciente das feições de Jackson. — Além do mais, eu não me lembro de ter falado com nenhum de vocês, apenas com ele.

— Yoongi não é para o seu bico, Park — Jackson disse isso com tanta autoridade, como se o conhecesse por completo e o Min sentiu o biquinho aborrecido se formando em seus lábios, afinal ele odiava como as pessoas costumavam tratá-lo achando que sabiam o que era melhor para ele sem levar sua opinião em conta. 

Jimin riu baixinho e então penteou algumas mechas de seu cabelo aparentemente macio para trás do lóbulo cheio de brincos pratas, escondendo a tatuagem Youth, que ele tinha atrás da orelha. — Ah, e ele é para o seu, Wang? 

O ômega se sentiu tão frustrado que bufou alto e enfiou as duas mãos no bolso de seu moletom, caçando suas chaves para ir embora dali antes que perdesse a cabeça. Mesmo assim, uma resposta afiada estava na ponta de sua língua e quando Jackson abriu a boca para rebater o alfa, ele tomou a frente. — Eu ainda sou dono do meu próprio nariz, o dia em que eu precisar de seguranças tenham certeza de que contratarei profissionais.

O sorriso de Jimin se alargou e Yoongi se sentiu levemente orgulhoso por tê-lo impressionado, mesmo assim ainda exibia o biquinho chateado em seus lábios rosados e saiu, esbarrando no ombro de Jackson, que se colocou em sua frente para evitar sua saída. Seus sapatos caros amassavam o chão de terra com a velocidade em que ele se afastava dos três, seguindo em direção ao seu carro sem nem olhar para trás. 

Estava chateado, óbvio que o fato de ser um ômega sempre o colocaria em situações como aquela e principalmente em um espaço pequeno onde Yoongi era o único de sua espécie, mas ele já precisava seguir ordens demais de seu pai e de todos que rondavam sua vida, suas fugas para a pedreira eram justamente para se ver livre de seu papel social e obrigações por algumas horas, então aquilo o irritou.

Assim que ele se sentou no banco do motorista e suspirou exausto, uma cabeça loira apareceu em sua janela. Jimin deu dois toques no vidro e acenou, antes de tirar o cigarro da boca para o apagar na sola de sua bota de couro, esperando o moreninho abaixar o vidro.

Yoongi ficou atordoado por um momento, pensando que talvez o outro estivesse ali para responder seu afronte à altura, mesmo assim clicou no botão e respirou fundo quando o aroma de Sândalo preencheu seu carro. 

— Escuta, desculpa por aquilo, é que o idiota do Jackson vive por aí falando absurdos desrespeitosos sobre você e eu estou tão cansado desse cara — Jimin soltou um pouco de ar pelo nariz e se apoiou na janela, parecendo se segurar para não começar a xingar toda a geração do beta. — Mas isso não importa, eu não queria de forma alguma dizer como você deve viver sua vida, me perdoa.

O moreninho ficou surpreso, a última coisa que esperava era um pedido de desculpas vindo do alfa, então ele ficou aliviado e relaxou no banco do motorista. — Está tudo bem, de qualquer forma já estou acostumado com as pessoas fazendo isso.

— Você é o filho do prefeito, certo? 

Yoongi sempre temeu essa pergunta, especialmente das pessoas que frequentavam a pedreira esquecida, pois ele nunca tinha certeza de qual seria a reação quando elas descobrissem que ele era um Min e morava no outro lado da cidade. 

Sua família não era amada, e sim temida, eles estavam envolvidos em diversos esquemas já que seus avós haviam construído muitos negócios em Daegu, eles praticamente construiu a cidade e passaram os negócios para seus filhos; o mais velho trabalhava como chefe de polícia e o caçula, pai de Yoongi, se empenhou desde cedo na política, conquistando o cargo de prefeito. Na cabeça do ômega aquilo era quase uma máfia, viviam de aparências e sua rede de contatos era tão grande que parecia impossível pôr fim ao reinado dos Min. 

— Sou sim — o baixinho disse e estudou o rosto de Jimin silenciosamente por alguns segundos, esperando que ele fosse questionar o que alguém como ele fazia naquela parte da cidade ou fazer alguma piada pelo principezinho de Daegu estar brincando de plebeu. 

No entanto, o loiro não disse nada, apenas continuou lhe olhando e havia uma intensidade em seus olhos afiados que tanto confundia Yoongi quanto o excitava, era difícil saber o que estava se passando pela mente de Jimin, principalmente se somado com o fato de seu aroma de alfa estar confundindo ainda mais seus sentidos. 

Decidindo que aquilo era demais para lidar, o Min espantou as borboletas que vibraram em seu estômago e enfiou a chave na ignição do carro, se preparando para ir embora dali antes que seu ômega se enfeitiçasse mais pelo cheiro de Sândalo.  

— Você pode me dar uma carona? — o Park perguntou no momento em que o motor do carro ligou, fazendo com que a testa do moreninho se franzisse intensamente pois ele já tinha visto o alfa ir embora da pedreira montado em sua moto, muito bonita por sinal. E, mesmo que Yoongi não tenha a visto hoje, ainda era estranho.

— Por que? — ele questionou com uma sobrancelha erguida, agarrando o volante de uma maneira que fazia com que a ponta de seus dedos ficassem completamente brancas, em uma posição de desconfiança.

— Eu estou indo na mesma direção que a sua, não custa nada — Jimin rebateu, novamente molhando os lábios antes de dizer e aquilo já estava fazendo a cabeça de Yoongi dar voltas. 

Ele pensou em negar, afinal não era nada prudente ter um alfa e desconhecido dentro de seu carro, mas o tom de Jimin era amigável, então o outro achou que aquela era apenas sua maneira de tentar se enturmar e talvez fosse normal dos jovens oferecer caronas, não tinha como ele saber pois não tinha nenhum amigo além de Hoseok. O Min relutantemente assentiu e Jimin sorriu antes de dar a volta e abrir a porta, se sentando no banco do passageiro.

Os olhos de Yoongi eram firmes na estrada, vez ou outra escapando para o espelho retrovisor para observar o alfa ao seu lado. Os cabelos loiros selvagens e as tatuagens lhe deixavam ainda mais gostoso naquela posição, relaxado no banco de couro, e o ômega teve que desviar o olhar para não pensar muito nisso e acabar se comprometendo, como produzir lubrificação anal ou fazer seu cheiro ficar tão forte, pois era isso que acontecia quando ele pensava no bad boy. 

As ruas de Daegu estavam tranquilas e o Min dirigia como se estivesse sozinho, mesmo que vez ou outra o aroma de Sândalo invadisse suas narinas e lhe lembrasse que havia alguém ao seu lado.

— Onde eu posso deixar você? — Yoongi perguntou depois de muitos minutos de silêncio dentro do carro, apenas com o barulho do aquecedor quebrando o clima palpável entre os dois. Ele havia estranhado que o outro não lhe dera nenhuma instrução, então apenas seguiu o caminho habitual até sua casa, mas agora já estava há poucos quarteirões da grande mansão Min e muito longe da pedreira esquecida, ainda se perguntando o que alguém como Jimin poderia querer nessa parte da cidade em que morava as pessoas mais favorecidas economicamente.

O alfa limpou a garganta antes de responder, parecendo acordar do transe em que permaneceu por toda a viagem, com a cabeça levemente encostada no vidro da janela. — Pode me deixar na sua rua, você é vizinho dos Jung, certo? 

— Como sabe disso? Você conhece os Jung?

— Infelizmente sim — Jimin murmurou, com um tom de voz desinteressado enquanto olhava a paisagem cinza e fria da nublada Daegu através do espelho borrado da janela do carro. — Sou filho de Jung Seungwoo, filho bastardo, por isso o sobrenome diferente — o moreninho quase sentiu seus olhos pulando para fora, em todos aqueles anos em que conhecia os Jung, 21 para ser mais específico, jamais ouvira falar no nome de Jimin, nem sequer uma foto então ele estava chocado com aquela história.

Yoongi cresceu com Hoseok, eles costumavam dizer que se conheciam desde a barriga de suas mães, e seus pais tinham negócios juntos por isso estavam sempre juntos em jantares e comemorações. Quando eram crianças, seus pais torciam para que um deles fosse alfa, ou pelo menos beta, para que se casassem e estreitassem ainda mais o lanço entre os Jung e Min, mas quando os dois atingiram a idade em que as características biológica começaram a se revelar e ambos se descobriram ômegas, as esperanças dos mais velhos caíram por terra. 

Se Jimin realmente fosse filho bastado do sr. Jung por que ele vivia em um quartinho em cima de um bar, enquanto seu pai morava em uma das maiores mansões da cidade? 

O ômega tentou controlar sua língua, afinal nada daquela história era de sua conta e ele já tinha os próprios problemas para lidar. Por isso, entrou na rua e estacionou em frente à sua casa, desligando a ignição e se virando para o Park. — Bom, chegamos.

— Obrigado pela carona — Jimin saiu do carro, seguido pelo ômega, e assobiou baixo quando olhou para a casa de Yoongi, que era a maior e mais bonita dentre as mansões daquela rua e parecia tirada de um projeto arquitetônico perfeito, com o jardim cheio de flores se estendendo por onde quer que eles olhassem. — Não é atoa que lhe chamam de príncipe, você realmente mora em um castelo.

Yoongi mordeu o lábio, todos sempre ficavam impressionados com a casa de seus pais e com o quanto eles eram ricos, e isso sempre o deixava um tanto desconfortável. O moreninho não teve tempo de agradecer, pois Jimin logo se apressou para atravessar a rua, parando na porta de entrada de mogno da casa dos Jung. 

Ainda estava chocado com aquela história e se perguntava se seu melhor amigo sabia disso, afinal ele nunca lhe comentou nada, o baixinho tinha certeza que Hoseok não estava em casa naquele momento, pois o outro ômega gastava seu tempo no shopping da cidade durante o dia e em alguma casa noturna pela noite, evitando o máximo que podia ficar em casa, assim como o próprio Min. 

Quando Jimin tocou a campainha, o ômega ainda encarava a cena e mesmo que parte sua dissesse que era deselegante continuar olhando, sua curiosidade vencia e ele precisava comprovar se aquela história era verídica. 

Depois de tocar a campainha mais de três vezes e sem sucesso, a porta se abriu revelando Jung Yebin, a mãe beta de Hoseok. O rosto da mulher rapidamente se transformou na carranca mais assustadora que Yoongi já vira quando a mesma colocou os olhos em Jimin, parecia que a beta estava diante de um animal sarnento e aquilo estava fazendo o moreninho se sentir mal pelo alfa.  

— Seu pai não está — a sra. Jung apenas disse isso, com as narinas infladas e uma pose de superioridade que enojou o ômega, afinal ele sempre achou a mulher muito atenciosa e não estava lhe reconhecendo. — Ligue antes de decidir aparecer por aqui, escória — ela completou e fechou a porta na cara do Park antes que o mesmo pudesse lhe dizer qualquer coisa.

Yoongi ficou horrorizado, tanto com as palavras ácidas de Yebin quanto com suas ações nenhum pouco condizentes com a postura doce e educada que ela sempre tivera na frente dele. E, o mais chocante de tudo foi que Jimin não pareceu surpreso ou abalado, pelo menos por fora, quando se virou em sua direção e deu um meio sorriso, que fez o coração do Min se quebrar pois era claro que ele estava tentando manter uma fachada e fingir que as palavras da mulher não lhe afetaram, talvez já estivesse acostumado em ser tratado daquela forma.

O ômega mordeu o lábio inferior, sentindo-se mal por ter presenciado aquela cena, sabia que bastardos eram taxados como escória mas ainda eram pessoas, com sentimentos e não merecia ser tratado daquele jeito, por isso ele ignorou qualquer pensamento lógico que passava por sua cabeça e convidou o alfa a entrar em sua casa, talvez lá eles pudessem conversar e Jimin poderia lhe contar a história toda, afinal ele se recusava a acreditar que seu melhor amigo de infância compactuasse com aquele tipo de tratamento. 

Depois desse dia, Jimin tornou-se uma presença constante na vida de Yoongi. Todo o tempo livre do ômega era gasto com o loiro e ele passou a confiar no mesmo completamente para dividir suas dores e alegrias. Jimin compartilhou consigo toda a história que o cercava, sobre o sr. Jung lhe negar por ser filho de um de seus casos antigos, a mãe do loiro era uma simples professora e os dois haviam se conhecido em uma das viagens de negócios de Seungwoo para Busan, tiveram um caso de alguns meses e que terminou quando a mulher descobriu a gravidez. O homem ofereceu muito dinheiro para que a Park realizasse o aborto, afinal ele já estava casado naquela época com Yebin e os dois estavam tentando de tudo para engravidar, não podia deixar que um escandalo daqueles manchasse sua imagem perfeita.

Yoongi desconfiou que seu pai soubesse sobre o sr. Jung ter um filho bastardo quando Jimin mencionou que um dos amigos de Seungwoo mexeu alguns pauzinhos para que sua mãe perdesse o emprego como professora permanentemente, com o secretário de educação alegando que ela daria um péssimo exemplo para os alunos sendo uma ômega sem uma marca e grávida de um homem desconhecido. 

Os dois passaram por tempos difíceis, até a Park falecer precocemente vítima de um infarto e Jimin se mudou para Daegu, seguindo os rastros de seu pai. O alfa loiro não quis responder quando o Min perguntou o que o trouxe atrás de um homem que sempre o rejeitou e que fez tanto mal a sua família, talvez fosse pessoal demais até para que ele soubesse, mas ele percebeu como a expressão do outro se tornou perdida e seus olhos ficaram vagos, talvez Jimin não tivesse mais para onde ir após a morte da mãe e decidiu buscar algum tipo de apoio paterno, o que aparentemente não aconteceu. 

Mesmo assim, Jimin era diferente de todos que conhecia; não tratava Yoongi da mesma forma incisiva que seu pai, o tratava como um igual, sem julgamentos e sem expectativas torturantes, lhe dando a liberdade de se abrir sempre que quisesse. A mãe do ômega também tinha gostado de Jimin, o alfa parecia reavivar a mulher de uma forma que seus remédios não faziam há anos e ela estava sempre dizendo o quanto o loiro era um bom rapaz, que gostava dele. 

Inah era a única, além de Yoongi, daquela casa que sabia que o Park vinha frequentando o quarto do ômega. Ambos esperavam o prefeito sair toda a manhã e o alfa entrava pelo portão dos fundos, para que também não fosse visto por algum dos Jung, e saía antes das 20h quando começava seu turno no bar e antes de seu pai voltar. 

Além disso, as idas do ômega à pedreira passaram a ser cada vez mais raras, visto que ele só frequentava aquele lugar para distrair a cabeça mas, com Jimin ao seu lado, Yoongi não conseguia pensar na podridão de sua família e nem em nada que lhe fizesse ficar triste, tudo aparentemente ia bem.

Os dois estavam sentados no quarto do Min em uma tarde calorenta de sexta-feira, contrariando todas as previsões do tempo, e o moreninho tentava esconder que observava com devoção a forma com que os lábios de Jimin abraçavam a bituca do cigarro, puxava a nicotina de olhos fechados e liberava a fumaça lentamente com a cabeça inclinada. Aquela imagem era quase uma pintura de tão perfeita, principalmente se somada com o fato de seus músculos e suas tatuagens ficarem tão amostra por conta da regata preta canelada, e Jimin conseguia trazer uma beleza melancólica e hipnotizante em sua expressão. 

— Gosto quando você fica me olhando assim, principe — o alfa murmurou de repente, fazendo o estômago de Yoongi tremer e seus pelinhos eriçarem por ter sido pego no flagra.

— N-não estou olhando… — ele limpou a garganta e rolou na cama, se virando de bruços com a cabeça virada na direção contrária ao loiro, tentando esconder suas bochechas e orelhas vermelhas, estava uma bagunça corada. — Eu estava distraído e pensando um pouco na vida, nada de mais.

— É mesmo? E no que estava pensando? — Jimin o questionou, mudando a posição em que estava deitado para ficar totalmente voltado na direção do outro, que continuava de costas encarando um ponto qualquer de sua parede sem graça, se perguntando como aquele alfa poderia ter tantos efeitos sobre seu corpo. — Acabei de perceber que você nunca me contou sobre os seus planos para o futuro.

Yoongi pensou na pergunta por muitos segundos, ele não tinha certeza de como conseguiria formar uma resposta pois achava difícil pensar em um futuro diferente do presente, na maioria das vezes ele fantasiava uma vida sem suas preocupações de filho do prefeito e com sua mãe ficando saudável para irem embora juntos, mas aquilo parecia distante demais e não queria pesar o clima com uma resposta pessimista. Ele gostaria de poder ser mais despreocupado como Jimin, queria poder ser irresponsável e apenas ser quem ele nasceu para ser, fechar os olhos e se jogar no mundo, mas ele não tinha esse direito.

O moreninho respirou fundo, finalmente se virando na direção do outro e tentando transparecer uma calma inexistente, afinal ele sempre ficava nervoso perto do alfa. — Eu não penso no futuro, e você? 

Jimin sabia que era uma mentira, afinal para alguém que levava uma vida toda cronometrada como Yoongi era impossível não pensar em um futuro tranquilo e longe de toda aquela pressão, mas ele preferiu não deixar o outro desconfortável pois parecia que ele não estava afim de compartilhar seus pensamentos naquele momento e o respeitaria. Por isso, o alfa fechou os olhos e sorriu para si mesmo, afundando a cabeça no travesseiro que tinha o cheiro doce e frutal do Min. — Eu tenho muitos planos, penso bastante no futuro.

— E quais são seus planos? — o ômega entortou a cabeça e cerrou os olhos, parecendo analisar o Park meticulosamente, bastante curioso pois ele já conhecia o passado do alfa, mas seu futuro ainda era uma página em branco. Será que ele pretendia morar para sempre em Daegu? Montar o próprio negócio? Ou comprar o bar em que trabalhava? Jimin era apenas quatro anos mais velho que si, mas já o imaginava vivendo uma vida livre, muito diferente da sua.

— Eu te conto quando tiver perto de acontecer, o que não deve demorar muito — o loiro abriu os olhos novamente e fitou Yoongi, que acabou ficando hipnotizado pela intensidade das orbes brilhantes e dessa vez não conseguiu esconder o rubor que se expandia sobre suas bochechas gordinhas.

Yoongi bufou e pensou em lhe retrucar, mas podia ter algo a ver com o sr. Jung e não queria deixar o outro desconfortável, sabia que aquele assunto lhe deixava cabisbaixo. No entanto, foi difícil esconder sua curiosidade pois às vezes o alfa ficava estranho, como se houvesse algo que ele não compartilhava consigo, fazendo se identificar aquela sensação de presságio. 

Jimin de repente deu um pulo no colchão, lhe surpreendendo com um beijo na bochecha vermelhinha. — Posso ficar com você essa noite? É minha folga no bar e eu não queria ficar sozinho, prefiro ficar com você, príncipe — o loiro lhe atacou com seus olhos escuros e afiados mais uma vez, agora sem intenção de desviar mesmo que isso resultasse no outro hiperventilando. Achava adorável o jeitinho de Yoongi quando estava por perto, muito diferente do ômega de língua afiada que teve o primeiro contato na pedreira. 

— C-claro… — o baixinho gaguejou, xingando-se mentalmente por parecer sempre tão tímido e desajeitado com a presença do outro.  — A gente só precisa tomar cuidado, o meu pai raramente vem no meu quarto, mas ele pode sentir o seu cheiro, então tente não ser um alfa extremamente territorialista hoje e relaxe — ele explicou calmamente e Jimin lambeu os lábios, mordendo logo em seguida, acompanhando a forma como os lábios do mais novo formava um biquinho ao final de cada palavra, por conta de seu sotaque e aquilo estava o deixando com vontade de empurrá-lo naquela cama e saciar sua gana.

— Acho que é quando eu relaxo que solto mais do meu aroma — o Park sorriu, tentando disfarçar quando correu seus olhos afiados pelas coxas pálidas abraçadas pelo shortinhos calorento do ômega, tinha vontade de apertar aquela região e comprovar sua tese de que a pele leitosa realmente marcava fácil. — Você sabe onde seu pai guarda as bebidas dele?  

Yoongi franziu o cenho, logo respondendo um tanto hesitante. — No escritório, mas não sei se é uma boa ideia, Jiminie, eu não sou acostumado a beber.

— Hey, nós só vamos nos divertir um pouquinho, fica tranquilo — o alfa rebateu, deixando um selar carinhoso em sua testa, já se levantando da cama de casal. — Eu vou lá buscar algo leve e aproveito para trazer alguns petiscos, vai procurando algum filme legal.

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Yoongi encostou a cabeça na parede de seu quarto, sentindo o choque térmico em sua pele aquecida da nuca. Ele olhou para Jimin enquanto tomava outro gole de licor de amora e se perguntou se sua boca também estava tão vermelha e convidativa como a do alfa, por conta da cor da bebida. Seus olhos estavam fechados enquanto ele deitava a cabeça no puff perto de sua cama e com a taça pequena na mão tatuada, suas feições eram suaves, relaxadas e ele não parecia ter qualquer preocupação no mundo. 

O alfa parecia o tipo de pessoa que vivia uma vida sem arrependimentos e exalava liberdade e charme por cada poro. 

Diferente de si.

O moreninho não bebia com frequência, ele só tomava algumas taças de vinho com Hoseok em ocasiões especiais como seu aniversário ou Natal, além das taças de champanhe nos eventos beneficentes que seu pai o obrigava a comparecer. Mas parecia que o sabor doce do licor enganava, pois ele bebeu apenas algumas doses e já começava a se sentir com o corpo mais leve e relaxado.

Por um segundo, o Min imaginou o quão bravo seu pai ficaria se o pegasse bebendo com Jimin, provavelmente ele ficaria de castigo por mais de um mês e com certeza iria ouvir um sermão por estar sendo rebelde, não estar dando um bom exemplo e desviando do caminho de ser um ômega perfeito. Isso o fez sorrir gengival, gostou da sensação de deixar seu pai bravo e descontente, por isso não se arrependeu de dar outra golada no líquido avermelhado.  

Yoongi bebeu o resto da bebida em sua taça, sentindo o líquido doce descer pela sua garganta e olhou para cima para ver o alfa sorrindo para si antes de rastejar em sua direção, parando em sua frente. 

Ele pegou a garrafa de licor e derramou um pouco mais da bebida na taça do mais novo, enquanto o mesmo protestava e ria tentando o impedir, afinal já tinham bebido demais. Mesmo que os dois tivessem começado a beber depois que o filme terminou, quase duas horas atrás, Jimin agia como se estivesse em sua primeira bebida e Yoongi se sentia prestes a voar, mesmo que ainda tivesse total noção de seus atos.

— Como você ainda está tão sóbrio? — ele perguntou depois de colocar a taça na mesinha ao lado, certo de que se bebesse mais ficaria bêbado e passar vergonha na frente do outro não era uma opção.

— Eu tenho uma resistência ótima para bebida, príncipe — Jimin riu e arrastou seus fios loiros para trás da orelha cheia de piercings, daquele jeito sensual e desencanado que ele sempre fazia e que transformava o ômega em um clichê corado e suspirante. — Já você, está acostumado com esses champanhes finos que quase não tem álcool e nunca deve ter bebido mais de três taças, certo?

O ômega fez um biquinho fofo, o mesmo que ele fazia sempre que se sentia frustrado e cruzou os braços rente ao peito plano. — Eu disse que não estava acostumado a beber — ele revirou os olhos e ouviu a risada gostosa do bad boy preenchendo seu ouvido, lhe relaxando imediatamente. — E o que mais você está escondendo de mim, Park? Além da sua personalidade alcoólatra, é claro

O sorriso sumiu do rosto de Jimin quando as palavras deixaram os lábios manchados de vermelho do ômega, seu rosto se tornou sério, distante e um pouco triste, fazendo o coração do outro se apertar. O alfa exalava aquela aura de perigo e adrenalina, de alguém que não dava a mínima para o que os outros pensavam sobre si, então aquele olhar não combinava consigo. Naquele momento ele parecia muito mais jovem, incerto e assustado de uma forma que deixou Yoongi desconfortável e ele se xingou mentalmente por não conseguir deixar sua boca estúpida fechada.

Depois disso, um silêncio ensurdecedor cobriu o quarto do mais novo. Jimin tinha acabado com o líquido em sua taça pequena e agora olhava para um ponto qualquer no chão de madeira.

— Jiminie… Se você pudesse fazer qualquer coisa agora, o que você faria? — Yoongi notou que sua voz estava rouca e se sentiu um pouco envergonhado por parecer tão afetado pelo álcool, mas ele queria mudar a atmosfera do local para algo mais leve.

O mais velho limpou a garganta antes de responder, passando seu dedo pelo bocal da garrafa do licor de maneira desconcentrada. — Eu gostaria de poder ir para qualquer lugar do mundo, sem me preocupar com nada.

— Você ia voltar para Busan? — o ômega questionou, temendo a resposta.

— Sim, um dia, você já foi lá? — Jimin assentiu com a cabeça suavemente, voltando seus olhos afiados para o rostinho redondo e delicado. 

— Não, nunca saí de Daegu. 

— Quando eu era criança minha mãe costumava me levar na praia todo final de semana para colocar os pés na areia, é um lugar mágico. Você iria adorar, ninguém ia te conhecer por lá ou se importar com o que você faz, e é um ótimo lugar para ser livre — um sorriso suave voltou ao rosto do loiro e Yoongi ficou feliz por ter conseguido melhorar seu humor. — E você, anjo? O que você faria? 

Yoongi fechou os olhos enquanto se inclinava mais pesadamente contra a parede, sentindo-se um pouco sonolento. Mesmo que ainda sentisse o gosto doce do licor em sua língua e o clima acolhedor, ele estava hesitante. — Eu... — ele respirou fundo e sentiu uma mão apertando suavemente sua coxa, logo abrindo os olhos para encontrar o olhar intenso do alfa em si. — Eu gostaria de poder ter uma aventura, alguma coisa diferente e excitante, qualquer coisa, sabe? Queria sentir aquela sensação de estar no topo de uma montanha-russa, sem realmente estar em uma. Minha vida sempre foi calculada, eu só quero viver um pouco… 

— E quais são os seus planos para começar a viver, Yoon? — Jimin se inclinou para mais perto dele com um brilho malicioso nos olhos e um sorriso nos lábios, ainda com a mão tatuada em cima da coxa leitosa do outro.

— Eu não sei, mas mesmo se eu tivesse um meu pai nunca me deixaria realizá-lo — o moreninho murmurou tristemente, pensando em como o mais velho sempre influenciava em suas “escolhas” e vontades, desde meses de idade Yoongi serve quase como uma espécie de experimento social para ser o filho ômega perfeito e ele já estava cansado de seguir o roteiro. 

— E você vai sempre obedecer ele? — o Park se inclinou um pouco mais perto, fazendo sua respiração controlada bater contra o pescoço do mais novo quando ele se inclinou para sussurrar em seu ouvido. — Nunca pensou em quebrar as regras?

Yoongi sentiu sua garganta ficando seca, muito por culpa do álcool correndo por suas veias e também pelo nervosismo que sentia por aquela proximidade com o loiro. — Essa não é uma opção para mim, eu sou um ômega e filho do prefeito, não tenho o direito de quebrar regras.

— Você é muito mais do que isso, Yoongi — o loiro retrucou, deixando um selar em sua clavícula e se afastando, apenas para lhe fitar com faíscas nos olhos afiados. — Você deveria ter o direito de ser quem você quiser ser, poder viver uma grande aventura, estudar artes e viajar para onde quiser. Ninguém deveria poder tirar isso de você, principalmente alguém como seu pai. — com todo o álcool entorpecendo seus sentidos, Yoongi estava lutando para acompanhar a conversa, mas, conforme observava os lábios do alfa se mexendo enquanto falava, ele parecia mais hipnotizado. — A gente podia quebrar as regras agora, só você e eu — Jimin parou o rosto a poucos centímetros do seu, lhe olhando como se estivesse memorizando cada detalhe de seu rosto gordinho. O Park estava certo, ele precisava se soltar e se deixar levar, sem se preocupar tanto. — Quer tentar? 

Sem forças para responder verbalmente, o moreninho acenou com a cabeça e sentiu os dedos de Jimin envolverem a lateral de seu pescoço, apreciando o toque forte, firme e reconfortante sobre sua pele pálida. Ele engatou uma respiração quando o loiro deixou um selar em seu queixo, e decidiu que naquele momento ele simplesmente deixaria tudo acontecer naturalmente, confiava em Jimin e se qualquer coisa acontecesse poderia colocar a culpa no álcool, que havia posto abaixo boa parte de suas inibições. Ele viu o rápido flash dos dentes de Jimin enquanto ele sorria levemente antes que seus lábios finalmente se tocassem.

Começou com um selinho suave, os lábios de Jimin eram macios, quentes e tinham o gosto do licor que compartilharam momentos antes. Quase parecia inocente, se não fosse pelo álcool, e aquilo lhe lembrou quando ele tinha treze anos e compartilhou seu primeiro beijo desajeitado com um alfa de covinhas fofas atrás da biblioteca da escola. 

Mas logo aquilo ficou diferente, não tão inocente e nenhum pouco inexperiente, pelo menos da parte de Jimin; se tornou febril e tonteou a cabeça do Min como uma febre. O ômega sentiu os dedos do loiro lhe apertarem, fazendo com que ele engasgasse levemente e o outro não perdeu tempo deslizando a língua quente e molhada para dentro de sua boca. O choque de prazer correu do topo de sua cabeça até as pontas dos dedos dos pés, enquanto Yoongi ofegava, sentindo os aromas de Sândalo, Cassis e Jasmim preenchendo seu quarto, que agora parecia tão pequeno.

— Porra, seu cheiro é tão gostoso, me deixa louco — Jimin mordeu o lábio inferior de Yoongi com força e enrolou os dedos no cabelos macios de sua nuca, puxando sua cabeça ligeiramente para trás e fazendo o outro sentir se obrigar a calar os próprios gemidos, enquanto sentia a língua do alfa sarpenteado pela sua pele febril e maculada. 

Logo Jimin voltou a lhe beijar com aquela fome inexplicável e o ômega ficou completamente perdido no ósculo, sendo atraído para o colo alheio. Em pouco tempo, ele estava uma bagunça gemendo e montando as coxas torneadas de Jimin, que apertava sua cintura com os dois braços e marcava seu pescoço com beijos molhados e chupões, que deixariam marcas por alguns dias. Yoongi nunca tinha sido beijado assim, ele podia sentir o sangue correndo sob suas veias e esquentando sua pele, indo diretamente para seu baixo ventre, enquanto sentia o pau coberto do alfa espetando sua bunda e aquilo tudo era tão bom que ele queria que durasse para sempre. 

O loiro soltou um som satisfeito quando o Min agarrou suas costas largas e fortes, arranhando-a por cima da regata preta e devolvendo o beijo com ainda mais voracidade e paixão. O gosto do alfa era inebriante, os lábios carnudos eram macios e exigentes ao mesmo tempo, a língua implacável e as mãos quentes no final de suas costas, deslizando para cima e para baixo como se não conseguisse parar de tocá-lo nem por um segundo.

Como o legítimo virgem que era, Yoongi já começava a sentir sua lubrificação natural se acumulando em sua borda e seu membro pingando pré-gozo ainda dentro da cueca de algodão, muito afetado pelo cheiro afrodisíaco e a experiência do alfa, que o deixava completamente em êxtase e a ponto de implorar para ser fodido. 

Quando as mãos gordinhas de Jimin apertaram seus quadris com força, afundando-o ainda mais em seu colo e, consequentemente, em sua ereção dura como pedra, o corpo do ômega começou a fervilhar e liberou ainda mais de seu cheiro inebriante, sentindo o outro apertar sua bunda empinadinha por cima do tecido leve dos shorts, enquanto lambia seu lábio inferior e o mordia logo em seguida. 

— Eu posso foder você, Yoon? — a voz do Park saiu muito afetada pelo tesão, rouca e com um tom de comando quase natural, mesmo que aquele fosse um pedido claro, afinal jamais faria algo que o outro também não concordasse. Mas, por conta de seu lobo estar muito enfeitiçado pela ideia de acasalar com o ômega do moreninho, seus olhos já tomavam uma coloração mais escura e sua pele começava a aquecer ainda mais.

O Min gemeu, mordendo seu lábio de volta e apertando os fios claros de sua nuca, sentindo o pau do outro lhe cutucando entre as bandas de sua bunda. — E-eu quero tanto, Jiminie… Mas, eu nunca fiz isso antes… 

Um rosnado quase animalesco rasgou a garganta do alfa, trazendo arrepios na pele pálida do outro. — Porra, você é perfeito… — Jimin ditou, enquanto apertava sua bunda com mais força e sentia o garoto ofegar entre seus lábios inchados. — Eu vou cuidar de você, eu prometo que vai ser muito bom. Você confia em mim?

Yoongi assentiu desesperadamente e Jimin passou a outra mão por baixo da blusa larga que ele usava, adentrando e arranhando de leve a pele clara de sua barriga plana, se preparando para livrar o corpo delicado daquele pedaço de tecido, que no momento parecia muito descartável. O mais novo estava se sentindo tão sobrecarregado que gemeu alto e afundou a boca no pescoço do Park, querendo calar seus ruídos e procurando mais daquele cheiro maravilhoso.

As mãos de Jimin já estavam no cós do shorts do outro quando de repente eles ouviram o ruído da porta do quarto sendo escancarada. Em um momento de pânico, Yoongi empurrou o alfa e recuou para fora de seu colo, tentando acalmar sua respiração enquanto encarava com medo os olhos fumegantes e a expressão raivosa de seu pai.

— O que diabos significa isso?!

O moreninho ergueu os olhos para o espelho de corpo todo que não ficava muito longe de onde estava e congelou ao ver seu cabelo desgrenhado, a boca muito inchada e vermelha e seu pescoço com algumas marcas, que ele não soube exatamente dizer quando foram feitas mas que agora formigavam em sua pele. Céus, estava destruído e nem haviam chegado aos finalmente

Ele tentou se sentar um pouco mais reto, ainda sentindo os efeitos do beijo do alfa e de seu cheiro sob si, lutando para esconder com sua camisa larga a ereção pulsante apontando em seu shorts, tendo certeza que sua cueca estava em um estado muito pior, principalmente a parte de trás. Seu pai entrou no quarto quando Jimin passou um braço em volta de sua cintura e o puxou para perto, tentando de alguma forma lhe tranquilizar.

— Yoongi, o que você pensa que está fazendo? — seu pai ralhou, os olhos raivosos e parecendo à beira de um ataque nervoso. A veia em sua testa parecia que ia explodir a qualquer momento e suas feições só pioram quando ele olhou para o alfa loiro. — E afinal, quem é esse trombadinha? 

— O senhor não me conhece, ainda, mas eu certamente lhe conheço… — Jimin encarou o Min mais velho com um sorriso no canto dos lábios carnudos, transbordando deboche. — Afinal, você é o grande prefeito Min Hyunsuk. 

Yoongi olhou de canto de olho para Jimin, achando estranha sua sentença, parecia que ele ia dizer algo muito diferente. Mesmo assim, ele não conseguiu pensar muito nisso naquele momento e sabia que o medo estava escrito em seu rosto enquanto o maxilar de seu pai travava ainda mais, olhando para o Park como se pudesse atacá-lo a qualquer momento.

— Quero você fora da minha casa, moleque! E longe do meu filho!

— Papai, não preci… — o ômega tentou protestar, mas o Min mais velho o calou com um olhar raivoso e ele sabia que teria sorte se pegasse um castigo de 5 meses, seu pai sabia ser um carrasco quando queria. 

Jimin soltou uma risada nasalada e estalou a língua no céu da boca, antes de se virar na direção de Yoongi, que gelou ao sentir o músculo molhado do alfa deslizando entre seus lábios de maneira sensual, apertando as carnes de sua cintura com ainda mais força. O ardor nos olhos de Jimin acendeu em uma chama completa quase como se ele pudesse ler a mente de Yoongi, sentindo o cheiro de sua lubrificação anal intensificar, e todo o resto desapareceu por um momento, apenas existia eles ali e ele quis muito voltar a montar o colo do mais velho, mas a voz de seu pai explodiu em seus tímpanos novamente.

— Não vou repetir, rapaz! Saia! — Hyunsuk cruzou os braços e se encaminhou até a porta, esperando impacientemente enquanto Jimin lentamente pegava sua jaqueta de couro e suas botas pretas, deixando alguns selinhos pelo rosto corado do moreninho

— Eu te vejo muito em breve, príncipe. 

Yoongi olhou para cima em choque quando Jimin sorriu para ele da porta enquanto ele se virava e se afastava seguido de perto pelo prefeito, que marchou atrás dele como se fosse o estrangular a qualquer momento, logo batendo a porta do quarto em um grande estrondo. 

O mais novo choramingou e se arrastou com os braços e pernas trêmulos até sua cama, relaxando no travesseiro sua cabeça cheia de pensamentos confusos e frustrações sobre aquela noite, que poderia ter sido mágica. Ele só esperava que não demorasse muito para encontrar com Jimin novamente.